segunda-feira, 30 de novembro de 2015

coisas de opinar: Erradique-se a pobreza...



Ontem passou num canal de televisão um documentário que prometia ajudar a decifrar esta coisa, esta entidade, esta seita de barbudos radicais que anda aí a aterrorizar meio mundo.

Nós, longe de sermos obcecados pelo tema, ficámos curiosos o suficiente para assistir. Uma curiosidade que pouco ou nada tem a ver com voyeurismo, mas com uma necessidade de tentar conhecer e entender algo que difere de nós e do nosso mundo em tudo e mais um par de botas.

A mim, que é intrínseco duvidar, questionar e desafiar o que me dizem e sobretudo o que me mandam quando sinto que o devo fazer, sempre me fez muita confusão o historial bélico do nosso mundo. Basta-me ler uma notícia, ver um filme ou documentário sobre tal, (a II G.G. é um óptimo exemplo), e inevitavelmente dou por mim a pensar como é que é possível existirem pessoas que se deixam cativar, doutrinar por ideologias tão maradas e cometer actos tão errados em seu nome.
Como é que é possível que em todas as guerras, as decisões sejam tomadas por um pequeno grupo de gajos, sentados confortavelmente algures enquanto outros aceitam ser seus paus-mandados, carne para canhão, cegos obedientes e os únicos a sujar as mãos de sangue?!
Não há ninguém que ao receber uma ordem que, aos olhos de uma pessoa de bem é claramente errada e inadmissível, se vire para esses gajos com um: "Isso é que era bom! Queres? Vai tu!".

Será a obediência uma característica genética tão profunda na nossa espécie que nos torna, sem grandes alternativas, fracos e maleáveis perante a vontade de psicopatas?! Que triste!

A qualidade do documentário em si foi de nível "meh". Não passou de uma colectânea de vídeos propagandistas produzidos pela massiva máquina de marketing dos próprios barbudos que são censurados nos meios de comunicação ocidentais, e ainda bem. Apoiar a censura abre um precedente perigoso mas aqui tem toda a razão de ser. Nunca se sabe quantas cabecinhas tontas, fracas e permeáveis existem à escala global, e o seguro morreu de velho.

As cenas que eram montadas para mostrar o apoio e satisfação da população fizeram-me lembrar a história de Pablo Escobar, o icónico traficante colombiano. Escobar podia ser violento, temido e impedioso, mas muita da população de Medellín era-lhe leal pois financiava a construção de alguns estádios de futebol, algumas equipas, e dizia ser uma espécie de Robin Hood que tirava dos ricos para dar aos pobres. Mais do que por bondade, Escobar sabia que esta é uma estratégia inteligente para se alicerçar uma posição de poder, e os barbudos também sabem. E que quanto mais pobre for a população alvo, mais barata é a sua lealdade.

A pobreza é a raiz de muitos males. Erradique-se a pobreza e, de uma ver por todas, o mundo será chão pouco fértil para muitas outras maleitas.

A capacidade que tenho de duvidar, questionar, desafiar e escolher por mim deve-se em muito ao facto de não ser pobre. Tal como aparece na velhinha Pirâmide das Necessidade de Maslow, se tenho energia para dedicar à moralidade e a questões que se encaixam na categoria de topo - realização pessoal - é porque me encontro satisfeita em todas as outras categorias, da fisiológica à estima.




Qualquer um de nós num cenário onde as necessidades fisiológicas e de segurança não fossem preenchidas, faltando-nos casa, comida, acesso a cuidados de saúde, educação, etc, seriamos também presas fáceis de manipular.
Portanto, enquanto houver pobreza haverá, com toda a certeza, novos capítulos para a história bélica do mundo, cheios de terror e tristeza.




sexta-feira, 27 de novembro de 2015

As pessoas de quem gosto #4


Tenho um fraquinho por velhinhas - termo que uso com o maior dos carinhos.

Uma das minhas filosofias de vida é ter dois minutos de atenção e disponibilidade para com os mais velhos. Acredito que devemos respeitar os idosos, e esta é a minha forma de transformar o meu pensamento em acção.
Uns minutos de conversa, acompanhados de um sorriso pode não ser muito, e efectivamente não é, mas faço por ter em mente que desconheço a vida daquela pessoa. Que em alguns dos casos o nosso encontro, ainda que breve, pode muito bem ser a primeira interação que aquela pessoa teve durante o dia, e por isso acho tão importante fazê-lo.

Confesso que o termo obrigação se aplica em alguns dos casos. É óbvio que o faço também por gosto e, não só porque acho correcto. Mas confesso que o gosto decresce e a noção de sentido de dever aumenta com aquelas pessoas que são mais negativas e lamuriosas.

Felizmente nem sempre é assim. Há pessoas com quem é privilégio partilhar o mesmo oxigénio, que dão gosto conviver, que são uma inspiração não importa a idade que tenhamos.
Duas dessas pessoas são a Dona M. e a Dona Z..

Ambas são quase octogenárias, viúvas, independentes e, independentemente dos seus problemas de saúde e outros, são sempre uma lufada de ar fresco onde quer que entrem, tal é a sua boa disposição.

