terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Seasons Greetings



Dia 21 de Dezembro foi dia de Solstício - para quem, como eu, se encontra no Hemisfério Norte. Na noite mais longa do ano, a Humanidade celebra o Sol. Celebra-se, das mais diversas formas, a vitória da luz sobre a escuridão.
Isto encoraja-me em relação à nossa espécie: na noite mais escura celebramos a luz, e isto diz tanto. Não porque a vemos, mas porque nos acompanha sempre o poder de acreditar, de imaginar, de criar. A perseverança, o optimismo.


Nesse espírito dirijo-vos a minha mensagem de Natal deste ano:


 Que esta quadra vos traga mil e uma bençãos. Que estas se multipliquem e continuem a existir para além das festas, em todas as épocas da vossa vida. Que caso estas demorem a chegar até vós, não deixem de acreditar e de celebrar, pois após a escuridão, a luz virá.


Feliz Natal - Yule - Saturnália.





 

domingo, 22 de dezembro de 2013

Coreia do Norte





Contra as insónias, cuidado com as contra indicações!



Ontem. Noite tardia. O sono não chega. Zapping.

Paramos num qualquer canal, talvez sic notícias, que passava uma reportagem sobre a Coreia do Norte.
A Coreia do Norte é dos países mais estranhos que existem. Fica na Terra mas não é certamente deste mundo.

A reportagem era sobre a visita do Dennis Rodman e dos Harlem Globetrotters a este destino. Que mistura certo?!
O repórter, em certo ponto, declarou que aquela experiência poderia definir-se como viver na pele de Jim Carrey no Truman Show.






Finda a reportagem, muda-se de canal.

O que nos espera?

Paulo Portas a vender azeite no Dubai, com aqueles maneirismos muito próprios, e a prometer a "Suas Altezas" que nunca provaram pitéu como aquele.


Não há duas sem três.
Sentindo que não tinha estaleca para mais uma - não me engasgasse e morresse a rir - desliguei a tv, e fui-me embora de mansinho.








segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A lição das formigas



Todos os dias aprendo algo. Aprendi através de um incontável número de pessoas ao longo do tempo, por vezes através das pessoas mais insuspeitas.
Mas, no lugar pioneiro de toda esta pirâmide de professores, estão os meus pais.
São deles que recebemos as nossas primeiras lições, e entre estas estão algumas das mais importantes que poderemos aprender ao longo da vida.
Hoje, com a maturidade que a minha idade me permite, dou valor redobrado ao que me transmitiram.

Hoje partilho um pouco do que aprendi com eles sobre economia:


Com eles aprendi que a poupança é um dever, independentemente da nossa capacidade financeira.

Como é óbvio não desejamos nenhum azar ou infelicidade na vida, mas todo o indivíduo deve construir um pé de meia para enfrentar o que quer que se apresente. Que as coisas não acontecem só aos outros.

A discernir o que é ou não prioritário, importante, essencial.

Que não se falham com as obrigações, pois entre as coisas mais valiosas estão a honra, a palavra, o bom nome.

Que o ego é uma besta cara e difícil de manter satisfeita. Muitos dos que lhe obedecem cegamente, esquecem-se que quando a panela se apresenta vazia, ou se está em risco o telhado sobre a cabeça, de pouco ou nada vale o carro fantástico à porta e objectos afins.

As cigarras são arrogantes, quando apregoam o direito a serem como são.

Algumas cigarras são invejosas, que se espantam com o resultado do labor das formigas. Não compreendem que a poupança requer disciplina, abnegação, rigor, recusa em satisfazer todos os desejos hedonistas, e de consumo.

Algumas cigarras são egoístas. Serão sempre um peso para as formigas, pois estas são sempre procuradas, na infelicidade e no azar, para que partilhem o que amealharam. Evitaram preocupar-se ou prevenir-se, talvez já contando com a presença e a natureza da formiga.

Algumas cigarras são duplamente arrogantes. Julgam que a formiga tem o dever de partilhar. Que está no seu pleno direito usufruir do que não é seu.




Num mundo de cigarras, os meus pais são formigas.
E são tantas as vezes que vi a fábula de Esopo ganhar vida.
E não, a maioria das cigarras não aprende a lição. Isso é ficção. Simplesmente um toque à la Hollywood.





quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

coisas da casa #7: a sala de Héstia



Gosto das palavras. Brincamos com estas e é-nos revelado o sentido das coisas.

Há uma razão para que, na língua inglesa, "house" e "home" sejam vocábulos distintos.
Basta haver uma estrutura, um edifício e estaremos perante uma casa, uma "house". No entanto, por si só, isso não basta para ser um lar, "home".

Falta-lhe vida, energia vital, fogo. Da mesma forma que um corpo precisa de alma para ser uma pessoa.
Curiosamente, uma das definições de lar, é "o local onde está o lume".



Se no ser humano a fonte de energia vital é o coração, também morada da alma, numa casa não é diferente.
Por muitos séculos a divisão mais importante de uma casa era onde estava presente o "hearth", (não é gralha, é mesmo assim, com "th").

hearth medieval

O "Hearth" é uma lareira, presente nas casas e nos templos, desde os primórdios da civilização. Onde o lume está sempre presente e nunca se nega a quem o pedir, como podem ler aqui , numa crónica de costumes do povo açoriano.
(mais sobre "hearths" aqui )

Nas palavras do poeta brasileiro Érico Veríssimo, "Enquanto houver lume num lar hospitaleiro, haverá ainda na terra um rasto de esperança".

Chamo-lhe a sala de Héstia, pois esta é a divindade do fogo doméstico e do que ardia nos altares dos templos. O seu objectivo era protecção e o bem-estar das cidades, das colónias e dos lares.
A própria deusa é o fogo, representada muitas vezes como chama. É o conceito de sobrevivência, de refúgio, segurança, de continuação da existência da civilização, acima de qualquer disputa, guerra, transtorno, revolução.



Na Antiga Grécia, quando um casal se unia, existia um ritual em que este acompanhava a mãe da noiva até à nova casa. Esta levava consigo uma chama do seu lar, dotando a nova casa do fogo de Héstia, dando-lhe o necessário para se tornar também um lar.

