quarta-feira, 16 de julho de 2014

As lições da crítica gastronómica





Há muito tempo atrás, num outro blogo-tasco (abençoada cabeça que pensou nesta deliciosa expressão!) resolvi comentar sobre os restaurantes que me deixavam feliz.


Revelou-se uma má ideia, porque pouco tempo depois deixei de ser feliz nesses restaurantes.


É que a "crítica gastronómica" tem uma armadilha. Assim como no linguajar legalmente correcto se deve aplicar a expressão "alegadamente" a torto e a direito, também no campo dos comes se deve ter a precaução de precisar que se comeu "adicionar descritivo qualitativo" naquele determinado dia, naquela determinada ocasião.
Não vá ser como a passagem de um cometa , e tal não se repetir durante uma vida!


Não me vejo como uma comensal picuínhas. Não procuro o excelente, mas insisto no bom!
Para mim, um bom restaurante há-de ter bom ambiente, boa comida, bom atendimento, bom rácio preço/ qualidade.
Ah, e bons ouvidos. Porque se especifico querer que me tragam café com a sobremesa, é isso que espero que aconteça.


Há dias voltei a um desses restaurantes, e dei por mim a matutar sobre como fui e deixei de ser feliz por ali.


A comida continua boa, simplesmente boa, nem mais nem menos.
Lembrei-me que o problema era, e continua a ser, o atendimento. Caso peculiar aquele, dado o sucesso do estaminé, especialmente não sendo um local particularmente barato.


Lembrei-me que éramos clientes assíduos na época em que era permitido fumar no interior. Depois, impedidos de puxar do cigarro, apercebemo-nos do quão doloroso era o ritmo do serviço, mesmo em horários mortos.
Que não admirava que entre os pratos devorássemos meio maço entre os dois. Que era do mais irritante a dificuldade em conseguir atenção, e o facto daquele empregado de mesa nunca mostrar boa cara foi a gota de água.
Aliás, acho que nunca o tinha visto sorrir até o ver atender uma famosa actriz da nossa praça...


Noutro caso, em outras paragens, tudo era bom, inclusive o serviço e tinhamos a certeza que haviamos finalmente acertado na escolha. Tornámo-nos clientes regulares.
Depois a cozinha começou a abusar da gordura e do sal. O dia em que abusaram também do tempo, (mais de uma hora para servirem um bife), foi o dia em que cortámos relações.


Também já lá voltámos. Ao contrário do primeiro caso, estes voltaram ao caminho da redenção.




Conclusão: A felicidade em mesa alheia não é certa nem segura.













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