Todos os dias, acompanhada pelo Kiko, passo pela rua da D. M..
Numa destas manhãs, M. sai de casa, no seu conjunto de tweed que lhe assenta de forma escorreita e, com o sorriso costumeiro emoldurado pelo penteado níveo e impecável, atravessa a rua para nos vir cumprimentar.
Conta-me que vai ao médico, mas despacha rapidamente o assunto com um "tem que ser, é a vida!", como se essa coisa das maleitas nem fosse digna o suficiente para servir de tema às conversas.
Prefere sacar de dentro da mala um volume impressionante de fotografias, através das quais me dá a conhecer a família. Em algumas das fotos mais antigas ri dos penteados e das modas do passado.
"Chegou a conhecer o meu marido?" - pergunta-me, com talvez uma ponta de saudosismo, mas sem qualquer névoa de amargura.
Abre um saco e mostra-me um casaquinho que tricotou para mais um recém-nascido. Modelito único, que lhe ensinou a sogra, que nas últimas três décadas serviu de molde para um abismal número de agasalhos saídos das suas mãos.
Fala e mexe-se com desembaraço e vivacidade. Pergunta-me se sei a sua idade, e desafia-me a arriscar um número. Eu aposto um pouco baixo, e erro. É uma cordialidade, um "cavalheirismo" que mesmo sendo mulher, me sinto na obrigação de ter, especialmente com as senhoras mais maturas.
Elogio-lhe a elegância e a jovialidade, e sou totalmente honesta no que digo: M. sai-se com um "tem que ser, filha, tem que ser!", antes de se despedir e descer a rua, sorrindo.



Partilho a mesma rua com a Dona Z.
Quando me vê, aproxima-se para me dar dois beijinhos que eu retribuo com gosto. Fala-me dos passatempos, dos passeios e das férias além-fronteiras, da família, do quotidiano. Gabo-lhe ser tão activa e extrovertida.
Elogia os vizinhos. Denuncia um pouco de solidão quando suspira que estão todos ocupados a trabalhar, "pois tem que ser, não é?!".

Partilha com a D. M. o sorriso aberto, bonito, e o cabelo níveo, sempre bem arranjado.

Cruzamo-nos num dos corredores do supermercado e eu ajudo-a com os cupões promocionais, aqueles que dão descontos nos produtos X ou Y. Seguimos caminhos diferentes.
Voltamo-nos a encontrar na caixa. Deixo passar a pessoa que está atrás de mim para que estejamos juntas, e eu a possa ajudar se for necessário.
Pergunto-lhe se vai a pé para casa, tal como eu: "Vou, vou. Trouxe o meu carrinho e tudo."
Arremato oferecendo-lhe companhia para o caminho - "Com companhia custa menos!", pisco-lhe o olho.
Deixamos passar mais uma pessoa à frente e eu ajudo-a a colocar as compras no tapete rolante.
Aponta para duas caixas de chocolates. Gosta de ter sempre chocolates para oferecer a alguém, nem que seja às crianças do prédio ou a qualquer vizinho nas ocasiões em que a ajudam a levar as compras escadas acima.

Guardo-lhe as compras no carrinho e seguimos, ela com o seu trolley, eu com os meus sacos.

Alguns minutos depois chegamos e eu que não me esqueci da nossa conversa, ofereço-me para subir com o trolley. À porta de casa, insiste e acaba assim por me forçar a entrar.
 "Obrigada. Mas só por um par de minutos", digo, lembrando-a que deixei os meus sacos no átrio.  Mostra-me a casa e os trabalhos de tricot, conversamos mais um pouco.

Quando nos despedimos e começo a descer o primeiro lance de escadas, chama-me. Quer-me oferecer uma caixa de chocolates.
Não a quero ofender, mas não quero aceitar. Tão simplesmente porque o que fiz, fiz por gosto, porque quis, e em nada perdi. Não foi um favor, nem preciso de compensação por tal.

Digo-lhe que os guarde para as crianças. Z. insiste e eu replico que se me quer dar alguma coisa que me dê mais dois beijinhos. Ri-se e beija-me. E eu despeço-me galgando já as escadas.









terça-feira, 24 de novembro de 2015

Bucket list #7: O Parque do Kiko



Se encontrasse aqui mesmo ao lado de casa, um qualquer terreno de tal forma baratinho, tipo ao preço da chuva, quase dado, (nunca é demais o ênfase no "baratinho"), comprava-o. Investia numa vedação robusta, num portão, procedia à sua limpeza e "desparasitação", (não sei que termo se utiliza em relação a terrenos), de forma a dar cabo das pulgas, carraças e afins.

Chamar-lhe-ia o "Parque do Kiko".
Seria um espaço onde poderíamos ir brincar, correr, sem trela, sem perigo de atropelamentos, nem interacções com outros cães que não sejam desejadas naquele momento, sem lixo.

Teria todo o gosto em que o acesso ao Parque do Kiko fosse aberto a outros cães, num horário abrangente mas definido. Todos seriam bem vindos desde que seguissem as "regras da Ana". Sim, que o parque seria do Kiko, mas as regras, essas são da dona.

Não seriam regras complicadas. Basicamente, consistiriam em deixar o espaço limpo, apanhar os dejectos do animal, não estragar nem retirar nada do que lá se encontrasse. Os que soubessem seguir estas simples normas de conduta, que não vão além do bom senso e práticas básicas de civismo, seriam mais que bem vindos a usufruir connosco do parque.
Quem não fizesse caso das "regras" acabaria por perder, em último caso, o direito de acesso. Afinal, um dos motivos porque a criação do mesmo se encontra na minha "bucket list" é porque estas regras, que para mim são importantes, não são seguidas nos espaços públicos.