Quando penso em "hearths" penso em lareiras alentejanas. Retrocedo no tempo e sorrio. O fogo persiste. Somente no pensamento, mas persiste.
Vôo para norte, e revejo-me numa cozinha de modos transmontanos, onde o lume crepita.
São as chamas da minha memória.




via culturas no campo - lareira transmontana






lareira alentejana


lareira alentejana
 



Na casa que idealizo, Héstia tem uma morada condigna. Tenho-lhe dó por a ver confinada aos bicos do fogão.
Maldigo alguns traços da modernidade, que faz de nós, uma humanidade tão pouco humana. Porque penso que éramos melhores mesmo quando, só por peso das cirscustâncias, aprendiamos a ser corteses, prestáveis, hospitaleiros. A não negar o lume.










sábado, 30 de novembro de 2013

coisas de beber: Aviation cocktail



Reza a história que, este cocktail foi inventado para celebrar o advento da aviação comercial.






quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Combater a gripe com remédios caseiros


Quando senti os primeiros sintomas desta "minha gripe" - que se fez notar através de exaustão e dores no corpo nos primeiros dias - a primeira coisa que fiz, (que faço sempre), foi pesquisar.

Saber mais, sobre qualquer que seja o tema, cria as bases necessárias para tomar decisões sobre como agir. Esta é a forma de reagir que me deixa mais confortável.

Então, toca a ler, em n sites sobre o vírus da gripe, o ciclo de vida do mesmo, os sintomas, os tratamentos e tudo o que mais havia para dizer sobre este bicharoco malvado.


(Se quiserem ler mais sobre este tema, este é um dos sites que recomendo.)


No site da Deco apareceu este texto, que coloco aqui, que de forma resumida apresenta a relação entre a gripe e os medicamentos:

"A infeção da gripe, em geral, evolui para a cura espontânea.
O paciente começa a sentir-se melhor 2 a 5 dias após o início dos sintomas e fica completamente restabelecido, no máximo, em duas semanas.
Os medicamentos sintomáticos, como analgésicos e antipiréticos, que habitualmente tomamos para a gripe não aceleram a cura, uma vez que nenhum consegue eliminar o vírus. Os antivirais, muito publicitados aquando da pandemia de gripe A, reduzem a duração da doença em um dia, mas apresentam diversos efeitos indesejáveis. Por isso, os médicos receitam-nos apenas a doentes com grande risco de complicações.
Os antibióticos são completamente inúteis (só combatem bactérias) e podem ser perigosos. O uso indiscriminado destes medicamentos permite que as bactérias criem resistências, tornando-se muito difíceis de combater. Por isso, os antibióticos devem ser reservados para as situações em que são indispensáveis, não devendo ser usados a título preventivo.

A solução será, então, resignar-se ao sofrimento? Não conseguirá fugir-lhe por completo, mas pode tomar medicamentos – paracetamol ou ibuprofeno – para aliviar sintomas como a dor e a febre. Leia sempre o folheto informativo e certifique-se, sobretudo, das contraindicações.

As grávidas, por exemplo, não devem tomar ácido acetilsalicílico. O mesmo se aplica às crianças com menos de 12 anos com infeções virais, como a gripe. Suspeita-se de que o medicamento possa desencadear síndroma de Reye, um problema raro, mas potencialmente mortal.

Quem sofre de úlcera de estômago não deve tomar anti-inflamatórios, como o ácido acetilsalicílico e o ibuprofeno.

O ideal é recorrer a fármacos com um só princípio ativo. Os antigripais, que incluem várias substâncias, devem ser evitados: não são mais eficazes e apresentam mais reações adversas.
Existem ainda produtos à base de plantas, como a equinácea, e homeopáticos (oscillococcinum). Porém, a sua eficácia não está comprovada.
A vitamina C, por seu lado, não previne a infeção, nem acelera a cura da gripe."


Após a pesquisa, as minhas conclusões...


Sou uma pessoa racional e de bom senso. Sei que a gripe pode derivar em situações mais complicadas. Há que estar alerta, conhecer os sintomas da doença, conhecer ainda melhor o nosso corpo, as suas respostas. Porque cada corpo é um caso, todos reagimos de forma diferente aos mesmos estímulos.

Não pertenço a nenhum dos grupos de risco, como crianças, idosos, e pessoas com patologias específicas. Recuso-me, com plena consciência a tomar a vacina da gripe.

Não há nenhum medicamento que mate o vírus. Dito isto, não encontrei necessidade de procurar a médica de família. Fá-lo-ia imediatamente caso houvesse o mínimo sinal de algo anormal, alarmante.

Decidi não me entupir de medicamentos de farmácia. Sou uma adulta saudável e confio na capacidade do meu organismo de combater organismos invasores, de se regenerar. Quis, igualmente, dar oportunidade ao meu corpo de desenvolver naturalmente a imunidade contra o vírus da gripe.

(Atenção a quem lê: cada caso é um caso. Haja bom senso. Aja com bom senso. Se estiver doente não prescinda de todos os cuidados, inclusive de assistência médica.)

Tomei alguns Benurons no início para combater a febre. Quando encontro necessidade tomo uma aspirina. Esta é a totalidade de produtos não-naturais que tenho tomado. De resto, todas as munições nesta "guerra" são totalmente naturais. Porque as nossas cozinhas são verdadeiras farmácias!


Os remédios caseiros


1 - Chá, muito chá



O chá serve dois propósitos essenciais: hidratar e fazer chegar ao organismo as propriedades curativas de algumas ervas e frutos.

Por aqui tenho optado por:

- Chá de carqueja, pelas suas qualidades anti-inflamatórias. (Mais sobre a carqueja aqui ).
- Chá de limão, gengibre e alho. O alho potencia a cura, activa o sistema imunológico. O limão desinfecta, é rico em vitamina C, ajuda a cicatrização. O gengibre é anti-inflamatório e é considerado o remédio universal, como podem ler aqui .

2 - Mel



Seja no chá, num sumo natural, ou até uma colher de mel puro. Ajuda a lubrificar a garganta, logo reduz a sensação de inflamação e ardor que a tosse ajuda a originar. Igualmente possui enzimas que ajudam as defesas do organismo.


3 - Cenoura



A cenoura tem o poder de diminuir o congestionamento das vias respiratórias e a tosse.

Tenho feito um sumo natural de cenoura no liquidificador, onde acrescento água, gengibre ralado e mel.

Pode também ser feito um xarope natural de cenoura. Receita aqui .

A cebola, a beterraba, o nabo também têm propriedades no combate à tosse. A mesma receita de xarope caseiro pode ser adaptada para usar estes ingredientes ao invés da cenoura.

4 - Vitamina C


A vitamina C fortalece o sistema imunitário.

Entre suplementos artificiais e frutas e vegetais, há que escolher sempre em primeiro lugar a opção natural.
As alternativas artificiais foram criadas para suprir a necessidade em consumir esta vitamina, mesmo quando não temos à disposição fontes naturais da mesma.
A laranja, o limão, a tangerina, o kiwi, o agrião, a rúcula, a couve, a salsa, a papaia, o tomate, são alguns dos alimentos fontes desta vitamina.






