domingo, 28 de abril de 2013

As coisas que eu gosto #1 - E quando um estranho te sorri...


Faço questão de sorrir e de cumprimentar quem quer se seja que se cruze no meu caminho.
Faço-o por reflexo, por feitio, por mania, sobretudo por princípio. Mesmo nos dias em que acordo às avessas.
Porque acredito piamente que isso faz de mim uma pessoa mais feliz, alguém melhor, e é o tipo de atitude com quero contagiar o mundo.


Comecei a fazê-lo de forma consciente numa altura em que achava que tinha uma boa soma de motivos para me queixar da vida, do destino, da sorte, ou do que o queiram chamar.
Simplificando a coisa, após alguma ponderação, apercebi-me que não tinha qualquer poder para mudar a situação em si. O único pormenor sobre o qual eu tinha controlo era a minha atitude. Basicamente se iria optar por ser alguém negativo ou positivo.
E aí não havia outra escolha possível, que nunca tive grande paciência para as pessoas que cultivam a autocomiseração e a amargura. Não iria abrir excepções, nem para mim mesma!

A verdade é que o positivismo torna-se uma prática mais fácil e natural a cada dia que passa, assim como as suas manifestações, tal como um sorriso. O mundo é fértil em motivos para sorrir e quando não os vemos, só pode significar que estamos desprovidos de todos os sentidos.

Gosto de sorrir. Mesmo para estranhos.
Fascina-me o quanto tenho aprendido sobre a natureza humana através deste exercício.

Basicamente, obtenho três tipos de reacções quando sorrio para um desconhecido:

Independentemente do sexo ou da idade, inicialmente foi uma surpresa para mim verificar que a esmagadora maioria das pessoas retribuem o sorriso.
Um pequeno número demora a tomar uma decisão. São os que olham em volta, ponderam se eram realmente o alvo do meu contacto, e é absolutamente fantástico quando decidem retribuir.
Por fim, somente um número muito reduzido é imune, decide não participar, franze o sobrolho ou finge que não vê.

Sinto-me uma cientista, da "sorrisologia", e o fruto da minha experiência deu-me motivos para ser mais positiva quanto às pessoas - pelo grande número que não recusa a construção da ponte relacional e emocional entre dois indivíduos, mesmo desconhecidos, que é o sorriso!


sábado, 27 de abril de 2013

Coisas de comer - receitas com gengibre


Não é muito recente a adição do rizoma de gengibre na minha dieta. Acho que já terá passado sensivelmente um ano desde que decidi experimentar o gengibre fresco.

Inspirada pelos diversos programas televisivos de culinária, utilizei a internet para saber mais sobre este ingrediente. A lista de propriedades associadas ao gengibre são mais que muitas. Aliás, haverá algum orgão que não beneficie do consumo deste?!
Não tardou muito a que estivesse mais do que decidida a incorporar esta dádiva da Natureza na nossa alimentação. Questionava-me somente sobre o seu sabor...

Para quem nunca experimentou o gengibre fresco tem um sabor picante, forte, mas agradável. De sabor totalmente diferente da sua versão seca, em pó, usada normalmente na confecção de bolos.


É um produto que costumo encontrar facilmente em médias e grandes superfícies na zona dos legumes. É barato e rende imenso, especialmente para quem ainda se estiver a habituar ao sabor.
Deve ser guardado no frigorifico, sobretudo numa caixa hermética.

Extremamente versátil, basta aceder à internet para, em dois cliques, encontrarem centenas, se não milhares, de receitas com gengibre. Da carne ao peixe, a doces, a pratos vegetarianos, a sumos, o gengibre é polivalente.

Cá em casa, comecei por usar o gengibre em chá. Tomei-o ao longo de todo o inverno. Especialmente saboroso na versão chá de limão e gengibre.

Depois comecei a perceber-lhe melhor o sabor e a tentar combinações.

Gosto especialmente de sentir aquele travo picante e pungente em sumos naturais e em sopas. Portanto deixo-vos aqui duas das minhas muitas experiências. Espero que gostem. Mais ainda, espero que partilhem comigo as vossas!

Na liquidificadora juntem abacaxi, papaia, água fresca, folhas de hortelã e gengibre fresco q.b. . - E têm um sumo natural saboroso e muito saudável. Uma das muitas variações possíveis.

Experimentem igualmente adicionar gengibre aos vossos cremes de legumes. O último que fiz levou alho francês, cenoura, abóbora, batata, courgette, xuxu, alho, azeite, sal, e claro gengibre. Uma delícia!