Acima de tudo este meu desejo surge porque sinto e acredito que espaços destes fazem muita falta. Locais cuidados e vedados, onde os animais possam andar sem trela, sem qualquer perigo para si e para terceiros. Onde possam, em liberdade, gastar toda aquela energia que vão acumulando, especialmente os que estão confinados a apartamentos e pequenos espaços. Onde os donos, especialmente os tão neuróticos como eu, possam retirar maior prazer dos momentos ao ar livre com os seus patudos, porque naquele espaço estariam protegidos de  muitos dos perigos potenciais que nos deixam num estado de sempre alertas e, consequentemente de mau humor, como o trânsito, o lixo, etc.
Infelizmente acredito que sem iniciativa privada muito dificilmente veremos um grande número de parques caninos no nosso país. Isto porque, se nem há fundos para espaços para crianças, quanto mais para animais não é?

Imagino, ao longo do tempo, este espaço a crescer e a ser melhorado, passo a passo, conforme a carteira, (sobretudo a carteira!), a imaginação e a vontade iriam permitindo, com a implementação de coberturas para criar sombra no Verão e proteger da chuva no Inverno e candeeiros solares de jardim para permitir a sua utilização à noite.

Quem sabe até uma piscina para eles.

Imagino muitas coisas, um enorme potencial que se estende para lá da linha do horizonte, como uma possível parceria com uma escola de treino canino e a possibilidade de ali organizar uma ou duas aulas de treino de obediência, e outras modalidades, por semana.
Imagino-me a emprestar o parque ao canil do meu município e às associações, para que, pelo menos uma vez por semana pudessem trazer alguns dos seus animais para aulas de obediência e, para se divertirem, contribuindo para a sua felicidade e aumentando, quem sabe, a possibilidade destes virem a ser adoptados.

No meu íntimo sei que seria um espaço nascido de um desejo um pouco egoísta de querer providenciar o melhor para meu patudo, mas que me encanta sobretudo pela sua capacidade quase infindável e lírica de ser um projecto altruísta, seja pelo desejo de providenciar o mesmo conforto a muitos outros animais, tenham eles dono ou não, de aumentar o nível de consciência para com o bem estar animal, de providenciar momentos de pura alegria entre humanos e animais, de criar uma casa para um grupo de trabalho com ideias solidárias, positivas, de inspirar outros a fazerem o mesmo, mais e melhor até!

Agora, onde raios anda esse terreno baratinho?!






segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Vida de cão #37: Conjuntivite


O Kiko está com uma conjuntivite num dos olhos.

A conjuntivite canina não é um quebra-cabeças, mas é importante consultar o veterinário porque pode agravar e levar à cegueira.

Há pouco mais de uma semana, esse mesmo olho começou a deitar um maior número de secreções. As chamadas ramelas são normalíssimas, mas é preciso ter sempre atenção em relação à quantidade e aspecto. Então se o animal tentar coçar-se com a pata é mais um sinal.

Passado poucos dias levei o Kiko a uma consulta. Confirmou-se que era conjuntivite. O olho está perfeito, mas nada como passar pomada, (Predniftalmina), de 12 em 12 horas, durante 10 dias.

Pôr pomada nos olhos de um cão não é pêra doce. Há muita coisa que temos que fazer pelo Kiko que pode ser considerada difícil, mas isto é toda uma nova e elevada categoria de dificuldade, o que aumenta o meu espanto e admiração quando a Dra. C. lhe coloca com tanta rapidez e habilidade a primeira dose ainda no consultório.

Aqui o ritual é feito, sempre que possível, a quatro mãos. Primeiro há que limpar o olho e a zona circundante com soro fisiológico e uma gaze esterilizada. Este processo até deve fazer parte da rotina de limpeza do animal, mesmo quando não há qualquer doença: uma gaze para cada olho para evitar qualquer contágio.
Não há como convencê-lo a estar quieto durante o processo: é um misto de força com subornos.
Para colocar a pomada, como amadores que entendemos ser nem nos atrevemos a apontar o tubinho metálico da pomada ao olho do bicho. Preferimos usar uma gaze para o efeito.

Acho que hoje foi a primeira vez que realmente acertámos, com 100% de certezas, com a pomada no globo ocular. Normalmente acertamos em redor, e vale-nos uma pequena massagem para garantir que alguma coisa vai efectivamente lá parar. Isso e fazer figas para que assim seja.
E, claro, não poderia faltar uma recompensa no final do processo.










sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Vida de cão #36: Sabes que estás no bom caminho quando...



O comportamento do Kiko é diferente em casa e na rua.
Na rua é muito mais eléctrico, excitado. Em casa também há momentos em que é assim, especialmente quando quer brincadeira mas, regra geral, é calmo. A não ser quando recebemos visitas. Aí volta a ser o cão "pilhas Duracell". Fica tão alegre que ladra, salta, anda pela casa a correr, parece um cabrito aos pinotes, de forma a que se torna quase impossível alguém dar-lhe festas simplesmente porque ele não pára.

Sabes que estás no bom caminho quando serves a gamela ao teu cão e podes, com confiança, tocar-lhe, dar-lhe festas enquanto come e dizer a quem te visita que pode fazê-lo. Sem medos.