Coisa mais chata!



 Depois da noite de hoje, em que a tosse não me queria dar descanso, cheguei a ter saudades das noites no pico do Verão, em que o sono é inconciliável por causa do calor.

A tosse é um mecanismo importante do organismo. Num cenário de gripe, que
é o meu,  é um reflexo que permite expelir a fleuma (muco) carregada de vírus, limpando o sistema respiratório.

Mas lá por ser necessária, não significa que não seja chata. Irra!
Pelo menos podia ter horários decentes.

Mais sobre a tosse, aqui .









quinta-feira, 21 de novembro de 2013

coisas que gosto #5



A bossa nova é extremamente reconfortante quando faz frio.




coisas que me irritam #10: A mulher tirana



Cada casal saberá das linhas com que se cose a sua relação. Cada caso é único, e o que funciona para uns poderá não funcionar para outros.

E esta coisa de sermos todos, pelo menos, um bocadinho diferentes uns dos outros, gera, de tempos a tempos, alguma estranheza de parte a parte.

Ao longo dos anos, já fui algumas vezes abordada para que puxasse dos galões de namorada/ companheira/ mulher para "dar uma forcinha", convencer o meu namorado/ companheiro/ marido a fazer qualquer coisa contra a sua vontade.

Insistem que eu insista, e eu dou a única resposta que me é possível:
"Não."

Como se trata de um monossílabo difícil de entender, geralmente voltam ao ataque com uma espécie de discurso motivador de treinador de bancada:
"O quê? Achas que não o consegues convencer?! Tu consegues! É insistir, é insistir!"

Aí levanto o sobrolho e replico secamente:
"Não. Eu não faço dessas coisas."

Tcharam, aí está o olhar de confusão, de veado encadeado pelos faróis! Sorriso interior.

Prossigo explicando que se desejam alguma coisa da parte dele, é com ele que devem falar. Se levarem uma nega, aguentem-se, que faz parte da vida. Que nem sempre as vontades estão em sintonia.
Que não insistam, que não somos pessoas que sejamos vencidas pelo cansaço. Que o que é demais enjoa. Que quanto muito, a insistência só resultará num afastamento.
Que lá por sermos um casal isso não dá direito a nenhum dos dois de tomar decisões pelo outro, de forçar, de "puxar pelos galões". 
Que quando se ama respeitam-se as decisões, as vontades, o livre arbítrio. Que na nossa casa o espírito da Democracia está presente e saudável.

Fim. Sorriso exterior.










Quando os homens falam de amor #13






quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Por aqui não se bebe Pepsi...



... nem Coca-Cola, nem qualquer outro refrigerante. A não ser em ocasiões cada vez mais raras, e em quantidade mesmo muito moderadas.

É uma questão de saúde.

O que acontece no organismo após a ingestão de um refrigerante está descrito aqui .

Quando vejo famílias que consomem em excesso estas zurrapas, e que, permitem às crianças a ingestão de refrigerantes, (são tantos os casos que o fazem com frequência e sem moderação), é-me cada vez mais difícil não opinar, não meter o bedelho. Que são esses hábitos que levam ao cada vez maior número de crianças obesas, falsamente diagnosticadas como hiperactivas, com problemas gravíssimos de dentes e outros problemas de saúde.
Que a saúde começa naquilo que se ingere.
Que amar os filhos também é discipliná-los numa alimentação o mais saudável possível. Que alguns excessos são permitidos, mas só muito de vez em quando.

Depois da polémica campanha da publicitária da Pepsi, abundam os comentários de quem diz que "Pepsi, nunca mais. Agora é Coca-cola a eito".

Gostava mesmo era de ver este episódio aproveitado para se melhorarem hábitos de consumo. Que se trocasse de uma vez por todas os refrigerantes açucarados por sumos naturais, chás, e sim, até um belo copo de vinho português.







Quando as mulheres falam de sexo #12







Quando os homens falam de amor #12






terça-feira, 19 de novembro de 2013

Em hibernação...



Quando estamos no pico do Verão, sonho com viagens a um destino gelado. Algo épico, tipo uma excursão a um dos pólos, ou aventurar-me até à base do K2 ou Annapurna.

Depois chega o Inverno, e volto a chegar pela enésima vez à conclusão que, eu e o frio também não somos grandes amigos.

A temperatura de hoje, considerada temperada e amena se compararmos com aquilo que nos espera no Everest, já é por si suficiente para me dar vontade de sair à rua em equipamento polar.
Não existisse um certo pouco à vontade em tornar-me o centro das atenções, e não saíria de casa sem uma balaclava.

Igualmente, hoje tenho o bónus de voltar a sentir como é estar doente. Já nem me lembrava como era isto de sentir febre, calor e frio simultaneamente, a garganta a dar de si, e a voz a sair baixinha e com menor capacidade de expressão.

O que me surpreende, é que nem este desconforto me deita abaixo. Sim, fisicamente estou em baixo de forma. Mas a boa disposição, a vontade de rir, o mau feitio, estão incólumes.
A moral está alta por aqui, e isso é meio caminho andado para a vitória sobre este bicharoco.

A minha estratégia consiste em alguns comprimidos, uma copiosa quantidade de chá de limão, gengibre e alho. Mel para lubrificar a garganta. Vitamina C daquela que vem em fruta, ao invés daquela que vem em pastilhas. Ter atenção ao que o corpo pede. Repouso, boa disposição e confiança no facto de que o organismo está preparado para ganhar a guerra contra estes bicharocos.













sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Sabedoria dos Intas em 10 segundos #15




Abri o Bhodhicaryavatara de Shantideva:

" 114 - Interessamo-nos pelos membros como partes do nosso corpo, porque não pelos Homens como parte da Humanidade?

115 - Por hábito aplicamos esta ideia de "eu" a este corpo sem alma, porque não aos outros?

116 - Desta maneira, se fazemos bem aos outros, não sentiremos nem orgulho nem complacência. Ninguém está à espera de ser recompensado por se alimentar a si mesmo.

117 - Tal como tens vontade de te defender contra a mais pequena ofensa, é indispensável que o pensamento de protecção e de bondade para com os seres se torne em ti um habito. "




quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Em modo salada de frutas...


