quinta-feira, 24 de março de 2016

cromices #122: Pelo sim, pelo não.


Uma das grandes vantagens de ter um animal, estando em casa, é que passei a ter alguém com quem conversar a qualquer hora. A vantagem de se conversar com um animal não humano é que nunca seremos brindados com uma qualquer tirada que nos ponha os cabelos em pé, ou nos faça revirar os olhos. Uma cauda a abanar, um olhar atento, um menear de orelhas, valem muito mais.

Converso com o Kiko sobre tudo.

No outro dia dialogávamos sobre evolução das espécies e reencarnação.

A coisa saltitava entre dizer-lhe o quanto os polegares são o máximo, enquanto lhe mexia nas patas. "A sério, no futuro, vocês vão adorar ter polegares. Garanto-te que nunca mais quererás agarrar nada com a boca."

Que nesse futuro longínquo serão certamente os cães e os gatos as próximas espécies a substituírem os humanos no domínio do planeta. E que farão melhor trabalho que nós. Bastará manterem o coração puro como hoje, deixarem de olhar para o cócó como um grupo alimentar, aprender a usar o wc e arranjar um cumprimento um pouco mais educado que cheirar rabos.

Eu que procuro sempre fugir da melancolia, não consegui evitar um pensamento sobre o quanto a vida dos cães é curta. Lembrei-me da história de Chico Xavier e da sua cadela Boneca e pensei que não será má ideia ensinar-lhe uma qualquer palavra, qualquer coisa, que nos permita reconhecermo-nos no futuro, noutro espaço, tempo e lugar. Noutra vida. Noutro plano, até. Pelo sim, pelo não...

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