Para chegar a este ponto é preciso habituar o cão, desde tenra idade, a ser manuseado durante as refeições. Implica enfiar a mão na gamela enquanto este come e remexer a comida, como se fosse a coisa mais normal deste mundo, e o cão ignorar como se realmente assim fosse.
Não houve uma única vez que o Kiko reagisse a estes rituais com uma pontinha de agressividade. Talvez porque já está de tal forma habituado que faz parte da sua normalidade. Acho que também ajuda ele ser "filho único". Não há presença de outros cães que possam, talvez, despertar o instinto e a necessidade de proteger a sua refeição.
Não sou perita na matéria nem nada que se pareça, mas sei que é importante fazer os possíveis por eliminar reacções menos boas em relação à comida, especialmente em casas, (embora não seja o nosso caso), onde existam miúdos. Porque as crianças são imprevisíveis, há idades em que são mais desobedientes e muitas vezes não basta criar uma regra para que estas a sigam. E a última coisa que se quer é que aconteça um acidente.


terça-feira, 17 de novembro de 2015

coisas que gosto: Anita e o Shire, ou o meu lado anglófilo



Acho que é perfeitamente possível sentir a falta de algo que nunca se viveu.

Sou viciada em séries policiais, (ou de investigação, se preferirem esta denominação), britânicas. Desde Sherlock Holmes, a Poirot, a Miss Marple, e mais recentemente a Midsomer Murders, Vera e Lewis.

Para além de gostar do género, do argumento, dos actores, etc, agrada-me sobremaneira o cenário rural inglês em que muitos destes enredos acontecem.

Partilho com Tolkien o gosto por estes "shires" reais que o inspiraram.
Em miúda, muito antes de me tornar efectivamente uma estudante universitária ou de sequer ter a noção de qual seria a minha área de estudo, a presença destes mesmos cenários em produções televisivas e cinematográficas deram origem a uma fantasia em que me imaginava em Oxford ou Cambridge. Que se havia morada digna para albergar o alimento da mente e a placidez do espírito era ali!

Há um qualquer episódio de Lewis que inicia com um grande plano do horizonte de Oxford: cúpulas, torreões e pináculos a elevarem-se, majestosos, para além das copas das árvores. Muda o plano, e mostram-nos os claustros de uma das faculdades, que abraçam um pátio enorme com um relvado imaculado. Dois planos e um minuto que são, por si, suficientes para me recordar da minha velhinha fantasia.

Como lhes invejo o cenário!
Faço parte do grupo de pessoas a quem o velho dito "os olhos também comem" se aplica de uma forma enfática. Que aquilo que nos entra pela vista tem uma imensa influência na forma como pensamos, como sentimos, na inspiração, na sensibilidade, no comportamento, em tudo...

Acredito piamente que quando a Beleza nos rodeia os nossos modos elevam-se para lhe fazer justiça.
Daí o meu gosto pela Arquitectura, essa Arte Maior, que quando brilhantemente concretizada tem exactamente esse mesmo poder sobre nós.

Há sensibilidades que não encontram alimento em cenários urbanísticos suburbanos, com pouco verde, e nenhuma majestade. Mirra-se entre ruas apertadas, traços de alcatrão e linhas verticais de betão numa estética insípida.

Quando imagino o meu sítio perfeito, a ruralidade inglesa é uma das minhas inspirações: a imponência, história e longevidade de edifícios como a Universidade de Oxford, (que serviu de cenário nos Harry Potter), a sua estrutura em pedra, os claustros, os imensos relvados, os muitos e muitos hectares dedicados a parques e jardins botânicos...




... os pubs centenários com dois nomes como o "The Eagle and Child", lugar de reunião dos Inklings...





... e o conceito idílico, romântico e bucólico das "cottages" inglesas e seus jardins que tanto me agrada.




quinta-feira, 12 de novembro de 2015

sabedoria dos intas em 10 segundos #38



Sempre achei que, aquela situação de alguém colocar em cima da mesa as opções A e B para que façamos a escolha entre uma e outra é limitativo, no seu melhor, e uma armadilha, no seu pior.

Considero-o uma chantagem intelectual e conforme me dita o senhor meu pensamento posso até responder "nenhuma" ou "ambas".

A questão ou problema pode ser único, mas haverá sempre, sempre, sempre, múltiplas soluções, abordagens. Pelo menos, de A a Z e só porque não nos lembrámos de estender o alfabeto. Ainda.
Isto não tem que causar pânico algum, é um dado: enquanto houver uma caixa, haverá sempre "o fora da caixa".

Limitar as opções a A e B, ou até C, é travar a imaginação, o intelecto, o pensamento. E com estes tudo pára, nada avança.

Como temos a mania de passar pela vida em modo automático (e autómato), apercebi-me, com todo o meu foco, desta minha forma de pensar no início desta trampa de crise. O assunto ainda era suficientemente fresco e não totalmente assimilado e digerido, de forma que em qualquer ponto, hora e local se discutia a actualidade.

Mais tarde ou mais cedo surgiria o que para mim, liberdade de opinião à parte, são uma espécie de peidos vocais, entoando a cantiga de que "antigamente é que era bom", "que este governo é tão mau que o Salazar deixa saudades", e afins, já deu para perceber...
Quando nem me lembro quem se vira para mim, mando A e B às urtigas. Um mal presente não beatifica os males do passado. A cordialidade social que faz que um filho da puta passe a santo quando morre só se aplica às gentes, não à história, nem às sociedades. Regressar aos erros não gera sucessos. Há que imaginar novos paradigmas. Pensar a realidade C, e depois D, e se for necessário até ao Z 2.0.