O champô é de maçã e kiwi, o gel de banho de mirtilo e romã, a loção de manga, e o perfume tem notas de cereja.



terça-feira, 12 de novembro de 2013

Sabedoria dos intas em 10 segundos #14



Abro o livro "Meditação - A primeira e última liberdade" de Osho, e salta isto:

"Dizer "sim" à vida é ser religioso; dizer "não" à vida é ser não-religioso. E sempre que deseja alguma coisa está a dizer "não". Está a dizer que alguma coisa melhor é possível.
As árvores são felizes e os pássaros são felizes e as nuvens são felizes - porque não têm devir.
São simplesmente o que quer que sejam.
A roseira não tenta ser um lótus. Não, a roseira é absolutamente feliz por ser uma roseira. Não pode persuadir uma roseira, não será capaz de corromper a mente da roseira por forma a tornar-se um lótus. A roseira não fará mais que rir - porque a roseira é uma roseira. Está simplesmente fixada e centrada no seu ser. É por isso que toda a Natureza é desprovida de febre: calma e quieta e tranquila. E estabelecida!
Somente a mente humana está num caos, porque toda a gente anseia ser outra pessoa qualquer. É isto que tem feito ao longo de mil e uma vidas. E se não despertar agora, quando é que pensa despertar? Já está maduro para o despertar."


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sabedoria dos Intas em 10 segundos #13


Que sejam cada vez mais os dias em que o coração é uma máquina de bem querer.
Assim seja!



E porque hoje é dia de S. Martinho...



Reli a lenda de S. Martinho. Continuo a gostar tanto desta como quando era miúda.
Por coincidência, hoje apetece-me ouvir Zeca Afonso.

Não.
Não existem coincidências.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Margarida - 1, Intas - 0


Hoje vinha decidida a quebrar as convenções sociais, os tabus, que nos inflingem o dogma que não devemos falar de merda. Leia-se matéria fecal.
Senti-me inspirada pelo prazer que as coisas mais simples da existência causam, no qual, defecar ocupa um dos lugares pioneiros.

Fiquei tão impressionada com aquele submarino, que lhe fiz continência e entoei, na minha melhor voz de soprano, o "Rule, Britannia" enquanto puxava o autoclismo.

"Rule the waves"!

Qual Almirante orgulhosa, senti uma urgência em partilhá-lo com o Mundo. Que se lixem os tabus!

Mas depois soube do episódio da Margarida, e senti-me derrotada.
Senti-me pequenina, que nisto da merda, sou uma menina.
Que o meu S.S. Britannia não tem artilharia suficiente para se comparar com toda a frota da Guidinha. Bolas, pá!






quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os falsos arautos da Igualdade


Vamos lá, sem medos, agarrar na batata quente que é este tópico.

Começo por usar de palavras que não são minhas, mas quero iniciar com uma definição de Igualdade:

- "Princípio de organização social segundo o qual todos os indivíduos devem ter todos os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades."

Aqui podem ler uma curtinha descrição da Constituição da República Portuguesa.

Para os mesmo distraídos, é também o compêndio de todos esses direitos, deveres, privilégios e oportunidades, no que nos toca - cidadãos de Portugal.

Para quem nunca leu este documento basilar da nossa sociedade e nação, fica aqui o link. Isto porque em certos temas a ignorância não é santa, é mais a lepra do espírito.


Então, que tens a dizer sobre a Igualdade, afinal? - faz de conta que me perguntam...


Que fico a duas batidas do coração de me dar um valente amok quando ouço alguns dos vulgares discursos e comentários sobre Igualdade.
Porque todos abordam a sua ausência, a discriminação negativa. E não tratam com igualdade a própria Igualdade.
Porque todas as formas de discriminação são abomináveis. E a discriminação positiva tem efeitos tão perniciosos para o indivíduo e a sociedade quanto a negativa.

É imoral a existência de deveres sem direitos. É igualmente imoral a cedência de privilégios a quem não cumpre com os deveres, a não ser que seja possível fazê-lo por todos os cidadãos, sem excepções.

Quando olho para uma pessoa, vejo uma pessoa.
Quando olho para ti, vejo-te a ti, também enquanto produto das tuas acções, escolhas, carácter.
Estou-me nas tintas para o teu género, raça, nacionalidade, etnia, profissão, credo, religião, orientação sexual, estrato social, financeiro...

Tal não é motivo para que as tuas oportunidades sejam menores que as minhas. Tal não é desculpa para que as minhas oportunidades sejam menores que as tuas.



Nem mais, nem menos.


Ou nas palavras de outrém:

"Para combater as desigualdades muito injustas que existem na sociedade não é preciso favorecer as pessoas que são vítimas dessas desigualdades e que estão em grande desvantagem relativamente a outras pessoas, basta deixar de as prejudicar."

in Caderno de Sociologia



princípio de organização social segundo o qual todos os indivíduos devem ter os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades

igualdade In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-11-06].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/igualdade>.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

E porque hoje é 5 de Novembro...



É dia de Million Mask March.





Cromices #1


Quando tive o meu primeiro telemóvel, isto há quase quinze anos atrás, decidi armar-me em engraçadinha com a mensagem do voice mail. À mensagem da praxe do deixe nome, contacto, assunto, blá blá, rematava com algo tipo " só se retribui chamadas a quem pagar copos".

Uma piada sem qualquer graça, é certo. Mas visto que naquela altura todos os meus contactos eram amigos ou família, não havia qualquer problema.

Não tardou muito que me esquecesse da existência da dita mensagem.
Mais tarde, quando o meu círculo passou a abranger também contactos profissionais, houve uma época, em que eu, vítima de amnésia, achava tão estranho que o pessoal das empresas ligasse a convidar-me para um copo...





O sentido de Justiça aos 6 anos


Quando fui para a 1ª classe - sim, sou do tempo em que se dizia classe e não ano! - os primeiros dias eram passados a fazer rabiscos.

Lembro-me de, num desses dias, estar na companhia de mais dois miúdos.
Um deles não vai de modas e risca o desenho do segundo.
A resposta deste é começar a chorar. Coisa que não durou mais dos que uns segundos, pois o terrorista ameaça fazer pior se alguém fizer queixinhas. Inclusive a mim.

Rasguei-lhe o desenho pelo que fez ao outro. Dei-lhe uma chapada por me ter ameaçado.
Desatam os dois a chorar.

Resultado: um puxão de orelhas monumental!

A primeira de muitas lições sobre justiça.

O que apreendi: se queres fazer justiça pelas próprias mãos há que usar uma máscara.







sábado, 2 de novembro de 2013

Sabedoria dos intas em 10 segundos #12



A evolução da Humanidade está na mão das vítimas.
Aos agressores espera-os a morte, com ou sem redenção. Se houver transmutação, morre o agressor antes da pessoa que o carrega. Se não, o dia da morte de um, será inevitavelmente a do outro. Ponto. Pó. Fim.

