sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

coisas sobre mim: gosto, não gosto, edição natal.



Não gosto de farófias.
Gosto de arroz doce, especialmente do que o meu pai faz.
Gosto de aletria à moda antiga, feita pela minha mãe.
Gosto das minhas azevias de grão, feitas no forno.
Gosto de sonhos, especialmente quando saem fofos e sequinhos.
Gosto de algumas memórias de natais passados. Fecho os olhos e vejo a minha avó Felizarda a sovar a massa.
Não gosto de ir a shoppings nesta época.
Gosto das ruas enfeitadas com luzes.
Não gosto que se matem árvores só com o propósito de se montar a árvore de natal.
Gosto de levar o Kiko ao Reino do Natal.
Gosto da troca de votos, desejos e cordialidades da época. Pessoalmente, por telefone, chat, redes sociais, ou correio, tanto faz. Esse gesto é para mim prenda mais que suficiente e verdadeiramente satisfatória.
Não gosto que tenhamos perdido há muito o hábito de trocar postais natalícios.
Gosto de presépios, coroas e outros enfeites.
Não gosto de excesso.
Gosto da liberdade de vivenciar o Natal à nossa maneira.
Não gosto que nos tentem impingir tradições. Muitas vezes o termo "tradição" não passa de um argumento usado por alguém para convencer terceiros a fazer as coisas à sua maneira, para impor as suas preferências pessoais.
Não gosto de fazer nada por obrigação.
Não gosto de dar presentes por obrigação. Qualquer dia dos 365(6) é perfeito para oferecer um presente, basta encontrar aquela coisa que achamos mesmo, mesmo perfeita para aquela pessoa.
Não gosto que me ofereçam presentes por obrigação. Muito menos que gastem dinheiro nisso.
Gosto de prendas caseiras, feitas com as próprias mãos, especialmente das que se comem. Adorei receber de uma senhora amiga, caixinhas com vários doces de natal, feitos por ela. Só porque sim, porque disse que gosta de mim e lhe apeteceu.
Gosto de adiar as reuniões familiares para outros dias. Somos mais felizes assim.
Não gosto de ver as ruas a transbordar de lixo a seguir ao natal. Tanto desperdício, tanta embalagem e papel de embrulho por reciclar causa-me uma verdadeira tristeza.
Gosto de bolo-rei e bolo rainha. Não gosto que venha nem com brinde, nem com fava.
Gosto de rabanadas, mas sem molho ou calda.
Não gosto de doces demasiado doces.
Gosto de roupa velha, embora tenha que cozer couves propositadamente para a fazer, porque o marido não gosta de bacalhau.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Lições dos intas #2: Este Halloween ficará na História...



Não na História do Mundo, mas na minha, com toda a certeza.

Passo a explicar.


Começo por vos colocar uma questão: que tipo de pessoas são vocês enquanto consumidores? São daquelas pessoas capazes expressar no momento o vosso desagrado com o produto ou serviço, ou ficam calados, e ficam a remoer no descontentamento, a pensar que deveriam ter dito ou feito algo, mas que sentem que não possuem feitio para tal?

Pois bem, nós por cá sempre pertencemos ao segundo perfil. Ficávamos aborrecidos quando a coisa não corria bem, às vezes ao ponto de riscarmos determinado estabelecimento da nossa lista, mas não tínhamos em nós o à-vontade para expressarmos a nossa insatisfação com a clareza desejada, naquele exacto momento. É acima de tudo uma questão de feitio.
Mas as pessoas mudam com o tempo, e tornam-se capazes de gestos que nunca pensaram ser possíveis. E ainda bem.

De vez em quando vamos dar uma volta diferente com o Kiko e aproveitamos para passar na pizzaria do costume, para encomendar o jantar.

A rotina é sempre a mesma: o marido fica na rua com o cão enquanto eu vou fazer o pedido. Dão-me o talão e informam-me que em 10-15 minutos o pedido estará pronto. Tempo que usamos para dar mais voltinha antes de regressar à loja.

Às vezes as coisas atrasam-se. Por vezes são pequenos atrasos, outras, atrasos monumentais. Daí ser algo que normalmente não fazemos em dias de grande afluência.

Embora o restaurante estivesse quase às moscas, pelos vistos havia um grande número de encomendas ao domicílio, o que desnorteou por completo a equipa.
Lá fiquei eu ao balcão, sempre amável e serena, (porque estas coisas acontecem, e não seria a ausência de serenidade que faria as nossas pizzas aparecerem mais rapidamente), durante o que foi, no total, uma hora, ou quase.
Entretanto já a gerente tinha tido a amabilidade de me pedir desculpa pelo atraso, explicar-me que tiveram que refazer todos os pedidos, porque entretanto haviam perdido o fio à meada sobre a quem pertencia cada pizza.

É claro que fui compreensiva. Mas, paralelamente, deu-se um clique: sim, - pensei para com os meus botões - tenho empatia e compreensão por eles, mas isso não faz com que tenha que desvalorizar o facto de estar há uma hora à espera. Uma coisa não anula a outra. Não quero sair daqui chateada, nem ficar a remoer no assunto, portanto sinto que tenho que ser compensada. O consumidor não tem culpa da desorganização, por mais compreensivo que seja.

Então, pela primeira vez na minha vida, saiu-me algo que nem eu estava à espera.

Quando a gerente me veio entregar o pedido, perguntou se estava tudo, se era necessária mais alguma coisa, ao que eu respondi com a maior da latas: "Sim, uma bebida de oferta caía muitíssimo bem!"
Assentiu com um "claro!" e perguntou-me qual era a minha preferência.
Despedimo-nos amavelmente.

E como não me caiu nenhum raio em cima, nem fiquei com nenhuma dor, nem algo que se pareça, percebi que afinal não é difícil como julgava esta postura de ser clara, logo no momento e no local. Sobretudo que esta passará a ser a minha postura.




quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Mensagem de Natal


Vejo o Natal, na sua essência, como uma das mais belas manifestações do que é ser humano.
Não me refiro à forma deste ritual, com os seus enfeites, presentes e afins, ou qualquer outro, mas ao facto de, enquanto espécie, desde a aurora da existência, termos em comum o facto de adorarmos o Sol.
Primeiro intuitivamente depois empiricamente percebemos que este é a fonte que permite a vida na Terra, porque impulsiona as correntes atmosféricas e marítimas, porque... faz evaporar a água que depois regressa como chuva e neve, porque estimula a fotossíntese...

 Então celebramos desde sempre o Sol e a Vida. Talvez não o saibamos fazer com a beleza natural das plantas que desabrocham magicamente quando tocadas pelos raios, ou que perseguem a grande estrela, como o girassol. Mas, não é menos poético, (e aqui reside a beleza na forma como por vezes interpretamos e damos significado à existência), que escolhamos o dia mais curto do ano, na estação mais fria, para esta celebração. 


 Poético e fecundo em significado porque figuramos o Sol como um menino recém-nascido, no cenário simbólico do nascimento daquele que nos permite viver. 


 Escolhemos a escuridão para celebrar a luz e a claridade, tanto no seu sentido literal como espiritual, talvez porque não há nada mais humano que só dar o devido valor a algo quando lhe sentimos a ausência. Da mesma forma, isto revela o melhor que existe em todos nós. Escolher o momento de maior breu para festejar a Luz revela que em todos nós reside uma capacidade inata, gigante e maravilhosa para a resiliência, a esperança, a alegria mesmo durante os momentos difíceis. 


 E esta é a minha mensagem de Natal para todos vós: que nunca nos esqueçamos da nossa capacidade para a Luz, sobretudo na escuridão.
Festas Felizes!


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Quando os homens falam de amor #73





coisas de Natal: A missão dos "Tios Natal"



Há anos atrás, lembro-me de ver uma qualquer entrevista com uma artista musical de relevo qualquer, e das poucas coisas que retive foi a descrição do momento em que descobriu que aquela era a sua paixão. Um qualquer familiar lhe havia oferecido uma guitarra aquando criança, e isso foi suficiente para despertar um interesse que se tornou numa enorme história de sucesso.

Embora não me lembre de quem é quem, esta é uma história bastante comum. É o prólogo de muitas histórias de sucesso, de adultos que descobriram a sua vocação, que não só se tornaram um exemplo por serem bons no que fazem, mas especialmente por inspirarem outros por serem felizes em fazê-lo.

Isto não ocorre só no campo da música, mas em todos os contextos. Também não ocorre somente na vida de pessoas que são nacional ou mundialmente famosas, aliás a fama é o que menos importa.
O ponto verdadeiramente importante destes exemplos, pelo menos o que retirei para a minha vida, é que nós, adultos, temos o dever de alargar o horizonte das nossas crianças, apresentar-lhes coisas novas, permitir-lhes novas experiências. Se gostarem, fantástico, se não gostarem, fantástico à mesma. Pois saber que não se gosta de algo, que o nosso caminho afinal não é por ali, também é uma grande ajuda na formação da personalidade de qualquer indivíduo.

Achamos que as épocas de oferecer presentes, como o Natal e aniversários, são ideais para aplicar esta máxima.
Não vou revelar o que escolhemos para as sobrinhas, não vá a mais velha ler o meu blogue. Só digo que quisemos proporcionar-lhe uma nova experiência, ajudar na autodescoberta.

Como é que tudo isto se traduz num objecto palpável? Fugindo das grandes tendências e definições de género.
Ou seja, os miúdos já passam demasiado tempo agarrados à tecnologia - aos telemóveis, tablets, pc's e consolas de jogos, então porque não optar por algo relacionado com uma qualquer Arte.
Só no campo da Arte temos um universo inteiro por onde escolher: desde equipamento fotográfico, a material de pintura, um instrumento musical, a kits que ensinam a desenhar cartoons... e tanta coisa mais.