Portanto, vão por mim, os horizontes do mundo não cabem numa binomial. Ana dixit.










Vida de cão #35: Dizem que as mulheres são intrometidas e desbocadas...



... e eu não sou excepção.

Quer dizer, muitas vezes fujo a esta "regra", que está longe de ser exclusiva ao sexo feminino. Quantos de nós já meneámos a cabeça com um sorrisinho amarelo, sem emitir qualquer som, simplesmente porque depois de ouvir uma qualquer alarvidade, preferimos deixar a coisa morrer na praia a dar-lhe corda? Talvez tantas ou mais vezes em que fomos nós a lançar baboseiras para o ar e, disto ninguém se livra. Faz parte.

Contudo há ocasiões em que ficar calada, mesmo quando não nos diz respeito, não é opção.

Há dias cruzei-me com Pessoa X num dos meus passeios com o Kiko aqui pelo burgo. Estava com cara de quem não estava nos seus melhores dias, o que deu inicio à conversa.
Na véspera, tinha levado para sua casa o cão da Pessoa Y e não me parecia muito convicta.

Começou-me por dizer que Y tinha há tempos arranjado uma cadela, de porte bem menor, e que temia que o cão a engravidasse, o que seria muito perigoso para a saúde da bicha pela diferença de tamanho. E, que por isso, muito impulsivamente, aceitou ficar com cão. Decisão que andava a remoer naquele momento.

Franzi o sobrolho e sem que me pudesse controlar sai-me um "Ouve lá, isso é uma estupidez, mas porque é que Y não leva a cadela ao veterinário para ser esterilizada?"

Esbugalhei os olhos quando de troco levo um "Ah pois é, isso tinha resolvido a situação", e volto a fechar a expressão quando, logo a seguir levo com "Ah e tal... diz que não quer gastar mais dinheiro... blá blá... a cadela... blá blá... fazer criação."

Nesse momento, juro que não foi por mal, mas passou-me uma coisinha à frente da vista e antes que conseguisse fechar a boca já tinha arremessado algo como "Conseguiu dar-te a volta e passar-te a batata quente! Se mudaste de ideias, o melhor que tens a fazer é devolveres o cão ou encontrares alguém que realmente o queira."

Em menos de nada estavam lançados todos os torpedos. Gastei todas as munições na enunciação de todos os trabalhos, responsabilidades e despesas que envolvem cuidar de um cão, que vão desde apanhar cocó e catar pulgas, a ter todas as vacinas em dia, assim como a enumeração das alegrias, que é possível um cão ser feliz e dar-se bem num apartamento, mas se era para o ter na varanda que não tivesse, arranjasse antes um peluche.

Quis o destino, que no dia seguinte me cruzasse com Y que me contou que X tinha ficado com o cão e que os filhos deveriam estar em êxtase com o bichinho.
E eu, (que maldição pá!), podia ter ficado calada, não o fiz. Disse-lhe que já tinha ouvido a novidade através de X, que poderia ser do período de adaptação mas que não me parecia assim tão satisfeita com a decisão. Perguntei-lhe porque não tinha esterilizado os animais. Pelo menos a ele, que até poderia ficar mais calmo e tudo.

Assegurou-me que tinha deixado X à vontade para lhe devolver o bicho caso mudasse de ideias. Que se isso acontecesse o iria castrar. Sorri, despedi-me e prossegui o meu passeio na direcção oposta.

Fui-me a vergastar mentalmente por ser intrometida e desbocada, mas na verdade, e digo-o agora depois de olhar nos olhos do Kiko que me observa, dengoso, deitado no sofá, quando é por eles é perdoável e valerá sempre a pena.


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Vida de cão #34: Trabalho de equipa é...



... usar as nossas qualidades para colmatar os defeitos do outro, num regime de solidariedade, parceria e reciprocidade.

Saber disso é reconhecer, dar valor. É sentir gratidão e uma vontade de retribuir.

E eu que continuo incapaz de deixar o Kiko socializar com outros cães quando saímos só os dois, ou de lhe tirar a trela, mesmo que a minha vida dependesse disso, de tão nervosa que fico, sou imensamente grata ao meu marido por providenciar ao petiz tudo aquilo que eu não sou capaz. E por isso nada lhe falta, nem o êxtase das sessões de brincadeira e correria com outros cães, que é tão importante também pelo prazer que lhe dá.

Quando regressam, descontraio e ouço com satisfação o relato das diabruras, quem conheceram, com quem brincou. Rimo-nos os três. Digo os três, porque o cão olha para nós com um daqueles sorrisos caninos bem abertos que não se desmancha e lhe dá um ar ainda mais tonto. Tonto de felicidade.

Se confesso, meio cabisbaixa, que não sou capaz de fazer o que ele faz, que gostaria mas não sou, a única coisa que me aponta é aquilo que faço bem.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Edição Natal: Sugestões de prendas até 5€



Ainda estamos em Novembro mas o Natal já é tema, seja através da decoração de alguns espaços, seja dos sazonais almoços e jantares de Natal entre amigos e colegas, onde o "Amigo Secreto" continua a ser tradição.
Porque um dos grandes desafios do "Amigo Secreto" é encontrar uma prenda engraçada e útil com o mínimo dinheiro, deixo umas sugestões que não passam dos 5€. O desafio que me impus foi encontrar uma mão cheia de boas opções por preços ainda mais baixos que 5€. Vamos lá ver como me saí:


1 - Da Vassourinha Rústica, escolho este suporte curvo de garrafa, em pinho natural, por apenas 1,75€.