Coisas que fazem bem - Gengibre, o medicamento universal


O gengibre, de seu nome científico Zingiber officinale, é uma planta herbácea da família das Zingiberaceae - (família que incluí cerca de 1300 espécies), originária da ilha de Java, da Índia e da China.

Embora seja das plantas mais antigas do mundo, existe registo da sua presença em Portugal desde o reinado de D. João III (1521-1557). Consta que foi introduzido na Europa através das Cruzadas.

Trata-se de uma planta perene, que pode alcançar cerca de 1m de altura. As folhas verde-escuras nascem a partir de um caule duro, grosso e subterrâneo (rizoma). As flores são tubulares, amarelo-claro e surgem em espigas erectas.


O seu óleo essencial contém canfeno, citral, felandreno, zingibereno e zingerona e, são nestas substâncias que residem as suas propriedades medicinais. Desde a antiguidade que é um dos métodos predilectos para combater as dores. É igualmente bactericida, desintoxicante, afrodisíaco e auxilia o sistema digestivo, como antiflatulente - basta juntar um pouco de gengibre na comida, em especial nas que são gordurosas ou de difícil digestão, como as ervilhas - e indicado para evitar enjôos e naúseas.
Aliás, os seus benefícios são tantos que é conhecido como "medicamento universal".

Quando tomado em chá - que não é mais do que pedaços do rizoma fervidos em água - auxilia situações de gripe, constipações, tosse e até ressaca.

Através de banhos e compressas quentes pode aliviar os sintomas de gota, artrite, dores de cabeça e coluna, congestão nasal, cólicas menstruais e até de alguns tipos de cancro.




sexta-feira, 26 de abril de 2013

Lições da minha mãe #1



Quando eu tinha cerca de 15 anos a minha mãe aproveitou uma situação bizarra para me ensinar uma valiosa lição.

Uma tarde, encontrei-a rodeada de outras mães. Todas elas, os filhos e as filhas, nossos conhecidos, (variando somente o grau de proximidade), como não poderia deixar de acontecer no ambiente de aldeia onde cresci.

A conversa parecia animada. O assunto, como em qualquer grupo de mães, eram os filhos.

Mas, devo confessar que nada a que já tivesse assistido me poderia preparar para aquela cena. Ainda hoje, que conto com mais do dobro daquela idade, ao relembrar aquele episódio, há uma aura de insólito que ainda não se desvaneceu.

Todas as mães elogiavam os filhos. A minha mãe mantinha-se calada, excepto para confirmar que sim, que filha de D. Fulana era boa rapariga ou, que filho de D. Sicrana era realmente muito educado.

- Ora bem, até este exacto momento nada ressalta como extraordinário, nem como merecedor de espaço na memória. Mas é assim que todos os enredos começam, subtil e despreocupadamente.

Em escassos minutos duas mães tornaram-se o centro das atenções. Duelavam entre si pela atenção dos ouvintes, numa troca cada vez mais enérgica de elogios à prole. Já ninguém anuía - simplesmente movíamos a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como no Estoril Open.
Sim, que estes não eram como os filhos dos "outros", eram excepcionais! Eram fruto do ventre daquelas Marias, concepção dos seus predicados, da sua perfeição.
Mais uns segundos e convenciam-me que tinha andado na escola com a reencarnação de Jesus. Qual quê! Mais uns segundos, e tinha o próprio Cristo que se pôr a pau, que havia ali competição à altura!

Mas para todo o clímax há um anticlímax. E neste enredo, foi personificado pela senhora minha mãe.
- Pois a minha filha é ... - e garantida a atenção do círculo do estrogénio - colocou, num par de frases, alguns dos meus defeitos a nu, despediu-se e seguimos caminho.
Alguns metros adiante, onde já ninguém nos podia ouvir, ainda meio boquiaberta meio embaraçada, reclamei - Não me digas que não te lembraste de nada simpático para dizer sobre mim!

- Disse alguma mentira? - replicou a minha mãe. - Não disse...

Mesmo assim imaginava incomodada as conversas prováveis dessa noite - Ó Fulano, sabias que a filha de X é isto e aquilo. A sério! Foi a própria mãe que disse! Vê lá tu!
Esse incómodo foi rapidamente substituído pelo orgulho de ter uma mãe que diz o que pensa - doa a quem doer.
Outra vantagem é que nunca tive medo que os meus pais me trocassem por camelos se fossemos a Marrocos.



Lição nº1 - Se te sentes incomodado com a constatação dos teus defeitos, cabe-te a ti mudar, não os outros mentirem sobre ti.

