terça-feira, 28 de novembro de 2017

Vida de cão: O primeiro milagre do Natal.



Desde há uma semana para cá que o Kiko se deita calmamente no sofá, totalmente descontraído, para uma rápida passagem com o secador após a lavagem de patinhas e "partes" que ocorre a seguir aos passeios.

O secador é um instrumento sazonal, usado com regularidade somente com a chegada do frio.

Até à data, o comum era vê-lo em grandes corridas pelo sofá, a ladrar para o secador.
Como não houve qualquer acção da nossa que motivasse esta mudança de atitude, então só pode ser milagre natalício.

Como a cavalo dado não se olha o dente, obrigada, Pai Natal.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

cromices #155: Já há muito tempo que não fazia uma destas...


E com isto refiro-me a uma imensamente constrangedora "figura de ursa". O contexto, é claro, só poderia ser as caminhadas com o Kiko.

Vá, confessem, já estava a ser estranho passar tanto sem uma destas, né?

Na verdade, tem andado tudo pacífico por aqui. Vive-se uma harmonia feita de cedências de todos os lados: eu esforço-me por ser menos paranóica; talvez seja impressão minha, mas parece-me que as pessoas também parecem preocupar-se mais em não deixar os seus cães ao deus dará, pelo menos com a frequência que antes acontecia, etc, o que só me faz sentir não só muito mais descontraída e feliz, como grata pelo respeito.

O que não impede que pontualmente não ocorra uma daquelas situações caricatas. E na realidade, "caricato" é algo com que eu lido extremamente bem. "Caricato" é um desfecho maravilhoso, mil vezes melhor do que trágico, desagradável, infeliz.

Então hoje quando íamos a subir a rua do costume vejo ao longe um/a boxer à solta a trotar na nossa direcção. Olho, olho, e não vejo humano algum nas proximidades, o que faz com que o meu cérebro accione o botão de alerta vermelho.
Antes que dessem um pelo outro agarrei no Kiko ao colo, e fiz uma "inversão de marcha", com a atitude mais calma e leve que me foi possível.
A meio da rua deparei-me com um vizinho que havia cumprimentado há minutos. Calculei que aquela velocidade, mesmo com algumas paragens para chichis, não tardaria muito a ter o outro bicho colado aos calcanhares.
O vizinho tinha o portão aberto - estava a dar uma mangueirada no carro. Com uma grande lata perguntei-lhe se lhe podíamos invadir o quintal, e o porquê. Simpático como sempre deixou-nos à vontade. Felizmente bastou um par de minutos para que o outro cão perdesse o interesse e voltasse para trás.


Quando os homens falam de amor #80




terça-feira, 21 de novembro de 2017

Coisas de pensar: Existe alguma fórmula para um salário justo?


A justiça salarial é uma causa que vale a pena, por todo um mundo de motivos.
A necessidade de reflectir e agir sobre este subsistirá enquanto o salário mais baixo praticado no nosso país tiver um valor que não permite ao assalariado uma vida independente e digna.
O que se quer, para começar, é que quem aufere o salário mínimo tenha a capacidade de se sustentar plenamente através do fruto do seu trabalho, sem a necessidade de receber ajuda de terceiros, seja a cara metade, família ou Estado.
Sem desigualdades salariais motivadas por diferença de género ou quaisquer outras que não fazem sentido, já agora. Diminuir o fosso entre os salários mínimo e máximo praticados também seria de valor.

No entanto, a justiça salarial não se conquista pagando o mesmo valor a todas as pessoas, mas usando uma fórmula composta por vários factores, aplicando-a caso a caso, para encontrar o valor mais adequado a cada um.

- O primeiro factor é demasiado óbvio, mas mesmo assim deve ser referido: o horário. Quem trabalha 40 horas há-de receber mais do que alguém que trabalha 20.

- O segundo factor é a experiência, o tempo já investido no desempenho daquela função. Há palpáveis e importantes diferenças entre quem só agora começou num qualquer emprego e alguém com anos de experiência no mesmo posto, e isso tem que ser expresso numericamente.

- O terceiro factor recai sobre a diferença entre horário diurno e nocturno. A ciência defende que trabalhar durante a noite causa o caos no metabolismo, e caso seja uma situação prolongada, pode derivar em problemas de saúde, como aumento da probabilidade em se sofrer de diabetes tipo 2, obesidade e ataques cardíacos. Nada mais justo que compensar adequadamente quem labora à noite.

- O quarto factor tem a ver com risco e desgaste. A forma mais simples e sucinta de explicar este ponto é através de exemplos. Um locutor de rádio não corre profissionalmente os mesmos riscos que um bombeiro, um polícia, um repórter de guerra, um profissional de saúde que lide com doenças infecto-contagiosas, etc.
Da mesma forma, um nutricionista não terá um profissão considerada de desgaste, por não implicar uma exposição a um grande nível de stress, como acontecerá a um militar em cenário de acção ou um corretor de bolsa;  não está sujeito às condições ambientais de um mineiro ou pescador; não tem que esforçar a vista como uma bordadeira; não tem que forçosamente passar o dia em pé, ou sentado, ou numa constante repetição de gestos e manipulação de pesos que acabam por dar origem a problemas de saúde como acontece com uma imensa massa de profissionais desde operários fabris, funcionários de comércio, escritórios, hotelaria, restauração, desportistas, bailarinos, entre outros.