 
2 e 3 - Da Equivalenza, escolho duas opções: um ambientador para automóvel, a 3,25€, e outro para armários, a 2,75€
Para o automóvel existem 10 fragâncias distintas. Já experimentámos o de maçã e o de frutos vermelhos e estamos fãs. Os sachets perfumados para armários apresentam-se em 11 fragâncias.




4 - Da Kasa, marca própria de têxtil-lar do Continente, elejo uma manta, super macia, que custa exactamente 5€.


5 - A última sugestão vem da Ikea, e é um dos muitos peluches que lá se encontram à espera de dono e, que são possíveis de trazer por menos de 5€. Por exemplo, o Vandrig Uggla, o mocho simpático que escolhi como imagem custa 4,99€.
O grande motivo por trás desta sugestão é que de 1 de Novembro a 27 de Dezembro, por cada peluche vendido, a Ikea Foundation doará 1€ para financiar projectos educativos em todo o mundo.


100 motivos para não ter filhos #1: A introdução ou o grande motivo para se ter filhos


Decerto já estão carecas de saber que não temos filhos, e que se trata, não de uma imposição, mas de uma opção.
Talvez um dia mudemos de ideias. Talvez não. É bom sentir a liberdade das opções em aberto.

Antes que fiquem totalmente horrorizados com o título desta nova rubrica deixem-me contar-vos o seguinte: um dia passeava-me numa livraria quando, me deparei com um livro que aos meus olhos me pareceu totalmente inovador e excêntrico quando comparado ao que esperamos encontrar relacionado com a temática "filhos". Prometia o título exactamente isto: a enumeração de n motivos para não se ter filhos.
A autora, (não me recordo do nome), confessava que após anos a sentir que tinha que justificar a sua opção perante os muitos que se indagavam sobre esta, decidiu meter mãos à obra e esmiuçar o tema.

Quer se concorde ou se discorde da opção em si, assim como dos argumentos que a sustentam, acho que a exposição desses mesmos argumentos são uma grande mais valia. A existência de pessoas que não se identificam com o papel de progenitores causa verdadeira estranheza a muitos dos que optaram pela outra via. Dessa estranheza resultam sempre algumas elações mal fundamentadas e longe da verdade, como a ideia que as pessoas que optam por uma vida sem filhos simplesmente não gostam de crianças, o que poderá aplicar-se a algumas, mas certamente não a todas.

Igualmente não podemos depreender que todos aqueles que são Pais gostam de crianças. Alguns gostam, outros não. Assim como nem todos os que são Pais têm vocação para a coisa. Lá está, não existe universalidade em todas as premissas.

Agora que olho para o título o número 100 enche-me os olhos e parece-me uma tremenda empreitada. A escolha foi ditada de forma aleatória e pelo meu gosto por números redondos. Logo se vê no que isto vai dar.

Quanto aos motivos para se ter filhos, para mim há um único que é de valor e o único que seria o nosso guia, caso mudássemos de via: o Amor.
Poderão vocês pensar: "Dah, mas existe outro?!" - e eu responder-vos-ia que certamente o mundo é hoje mais permissivo para com o Amor, mas que ao longo da História da Humanidade, (incluindo o tempo presente), somam-se mais crianças que foram geradas com outros motivos e para com outro fim do que pelo mais nobre dos motivos.

Ao longo dos tempos gerar filhos sempre foi uma das formas predilectas para se obter mão-de-obra barata, quer fosse para a Agricultura da Idade Média ou para as fábricas da Revolução Industrial, etc.
Durante o Império Romano, as famílias com três ou mais filhos tinham benefícios fiscais. Três filhos significaria um número suficiente para responder à elevada taxa de mortalidade, garantir a continuação da linhagem da família e engrossar o exército de Roma.
Até a China, no presente, revê a política do filho único simplesmente porque precisa de mão-de-obra.

Já houve quem, indagando sobre a nossa opção, se saísse com "quem cuidará de vós quando forem velhos?". As imensas histórias sobre idosos ao abandono só ilustram que ter filhos não assegura a presença destes enquanto cuidadores. No entanto, o medo da velhice e de certa forma o egoísmo de se querer garantir que, por obrigação filial, haverá um providenciador/ cuidador foi por incontáveis gerações, (e ainda é), um grande motivo para gerar descendência.
Ainda ontem vi o filme "Como água para chocolate" e lá estava um excelente exemplo disto mesmo: a mãe que não permitia que a filha mais nova casasse porque o seu papel seria cuidar dela na velhice.

Ainda há quem seja gerado por uma sede de poder, como se passa no caso das famílias reais. Porque se imiscuiu na mente de muitos, e por demasiado tempo que, existem linhagens especiais que, por tal, devem ocupar um lugar cimeiro de supremacia em relação aos outros, e que esse hábito terá continuidade havendo descendência.