Às vítimas, cabe-lhes a decisão mais crucial de sempre, para elas e todos nós: quebrar o ciclo de agressão, ou deixarem-se contagiar pela bestialidade, ocupar o lugar do agressor.

Não há Ser mais forte do que a vítima que decide não continuar o ciclo que o agressor lhe testemunhou. Serão estes os construtores de um Mundo sem agressores e sem vítimas.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

coisas de ver #15


Passei uma parte do último domingo, agarrada à tv, a salivar enquanto via uma sequência de vários episódios de Britain's Best Bakery.

Para quem não conhece, é um concurso onde dois conceituados experts em pastelaria e padaria, procuram o que melhor se faz na Grã-Bretanha, e quem o faz.
Mais de 30 estabelecimentos foram pré-seleccionados, e em cada episódio, três dos quais participam em três provas distintas.
A primeira prova é a visita ao estabelecimento, a segunda, a apresentação de um produto que o simbolize, e por fim, a confecção, por parte dos três estabelecimentos concorrentes, de uma especialidade escolhida pelos jurados.

Trata-se sobretudo de conhecer a variedade gastronómica de uma nação, e de reconhecer os profissionais que melhor trabalham, de os premiar.
Gostei tanto do conceito que fiquei mesmo agarrada à ideia do quanto gostaria de ver este formato no nosso país. A Melhor Padaria/ Pastelaria de Portugal! Soa-me bem.








O carnaval são 3 dias e o Natal... 3 meses?!



Antes que me confundam com o Grinch, fica aqui o esclarecimento:




- Gosto do Natal - Yule - Saturnália, do seu simbolismo tal qual se apresenta aqui.

- Não gosto mesmo nada do natal que se respira a partir de Outubro. Dos shoppings que ficam a abarrotar de gente três meses antes, destes espaços que se vestem a rigor com tanta antecedência, de folhetos que enchem a caixa de correio com campanhas natalícias ainda o Outono não se despediu, das tradições que viram obrigações.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sabedoria dos intas em 10 segundos #11


A "Pessoa Feliz" é facil e erradamente subestimada.
Confunde-se a ausência de queixume, a presença de Luz pessoal e sorrisos, com ausência de dor ou dificuldade. Que a sua felicidade nasceu da sorte, da coordenação perfeita e aleatória das circustâncias que parecem rodeá-la. Que há-de ter nascido com o "cu virado para a lua" e assim qualquer um seria feliz!
Mas, a Felicidade nunca deriva da inércia. É fruto da auto-disciplina.
A "Pessoa Feliz" assumiu um compromisso pessoal. Honrá-lo implica mudar o seu íntimo, em todos os planos de existência em que se desdobra o ser humano. Isso demonstra uma grande capacidade de adaptação, sobrevivência, força de vontade, disciplina, coragem.

Porque quando chove, todos se molham. A diferença está sobretudo na atitude.






segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Caderneta de cromos #1 - Podes tirar o rapaz do ghetto, mas...



Diz-se que a auto-descoberta é uma viagem individual, solitária.
Eu acredito que, também, é ao contacto com os outros que devemos muito do que vamos descobrindo sobre nós.


A meio de um qualquer ano lectivo, um colega cai de pára-quedas no nosso grupo de trabalho.
É claro que o facto deste ser alto, espadaúdo, moreno e de olhos verdes não teve influência nenhuma na decisão da colega que decidiu ser boa samaritana. Pois...

Um dia, estava eu sozinha, na companhia do colega alto-espadaúdo-moreno-de-olhos-verdes, num qualquer patamar de escadas. Partilhávamos um silêncio incómodo que parecia durar uma eternidade, enquanto esperávamos pelas restantes colegas.
Enquanto eu sorria, assobiava, olhava para o tecto, ou via que horas eram pela centésima vez, o colega decide quebrar o silêncio.

Referiu a namorada, onde esta trabalhava e depois desta conversa de circunstância, largou uma pérola:

- Que namorada dele, se queria sair com ele, tinha que andar sempre impecavelmente vestida, maquilhada e perfumada, ou então nada feito. Que a perfeição era um requisito. Que o comportamento tinha de ser irrepreensível.


A minha reacção deve ter sido mais ou menos esta:


Acho que o rapazito deve ter ficado desnorteado com o meu look jeans, ténis, t-shirt, rabo de cavalo e cara lavada.
Porque pode-se tirar o rapaz da Quinta da Marinha, mas não se tira a Quinta da Marinha do rapaz não é? E todos os ghettos parecem nutrir o mesmo efeito na personalidade, independentemente do código postal.

Lembrei-me automaticamente do namoradinho-louro-de-olho-azul dos tempos de liceu. De este me ter dito que não gostava que eu fumasse ao pé dele, e de como passei a acender, religiosamente, um cigarro quando este se aproximava de mim.

Também não se pode tirar o mau-feitio...







domingo, 20 de outubro de 2013

Os Direitos da Criança



Ainda sobre o tema "natalidade" e o post anterior (este):

Agora que já falei um pouco, (porque haveria tanto mais para dizer), sobre esta questão num contexto mais individual, posso passar para uma abordagem que considero muito mais interessante.

O objectivo, ou pelo menos um deles, do tal estudo, referenciado aqui, é conhecer quais os principais factores que levaram ao decréscimo da taxa de natalidade, e talvez concluir sobre o que pode ser feito para reverter esse processo.

E este é um assunto que me é caro. Porque providenciar as melhores condições possíveis para aumentar o número de nascimentos, é igualmente avançar na construção de uma sociedade com maior qualidade de vida, mais igualitária e evoluída, capaz e feliz.

Porque no que toca à natalidade é desejável que todas as pessoas sejam livres nas suas opções. Ou seja, que ter ou não ter filhos, ou ainda quantos, seja uma expressão do seu desejo e bom senso, e não fruto das condicionantes impostas pela vida em sociedade. Assim o vejo.

Acredito igualmente que, ser pai/mãe é assumir o papel de Guardião da criança, garatindo-lhe os seus direitos, e de seu Guia, incuntido-lhe os princípios, os valores, os ensinamentos necessários para que aquele Ser se torne na melhor pessoa possível, por si próprio e pelo mundo.

Logo aqui, começam os entraves.
Num país com tamanha taxa de desemprego, onde aqueles que trabalham são cada vez mais a fazê-lo em situações de precariedade, onde as fileiras daqueles cujo salário é demasiado baixo para fazer face à sobrevivência engrossam todos os dias, quem pode, em boa consciência e sem medos, assumir-se enquanto Guardião?

