quinta-feira, 19 de outubro de 2017

coisas de pensar: Da bipolaridade lusitana



Um destes dias andávamos nós, humana e cão, perdoem-me a redundância, nas andanças do costume.
O canito decide finalmente aliviar-se. Para tal escolhe um pedaço de terra paralelo ao passeio que não sei adjectivar de melhor forma. Tem uma árvore e algum verde, mas não é canteiro porque não está tratado. Está pejado de trampa de outros cães e lixo humano.
Mas não se pode ser esquisito quando queremos que sua Excelência finalmente ganhe o ímpeto de se aliviar, para podermos ir descansados para casa. Então lá vou, pé ante pé, de saquinho na mão para apanhar a trampa do meu cão, quando pelo nesga do olho vejo uma das senhoras com que por vezes nos cruzamos.

Esta pára para nos cumprimentar, enquanto eu continuo no meu movimento contínuo e faço o que tenho a fazer.

Parece surpreendida pela minha acção, (como se não fosse algo que repetisse todo o santo dia), e diz-me que deixe estar, que não apanhe, que ali não faz mal e que até faz bem às plantinhas (onde andam estas?!). E eu uso da maior síntese para responder que faço questão de apanhar, que não gosto, e que não , não faz bem às plantinhas, e quem me dera que todos cumprissem com o seu dever.

Senhora apressa-se a concordar, com um enfático sim, que somos muito porcos, que na Suiça é que é!

Assim passámos, em 10 segundos, de apelar ao não cumprimento da lei, ao deixar andar, para o discurso do lá fora é que é, eles são perfeitos enquanto por aqui somos uma turba que não cumpre.

Vim para casa segura que me tinha cruzado com a personificação da nossa sociedade.



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