Há muitos, mas muitos mais, exemplos. Mas acho que já consegui ilustrar suficientemente bem a minha perspectiva, na qual defendo o Amor como o único motivo nobre para se gerar filhos, e que ao longo da nossa existência enquanto espécie muitos têm sido gerados por motivos que considero mui pouco ou nada nobres.




segunda-feira, 9 de novembro de 2015

cromices #92: A pequena acumuladora



O meu marido partilha uma característica com a minha mãe que, volta e meia, causa faísca com a minha personalidade. Embora nenhum de nós os dois chegue aos calcanhares da minha mãe no que toca a limpeza e organização, de vez em quando dá-lhe na cabeça fazer uma espécie de purga cá por casa que resulta em sacos e mais sacos de coisas que vão fora.

Mora em mim o gérmen recalcado de uma pequena acumuladora. "Ainda está em bom estado" e "Pode dar jeito" são dois dos argumentos que me saem amiúde boca fora nos dias de Grande Purga, normalmente sem grandes resultados.

A minha mãe dava em doida comigo porque colecionava resmas de papéis e revistas, especialmente científicas, que se iam amontando numa pilha num canto do meu quarto, já que as estantes estavam totalmente prenhes de livros. Aquilo mexia-nos com os nervos: a ela causava-lhe uma espécie de urticária entrar no meu quarto e não poder satisfazer o ímpeto de levar aquilo tudo para o contentor do lixo. E a mim porque bem lhe notava aquele desejo no olhar, e temia um dia entrar nos meus domínios e dar conta que o Furacão Mãe tinha feito das suas, mesmo depois de termos acordado que um pouco de caos me seria permitido, desde que não fosse além daquele monte.

Até que um dia deixou de haver razão para a tal pilha existir. Já havia internet, fácil, acessível, e com ela findou a necessidade de guardar informação no formato daquela resma que tanto desagrado causava.

Já por aqui comecei a colecionar revistas, especialmente edições da National Geographic e de decoração. Mal notei os primeiros sinais de humidade foi tudo para a reciclagem. Deixei de colecionar revistas e até de comprá-las. Exaspera-me a curta validade de muitas das coisas que consumimos, a ideia de gastar tantos recursos para algo ser descartável, acabar rapidamente como lixo, das quais as publicações são um bom exemplo. Sou adepta das edições online.

A pequena acumuladora em mim nunca se tornará uma grande acumuladora, acima de tudo porque mais coisas implicam mais trabalho, e afinal de quanta tralha precisamos na nossa vida?!
E se já viram um ou outro episódio de "Hoarders", aquilo é tipo filme de terror que nos faz pensar duas vezes antes de guardar seja aquilo que for.

Não são muitas as coisas que guardo por valor sentimental, nem sou pessoa de ter ataques de consumismo, bem pelo contrário. O que a mim me custa é a noção de desperdício que associo ao acto de nos desfazermos de coisas em bom estado, que ainda carregam o potencial da utilidade. Vale o facto de muitas dessas coisas encontrarem nova vida na mão de outros.

Já não respingo tanto nos dias de Grande Purga. Consegui o hábito de deixar o marido só com o seu discernimento. Mas mantenho o direito de barafustar alto e a bom som, com todas as asneiras que me der gana, nos momentos em que afinal, "aquilo" agora até dava jeito.




sábado, 7 de novembro de 2015

coisas de opinar: O mundo louco dos pequenos imperadores


Na década de 70, foi implementada na China a que ficou conhecida como a Política do Filho Único.

Mesmo com esta medida que, julga-se ter ajudado a prevenir cerca de 400 milhões de nascimentos, a China continua a liderar a tabela dos países com maior densidade populacional, com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes, seguida da Índia com um valor bastante aproximado.
Para terem ideia de quão enormes são estes valores, o terceiro lugar é ocupado pelos Estados Unidos com "apenas" 300 milhões de habitantes.

Eu concordo com esta medida. Pode parecer cruel e uma afronta à liberdade pessoal haver alguém que estipula por nós o número de filhos. Neste caso não fazê-lo seria bem pior. A grande preocupação dos dirigentes chineses seria que, sem controlo de natalidade, a China caminharia a passos largos para uma realidade de pobreza generalizada e irreversível, sem a possibilidade de construir um sistema de saúde, educativo, emprego, etc, que incluísse todos os cidadãos, o que significaria mais tarde ou mais cedo, um panorama de caos social e falência.

O envelhecimento da população é uma consequência natural e esperada, pelo menos durante algumas gerações até ao padrão de densidade populacional normalizar.
O grande revés desta Política, e que até serviu para fundamentar um estudo conduzido pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, é o enorme desequilíbrio entre sexos. Conta-se que o homens excedam as mulheres em cerca de 24 milhões.
Esta não é uma consequência directa da tal Política do Filho Único, mas da tradição medíocre que persevera em alguns países onde se prefere descendência do sexo masculino. Há muitos anos, através da televisão, entravam-nos pela casa adentro imagens dos horríveis dos chamados Quartos da Morte, onde bébés, maioritariamente do sexo feminino eram deixados para morrer, para além dos incontáveis abortos selectivos. Esta prática tornou-se de tal forma um problema que o próprio Estado proibiu a realização de ecografias que revelassem o sexo do bébé.

Pois hoje, graças a estas atrocidades cometidas pelos próprios progenitores, existem os tais 24 milhões de "pequenos imperadores" - alcunha dada aos filhos únicos - sem imperatrizes.

Avança o citado estudo que se trata de um grave problema demográfico, com consequências temíveis, desde o rapto e tráfico de mulheres, e até prostituição forçada, nas regiões onde o rácio entre sexos é mais desequilibrado. Um cientista chinês aconselha o Estado Chinês a liberalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a prática da poligamia.



terça-feira, 3 de novembro de 2015

coisas de opinar: Dois novos "hábitos" que me fazem torcer o nariz.