Lição nº2 - Gostar verdadeiramente de alguém é conhecer-lhe e aceitar-lhe virtudes e defeitos.

Lição nº3 - Valorizar algo ou alguém não depende da aprovação em praça pública.






terça-feira, 23 de abril de 2013

Para a memória futura...


Quando eu morrer deixem-me ser uma árvore. Qual, ainda não me decidi - talvez um sobreiro.

Não me tranquem numa caixa, numa qualquer roupa domingueira. Não me condenem à claustrofobia das lápides, nem à lugubridade dos cemitérios.

Quando eu morrer deixem-me ser uma árvore. Há algo de apaziguador na ideia de ser sombra, refúgio e todas as coisas que as árvores são e os Homens ficam aquém.

Não me dêem cortejos, nem missas, nem lutos. Não me tragam velas e flores cortadas como obrigação em dias de finados.

Quando eu morrer deixem-me ser uma árvore. Deixem que a seiva dê lugar ao sangue. Para que possa cumprir em silêncio tudo aquilo que nunca soube dizer.


(imagem de sobreiro - Quercus Suber -  retirada do site da Associação Transumância e Natureza)

Coisas que me irritam #2



Que a zona destinada a fumadores, onde eu penso poder desfrutar tranquilamente do meu direito de fumar, se encha invariavelmente de famílias com crianças, grávidas, e todo o tipo de gente que se mostra incomodada com o fumo.
O maço em cima da minha mesa é só para auxiliar a reflexão sobre os malefícios do tabagismo. A sério?!

domingo, 21 de abril de 2013

Para que realmente servem os smartphones...


Basicamente servem para nos entreter quando estamos há meia hora à espera que o empregado de mesa chegue com o nosso pedido.

Tenho algo a confessar - gosto de fast food. Pronto, está dito e recordado para a posteridade por aqui, perante quem se dê ao trabalho de o ler. Não é que o meu palato bata palmas e solte guinchinhos juvenis de excitação com aquilo que nos é servido. Mais do que a comida em si, gosto da rapidez com que é servida.
Em meia-hora, escolhi, comi, e já passei para o café e o cigarro.
Falta-me, muitas vezes, a paciência para o ritual de espera, da intrincada troca de cortesias entre quem atende e quem é atendido, dos intervalos infindáveis entre os vários actos da refeição. Entendo e aprecio os conceitos de slow food, de que o tempo é um ingrediente essencial quando queremos uma experiência plena à mesa.
Mas porra, por vezes não quero experiências, quero simplesmente comer. E dizer que não há lugar para tudo, seria abolir o sprint para enfatizar a maratona.

Hoje apeteceu-nos pizza.
Para mim as pizzarias, em especial destes franchises, são restaurantes de uma categoria intermédia. Ocupam o degrau imediatamente acima do fast food, longe de ser propriamente daqueles sítios onde se espera viver uma grande experiência gastronómica. Estão ligeiramente entre ambos e tal deveria revelar-se sobretudo no tempo dispendido numa refeição - um compasso a meio tempo.

 Passada meia-hora a empregada vem comunicar que a cozinha não dispõe de um dos ingredientes. Acordamos uma alternativa. Meia-hora para se darem conta?! Reviramos os olhos... Primeiro pedido de desculpa. Voltamos a atenção para o smartphone, e continuamos a leitura das notícias.
Sim, não fora este e muito provavelmente a reacção teria sido sair porta fora.
Dois segundos depois, aproxima-se o gerente com um segundo pedido de desculpas - a pizza já está no forno. Quando se afasta, reviro os olhos pela segunda vez. Respiro fundo - o que é que se passou mesmo na China? - fazendo por me abstrair.
Vem a pizza. Faltam as bebidas.
Passam mais umas três vezes pela mesa. Mais uns pedidos de desculpa, perguntam se a pizza está do nosso agrado.
Que pena não serem tão disponíveis quando realmente precisamos de atenção, de café, da conta.









quinta-feira, 18 de abril de 2013

Coisas de amigos #1


Depois de dois dias a levar o saco do Expresso para a esplanada e, de ver que ainda me resta literatura para um terceiro, um amigo tratou de arranjar um petit nom que encaixa na perfeição a este semanário. "Andas a ler o Espesso?"


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Coisas de ler - "Os sonhos de Einstein"



Cá em casa, para além de toda uma parafernália de objectos diversos, uns mais úteis que outros, existem livros. Muitos livros, por toda a parte...
Mesmo no meio de tantos volumes, existem sempre uns quantos que têm lugar de primazia na memória e nos afectos.
Após tantos anos, este continua a ser um deles - "Os sonhos de Einstein" de Alan Lightman.