Numa sociedade que retrocede à mesma velocidade em que aumenta o fosso das desigualdades que separam os muitos que têm pouco, dos poucos que têm muito, em que os espécimes sobreviventes da classe média estão colocados numa corda bamba sobre o abismo. Em que essas desigualdades notam-se sobretudo na qualidade dos direitos basilares da Democracia, que já foram para todos, como a Saúde e a Educação, e que agora se apresenta para uns e outros de forma tão distinta. Aí, como podemos garantir, em boa consciência, a todas as crianças os seus Direitos?

Numa época em que se luta por um novo paradigma, em que se levantam tantas questões e estamos num barco sem rumo certo, em que se luta também para que a pobreza não seja sobretudo de espírito, é preciso recomeçar, redesenhar tudo isto que nos rodeia.


Começar por onde?













sábado, 19 de outubro de 2013

Nós, um case study...



Há uns dias, a Sónia do "Cócó na Fralda", publicou um post intitulado Natalidade, através do qual se procuravam voluntários para um estudo sobre os baixos números da natalidade em Portugal.
Um dos alvos do estudo, casais sem filhos, residentes em Lisboa ou arredores, de idades compreendidas entre os 35 e os 45 anos.

Nós, um casal sem filhos, com 34 e 37 anos, quase, quase que nos enquadramos na perfeição no target deste case study.

Pareceu-me um excelente motivo para soltar por aqui o meu ponto de vista sobre esta matéria.
Igualmente, da próxima vez que indagarem sobre a estranheza de sermos o que somos, posso sempre poupar a paciência e a saliva, e mandá-los vir ler aqui ao blog.


Não. Não temos filhos.
Sim, é por opção.

Não sei se quero filhos, e acreditem que é a resposta mais verdadeira e honesta que posso dar. E uma bastante pensada e com muito peso, de alguém que anda há mais de uma década a ser interrogada por familiares, amigos, e todo o gato e cão que sabe-se lá porquê, acha perfeitamente normal ultrapassar os limites razoáveis do que a falta de intimidade permite e não permite, para questionar e mandar bitaites quando o tema é este.

Sim, mais de uma década a levar com isto, e por vezes com uma frequência absurda levou-me à exaustão. E, se há uns anos atrás conseguia disfarçar o meu desagrado com um sorriso e uma certa graciosidade, hoje não tenho problemas em mandar à merda as pessoas realmente chatas.

Porque, senhoras e senhores, já passei por cada uma! Que mandar à merda é eufemismo!


Continuando...

Não sei se quero filhos. Existem momentos em a balança pende inequivocamente para o não, assim como momentos em que pende, embora mais timidamente, para o sim.


Em pequena, questionava porque é que os adultos faziam mais crianças, se haviam crianças por adoptar.

Diziam-me que as coisas não são assim, lineares. Que quando fosse grande, ia ver.

Cresci e continuo a pensar da mesma forma.
Anos depois, ouvi a expressão "é preciso uma aldeia para criar uma criança", o que ainda fez crescer mais em mim essa forma de pensar. Que até nós, pessoas sem filhos, temos um importante papel a desempenhar no desenvolvimento de todas as crianças, nem que seja como "tios emprestados", que o facto de serem filhos dos outros é um pormenor.
Que amar verdadeiramente uma criança é estar na disposição de amar todas as crianças.

No direito de mandar bitaites à vida dos outros, porque amor com amor se paga, já que há casais que pensam em múltiplos filhos, que tal nem todos serem biológicos? Tipo um adoptado, por cada um parido?

Já houve quem me respondesse que "ah, adoptar é muito bonito e tal, mas não é a mesma coisa". Quase certamente que são as mesmas pessoas que me consideram egoísta por não ter filhos, e que tal deve ser um subproduto do facto de ser filha única. Pois, que os filhos únicos são, sem sombra de dúvida, egoístas.

Quando ouço algo assim, penso num dos dias mais marcantes da minha vida, há anos atrás, quando fui com um grupo de amigas, passar o dia com as meninas de um orfanato. O brio com que nos mostravam como tinham feito bem a caminha, ou que era ali que brincavam, que tinham boas notas, e que apesar de tudo, eram felizes. Das mãozinhas, tantas, que procuravam as minhas. De como voltei a brincar às escondidas e à apanhada. De como tudo era pretexto para me abraçarem, e de como retribuí esses abraços. As trancinhas e as bochechas, os sorrisos. Da vozinha que me pediu para a trazer para minha casa. De como viemos embora, em silêncio. De como passei o resto do dia a chorar. De ter sabido mais tarde, que não tinha sido a única. De ficar emocionada ainda hoje quando penso nisso. De ter a certeza que seria capaz de chamar filha a qualquer uma daquelas meninas, e senti-lo, mesmo não a tendo parido.


Não sei se quero filhos.

Logo se vê.

Aos que se preocupam com o avançar da minha idade, mais do que eu, digo-vos que nunca senti aquele apelo biológico irrefreável de passar os genes. Que, para quem tem imensa curiosidade sobre a aparência dos petizes, já existem app's para ver como saíria a mistura dos traços do pai e da mãe.
Que se a vontade despertar após a menopausa, a adopção é uma opção.

Aos que se preocupam com a nossa felicidade, garanto-vos que ela existe vivida a dois, e é linda.

Aos que ponderam quem cuidará de nós quando formos velhos e inválidos, eu respondo, provavelmente a mesma enfermeira que cuidará de vocês. Talvez nos encontremos todos no mesmo centro de dia ou lar.

Aos que se preocupam com números e crescimento da população, eu respondo: somos mais de 7 mil milhões! Não chega?! Eu até acho gente a mais.

Aos que continuarão a olhar-nos com estranheza, eu respondo que sou fruto da Natureza, essencial ao equilíbrio. Se a todos os casais lhes desse para andarem a conceber equipas de futebol, a vida no Mundo já teria deixado de ser viável há muito, muito, tempo.

E ainda que, sejam democráticos. Não indaguem somente sobre a natureza dos casais sem filhos. Sejam inquisitivos também com aqueles que procriam. Levantem o véu sobre os motivos que levam as pessoas a terem filhos. Conhecerão filhos do amor, e de muitas outras coisas, menos felizes e pródigas.
Façam-no, mais do que pela curiosidade, pelas crianças dos diversos institutos e orfanatos.






quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Figuras de urso(a)



Algumas das minhas melhores memórias nasceram de momentos em que a prioridade foi divertir-me, e saciar apetites, deixar aquela faceta mais excêntrica, louca e feliz apanhar ar, ter o seu momento de ribalta. Ter a consciência que o preço seria fazer figura de ursa, e mesmo assim achar uma pechincha!