Aproveitando a embalagem do post anterior, vou continuar a falar um pouco mais de compras, de espaços comerciais e de algumas características que não me agradam muito. Especificamente trago-vos duas inovações que me fazem franzir o sobrolho.

Talvez eu seja uma velha do restelo, mas não simpatizo nada com os novos Tpa's , (Terminais de Pagamento Automático), que vão aparecendo em algumas lojas. Estas possuem a tecnologia Contacteless e permitem efectuar pagamentos até ao valor de 20€ passando simplesmente com cartão junto do visor. Esta ideia surgiu com o intuito de diminuir o tempo gasto com pagamentos, mas este pró, na minha opinião, não é suficientemente bom para suplantar os contras.
Os contras são pelo menos dois. O primeiro relaciona-se com segurança: se não é preciso digitar código, então se perdermos ou nos for roubado o cartão quem andar com ele poderá facilmente usá-lo, mesmo com a limitação de ser a 20€ de cada vez. Pelo menos até o Banco ser avisado do extravio, o que se acontecer durante um fim de semana dá tempo mais que suficiente para haver danos consideráveis.
O segundo contra tem a ver com a gestão de conta: como o pagamento dessa forma é tão rápido e imediato, não há tempo para o sistema confirmar que existem fundos na conta associada. O sistema vai sempre aceitar o pagamento, e se a pessoa for distraída pode acabar com saldo negativo.

O segundo "hábito" é algo de que já tinha ouvido falar, mas que até este fim de semana nunca se tinha passado comigo. Lembro-me que, há anos atrás, quando me dirigia a uma loja e não havia determinado item, o funcionário consultava no sistema o stock de outras lojas e, dependendo do resultado, perguntava se o cliente preferia deslocar-se a determinada loja, ou se lhe daria mais jeito mandar vir o produto para a presente loja, sem custos associados.
Hoje em dia o protocolo é bem diferente e não me agrada. Como se já não bastasse, de cada vez que se compra algo, termos que levar, de forma mais ou menos insistente, com uma tentativa de venda de extensões de garantia do produto, quando não existe o item que se pretende no espaço onde estamos, o funcionário realmente vai consultar o stock de outras lojas, mas já não é para cordialmente nos apresentar as opções acima referidas. Agora, depois de nos informar que o produto X existe na loja B, tentam-nos convencer a pagar o produto ainda na loja A, para depois ser o cliente a ter que se deslocar até à loja B, tudo porque as empresas têm como objectivo assegurar a facturação o quanto antes.
Já ouvi histórias sobre este não ser um sistema à prova de erro, bem pelo contrário. Acho que é como diz o velho ditado: "Quem paga adiantado..."

Para mim, estas são alterações que não me agradam, e às quais não conto aderir.




segunda-feira, 2 de novembro de 2015

coisas de opinar: As promoções e, as promoções...



Por todo o lado, durante todo o ano, em tudo o que é comércio, abundam as promoções, de todos os valores, formas e feitios. De tal forma que nos é habitual, numa base quase diária, trazer um produto que tenha sido bafejado pelo espírito dos descontos e ofertas.

Nestes últimos dias cruzámo-nos com duas promoções, bem distintas entre si, que por terem sido experiências duais, servem para dizer que relativamente a este tema, nem tudo o que reluz é ouro, mas que mesmo assim compensa continuar a garimpar.

A primeira, e a que recebe o título indubitável de experiência positiva, foi o desconto que houve nas lojas Rádio Popular: 20% de desconto directo em todos os produtos da marca HP, que é o melhor tipo de descontos que há pois dispensam aquelas tretas com os cartões da loja, talões e afins, e a obrigatoriedade associada de voltar para uma nova compra.
E nós que falávamos em trocar o meu pc velhinho por um portátil há que tempos, aproveitámos com grande satisfação a oportunidade de o fazer com tão significativo desconto.

A segunda, que serve para representar o outro lado da moeda, ocorreu hoje numa normal e rotineira ida às compras. Não é o nosso híper habitual, mas aconteceu aproveitarmos estar na proximidade de um Pingo Doce para irmos fazer umas compras. Perto da secção da peixaria, um cartaz chamava a atenção para um expositor "leve 3 produtos da marca X e receba uma geleira", com imagem dos mesmos e da oferta. Os produtos eram cuvetes onde se apresentavam lombos de bacalhau e salmão previamente temperados segundo diversas receitas. O produto parecia interessante, mas faltava informação sobre o preço. Bastou perguntar, e uma solícita funcionária resolveu a coisa. Decidimos levar três, e a segunda funcionária que questionámos sobre a geleira de oferta estava a leste. Agarrámos na coisa e fomos para a caixa: "Ah é promoção e tal, mas mesmo assim tenho que passar no sistema e depois é subtraído e coiso e tal".

Um hábito que adquirimos há um bom tempo e que havemos de manter porque nos serve bem é o de conferir o talão de compra, linha por linha, antes de sair da loja. Neste caso valeu a pena, porque o valor da geleira de oferta havia sido efectivamente cobrado, nunca subtraído do total.
Resolveu-se mas não sem antes ter dado por mim a pensar no desperdício de tempo que me estava a causar aquele item pouco interessante, que nunca traria se não estivesse publicitado como oferta.