Ou Desporto. Ou Ciência. Mesmo que seja para uma menina. Sobretudo se for uma menina: já chega de impôr limites, de classificar o que se julga adequado ou não por género. Devemos ser mais evoluídos que isso.
Há telescópios, microscópios, brinquedos que ensinam o básico da programação informática desde a mais tenra idade, e milhentos jogos e kits de ciência, trotinetas, patins, e todo um mundo relacionado com desporto que vai muito além do futebol.





terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Vida de cão: É tão bom quando a minha "maluquice" serve para algo...



Há umas semanas, durante um passeio nocturno com o meu marido, o Kiko foi atropelado numa passadeira. Felizmente foi "só" uma pancada. Felizmente o carro vinha devagar, e o Kiko não ficou com nenhuma mazela física do sucedido, como foi comprovado na clínica.

Digo "só", porque quando nessa noite os dois chegaram a casa num estado de nervos que só visto, o marido mais pálido que um fantasma, e eu só conseguia pensar em como o desfecho poderia ter sido bem pior. Como poderia ter ficado sem o meu filho-cão, ou até ambos, e senti-me incrivelmente grata por os ter ali comigo. Porque infelizmente há histórias assim, com finais infelizes, porque por um motivo qualquer um condutor decide não parar na passadeira. E eu cruzo-me com dezenas desses indivíduos por dia.

Na altura, quando desabafei o sucedido no meu face, fui sincera na minha expressão de gratidão, e em alguma compreensão para com os condutores. Afinal só se é perfeito em alguma coisa não a fazendo, porque na prática não há ser humano que não cometa erros. A civilidade requer alguma indulgência e empatia, sobretudo se a prioridade é inspirar a fazer melhor.

Para ser totalmente franca, a minha relação com os condutores que não param nas passadeiras é ambígua: obrigo-me à tal postura compreensiva e flexível, mas é muito difícil manter-me nessa frequência zen quando todos os dias atravesso n ruas, e lá ficamos, eu e o Kiko, parados à frente da passadeira, mostrando a nossa intenção de atravessar e a grande maioria dos condutores simplesmente opta por nos ignorar e seguir.
Sendo como sou, enquanto não aprendo a ser melhor, é claro que coloco o sorriso, o apelo ao cuidado e à concórdia e o zen no bolso e desato aos berros: "Oh filho de uma grande puta, a passadeira não é só para enfeitar, otário!"

E isto não é nada! Porque no dia que eu me fartar de vez começo a fotografar ou a filmar as transgressões e a fazer queixa na polícia. Da mesma forma que acharia muito bem que fizessem o mesmo aos peões que se atiram para a estrada impulsivamente sem qualquer respeito pelas regras de segurança, ou que ficam na converseta em frente às passadeiras, deixando os condutores na dúvida e em sobreaviso.

Retomando o fio à meada...

O meu Kiko não ficou com mazelas físicas, felizmente, mas este episódio traumatizou-o.
Daí também tanta hostilidade da minha parte para com os infractores. Porque há muito boa gente que considera não parar numa passadeira uma coisa menor, algo sem importância, mas por causa da distração, da preguiça em parar, da pressa, ou seja lá qual tenha sido o motivo daquele condutor, agora somos nós que temos que lidar com a batata quente. Algo tão fácil de evitar se meterem na cabeça que as regras foram definidas com um propósito claro e em nome da segurança de todos há que segui-las.
É uma lição de vida que se aplica a muita coisa: a irresponsabilidade de uns sobra sempre para terceiros.

Para começar, o Kiko quando levou a pancada, (que não tendo deixado marcas magoou-o, e não deve ter sido pouco), estava a olhar para o meu marido, então na sua cabecinha associou o evento ao paizinho.
E embora saibamos que com carinho, treino, tempo e persistência a coisa voltará ao normal, é muito mas muito triste lidar com um cãozinho que nos primeiros dias após o evento mostrava algum receio do seu paizinho, e a natural tristeza do meu marido, que tal como eu o adora como um filho.
Que especialmente à noite, (por ter sido o período em que ocorreu), saía à rua sempre assustado, com pavor da rua onde se sucedeu e a querer voltar para casa após menos de dez minutos na rua.

Semanas depois temos ainda muito trabalho pela frente.

As brincadeiras com a bola num dos jardins da aldeia com o meu marido ajudaram bastante, assim como muitos dos passeios nocturnos terem passado para mim.
Levo sempre um saquinho com bocadinhos de ração com que o suborno para seguirmos caminho, e uso a minha "maluquice", que quem diria, nos tem ajudado tanto.
O que chamo "maluquice" não é nada mais que ir falando com o Kiko durante todo o passeio, em voz alta e com o tom mais efusivo e alegre que sou capaz. Celebro tudo o que ele faz, desde os chichis, ao cocós, aos comandos que ele obedeça, ao manter-se calmo e feliz, etc, como se o Kiko tivesse ganho um Nobel mas com a energia própria de um concerto dos Rolling Stones:
"Bravo! Que lindo pipi"; "Que cocó maravilhoso, Kiko"; "Que corajoso! Que lindo! Que forte!"; "Uau! Boa Kiko!"; "Yeah! Maravilhoso! É assim mesmo!".

A cada elogio feito, o Kiko empina a cauda e o peito, e segue todo pimpão enfrentando medos.








sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

coisas de pensar: Os verdadeiros heróis...



... são os pacifistas, os portadores de Luz que avançam indefesos, porém determinados, destemidos, para dentro da barriga do monstro.

Os verdadeiros heróis não se assemelham a personagens de filmes de acção, com perícia militar, armados até aos dentes e capazes de derrotar um exército sem grande esforço.
Já contava Tolkien, que os grandes feitos são atingidos, para a surpresa de quase todos, pelos mais pequenos e inocentes: os hobbits deste mundo. São os Frodos e os Sam que chegam a Mordor, que saem vitoriosos contra Sauron quando outros aparentemente bem mais fortes e capazes falharam.

São pessoas como estas que me inspiram e, sem as conhecer, lhes sou grata pelo enorme exemplo de como se é Luz numa era de trevas.











quarta-feira, 30 de novembro de 2016

vida de cão: Bromance, acto II



Outro cão por quem o Kiko nutre uma paixão assolapada é o Simba. Cão de porte médio, com cerca de 6 ou 7 anos.

É o meu marido que me vai relatando os contornos divertidos desta amizade, já que se encontram sempre quando é a sua vez de passear o Kiko, e optamos normalmente por itinerários diferentes.

O Simba mora numa parte da aldeia em que é, por enquanto, seguro soltar os cães, e dar-lhes uns minutos de liberdade para correr, brincar e gastar as pilhas.

O Kiko pode ir distraído nos seus afazeres caninos, farejando atenta e descontraidamente cada metro quadrado de chão, regando cada canteiro, arbusto e árvore, mas quando o "paizinho" lhe diz "Olha ali o Simba", em menos de dois segundos muda totalmente. A cabeça parece um cata-vento e quando vê o amigo, quer este esteja perto ou a 100 metros de distância, mete o turbo e corre em sua direcção na velocidade máxima, desenhando círculos em seu redor.

A reacção do amigo não é menos engraçada: ora arma-se em difícil, ou arranca também numa correria, alinhando nas brincadeiras.

A felicidade do Kiko é tamanha quando se apercebe do amigo que, numa destas manhãs ficou com o cocó a meio. Desatou a correr antes de terminar o serviço, obrigando o paizinho a uma perseguição para lhe limpar o rabo.




vida de cão: Bromance



Numa das ruas onde passeamos diariamente, vive um pequeno caniche sénior que o Kiko adora, ama de paixão.

Todos os dias o Kiko perde um par de minutos a cheirar o portão da casa do seu amigo. Notando que este não está continuamos caminho. Mas, independentemente de estarmos longe ou perto, se o amiguinho decide aparecer e ladrar, o Kiko fica histérico de alegria, uiva, e arrasta-me a correr ao seu encontro.

Segue-se um ritual entre amigos ao qual eu franzo o sobrolho, mas eles lá saberão do que gostam e como comunicar: ladram, abanam a cauda, cada um com a energia própria da sua idade, e fazem chichi no portão à vez.

O pequeno caniche farta-se rapidamente e vai inspecionar o outro lado do pátio, desaparecendo do raio de visão do Kiko, o que inicia da parte do meu miúdo uma sinfonia de uivos. Assim uma coisa profundamente emocional e sentida.
Eu estranho o outro não se sentir atraído pelo chamamento e ajudo à festa: "Amiguinho! Amiguinho! Olha o Kiko a chamar-te!"

Nada.

Aparece, mas sem grande reacção aos uivos.

Aparece a dona e ficamos uns minutos a conversar. Embevecidas pela forma como o meu tenta escavar o portão na tentativa de se juntar ao amigo.

Até que me confessa: o pequeno caniche é surdo que nem uma porta. Não é que estivesse a ignorar o Kiko conscientemente, simplesmente não o ouve, por maior que seja o escarcéu.


terça-feira, 29 de novembro de 2016

coisas de pensar: Público vs Privado, ou fosse isto um campo de batalha...


Os anos passam, os ciclos repetem-se, e eu continuo absolutamente incrédula e chocada como, da parte de quem nos governa, independentemente da sua cor política ou nome, a preferência continua a incidir em decisões que dividem a população activa, e que já se sabe, pela experiência da repetição que não resultam em nada de novo nem melhor.