A lista incluí, entre outros:
- cantar num bar acompanhada de uma banda de jazz, (mesmo sem saber cantar);
- ter usado uma boneca insuflável (daquelas das sex shops) como adereço na apresentação de um   trabalho na universidade, tendo recitado o mesmo em verso;
- achar que outro professor estava a ser picuínhas sobre os atributos do trabalho a ser entregue, e em vez de formato A5, ter aparecido com uma impressão quase do meu tamanho;
- ocupar o centro da pista de dança, praticamente vazia, e dançar de olhos fechados como se não houvesse amanhã...


E o fantástico, é que quando abrimos os olhos, a pista de dança está cheia de pessoas que optaram por dançar connosco.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Do meu armário #1



Apresento-vos o outfit para caminhadas, versão Outono-Inverno.




Blusão impermeável, sobre-calças também impermeáveis. Ambos da Decathlon. As calças foram encontradas na secção de golfe, batem todas as outras em conforto, e depois de várias tentativas, acredito ser o único modelo simpático para a silhueta.
Ambos passaram no teste com distinção.

Não esquecer a mochila térmica, porque a hidratação é fundamental.


E assim caminhar à chuva é um prazer. Sentir o cheiro da terra molhada...



sábado, 12 de outubro de 2013

coisas que me irritam #9 - A ganância



É muito importante para mim sentir que, enquanto consumidora, estou a pagar o preço justo. Independentemente do serviço ou coisa a ser adquirida.

Ênfase no "justo".

Odeio gente gananciosa, (ênfase no "odeio"), logo ofende-me sobremaneira quando o valor cobrado por algo vá muito além do sensato. Trata-se de um motivo para que determinado estabelecimento entre na minha "lista negra".

Mais do que uma questão económica, é uma questão de princípio.

Para quem possa confundir justiça com avarice, nas ocasiões em que me cobram um preço inferior aquele que eu considero justo, faço questão em pagar mais. Nem que seja através de uma gratificação mais generosa.
Um bom exemplo é quando vou aos mercados e feiras, e compro vegetais e frutas directamente ao produtor. Muitas das vezes, o que estes cobram pelos seus produtos é uma fracção do preço praticado em hipers, supers ou mercearias.
Faço questão de pagar mais, porque por cá achamos que o produtor deveria receber justamente pelo seu trabalho, e que a ausência de ganância deve ser recompensada.


Há uns dias, estávamos ambos com o bichinho da leitura. Decidimos que o Parque da Liberdade, com as sombras das árvores, o sossego, o verde, seria o local ideal.

Nova esplanada no local: pequenina, de aspecto simples mas mimoso.
Poucas mesas, pouca gente. Alguns turistas de cabelo grisalho agarrados a livros e a copos de vinho branco.
A ideia de tomar um café e uma água pareceu-nos bem.
Dois cafés e uma garrafa de água pequena: 4 euros.

Preço justo?

Nessa noite passei os olhos pelos panfletos publicitários que enchiam a caixa do correio.
Um desses era de uma loja de electrodomésticos e comunicava, entre muitas outras coisas, uma máquina de café universal. O maior argumento de venda é que cada café ficaria a 3 cêntimos.
Igualmente uma garrafa de água de 50 cl, custa numa grande superfície, cerca de 30 cêntimos.
De 36 cêntimos a 4 euros vai uma grande distância.

Na nossa esplanada favorita, de localização próxima da praia, edifício bem mais requintado, serviço impecável e estrutura sujeita a mais custos para os proprietários, por 3,70€ bebemos café, água e partilhamos uma fatia de bolo até demasiado generosa, de deixar água na boca.

Entristece-me que esta atitude de ganância seja generalizada entre os comerciantes, especialmente em localizações consideradas de interesse turístico. Os preços são altamente exagerados e não traduzem realmente o valor do serviço ou produto. Este, em qualidade, fica geralmente aquém do valor cobrado.

Havemos de voltar ao Parque, mas provavelmente sem passar pela esplanada uma segunda vez.




domingo, 6 de outubro de 2013

Rota dos Intas: Luso - onde as andorinhas são felizes (I)



Existem pessoas para quem as férias não acontecem em Agosto, nem envolvem, obrigatoriamente, destinos de praia.

Nada contra Agosto nem contra praia. Mas, existe uma miríade de prazeres que se estende ao longo das quatro estações.
E quem se predisponha a conhecer o nosso país, não ficará certamente desapontado com a multiplicidade de destinos aliciantes.

Férias são férias, e sabem sempre bem. E Outubro, mês outonal, tem os seus méritos.
Para além da beleza bucólica da estação, os destinos turísticos já não estão a abarrotar de gente , (o que arruinaria o nosso conceito de busca de sossego), e a cereja no topo do bolo é, pagar preços de época baixa, que se inicia na maioria das unidades hoteleiras no mês de Outubro.


Para estas férias a escolha recaiu sobre a Vila do Luso.
Para nós, que partimos em busca de contacto com a Natureza, de sossego e serenidade, de boa gastronomia, com o intuito de recarregar baterias, garanto-vos que foi uma escolha feliz.

Esta pequena vila turística do concelho da Mealhada, distrito de Aveiro, fica a cerca de 250km de Lisboa, cerca de 100km do Porto, e a 30km de Coimbra.



Li algures, durante a nossa estadia, que Saramago, o "nosso" Nobel da Literatura, terá dito que "não existem palavras que descrevam o Luso".

A Vila do Luso é de todos os locais que já visitei, aquele em que encontro mais semelhanças com a Vila de Sintra. Em ambas encontramos o verde exuberante, o traçado arquitectónico de alguns edifícios e villas que cativam o olhar.





É a Vila que dá nome à conhecida água mineral, onde existem as Termas de Luso.

O edifício do Grande Hotel de Luso, obra do arquitecto Cassiano Viriato Branco, datado de 1940, é visível de qualquer ponto da Vila, qual esfínge do modernismo da primeira metade do séc. XX.




Estar no Luso, é sentir a tranquilidade a apoderar-se de nós, a transformar-nos os gestos, a noção de tempo. É encontrar prazer nas vistas, degustá-las. Fazer por imitar as pessoas da terra na brandura e calma. Trocar palavras, e saber que há quem não trocaria a vida ali por coisa alguma.
Que há gente que nunca se apaixonará pelas cidades, que olham meio condoídos para quem vem das urbes e, que de alguma forma, transparece nos gestos a vocação de querer curar as maleitas urbanas dos turistas.