Nesta pequena obra, a ciência e a literatura fundem-se de uma forma deliciosamente poética. Somos transportados para os sonhos de Einstein - não o cientista icónico, mas o personagem que nos apresenta diferentes formas de viver o tempo, através dos seus sonhos. Um dos livros da minha vida!


"Suponham que o tempo é um círculo que se curva para trás sobre si próprio. O mundo repete-se a si mesmo, rigorosamente até ao infinito.
A maior parte das pessoas ignora que voltará a viver a sua vida uma e outra vez. Os comerciantes ignoram que voltarão a fazer o mesmo negócio uma e outra vez. Os políticos ignoram que voltarão a gritar da mesma tribuna um número infinito de vezes ao longo dos ciclos do tempo. Os pais guardam no coração a primeira risada dos seus filhos, como se não fossem mais voltar a ouvi-la. Os amantes, quando fazem amor pela primeira vez, despem-se a medo, e olham surpresos a coxa esbelta, o delicado mamilo. Como poderiam eles saber que cada olhar, cada carícia, voltarão a repetir-se uma e outra vez, exactamente como da primeira vez?"

Os meus pecados #1

Sofro do mal da procrastrinação e é, por vezes, bem pior que uma dor de dentes...

terça-feira, 16 de abril de 2013

O que queres ser quando fores grande?

A primeira resposta que dei, ainda bem pequena, foi pintora ou escritora.
Disso passou para a primeira mulher Presidente da República. Cheguei a dizer que queria ser como o Sá Carneiro ou a Maria de Lourdes Pintassilgo, numa idade que não me permitia perceber-lhe mais do que uma fracção do significado. Mas não me coibia de listar todas as minhas decisões futuras de "quando eu for Presidente".
Mais tarde, jornalista, repórter de guerra - influência dos repórteres que noticiavam, in loco, a sua percepção dos cenários de guerra. A imagem de fundo, iluminada, de forma intermitente, pelos clarões das explosões.
Secretamente, sempre quis ser como o Indiana Jones.

As pequenas coisas

São as pequenas coisas que me tiram do sério, que me fazem entrar em modo "berserk".
Como ser abordada por uma jovem para a realização de um inquérito. Quando esta me questiona sobre a profissão eu respondo com toda a calma e naturalidade - "dona de casa".
A pequena pára por um segundo, olha para os papéis, exclama um "ahh, doméstica".
E é nesse momento que eu viro um ser bestial, cuspidor de fogo e com escamas - " doméstica não". Olha-me inquisitiva e eu continuo, porque me choca ainda mais uma tirada daquelas por parte de uma jovem mulher - " dona de casa ou até gestora do lar, mas doméstica não. Domésticas são as aves de capoeira, e domesticada significa amansada. Pois mansa é a p... que pariu, perdão, a tia." 

domingo, 14 de abril de 2013

Coisas que me irritam #1

Tenho uma amiga que está grávida de gémeos e, eu é que passo a vida na casa de banho...

Coisas que se imaginam #1

E se as ementas dos restaurantes apresentassem os pratos nos seus nomes científicos?

- Ora então o que vai ser?
- Para mim o salmo salar, grelhado. Qual é o acompanhamento?
- Normalmente solanum tuberosum, phaseolus vulgaris e daucus carot.
- Hummm, pode ser.
- E para beber?
- Um sumo natural, por favor. De Citrus sinensis.

Tudo para pedir salmão grelhado, acompanhado de batata, feijão verde e cenoura e, um sumo de laranja. Não deixava de ter piada.

A primeira coisa

Dita a lógica que, há sempre uma primeira coisa que antecede todas as outras.

Parece-me inevitável que a primeira coisa a fazer por aqui seja apresentar-nos - a mim e ao "coisas".

Chamo-me Ana, tenho 33 anos e sou casada. - Simples e conciso. Eu sei, demasiado curto e conciso para me destacar de tantas outras Anas, muitas destas nos intas e igualmente casadas.
Mas, não tenhamos pressa, temos todo o tempo do mundo e todo um blogue para nos conhecermos melhor.

O "coisas" é o depositário das minhas coisas - como um diário de bordo de uma mulher nos trintas, somando as coisas que gosto, as que não gosto. As coisas de opinar, de dizer e mesmo as que não deveriam ser ditas. As que partilho com tantas outras mulheres nos intas, assim como as que me distinguem de qualquer outra. Sem plano. Ao sabor dos apetites, das disposições, da vontade.