Não. Minto. Incredulidade e choque não são os termos correctos. Adjectivar enquanto desilusão parece-me mais acurado.

A repetição quando deriva na ausência de evolução, quando resulta em prejuízo, desilude porque é sinal de máxima estupidez insistir numa solução que não o é. A não ser quando o objectivo não é solucionar. Quanto a isso, Maquiavel e os clássicos deveriam ser de leitura obrigatória.

O mundo não precisa ser um campo de batalha para que se apliquem as mesmas estratégias. Impera o "dividir para reinar". Termo e técnica que deriva do grego, e continua a dar frutos nos campos militar, sociológico e político.

"Esse conceito foi utilizado pelo governante romano César (divide et impera), Filipe II da Macedónia e imperador francês Napoleão (divide ut regnes). Também há o exemplo de Aulo Gabínio, que repartiu a nação judaica em cinco convenções, conforme relatado no livro I de A Guerra dos Judeus (De bello Judaico), do historiador Flávio Josefo. Em Geografia, Estrabão relata que a Liga Aqueia foi gradativamente dissolvida sob a posse romana da Macedónia, porque eles não lidavam com todos os estados da mesma maneira.
Na era moderna, Traiano Boccalini, em La bilancia politica, cita "divide et impera" como um princípio comum na política. O uso desta técnica refere-se ao controle que o soberano possui sobre populações ou facções de diferentes interesses, que juntas poderiam ser capazes de se opor ao seu governo. Sendo assim, o governante precisa evitar que os diferentes grupos e populações se entendam, pois uma união poderia causar uma oposição forte demais. Maquiavel cita uma estratégia militar parecida no livro IV de A Arte da Guerra (Dell'arte della guerra), dizendo que um capitão deve se esforçar ao máximo para dividir as forças do inimigo, seja fazendo-o desconfiar dos homens que confiava antes ou dando-lhe motivos para separar suas forças, enfraquecendo-as."


 Talvez um dia seja finalmente parte do comum entendimento que o problema não reside no facto da função pública ter um horário de 35 horas semanais, mas sim no facto deste não ser alargado a toda a população activa.
O mesmo se aplica a todos os direitos e deveres.

A população activa portuguesa conta com mais de cinco milhões de indivíduos. Houvesse o poder de concertação, o entendimento que há muito tarda que numa casa justa ou há para todos os filhos (e filhas) ou não há para nenhum, expressada quiçá através de uma greve geral, e o uso bem sucedido da estratégia batida seria finalmente coisa do passado.



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

coisas de comer: O amigo forno e a alquimia das sobras


Regra geral, todas as semanas faço um prato de forno. Aliás, neste preciso momento, tenho um empadão de carne ainda lá dentro, acabadinho de fazer.

Nos pratos de forno aplico a mesma filosofia que às sopas: nunca faço quantidade somente para aquela refeição. Sobeja sempre e é de propósito.

Franzo o sobrolho a quem torce o nariz às sobras. Penso logo que não é pessoa que passe muito tempo na cozinha, senão saberia dar mais valor ao trabalho e tempo que poupam; que não é propriamente muito poupada, senão também saberia que vale mesmo a pena render a hora ou hora e meia de electricidade que gastamos por ter o forno ligado por duas ou mais refeições. E por fim, que não é muito imaginativa, senão saberia que as sobras são o alicerce de pratos muito saborosos.

Querem um exemplo:

Domingo passado assei um belo de naco de carne porco, generosamente temperado com ervas, sumo de laranja, pimentão, pimentas, alho, sal e azeite. Fi-lo com batatinhas novas.

Para além de sandes rápidas com queijo, verdes e mostarda, acompanhadas de sopa, para um dos meus almoços, ainda deu para um arroz de carne malandrinho à portuguesa. Basicamente faz-se o refogado com uma cebola picada, alho, ervas a gosto, e uma cenoura grande aos cubos. Junta-se vinho branco, duas ou três colheres de polpa de tomate, sal, e a carne cortada em pedaços. Adiciona-se o arroz e a quantidade necessária de água a ferver. Delicioso.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Coisas do armário: As minhas camisolas de Inverno favoritas



Se costumam passar por aqui, não será novidade dizer-vos que quando escolho roupa para mim não são as tendências ou modas que me guiam, mas somente o meu gosto pessoal.

Quando chega o Inverno chega também a vontade de vestir uma camisola quente e aconchegante. E o que não falta é oferta e variedade em milhentas lojas, mas nesta estação do ano, não há modelo que eu prefira às camisolas de padrões tipicamente nórdicos, que associamos geralmente ao Natal, ornamentados com as figuras estilizadas de renas, árvores, flocos de neve, folhas, corações...

Todos os anos compro mais algumas e não há maneira de me fartar!









cromices #140: Refém da C.P.



Longe vão os dias em que me deslocava de comboio diariamente. Agora é uma ocasião pontual.

Há um par de dias tive de fazê-lo.
Como não gosto de perder tempo, nem de fazer perder tempo a quem vai com mais ou igual pressa, opto por adquirir o cartão já carregado com viagem de ida e volta na bilheteira, ao invés de andar a engonhar na máquina de venda.

Ainda bem que tenho o hábito de sair de casa com alguma antecedência, para o caso de haver algum imprevisto, porque não houve estação em que as maquinetas não decidissem embirrar comigo.

Logo na ida, para conseguir aceder à plataforma, o senhor leitor de cartões obrigou-me a uma dança, que consistia em agitar o cartão da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, ora mais encostado ou afastado do sensor, ao som das indicações de uma amável senhora - "experimente assim, ora agora experimente assado", até se dignar a abrir a portinhola envidraçada.

No regresso, já na plataforma, a aventura consistia numa caça ao tesouro, ou melhor dizendo, a percorrer a dita de uma ponta à outra na demanda de um leitor que funcionasse, de preferência antes de ver mais um comboio a passar por mim.

Mas, a cereja no topo do bolo foi o fim da viagem, aquele momento em que se quer sair da estação e a maquineta diabólica decide que não, que me quer refém. Um senhor simpático, já do outro lado, livre da mecânica armadilha, questiona-me sobre o que diz a maquineta. Esta reclama "saldo insuficiente".
"A malandra aprisiona-me e agora pede-me resgate!" - pensei eu. "Agora é assim, Comboios de Portugal?! Apanha-se o utente num momento vulnerável, onde não há escapatória, e para além do preço da viagem ainda quer que se pague para sair da estação?!"

Salvou-me um simpático jovem que perguntou se queria sair com ele. E lá fomos os dois em passo de corrida no momento em que as portinholas se abriram.


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

coisas que gosto: Bons ventos sopram de Espanha, ou "dar vida à idade"



Gostava tanto que encarássemos a terceira idade como se fossem umas férias por tempo indeterminado, em que todos os dias fossem vividos ao máximo, numa personificação do carpe diem, enquanto a saúde e a vida o permitir.

O conceito é de uma tremenda simplicidade: porque não aproveitar da melhor forma a liberdade que representa o fim das obrigações familiares e compromissos profissionais?

Felizmente começam a proliferar notícias sobre pessoas que decidem tomar as rédeas da própria vida, e tomam decisões sobre como querem viver na velhice. Decisões que têm por base o desejo de independência e felicidade e desembocam em projectos inspiradores, como o relatado nesta notícia que nos chega de Cuenca, Espanha.

Motivados em grande parte pelo desejo de não querer passar a última fase da vida rodeados de estranhos ou "ser uma carga para os filhos", dois casais de amigos que se conheceram anos atrás numa excursão, decidiram viver juntos numa república autogerida em Cuenca - Convivir. A sua decisão entusiasmou e incentivou muitos mais a juntarem-se ao projecto.

Convivir é um condomínio, uma residência com todos os atributos específicos das residências para idosos, desde os serviços a pormenores arquitectónicos específicos para a terceira idade como as casas de banho, botões de emergência, etc.
No entanto, Convivir não é um lar de idosos mas um projecto de coshousing: projectado por arquitectos com a ajuda e intervenção directa dos sócios da cooperativa.

Elogia-se o ambiente juvenil, a forma como se mantém activos através da partilha de tarefas, de workshops diversos organizados pelos próprios como forma de partilhar o conhecimento de cada um, que no caso de Convivir pode significar tanto uma aula de risoterapia como de macramé. Sentem-se bem, felizes, e independentes. Guiam-se pelo lema "dar vida à idade". E isso é o mais importante.

Existem alguns projectos similares por todo o mundo. Também em Portugal existem residências onde o objectivo é uma maior qualidade de vida. Os preços que podem rondar, para além do investimento na residência, uma mensalidade de mais de 2000 euros por casal, faz com que seja impossível todos terem acesso a este estilo de vida.
O importante é que cada vez mais pessoas se mostram interessadas neste tipo de soluções, querem decidir de forma activa como viverão as suas vidas até ao último momento. Será esse interesse que vai alimentar mais e melhores conceitos, novas ideias, e por isso, acredito que quando for a nossa altura de tomar as rédeas da nossa velhice, não faltarão opções, até mais económicas, que permitam a todos os cidadãos viver a terceira idade com um espírito de férias, focando na felicidade e no que nos faz bem.






quinta-feira, 10 de novembro de 2016

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

crónicas do condomínio: Declaração de amor a um orçamentista



Um dos projectos a serem executados este ano sob a minha alçada será a instalação de caixas de correio exteriores.

O meu sistema é simples: googlo por empresas que forneçam os serviços que procuro por proximidade geográfica, e contacto primeiramente aquelas cujo site me agrada mais. Como devem imaginar não me refiro a um "concurso de beleza", mas à qualidade e quantidade da informação.

No meu contacto telefónico pergunto se realizam tal serviço, informo sobre a minha localização e pergunto sobre a disponibilidade e interesse. Enfim, o básico.

Pois bem, para esta empreitada das caixas de correio contactei uma empresa. Como prometido, passaram mesmo a informação para o orçamentista, e este não levou muitos dias a ligar-me para agendarmos um encontro.

No dia marcado, passavam dez minutos, se tanto, da hora marcada quando o senhor me ligou a pedir indicações, pois a rua que lhe indiquei não aparecia referenciada no seu gps.
Chegou pouco depois.
Em menos de nada saca da fita métrica, faz as medições, avança com as especificações do produto, faz-me perguntas, responde às minhas, abre uma pasta onde lá estava uma ficha com os meus dados onde desenha um croqui, acrescenta o meu mail. Diz-me que me envia o orçamento no dia seguinte. Fala da importância da pontualidade, dos mais de 20 anos de experiência. Exala brio e profissionalismo, e eu aceno que sim, senhor é assim mesmo, que gosto de gente assim.

No dia seguinte, lá estava o orçamento. E um como deve ser.

Para contrabalançar a grande sorte de ter acertado à primeira numa empresa séria, onde não me dizem que o preço "com factura" é X e "sem factura" é W, onde cumprem horários e compromissos, o comercial da empresa da extintores tinha que falhar, não é?

Contactou-me no mesmo dia que o orçamentista da empresa de caixilharia. Finalmente. Para isso acontecer, e após ter ficado à espera que me contactassem durante duas semanas, foi preciso um segundo telefonema da minha parte.
Então lá telefonou e agendámos. Nunca apareceu nem se dignou a telefonar, a justificar-se. Que é o mínimo que as pessoas decentes fazem. Se as pessoas quiserem ser profissionais para além de decentes, telefonam mal sabem que se vão atrasar, para pedir desculpa pelo incómodo e dar hipótese ao cliente de optar pelo reagendamento do compromisso.

Não liguei uma terceira vez.

Mas contactei hoje uma outra empresa, que aquela foi para a lista negra.

A aventura continua.

Uma das minhas vozinhas interiores anda aos berros com esta situação. E o que diz ela?
"Fod*-se! É só a merda de um extintor! Quanto mais trabalho vai dar a merda de um extintor, porra?!"

terça-feira, 1 de novembro de 2016

cromices #139: Visitas de estudo e pão com manteiga



Quando era criança o ponto alto de cada ano lectivo eram as visitas de estudo.

As minhas recordações favoritas neste capítulo remotam à escola primária: visitámos tantos museus e ex libris patrimoniais desde o Museu do Coche, do Traje, da Marinha, da Marioneta, o Aquário Vasco da Gama, o Jardim Zoológico, o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Palácio Nacional de Mafra, o Portugal dos Pequenitos, (tanto o de Coimbra como o de Mafra), a fábrica da Longa Vida, e isto só para citar alguns.

Seria injusto não me recordar das realizadas anos depois, como a ida à Universidade de Coimbra e à Quinta das Lágrimas, que foi talvez a minha preferida de todo o liceu. A Biblioteca Joanina é um assombro e tem o condão de maravilhar os visitantes, especialmente aquando a sua primeira vez.

Mas, tenho que confessar que a época de ouro das visitas de estudo no meu percurso escolar vivi-a mesmo na escola primária. As visitas eram frequentes e os destinos sempre interessantes, o que decididamente contribuiu para que viesse a gostar de museus e monumentos por toda a vida. O lado negativo é que saímos daquela escola mal habituados, habituados a uma rotina a que mais nenhuma outra conseguiu corresponder, quanto mais exceder.

Verdade seja, nos anos seguintes se houvesse uma visita de estudo, decente ou não, por ano já era bem bom. 

O que é uma má visita de estudo? Dois exemplos:

10º ano, as professoras da disciplina de Alemão decidem que, dentro da temática ecologia e afins, uma ida a um centro de reciclagem se enquadraria na perfeição. Na teoria, fantástico. Na prática, das piores secas possíveis, e mal cheirosa.

5º ou 6º ano, visita a um dos Palácios de Sintra, não me recordo com exactidão qual. A expectativa era alta, assim como o entusiasmo. Para além da visita iriam haver actividades especiais, o que justificava o preço pago por cada aluno.
Como estragar algo assim?
Excluindo parte dos alunos. Enquanto alguns foram eleitos para se vestirem à época e enquadrarem vários cenários, onde por exemplo lhes seriam ensinadas danças de época e até curiosidades como a língua secreta dos leques, outros foram para a cozinha do palácio preparar fatias de pão com manteiga para o lanche de todos.

Ainda passados quase trinta anos fico zangada quando penso nesta visita de estudo. Sempre fui apologista do "ou há para todos, ou não há para nenhum".

Arrependo-me de ter sido sempre bem comportada e boa aluna, porque a redacção merecida nesta ocasião teria sido "Não aprendi nada de novo. Passei a visita a cortar pão. Quero o meu dinheiro de volta, e ser paga pelo meu trabalho."





segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Vida de cão: Uma opinião sobre trelas.



As básicas de nylon são terrivelmente abrasivas para as mãos.

É importante que o mosquetão seja sempre em metal, e de boa qualidade. Ninguém precisa que a coisa se avarie ou se parte a meio de um passeio.
Igualmente importante é que as pecinhas estejam cosidas à trela e não somente coladas, pelos mesmos motivos.

As forradas a algodão ou outro material fofinho são óptimas, e giras. O único senão é que sendo lavadas à mão para não estragar o mosquetão, passado algum tempo ficam irremediavelmente feias e encardidas.

Sou alérgica a trelas retrácteis, e nunca irei optar por uma. Um dos aspectos mais chatos da socialização entre cães à trela é que, em 99% das ocasiões, as trelas vão-se emaranhar uma na outra, obrigando pelo menos um dos tutores a enfiar a mão na massa e desembaraçar aquele nó de trelas e cães irrequietos. Certinho garantido que trará, para além do bicho, um par de dedos cortados pela merda do fio da trela extensível.

A minha trela favorita até ao momento foi concebida como um acessório para a prática de desporto com o cão.
Esta acopla-se ao pulso, logo as mãos andam livres, o que me dá imenso jeito nem que seja para manusear mais livre e despreocupadamente o saquinho de apanhar dejectos. É um pormenor que também dá imenso jeito quando se está a esplanar, etc.

Outras duas características que fazem desta trela a merecedora da medalha de ouro entre todas as que já experimentámos, é o seu comprimento regulável, o facto de ser bastante macia e confortável, e ter um segmento junto à zona da coleira que funciona como amortecedor, evitando a brusquidão dos puxões.

Estou mesmo muito satisfeita com este modelo, e até me parece difícil que surja um melhor.






sexta-feira, 28 de outubro de 2016

cromices #138: Para aqueles que começam já a fazer listas de Natal, uma reflexão...


Se Dante fosse nosso contemporâneo haveria todo um círculo do inferno dedicado aqueles que acham boa ideia presentear os petizes com traquitanas barulhentas.

Sabem todos aqueles apitos, gaitas, pifarinhos e afins que por vossa causa tivemos que gramar pelo que pareceu ser uma eternidade, porque vos apeteceu munir uma criancinha de energia inesgotável com tais artefactos, para que esta pudesse partilhar a sua falta de talento com todo o quarteirão?!

Lá, no inferno dantesco, as traquitanas musicais nascem como cogumelos onde o sol não brilha. Para todo o sempre. E não, não é na loja do mestre André. Just saying.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

coisas que gosto: Os Afrescos personalizados de Patrick Commecy.


Os meus amigos partilham coisas bem giras nas redes sociais.

Algumas cativam-me tanto que passam imediatamente para a minha lista de gostos pessoais, como é o caso do que vos trago hoje.

Patrick Commecy é um artista francês que, em conjunto com a sua equipa de artistas muralistas, dedicam-se à criação de murais absolutamente espantosos através da técnica de trompe-l'oeil.
Esta, serve-se de truques de perspectiva, para que formas de duas dimensões pareçam ser tridimensionais.

A empresa de Commecy, A.fresco, (cliquem no link para conhecer e ver muito mais), dedica-se desde 1978 à realização de murais gigantes "à medida" dos seus clientes, sejam estes localidades, empresas, particulares. Até à data já realizaram mais de 300 destas obras, algumas até premiadas, em território francófono.
Para fazer um mural "à medida" os artistas inspiram-se na identidade daquele lugar, na sua história, costumes e usos, habitantes, fazendo com que cada obra seja única e adequada ao local onde se insere. Para além da mestria e do enorme talento, este é um dos pontos que me cativou.

Estas obras de arte são mesmo mágicas: num momento temos uma fachada, ou uma parede cega de um qualquer edifício, feia, desinteressante, maltratada, para se passar a ter uma valiosa adição ao património cultural do lugar, suficientemente belo até para atrair visitantes, e sem dúvida para aumentar a satisfação de quem lá habita.

Eu cá adoraria ter alguns destes murais na minha aldeia. Com a qualidade obtida por estes artistas, e uma temática em volta da fauna e flora do lugar, o rio que aqui nasce, a serra, os indícios romanos e medievais da história do lugar, tenho a certeza que o resultado seria fantástico.

Então, sem mais demora, aqui vos deixo alguns exemplos. Atentem ao antes e depois:



 
 





Uma festa medieval:






 








terça-feira, 25 de outubro de 2016

coisas de opinar: Onde moram deus e o diabo?



Nos detalhes.

Os pormenores não são tudo, mas podem ser grandes indicadores das nossas forças e fraquezas de carácter. Tantas vezes suficientes por si para criar distância ou proximidade entre as pessoas, para elevar a consideração, a empatia ou o carinho que se tem por alguém, ou para a que opinião que formamos sobre determinado indivíduo não seja a mais favorável e simpática.

Embora nas tarefas quotidianas eu não tenha perfil, nem pachorra nem sequer talento para me dedicar a minúcias, dou importância aos pormenores no que toca ao comportamento humano, pois de certa forma ajudam-me a formar uma opinião sobre as pessoas.

Também não se trata de abusar da crítica e do julgamento sobre o próximo, pois afinal todos seremos santos com pés de barro, mas da necessidade que todos, sem excepção, sentimos de procurar traços de personalidade que nos indiquem se aqueles que se cruzam connosco merecem a nossa confiança, e se nos podemos "dar", muito, só um bocadinho, apenas em determinados contextos, ou absolutamente nada.

Acredito que pelo menos a grande maioria de nós se serve dos detalhes para o mesmo efeito.

E como são esses pormenores?

Só para exemplificar, a colega que oferece um chocolate a outra só para a animar depois de um dia puxado é, no meu julgamento, bem diferente das pessoas que ao venderem a sua casa a entregam aos novos donos, havendo levado até as lâmpadas e as tampas dos ralos.


domingo, 23 de outubro de 2016

coisas da casa: Mais uma moedinha, mais uma voltinha ou, há que respirar fundo.



Uma destas sextas à noite, após a reunião da praxe, voltei para casa carregada com toda a tralha da administração de condomínio.

Segunda de manhã, sentei-me e comecei por organizar uma lista de tudo o que terei que fazer este ano. Sou uma pessoa "de listas", e é sempre por aí que começo.

Entre tarefas ordinárias e projectos extraordinários enchi uma folha, com pontos e subpontos para não perder o fio à meada.

Tendo passado alguns anos da última vez que me coube a mim esta função, dei uma vista de olhos nos sacos de livros, recibos e documentos que havia trazido da reunião para me relembrar das coisas.

Escrevi a acta e assim risquei o primeiro ponto da minha lista.

Voltei a ler a mesma, e estava  confiante que se continuasse organizada e num bom ritmo, em duas semanas tratava de tudo, podendo passar o resto do ano no relativo sossego das tarefas ordinárias que são pagar as contas, verificar que a senhora que limpa as escadas tem sempre água ao seu dispor, e outras minudências dessas.
As memórias que me ficaram da última vez foram os extraordinários aborrecimentos, e estou decidida a fugir desse registo.

Estava embalada, e pensei que nessa mesma manhã conseguia avançar com mais dois ou três tópicos da minha lista.
Precisamos de uma nova empresa que venha tratar da manutenção do extintor, já que a antiga desapareceu do mapa.
Decidi que essa seria a minha segunda tarefa. No papel parece canja, e a minha estratégia era despachar primeiro as coisas mais fáceis para manter alta a motivação.

Ligo o computador e faço uma pesquisa sobre empresas do ramo. Escolho uma da zona, cujo site tem bom aspecto, com referências de clientes e mil e quinhentos certificados. Parece-me bem e ligo-lhes.
Confirmo com quem me atende que efectuam o serviço que procuro. Pergunto o preço e parece-me bem. Digo que é para avançar. Do outro lado informam-me que terá que ser agendado com o comercial, que de momento não está. Pedem-me o contacto e prometem-me que o comercial será rápido a ligar de volta. No máximo dois ou três dias.

De imediato passo para outro ponto da lista: há que ligar ao senhor que já veio cá um par de vezes dar manutenção ao telhado.
O número que me deram durante a reunião é demasiado longo, coisa fácil de acontecer quando um número é constituído por um algarismo que se repete uma data de vezes. Tento uma primeira variação e entro em contacto com uma senhora de pronúncia espanhola. Tento uma segunda, e quando penso que acertei, a voz do outro lado nega ser o sr. Nãoseiquantos.
Respiro fundo, penso que mais vale confirmar o número com a vizinha, e passar para outro ponto.

O primeiro subponto de uma outra tarefa consistia em retirar algumas dúvidas com uma entidade. Olho para as horas e decido arriscar por telefone. A conversa foi agradável, a senhora simpática. Infelizmente fiquei na mesma.

Passaram já duas semanas: até agora não fui contactada por comercial algum.
Também já confirmei com a vizinha que aquele era realmente o número correcto. Contei-lhe o sucedido, e embora nenhuma de nós entenda o porquê da reacção do outro, aconselhou-me a experimentar iniciar o diálogo com algo como " é o senhor do telhado?" ao invés de o tratar pelo nome.
Morri um bocadinho por dentro ao imaginar ter-me que endereçar a alguém por "senhor do telhado",  senti os meus lábios a mirrarem até não passarem de um linha muito fina, agradeci e voltei para casa.

Arrumei a lista que havia feito e todas as traquitanas do condomínio. Achei que, com um ano inteirinho pela frente, era demasiado cedo para me começar a chatear. Que a prioridade é não perder o bom humor e a motivação, porque acho que vou precisar de ambos em doses generosas.
Lembrei-me que por mais extensa que seja a tal lista, não são os afazeres per se que me maçam, são as pessoas. Especialmente aquelas que teimam em tornar a tarefa mais simples num suplício.

Amanhã recomeço. Haja coragem. Há que respirar fundo.



quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Lições dos intas #1



Demorei mais de 30 anos a aprender (e a apreender) que quando um conhecido nos aborda, mesmo que amavelmente, para uma qualquer conversa que começa com "a única coisa má no tempo do Salazar...", a coisa mais inteligente a fazer é engolir o café, ao balcão, mesmo que me escalde as beiças, e despedir-me o quanto antes.



terça-feira, 18 de outubro de 2016

coisas de opinar: O pequeno e o grande comércio.



Há um enorme motivo para que o título desta mensagem não seja o talvez esperado "pequeno versus grande comércio", e este prende-se sobretudo com o facto de esta ser escrita segundo a minha perspectiva de consumidora. É que para os consumidores não há nada tão benéfico quanto a concorrência.

Sou responsável pela grande maioria das compras cá para casa. Esta forma de "caça moderna" faz-me saltitar entre pequeno comércio, supermercados e ocasionalmente, hipers.

Na minha demanda procuro os produtos que, segundo a minha análise, melhor satisfaçam o rácio custo/ benefício.

Como é natural, alguns pequenos comerciantes diabolizam o grande comércio. Pelo menos os que ainda não se aperceberam que haverá, no mercado, lugar para todos, embora a captação e a fidelização de clientes seja mais trabalhosa, exigindo especialmente por parte do comércio tradicional uma conduta, um cuidado e um nível de conhecimento que antes do aparecimento dos estabelecimentos de grande retalho eram desnecessários.

Verdade seja dita, e sem paninhos quentes, existem maus hábitos que proliferam na ausência de concorrência. Quando um qualquer estabelecimento detém o monopólio é fácil cair na tentação de se ser menos exigente com a qualidade e variedade do que se coloca no linear, e cobrar excessivamente. Mesmo que sejam tácticas que não agradem aos consumidores, quando não existem opções o insucesso é impossível. Também é mais que natural que os comerciantes que adoptaram esta postura sejam os que mais sofrem nos resultados aquando o aparecimento de concorrência.

Uma reflexão que gostaria de passar é que o mercado torna-se mais rico e positivo quando o consumidor não tem que optar pelo pequeno ou grande comércio, mas pode sim vivenciar ambas as experiências de consumo. Pequeno e grande comércio, mesmo nos casos em que vendem os mesmos produtos, possuem características que os distinguem entre si, e aí residem os seus pontos fortes.
Daí que eu considere que a tal diabolização do grande comércio é uma presunção arcaica e acima de tudo prova de desconhecimento sobre como formular um negócio bem sucedido.

Dois dos maiores trunfos do comércio local, a meu ver, é a proximidade, e acreditem ou não, a sua pequena dimensão.
São estes trunfos que permitem uma localização tão próxima dos consumidores, (e como é conveniente e apetecível ter algo tão perto de casa), assim como a construção de uma relação pessoal entre comerciantes e clientes quase familiar, e por fim a possibilidade de oferecer produtos de qualidade oriundos de pequenos e médios produtores locais, (e não só), que pela sua dimensão nunca ou raramente terão entrada no linear de uma grande superfície.

Alguns dos principais motivos para o consumidor não esquecer o comércio local é que sem a presença das pequenas lojas de rua, sem o movimento de pessoas e bens que estas estimulam, os lugares que habitamos não passariam de tristes dormitórios. Apoiar o comércio local é contribuir também para o sucesso de pequenos empreendedores, desde produtores a comerciantes, é permitir que mais pessoas apostem na criação do próprio emprego ou que famílias possam dar continuidade a um negócio que perdura já por gerações. Outro motivo é que a localização destas lojas, geralmente tão próxima dos centros dos lugares,  permite às pessoas um fácil acesso a um número de serviços e bens, sem a necessidade de recorrer a transporte, o que é uma tremenda mais-valia num ou outro momento para qualquer pessoa, mas tem uma especial importância para alguns membros da sociedade, especialmente os mais idosos.

Quando penso nas grandes superfícies considero que as características que mais me atraem são precisamente aquelas que considero mais difíceis de encontrar no pequeno comércio: uma imensa variedade, a rotação frequente de stocks, capacidade de oferecer promoções e preços mais baixos e os horários.