Estar no Luso, durante a semana, é passear na maior avenida e precisar somente dos dedos de uma mão para contar os carros que a cruzam simultaneamente.



É estar sempre a dois passos de um jardim, onde os locais se dirigem para praticar exercício físico, onde patos grasnam alegremente na nossa direcção à espera de uma qualquer guloseima.
É olhar para o relógio e perguntar como será possível já ter passado uma ou duas horas, quando foi somente há instantes que nos sentámos na esplanada.



É ver alguns edifícios espalhados pela Vila, de bonita traça, fechados, que já foram pensões ou outra coisa qualquer, e ficar feliz por estar a haver obras de melhoramento. Porque o Luso fez-nos bem, queremos que continue a existir, próspero e sossegado, porque havemos de voltar.


Porque afinal, em lado algum vi andorinhas tão felizes, em acrobacias prodigiosas, entre as varandas do hotel.



(nos próximos posts, onde ficar, o que visitar, e onde comer)









domingo, 29 de setembro de 2013

E por ser hoje...



Em Portugal, o direito de voto foi concedido pela 1ª vez às mulheres, em 1931, embora num contexto ainda com imensas limitações.
Por ter sido um direito adquirido "a ferros", enquanto mulher, sinto ter mais um motivo para participar activamente, votando.

Assim foi. De manhã, bem cedo.

Depois pude devolver ao domingo a preguiça prazeirosa que lhe assenta tão bem.


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Sabedoria dos intas em 10 segundos #10



Sabedoria e Humildade andam de mãos dadas.
O Sábio é-o nos olhos dos outros, não aos seus. E isso permite-lhe aprender algo com todos e tudo com que se cruza, e é isso que lhe facultou o acumular de conhecimentos que fez dele, Sábio.
O Sábio ou Mestre, não se faz seguir, mas acompanhar-se, lado a lado, olhos nos olhos.
Ergo, todo aquele que procura liderar um séquito, não faz mais que iludir. Maior semelhança terão uma pedra e um pássaro, do que este e um Sábio.


Sabedoria dos intas em 10 segundos #9



Desconfio sempre daqueles para quem o nome próprio não é suficiente. Que, em todos os contextos, não abdicam do prefixo de um qualquer título para se apresentarem.
É sinal que ali é o Ego que comanda o Homem.
E se do Homem podemos esperar todas as coisas, devemos temer os egos, que são sempre capazes de coisas bem piores.



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sabedoria dos intas em 10 segundos #8



Questionar tudo, sempre. Particularmente, aquilo que nos ensinam que não deve ser questionado.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Auto-análise



Tenho o vício de pensar, o que me leva inexoravelmente, a ser o meu próprio objecto de reflexão e análise.

Aos 34 anos, julguei que conseguiria responder com maior acuidade ao mote "Conhece-te a ti próprio".


Então um destes dias cheguei a casa, depois de tomar café com uma amiga, onde havia acrescentado a um qualquer tema de conversa o facto de já não ter pachorra para muitas coisas.

Não menti. A lista do que me stressa é longa, o meu pavio arde rapidamente em muitos contextos, e admito que, face a esse desconforto, a minha reacção possa ser algo descabida e exagerada.

Mas, em boa verdade, devo dizer que para todos os momentos em que sou impaciente e irascível, posso contrapor com outros tantos em que demonstrei ter paciência de chinês.

E este jogo de dualidades, de forças que se anulam continua.

Tenho tanto de frágil como de forte, de medricas como de corajosa, de quem vive tanto pelo pragmatismo como pelo improviso, de generosa como de egoísta, de meiga e bruta, simultaneamente observadora e distraída, introvertida e extrovertida, ora indulgente ora cáustica... Não vejo o fim desta meada.

O que faz de mim, contraditória. Plural.
E toda essa pluralidade, fará de mim, singular?!







sexta-feira, 20 de setembro de 2013

coisas de ver # 8



A minha série favorita! Mesdames et Messieurs:

Poirot.





coisas de ver # 7


Desde que me lembro de ser gente, que o meu pai, para além de muitas outras coisas, me chama "tigre da Malásia".

E eu, que na época, não fazia a mínima ideia de quem seria Sandokan.






coisas de ver # 6


Cleopatra , o filme de 1963, onde a rainha do Egipto é protagonizada por Elizabeth Taylor.

Trata-se do segundo filme mais caro de todos os tempos - o mais dispendioso é o Avatar, de James Cameron.
A sua produção custou, em valores actualizados em 2005, cerca de 286 milhões de dólares. Investimento que quase levou a 20th Century Fox à falência.
Desempenhar o papel de Cleopatra, permitiu a Liz Taylor, tornar-se a primeira actriz de sempre a auferir 1 milhão de dólares.









quinta-feira, 19 de setembro de 2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

coisas da casa #6 : Mud room



Os americanos chamam-lhe "mud room", os japoneses "genkan", os franceses "foyer". Por cá, o termo mais comum será "hall de entrada".

Há uma justificação para o facto de ter escolhido expressar-me através deste particular estrangeirismo, ainda por cima, um algo invulgar pelos nossos lados.
É que, se a nível da linguagem, podemos de certa forma entender que o equivalente português para "mud room" será "hall de entrada", na realidade, uma "mud room" e um "hall" possuem atributos suficientemente distintos, para não se tratar sequer da mesma divisão.

Embora ambas as divisões sirvam para estabelecer uma fronteira entre o exterior e o interior da habitação, o hall é mais formal do que a "mud room".

Num hall encontramos normalmente objectos, móveis e até revestimentos de grande valor decorativo, que ajudam a compor um ambiente mais formal.

Uma "mud room" é prática, onde a função está acima da forma, não querendo dizer que não possa ser apelativa esteticamente.
É uma divisão polivalente, cujo propósito é ajudar a manter a casa limpa.
É onde os membros da família trocam o calçado de rua pelo calçado de andar em casa, despem os casacos. Que jeito que dá especialmente nos dias invernosos de chuva e lama!

Há modelos de "mud rooms" que incluem a zona de lavandaria e arrumação dos produtos de limpeza e manutenção da casa.
Os mais completos de todos ainda pensam nos animais de estimação, chegando a ter um espaço para dar banho aos patudos, o que é genial.

Esta divisão acho-a essencial, e embora seja comum em muitas casas de bairros suburbanos americanos, lamentavelmente ainda não tem expressão por aqui.

Quando idealizo a minha casa de sonho, garanto-vos que é uma adição que não fica esquecida!

Ficam alguns exemplos retirados da net: