segunda-feira, 30 de junho de 2014

Coisas da casa #9: o segundo quarto





Para a maioria das pessoas, a aquisição da habitação será o maior investimento das suas vidas.


Nós não somos excepção.


Há cerca de 12 anos atrás, quando decidimos começar a procurar casa, não éramos muito diferentes de todos os jovens casais quando passam pelo mesmo estágio de vida. Éramos simultaneamente inexperientes, e com algumas ideias fixas sobre o que queríamos.


Um desses pontos, sobre os quais era absolutamente irredutível, era sobre a tipologia: menos que um t2 estava fora de questão.


Hoje continuo a defender a lógica desse argumento, e acho que foi das melhores decisões que poderíamos ter tomado. É que neste tipo de coisas mais vale ser como o Marquês de Pombal aquando a reconstrução de Lisboa, com a louca mas visionária implementação de um Passeio Público com 90 metros de largura, onde hoje é a Avenida da Liberdade.


Acho não podemos olhar para a primeira casa somente como uma casa de transição, tem que ser um espaço capaz de evoluir e crescer connosco, uma espécie de organismo. O nosso mantra quanto a isso era e continua a ser algo como "quer fiquemos por aqui, ou mudemos um dia para a "tal casa de sonho", em ambos os casos, felizes da vida".


Um quarto extra era uma das características fundamentais a esse espírito, por tantos motivos. Porque há mil utilidades que este pode ter, porque a família poderia crescer, e também porque somos preguiçosos e pacatos, e não quisemos correr o risco de ter que voltar a lidar com imobiliárias e afins antes de nos passar as naúseas que ainda sentiamos após todo o processo de comprar casa.




Logo nos primeiros tempos, quando nos perguntaram se iríamos transformar aquele espaço num quarto de hóspedes, a resposta foi um automático e redondo não, em uníssono e sem ser ensaiado.


Houvesse um terceiro quarto, (e mais uma casa de banho), e até poderia ser. Mas assim não. Porque embora, em boa verdade, sejamos ambos arraçados de bichos do mato, a quem serviria esse hipotético quarto de hóspedes quando o círculo intímo de família e amigos moram nas proximidades?


Para todos os outros, com imenso amor e carinho, tenham lá paciência, mas não vale mesmo a pena ficarmos desconfortáveis na nossa própria casa, quando a oferta hoteleira abunda na região, para todos os gostos e preços.


Durante anos, tantos quantos os de vida dos nossos bichanos, esta divisão foi conhecida como o "quarto dos gatos". O espaço era totalmente deles e dedicado a eles, com as suas camas, esconderijos,  ginásios felinos, brinquedos e brincadeiras mil e muito sol durante todo o dia.


Com a sua partida, o nosso luto também se reflectiu neste canto da casa, e durante algum tempo este foi o "quarto da desarrumação".


Até há cerca de duas semanas, em que decidimos finalmente intervir e remodelar este espaço.


As paredes foram corrigidas por quem sabe o que faz, que está visto que não sou eu. É que eu quis adiantar serviço, e toca de andar a passar massa nas paredes para tapar rachas e fissuras. Pelo resultado parecia que um pasteleiro tinha andado a passar cobertura de merengue nas paredes.


Hoje temos um escritório / sala de leitura bastante aprazível. O resultado ainda ficou melhor do que esperavamos.

Como se trata da divisão que mais sol recebe durante o dia, escolhi para as paredes uma tonalidade laranja.
O laranja é uma cor que desperta alegria, vitalidade, capacidade criativa e de expressão, que rejuvenesce. Que recarrega as baterias, afasta tristezas, nos faz mais destemidos e joviais. É também uma cor associada à família.

Podem pensar que o laranja é demasiado forte para colocar em todas as paredes. Mas juntem-se apontamentos em branco, (como as cortinas, candeeiros, e no nosso caso, também a secretária e as capas das almofadas do sofá), e está criado um contraste perfeito que ajuda a suavizar este tom quente.


O laranja também funciona bem quando complementado com tons terra, o castanho do chão de madeira e das estantes, e os materiais naturais como o rattan da estrutura do sofá, a verga dos cadeirões da secretária, contribuiram para um ambiente bastante acolhedor.








domingo, 29 de junho de 2014

To do list #1: Revisitar Lisboa





Há dias, a Vespinha falou sobre como é maravilhoso ser turista na própria cidade. (aqui)


É um tópico no qual me revejo. Adoro ser turista em Sintra: dispensar o carro, caminhar ao sabor do improviso, revisitar os monumentos tentando envergar os olhos de quem os visita pela primeira vez, conhecer o comércio local, palmilhar o verde da Serra.


A Vespinha fala de como é (igualmente) maravilhoso ser turista em Lisboa, e por incrível que pareça, andamos há que tempos para revisitar Lisboa como turistas. E é algo que temos mesmo que fazer, o quanto antes!


Quando era miúda, ir a Lisboa não significava propriamente lazer e diversão. Na maioria das vezes ia-se a Lisboa pelos motivos mais chatos: uma ida a um médico especialista, uma qualquer burocracia morosa.


Anos depois, eu faria parte do imenso movimento pendular de milhares de pessoas que entram e saem de Lisboa, todos os dias, por obrigação. O nosso país é lindo, e Lisboa contribui sem dúvida para tal, mas sinceramente achei difícil apaixonar-me pela cidade naquele contexto, em que todos parecemos o coelho branco da Alice no País da Maravilhas, sempre apressados, presos no trânsito ou reféns de um frustrante sistema de transportes públicos, em que olhos são alheios à beleza porque o cérebro está focado em toda uma lista de afazeres.


Portanto, urge despir-me desses velhos hábitos, e ser turista também em Lisboa, assim como faço na minha terra. Descobri-la finalmente.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Pessoas de quem gosto #3





Não conheço os adoptantes do Touché, mas não preciso de os conhecer para gostar deles. Sei que salvaram este patudo e tornaram-se a família que ele sempre mereceu. E isso basta-me.









Sabedoria dos intas em 10 segundos #29



Dizem que no Universo tudo é energia, que é essencial que esta flua, se mova incessantemente, que nunca estagne.
Daí a imensa importância da reciprocidade. Dar e receber são dois gestos que coexistem para que possa haver a tal troca de energia, o tal movimento que garante a harmonia e o equilíbrio de todo este sistema.


E mesmo quando damos, anónima e gratuitamente, o Universo trata de devolver a energia que haviamos dispensado, tantas vezes em forma de cordiais pormenores que vamos percebendo com maior acuidade com a prática.


Há momentos assim que já reconheço instantaneamente. Como hoje, quando no meio de uma imensa confusão, onde a circulação automóvel parecia impossível, nos ofereceram, assim do nada, o melhor (e único) lugar de estacionamento.


E nestas alturas, sorri-se e agradece-se. E têm-se a certeza que tudo o que se dá ao Mundo é dos melhores investimentos possíveis.







terça-feira, 24 de junho de 2014

coisas que gosto #6







De ir à praia, em dias da semana como hoje. Haver estacionamento e espaço na areia com fartura.
De adormecer com o barulho do mar. Estar suficientemente perto da água para levar com algumas gotículas, lançadas pelo efeito de rebentação.
De ir tomar algo a uma esplanada. De ser interpelada por um cão amistoso de cauda a abanar.



terça-feira, 17 de junho de 2014

PDI #1

Sacar do cartão multibanco com a maior naturalidade, afinal trata-se de um gesto repetido diariamente. Congelar na altura de marcar o código. Não ser capaz de o recordar nem que a própria vida dependesse disso.

Portugal - Alemanha




Uma derrota é apenas uma derrota. Coisa pouca. As competições são mesmo assim.


Aos olhos de uma optimista incansável, como eu, as batalhas perdidas têm o seu lado bom: quando aproveitadas há lições aprendidas e uma descarga de energia que nos impele a fazer mais e melhor, a dar tudo por tudo, para não voltar a sentir aquele amargo na boca.


Em todos os jogos, a competição acontece em dois planos: no marcador e na atitude.


Haja fair play, profissionalismo, desportivismo, cortesia, entrega, mestria no que se faz, trabalho em equipa por parte de ambas as equipas e em boa verdade, ambos sairão vencedores do recinto.


Isto é o que penso. Mas que sei eu, que nem gosto de futebol, nem via um jogo há anos?!





quinta-feira, 12 de junho de 2014

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Hoje não.





Não estou ausente. Estou aqui. Macambúzia e muda, até nos dedos.


Dia 6, a Preta, a cadela da comunidade, morreu.
Eram muitos os que lhe tinham estima, que a acarinhavam, que lhe matavam a fome e a sede, que agora lhe sentem a falta.


Um dia conto-vos mais sobre a Preta. Hoje não. Hoje sou um violino triste, e os violinos não escrevem.







quarta-feira, 4 de junho de 2014

Estás na minha lista negra!





"O Código do Trabalho refere no seu artigo 22.º que "nenhum trabalhador ou candidato a emprego pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão, nomeadamente, de ascendência, idade, sexo, orientação sexual, estado civil, situação familiar, património genético, capacidade de trabalho reduzida, deficiência, doença crónica, nacionalidade, origem étnica, religião, convicções políticas ou ideológicas e filiação sindical"."


retirado daqui.




Pessoa X passa à porta da Pastelaria G. em Sintra, e repara no papel afixado à porta que informa estarem à procura de colaborador.
X, que trabalhou sempre, até ao momento em que a empresa a que dedicou toda a sua vida profissional, encerrou portas.
A pessoa X tem a seu favor a experiência profissional, o know how, a reputação imaculada, construída ao longo da vida, de boa profissional, competente, de confiança.
X mantém uma imagem cuidada.


X entra no estabelecimento, e pede à empregada de balcão mais informações.
A empregada avisa que a patroa não está, mas adianta que só estão a aceitar "raparigas novas".




A Pastelaria G. nunca mais na vida irá ver um cêntimo meu.





coisas de ver #27





Street Fighter Assassin's Fist









O 1º Episódio:











segunda-feira, 2 de junho de 2014

Eu, Zoroastra





Há muitos anos atrás, quando li pela primeira vez, o Zaratustra de Nietzsche, uma das minhas primeiras, ( e duradouras), impressões é que a vida de eremita poderia ser para mim. A de viver em isolamento, e procurar a companhia de outros só quando apetece.


Há dias assim, em que o eremita em mim se revela, em que sou Zoroastro ou qualquer outro.
Trata-se de uma necessidade de recolhimento, um apelo inegável.
Nesses dias, podem-me ver mas não estou cá. Estou além, longe, em mim, noutro cosmos.








Quando as mulheres falam de sexo #21












Quando os homens falam de amor #26












caixa de ressonância