Gosto de não ter que escolher entre pequeno e grande comércio. Escolho sim, dentro de cada categoria, as lojas que mais me atraem, dispensando aquelas que não me agradam, e faço, como todos aqueles que vão às compras, um mapa mental de onde posso encontrar os melhores itens, a nível de preço e qualidade.

No entanto devo confessar que, se fosse obrigada a escolher, teria que optar pelas grandes superfícies.
Embora existam na minha zona algumas lojas de rua bastante razoáveis, de quem sou uma cliente habitual, por mais que simpatize não conseguiria abdicar da tal variedade, rotação frequente de stocks, maior elasticidade dos preços, o conforto de se pagar qualquer quantia com o cartão que preferir, (sei que há uma cadeia de hipermercados que não permite pagamentos por cartão em compras inferiores a 20€, e por isso a marca foi riscada da minha lista), e  embora goste do ambiente familiar do pequeno comércio, há dias que nada bate o quão refrescante é os empregados dos supermercados e hipers estarem-se nas tintas para a quantidade que o cliente compra naquela visita, poupando-nos dos trejeitos e gracinhas que fazem parte do dna de alguns pequenos comerciantes.





segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Vida de cão: O "mimómetro"


Embora não exista propriamente uma maquineta que nos indica o quanto estragámos o Kiko com tanto mimo, o tal "mimómetro", existem alguns claros indicadores. Uns quantos pormenores no seu comportamento que acho hilariantes.

Partilho convosco um par deles.

O primeiro é quando "Sua Alteza Real" vai em passeio, e depois há uma qualquer coisinha que se aloja na pata e o incomoda. Pois bem, basta uma pequena folha, uma pétala agarrada ao pêlo, um ínfimo pauzinho, uma coisinha mínima para que o menino Kiko dê dois ou três passos a mancar, para depois parar e esperar que a mãezinha ou o paizinho lhe examinem a pata. O que normalmente acontece em menos de nada. Já está tão habituado que chega a esticar a patinha para a vermos melhor mal nos aproximamos dele. Quando se sente liberto do corpo estranho segue de cauda alçada, trotando com plena satisfação.

O segundo exemplo tem a ver com cocó. Às vezes a coisa não é tão simples quanto se deseja, e parte do dejecto fica preso. Pois bem, o Kiko não é menino para esfregar o rabiosque na relva ou ir lá com o nariz. Simplesmente fica imóvel, à espera que o libertemos daquela maçada. Coisa muito fácil de se fazer usando um saquinho como luva. A reacção é sempre a mesma: segue sorridente e altaneiro.


Coisas de jogar #6: Divinity Original sin



Recomendo!

Divinity Original sin







terça-feira, 13 de setembro de 2016

cromices #137: Ui, que ela agora julga-se uma atleta...



Graças ao Kiko, à trotinete e às caminhadas nunca estive em tão boa forma. Ganhei especialmente resistência e tonificação.

O meu erro foi ter visto uns quantos episódios de American Ninja Warrior. Para quem não conhece, é um programa americano inspirado no análogo japonês, em que concorrentes tentam superar uma prova com diversos obstáculos, que exigem diversas capacidades físicas bem afinadas.

Ou melhor, aqui está um exemplo:





Os atletas que competem fazem tudo parecer tão fácil, que foi fácil ficar empolgada com a ideia de tentar umas coisinhas novas. Então quando me deparei com equipamento de treino ao ar livre, larguei tudo e tive que ir tentar umas elevações em barra fixa.

Nem uma, senhores! Nem uma! Ficar lá pendurada é fácil, mas e fazer subir o corpinho usando estes palitos que tenho por pulsos?!





terça-feira, 23 de agosto de 2016

cromices #136: Eu egoísta me confesso, acto segundo.



Está um mais um daqueles dias bonitos e solarengos de Agosto. As janelas de casa abertas deixam entrar o sol e a brisa. As cortinas dançam levemente. Seria este um cenário perfeito não entrasse também, infelizmente, casa adentro o chinfrim da família "Fukushima".
De sol a sol, e às vezes noite dentro, é uma berraria constante.

O bairro tem muitas crianças, de todas as idades. Todas com comportamentos esperados para a sua idade: brincalhonas, espontâneas, activas... Mas mais nenhuma se ouve. Não assim desta forma.

Por mais que eu repita tipo mantra que é perfeitamente natural, que são crianças, a coisa não pega porque fazer barulho é normal, mas não a este nível.

A meio da manhã ainda soltei uma gargalhada, porque alguém passou na rua, e pelo "chiu" e palavrão sonoros que largou deu para notar que não sou a única por aqui enfadada com tanto chinfrim.

Berram os miúdos, berra o pai, (e não é pouco), e às vezes a mãe. Uma sinfonia infernal.

Não há nenhum benemérito milionário que lhes ofereça uma nova morada?!

Para mim, como sou egoísta, escolho receber algo que dinheiro algum pode comprar: paz, sossego, tranquilidade, silêncio.







cromices #135: Eu egoísta me confesso.


Há o tripadvisor, o zomato, e outros mil que existem para partilhar informações, críticas e comentários sobre estabelecimentos vários, de restaurantes a hotéis.
A sua utilidade é inegável. Também me sirvo destas ferramentas quando preciso de alguma informação sobre um estabelecimento, quer o conheça ou não, desde a morada, ao horário, ao menu, ou para descobrir novas opções.

No entanto, são sites que embora visite com frequência, não tenho por hábito utilizar enquanto comentadora. Imagino-me capaz de o fazer com uma crítica construtiva, mas refreio-me de o fazer no que toca a deixar elogios aos sítios que realmente gosto.
Isto porque, em primeiro lugar, gosto de elogiar pessoalmente e na hora. O segundo e maior motivo é porque sou egoísta: quero que os lugares que gosto se mantenham inalterados, o suficiente para continuar a gostar deles.

É uma daquelas situações que me deixam dividida: se por um lado é claro que desejo prosperidade e sucesso nos negócios a quem me recebe bem, por outro já tive, como muito boa gente, experiências que demonstraram que o aumento repentino desse mesmo sucesso em conjunto com um enorme afluxo de clientes, transforma irremediavelmente os negócios, e raramente para melhor.

Ainda ontem li o comentário de um amigo numa rede social sobre como estes sites dão cabo dos restaurantes bons e baratos em Lisboa.

Passei por uma experiência semelhante com aquele que foi, durante algum tempo, o nosso pub favorito. Até ser descoberto pelas massas era para nós o sítio perfeito, aquele que encaixava sem mácula nas nossas preferências: decoração gira e temática, calmo, com um clientela sossegada e moderada com uma idade média na ordem dos intas, atendimento simpático, num local cheio de verde e história.
Depois ficou na moda. Os clientes outrora moderados, que beberricavam qualquer coisa enquanto tinham conversas interessantes, deram lugar a gente barulhenta e excessiva como em qualquer outro bar. E se tal é bom para a contabilidade do negócio, também significou uma enorme mudança na sua personalidade e no atendimento, o que fez com que perdesse a vontade de lá ir com a frequência de antes.

Para mim foi uma lição: nunca revelarei os meus locais favoritos.

Vida de cão: Jantar fora com o Kiko.



Ontem, pela primeira vez, fomos jantar fora e levámos o Kiko connosco.

Optámos por uma das esplanadas de que somos clientes habituais. Já o levámos para várias esplanadas, mas até ontem, nunca para uma refeição mais morosa. Por ser a primeira experiência optámos por um local calmo, afastado q.b. do bulício das ruas, e por uma refeição leve e rápida de preparar.

O Kiko continua a ser um cão activo, mas nada que se assemelhe à pulga eléctrica que ele foi em pequeno.
Mesmo estando rodeado de pessoas, e sendo interpelado de vez em quando para levar umas festas, portou-se muito bem.
Como é um guloso de primeira, a comida é um estímulo que funciona na perfeição com ele: basta ir-lhe dando um bocadinho de qualquer coisa de vez em quando para ele se aquietar e ficar sentado a olhar para nós.

Estou contente. É uma experiência que podemos repetir. E com o passar do tempo poderemos experimentar locais mais movimentados e demorados.


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

coisas da casa: Algo que hei-de sugerir aos meus vizinhos...


Ao longo dos anos tem crescido o meu apreço pelo uso de madeira na arquitectura, na decoração.

É um material nobre, belo, que transmite uma sensação de conforto e dá um toque acolhedor a qualquer espaço.

O uso da madeira voltou a estar na voga, seja no interior ou no exterior dos edifícios. O carácter que esta providencia é múltiplo, e dependendo da cor, do corte e afins tanto se pode conseguir um ar rústico, como algo bastante sofisticado.

Adoraria revestir a varanda a madeira, tecto e paredes. Acho que é uma opção que, para além de tornar aquele espaço mais convidativo e bonito, creio que seria uma mudança estética positiva que teria reflexo no valor do próprio prédio se todos alinhassem nesta mudança.

Alguns exemplos:

 
 
 
 
 






 

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

cromices #134: Para os que cantarolam...



Adoro cantarolar!

É no duche, é quando cozinho, enquanto lavo a louça, por vezes até durante os passeios do Kiko...

Desgraçado de quem me ouve! O marido, habituado a estes concertos, até diz que aprecia. Os apaixonados para além de cegos, como diz o adágio, devem ser também surdos!

Estas são algumas das músicas que fazem parte do meu "top cantarolices". E vós, que cantarolais?











Quando as mulheres falam de sexo #49









terça-feira, 16 de agosto de 2016

coisas de comer: Andamos totalmente viciados em...



... cogumelos frescos.


Retiro-lhes a pele, e lavo-os em água com vinagre, como faço com todas as frutas e vegetais. Corto-os a gosto, seja às tiras ou aos quartos, com ou sem pé, conforme me der na telha.

Coloco-os numa frigideira antiaderente previamente aquecida, com uma noz de manteiga. Tempero com sal (pouco), pimenta, umas gotas de sumo de limão e adiciono coentros frescos.

Acompanham na perfeição lombinhos de salmão, que adiciono à frigideira quando a cozedura dos cogumelos vai a meio, ou que bem que ficam numa omelete a que adiciono também raspas de um qualquer queijo com um sabor mais acentuado. Ou ainda com hambúrgueres, ou uns quaisquer bifinhos.

Com uma salada fresca e diversa em folhas verdes sabe tão bem!


coisas que recomendo: A minha amiga, Pelargonium graveolens


Talvez a conheçam melhor pelo nome comum, Citronela, e é algo que tenho vindo a recomendar a toda a gente que se queixa de melgas e mosquitos.

Não há forma de simpatizar com este praga de insectos. No Verão, com o calor, não há quem não goste de ter as janelas abertas para refrescar a casa e forçar a circulação do ar. Mas, especialmente quando chega a noite, basta um destes chatos voadores para arruinar uma noite de sono com aquele bzzzzzzz quase constante e as picadelas.

Embora não faltem opções no mercado para tratar desta praga, confesso que não sou nada fã de químicos. Sim, tenho algures uma lata de insecticida em spray que uso somente em alturas de grande desespero, mas tento evitar, porque por mais que no rótulo diga que a fórmula é inodora, sou tão sensível a estes cheiros que me sinto eu própria um mosquito prestes a falecer intoxicado.

Há uns tempos passámos num dos muitos centros de jardinagem aqui da zona e adquirimos uma lavanda e uma citronela. Procurámos plantas "polivalentes": que não fossem prejudiciais ao Kiko, que afastassem mosquitos e afins, e que precisassem de pouca manutenção e se dessem bem em quase qualquer lado. Trouxemos uma grande floreira onde colocámos ambas as pequenas plantas lado a lado, na varanda. Enquanto a lavanda não chegou a crescer, a citronela prosperou, suplantando as nossas melhores expectativas. A que foi uma pequena planta está agora com cerca de 1m de altura, já levou duas podas brutais, e tem sempre novos rebentos.


 

Exala um perfume agradável, que se intensifica com o toque e a chuva e que parece funcionar muito bem como repelente de melgas e mosquitos.

Existem mais plantas propícias para o combate aos mosquitos e melgas, podem conhecer mais aqui.

Seja qual for a opção, recomendo. Para além de bonitas, aromáticas, muitas possuem ainda propriedades medicinais e ainda nos protegem das pragas mais irritantes que existem. E são, sem qualquer sombra de dúvida, uma opção bem mais ecológica e saudável do que uma lata de insecticida.





segunda-feira, 8 de agosto de 2016

coisas de opinar: Verão é pôr-do-sol, praia, churrascos e... incêndios.



Sintonizei a tv num canal de notícias. Falam dos incêndios que se encontram de momento activos. Um inferno: 102 incêndios, com mais de 2000 bombeiros e 700 viaturas no terreno. São muitos, incansáveis, e mesmo assim não chegam a todo o lado, com a intensidade necessária. É o que se entende pelas imagens de populares a combaterem as chamas, dos repórteres que vão anunciando a proximidade destas de casas, mercados, restaurantes, a 100 metros, a 50 metros.

O noticiário termina e passa para publicidade. Um qualquer spot televisivo de uma cadeia de hipermercados passa em ritmo leve e animado que "Verão é pôr do sol, churrascos" e mais não sei o quê.
Verão é tudo isso, mas também são os incêndios. Não é de agora, sempre foi assim.

Lembro-me de há pouco tempo ter apanhado, também na tv, alguém de uma qualquer corporação de bombeiros que dizia, e bem, que a prevenção dos incêndios faz-se durante todo o ano, especialmente no Inverno.

Reinicia o noticiário. Mostram imagens de pessoas com mangueiras a molharem as casas, de quem tenta extinguir uma linha de fogo com baldes, mangueiras, ramos e tudo aquilo que venha à mão. Existem localidades cercadas pelo fogo e os moradores ajudam os bombeiros como podem, na tentativa de salvar habitações e animais.

Em muitas destas frentes o fogo parece levar a melhor. O país encontra-se em alerta laranja: as temperaturas elevadas, o vento, que vai aumentado com o ar aquecido pelo próprio fogo, a falta de limpeza dos terrenos são os principais factores que dificultam esta batalha.

Há já infraestruturas consumidas, sem contar com a imensidão de verde que já nem para pasto servirá nos próximos anos.

Um dos moradores fala da perda de caixas de abelhas. De como as tentava salvar, usando baldes para apagar as chamas. De como estas reapareciam sempre um pouco mais abaixo, alimentando-lhe a suspeita de fogo posto.

Neste preciso momento, no site da Autoridade Nacional da Protcção Civil, apenas 3 distritos não são cenário de incêndios rurais.

Notícias confirmam que a origem de dezenas destes incêndios foi mão criminosa.

Outros tantos se não mais ainda, terão origem na negligência: a lei especifica, por exemplo, que os proprietários têm até 15 de Abril para limpar os terrenos florestais num raio de 50 metros em redor dos edifícios. Especifica também como se limpa, e os cuidados a ter ao se optar pelo método de queimada, visto que facilmente uma se transforma num incêndio incontrolável.
Também já fomos informados e educados através, se não do senso comum, de inúmeras campanhas de sensibilização sobre ser proibido fumar ou atear fogo nas florestas, de como não se devem largar beatas, nem deixar lixo.

Agosto está mesmo no início, e se já foi por água abaixo a minha esperança de termos uma época calma a nível de fogos, rezo que este ano ninguém perca a vida.

Preparo-me para concluir. Entretanto reinicia o enésimo noticiário e o número de incêndios aumenta. Continua-se a falar de destruição.

As estações passam. Transitamos dos incêndios para as cheias, das cheias para os incêndios. Todos os anos repetimos os mesmos discursos, que agora é que é, havemos de prevenir, limpar as matas, dar mais apoios aos bombeiros, limpar os algerozes para não andarmos com água pelas canelas.
Como S. Tomé, acreditarei quando vir.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

coisas da casa: Que casa vos calharia?


Já expressei por aqui, diversas vezes, o quanto gosto de Arquitectura, e de como me imagino, um dia, a pensar uma casa de raíz, a decidir todos os seus pormenores.

Até lá, de vez em quando, gosto de me divertir visitando alguns sites de plantas de casas.
Acaso ou não, todos os sites de género, (e já perfazem quase uma meia-dúzia), que já visitei são norte-americanos.
Regra geral funcionam todos de forma similar: o visitante tem à sua disposição inúmeros critérios para o ajudar a encontrar a casa que vá de encontro aos seus desejos, desde os básicos como o número de quartos, casas de banho, área, andares, tipo de lote e topografia deste, até tantos outros como o estilo arquitectónico, (há muitos e variados que vão desde os estilos típicos de cada estado americano, ao estilo europeu, mediterrâneo, etc), a características consideradas especiais como suites com walk-in closet, despensa, quartos separados ou não, terraços, pátios, alpendres e afins.

Escolha não falta!

Encontrada a casa ideal, o site espera que o visitante se torne cliente adquirindo as plantas, e alguns serviços de arquitectura opcionais caso deseje fazer modificações.

Como exemplo, fui ao site da Architectural Designs e procurei por casas com 3 quartos, com master suite no primeiro andar, "butler walk-in pantry", quartos separados, da colecção "small houses". Deu-me 15 resultados, alguns bem simpáticos.
Não consigo copiar as imagens, mas deixo-vos o link aqui.

Outro site é a Houseplans e como deste já consigo colocar aqui alguns exemplos, deixo-vos com algumas das casas que me agradaram mais.


Modelo 1



Apaixonei-me por aquele pormenor da torre, que vista do interior é assim:


Modelo 2: Adoro esta do estilo Craftsman



Modelo 3: Uma casa com muita luz








terça-feira, 2 de agosto de 2016

cromices #133: O meu consultor de moda é melhor que o vosso!



O meu consultor de moda, que é obviamente melhor que qualquer outro, anda de bata branca e chama-se "dótôre", e jurou-me que não havia nada mais fashion para este Verão que andar com meia elástica até ao joelho.
Após ponderação optei por um modelito em tom beige vintage aberto nos dedinhos, que é para poder, obviamente, partilhar com o mundo a cor do verniz a fazer pandam com o outfit.






quinta-feira, 28 de julho de 2016

Quando os homens falam de amor #70






coisas que gosto: Das boas surpresas



Nestes últimos dias telefonei a uma amiga e tivemos uma boa conversa. Cruzei-me por casualidade com outra amiga que não via há uma vida, e ainda recebi a visita de uma terceira amiga, o que faz com que tudo tenha sido bom ao cubo!

Nem todas as surpresas são boas, mas destas gosto e muito! Esta troca de abraços deu-me uma energia! Upa upa!

Uma das coisas maravilhosas de reencontrar amigos que conhecemos há uma vida é que a nossa idade não interessa. Bastam dois minutos para estarmos a gargalhar e a mandar piadas como se estivéssemos de volta aos nossos 15 ou 20 anos.



quarta-feira, 13 de julho de 2016

cromices #132: Minudências, incertezas e introversão ou "radio silence"



Já é, no mínimo, a terceira vez hoje que olho especada para o telemóvel.

Apetece-me ligar a uma amiga. Já passou algum tempo e tenho saudades de lhe ouvir a voz. Mais saudades tenho de a apertar num abraço, de a ver à minha frente. Mas de momento contentava-me com a voz.

Sinto-me estúpida nesta incerteza se lhe ligo ou não. Ou melhor, quando lhe devo ligar.
Olho para o relógio e sem perceber coisa alguma, questiono-me se será hora de trabalho, de refeição, banho, infantário, penico e sei lá, todas as quinhentas mil atribulações diárias de quem tem filhos.

A verdade é que com filhos pequenos nunca há boas alturas, momentos parados. Mesmo que não se veja, dá para ouvir e sentir toda aquela correria, o zunzum em pano de fundo que nos começa a contagiar. Como não queremos mesmo incomodar, nem parecer aquela amiga que parece não compreender as implicações e atribulações de se ter crias, troca-se a habilidade de outrora de manter um diálogo sereno e ruminado, por telegramas cantados compostos por frases curtas, verdadeiros textos de contracapa do livro da vida. Resumo resumido sintético.

É nestas pequenas coisas da vida que os filhos da puta dos extrovertidos nasceram com o cuzinho virado para a lua: quão mais leve deve ser a puta da vidinha quando nem nos ocorre ralar com minudências como horários, e se é uma boa hora, e se vamos incomodar, e se vamos acordar a criança, e se, e se, e se, e se...

É que nós, os introvertidos, somos um bocado à moda antiga. Temos falta dos modos que caíram em desuso há já muito tempo. Que cada vez que entramos a medo, com pezinhos de lã, pois detestamos incomodar, expirando um "É uma boa altura?" do outro lado surja um vigoroso, extrovertido e reconfortante "Por quem sois?! Claro que sim!", mesmo que seja mentira.

Portanto, cá para estes lados, meus amigos, ler o silêncio como desamor é perder o mundo numa pobre tradução.









terça-feira, 12 de julho de 2016

coisas de opinar: Anita comenta o Euro 2016



Quem me conhece minimamente sabe que, usualmente, sou daquelas pessoas totalmente avessas à cultura futebolística. Não sou de tal forma entusiasta que nem tenho um clube favorito e mal conheço os desportistas.
Basicamente é porque não tenho um pingo de pachorra para com discussões ou conversas sobre rivalidades clubísticas, ou para com a forma como há quem aproveite o contexto da festa desportiva para extravasar através de comportamentos excessivos e negativos, que vão desde a agressão física e verbal, ao consumo excessivo de álcool. O hooliganismo é dos comportamentos que mais nojo me mete.

No entanto abro uma excepção quando se trata da selecção nacional.

Quando um qualquer indivíduo ou equipa representa, numa qualquer competição internacional, as cores do seu país, não só incorpora os valores associados a essa prática desportiva, como se torna um símbolo nacional, tal como a bandeira, o hino, a figura do Presidente, etc.

Tendo sido a França o país anfitrião deste Euro, país de acolhimento de mais de 1 milhão de portugueses e onde reside a maior comunidade de emigrantes portugueses, foi impossível não perceber, através das imagens colhidas pelos repórteres, a grande importância dos símbolos nacionais, especialmente para os nossos emigrantes.

A nossa diáspora é imensa. Duvido que haja mais que uma mão de famílias portuguesas que não tenha ou não teve alguém emigrado. Logo, a empatia para com aqueles que se encontram fora do território nacional é muito fácil e poderosa.

Embora não perceba rigorosamente nada de futebol - sei o que é um penalti e ficamos por aí, - atrevo-me a apresentar-vos uma lista dos pontos negativos e positivos deste Euro, segundo moi-même.

Do que gostei:

- Cada discurso da nossa selecção servia para dar ênfase ao valor da equipa e do trabalho em grupo. Quando era mais que comum ver um qualquer jogador a dirigir elogios aos colegas. Da crença na vitória.

-  Das boas claques, como a irlandesa e a

- Da nossa vitória, como é óbvio, e da imensa festa de celebração.

- De ter sido uma época fantástica para o desporto nacional, também com grandes vitórias no atletismo, na canoagem, no ciclismo.


Do que não gostei:

- De como os adeptos ingleses e russos personificaram o que de pior existe no futebol. Os ultras polacos também foram repugnantes, e os franceses não foram melhores.

- Do mau jornalismo. O exemplo francês não foi o único, mas o uso da expressão "dégueulasse" ficará na memória como um momento muito infeliz e pouco profissional da parte de quem se diz ser um jornalista.

- Do mau perder dos franceses. Eu que não percebo nada de futebol, lá fiquei à espera que, após a final, os jogadores franceses engolissem as emoções por uns momentos, se endireitassem e fossem cumprimentar o adversário, numa demonstração, por mim esperada, de fair-play, cordialidade e profissionalismo. Nunca aconteceu. Uma pena.


Nunca encontrei utilidade no futebol. Desta vez pensei de forma diferente.

O nosso Presidente, o Professor Marcelo, disse, no dia da vitória da equipa portuguesa que no dia seguintes os emigrantes iriam para os seus locais de trabalho "20 centímetros mais altos", imunes à sobranceria com que são olhados, há décadas, pelos cidadãos franceses.
Há comentadores experientes e entendidos que se recusam, e muito bem, a retirar elações para além do jogo, mas na verdade houve muito boa gente que se apropriou dos acontecimentos do Euro como uma analogia da vida real.
Como se o futebol fosse a vida, e houvesse quem, olhando para nós, se lembrasse de nos adjectivar como "dégueulasse", nojentos, asquerosos, pequeninos, irrelevantes.

Depois foi um momento tipo David e Golias. Talvez um dia aprendam que dégueulasse é não saber perder, é a ausência de fair-play, de desportivismo, de humildade.

E como os pequeninos afinal são grandes, imensos, não haveria imagem mais perfeita e simbólica de tudo isto do que o pequeno miúdo português a consolar o adepto francês.






E hoje, em que a festa deu lugar ao tema de novas sanções a Portugal e Espanha, gostaria que continuássemos em jogo, a trabalhar como equipa, a elogiar o colega, a acreditar na vitória, e a mostrar uma tremenda empatia para com todos aqueles que se cruzam connosco, mesmo que nos olhem de cima. Especialmente quando nos olham de cima. Esta é a grandeza de ser pequeno.




quarta-feira, 6 de julho de 2016

cromices #131: O cromo toca sempre duas vezes ou o elogio à besta



Ontem, passado um dia que começou ainda antes das 4h da manhã, depois de jantar estávamos mais mortos que vivos, prontinhos para um serão descansado e uma noite de sono reparadora.

O relógio marca 22h quando tocam à campainha.

Na verdade nem era necessário estar a pé desde madrugada para isso ser visto como um inconveniente. Quem me conhece, inclusive que visita aqui o estaminé, já sabe que se há coisa que acho maçadora é ser abordada em casa, especialmente quando se tratam de vendedores porta à porta, ou pessoas que devem pensar que o prédio tem porteiro.

Se noutros contextos sou amável e cordial, neste sou totalmente o oposto. Simplesmente por falta de paciência. De vez em quando ainda surge um ou outro momento em que penso, cá para os meus botões, que me devia esforçar um bocadinho por ser menos besta. Mas depois aparecem-me umas criaturas particulares que me fazem pensar que ser besta não é assim tão mau. Quando muito é um mal necessário.

Onde íamos? Ah sim. Pois bem, tocaram à campainha, e o cão desata a ladrar desenfreadamente como acontece sempre que tocam à porta.
Abro a janela e chamo a atenção da figura à frente da porta do prédio a quem só vejo os sapatos:

- "Sim? Faça o favor de dizer!"

O homem olha perdido para a fila de janelas.

- "Estou aqui, senhor! Boa noite. Faça o favor de dizer."

- "O senhor Fulano?"

Demorei uns segundos a reconhecer quem procurava.
- "Enganou-se na campainha. Não é aqui que mora o sr. Fulano."

Ficou a olhar para mim com cara de tacho. Suspiro.
- "Qual é a do sr. Fulano?"

- "O sr. Fulano mora no X." - Despeço-me rapidamente e ia voltar para dentro quando...

- "E qual é a campainha?"

Suspiro novamente: " Oh senhor, é a que diz X."

- "Ah, não sei qual é!"

- "Não tem que saber, fica  ... da minha. Onde tocou por engano. É só procurar."

- "Mas eu já não sei onde toquei." - lamuria-se, e eu a revirar os olhinhos, a pensar que só me faltava esta agora.

- "Oh senhor, é a campainha do lado ... na fila ....." - E ele a olhar para mim ao vez de olhar para o intercomunicador, o que me estava a dar cabo dos nervos" - "Siga as minhas indicações, campainha X na fila Y!"
Lá se dirigiu finalmente à geringonça. Volta a tocar na minha campainha, o cão desata outra vez a ladrar e eu já com vontade de largar umas caralhadas, - "Ao lado, senhor, ao lado!"

Depois cheio de lata sai-se com "Se me abrir a porta é mais fácil."

- "E o senhor por acaso sabe qual é a porta da casa do sr. Fulano?"

- "Não. Mas depois eu bato às portas."

- Olhe, sabe que mais? Continue a experimentar as campainhas". E voltei para dentro. Definitivamente. Ignorando as duas ou três vezes que aquele "senhor" ainda voltou a tocar à minha campainha.


Juro-vos que já estive mais longe de desligar a minha campainha. Silêncio absoluto. Não fosse o carteiro e a chegada de algumas encomendas...