Cabe também nesta alínea o sentido de responsabilidade acrescido inerente a várias profissões, devido à exigência destas, e aos riscos podem existir para o profissional e terceiros caso este não esteja capaz de uma boa performance. Para clarificar, os cirurgiões são um exemplo, assim como os pilotos de aviação, motoristas de transporte de pessoas, etc.


- O quinto ponto relaciona-se com a preparação do indivíduo para exercer determinada função, com o conhecimento que teve que adquirir, com quanto da sua vida e da sua energia investiu para tal.
Bastará dizer que um barista, mesmo que prepare o melhor café do mundo, saiba tudo e mais um par de botas sobre o tema e seja a pessoa mais simpática no atendimento ao cliente, nunca poderá auferir tanto quanto um neurocirurgião, simplesmente porque este estudou 12/14 anos para alcançar o estatuto de médico especialista, e continua a ter a necessidade de se manter ao corrente.

- O sexto e último ponto tem que a ver com mérito, com recompensar o indivíduo que destaca pela excelência, o brio, a qualidade, a paixão, aquele que consegue fazer muito bem dentro do seu horário. Incentivar às boas práticas, motivar a existência de bons desempenhos e boas qualidades humanas, motivar, não deixar passar despercebido o que é bem feito.
As empresas não se podem ficar pelos habituais discursos em que exigem melhorias, aumentos de produtividade, mais empenho e melhores resultados. É obrigatório, por 1000 motivos, dar um feedback positivo a quem o merece.


Acredito que esta meia dúzia de pontos quando combinados perfazem de forma pertinente a tal fórmula para esmiuçar um salário justo.



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

caixa de ressonância






coisas que me irritam: Um par de manias que dão comigo em doida


Ninguém é inocente no que toca a hábitos e manias. Todos fazemos coisas que conseguem irritar alguém, dependendo de qual seja o seu ponto sensível.

Quais são as manias alheias que mais vos irritam?

Assim por alto ocorre-me imediatamente um par.

Uma delas tem a ver com o meu marido, e o seu hábito de pousar as coisas à beirinha das bancadas, mesas, prateleiras ou qualquer que seja a superfície, qualquer que seja o objecto, desde copos, a telemóveis, etc. É algo que me dá cabo dos nervos porque dá-me aquela sensação de desconforto, de acidente prestes a acontecer.

Mesmo assim esse está longe de ser o que mais me irrita. A medalha de ouro vai indubitavelmente para aquelas pessoas que não sabem respeitar o espaço pessoal, que quando estão a conversar com alguém se vão aproximando do interlocutor até ficarem quase colados, tipo siamês. Então se também forem daquelas com a mania de tocar, agarrar e mexer em nós enquanto falam... ui, credo!


domingo, 5 de novembro de 2017

coisas de comer: Solas de sapato nunca mais!



Para garantir que todos os bifes são servidos tenros, independentemente do tipo de corte, adquiri o hábito de quando os retiro do frio para fiquem à temperatura ambiente antes de serem cozinhados, rego-os com vinagre de fruta, e ali os deixo ficar cerca de 15 minutos a meia-hora.

Os ácidos reagem com a estrutura molecular da carne e acabam por amaciá-la, torna-la mais tenra.

Enquanto a frigideira aquece, (porque deve estar bem quente antes de receber a carne, alguma gordura ou qualquer coisa), rego os bifes com algum azeite, alho em pó, uma pitada de sal, pimenta, e qualquer erva aromática que me apeteça e massajo-a.
A frigideira não tem nada a não ser uma pitada de orégãos (por exemplo) e uma folha de louro. Quando começo a sentir o aroma destes é sinal que está quente.

Viro os bifes somente 2 ou 3 vezes. Depois de selados de ambos os lados, adiciono um pouco de manteiga, um pouco de sumo de limão e esfrego com as costas de uma colher um pouco de mostarda na superfície destes antes de os virar a última vez. (Esta é somente uma das muitas sugestões possíveis).
Viro-os somente uma vez mais para que fiquem envoltos nesse molho, retiro-os para o prato e se for necessário deixo o molho engrossar por mais uns segundos.

Não aprecio o sistema de martelar a carne. Aliás a suposta crença que martelar a carne vai torna-la mais tenra não passa de um mito, e um erro culinário. Ao fazê-lo estamos somente a destruir as fibras da carne e retirar-lhe os sucos, logo a ajudar a que esta fique mais seca e rija.

Também gosto de usar vinho tinto em carnes para assar porque tem o mesmo efeito. Para o sabor não ficar assoberbante resulta bem uma marinada que consiste em sumo de laranja com vinho tinto, ervas e alho. Quiçá até um pau de canela que acrescenta uma nota de alguma complexidade e calor bastante agradável ao paladar. E esta pode ser aproveitada para regar a carne e dar origem a um bom molho. Esta marinada também resulta muito bem com seitan, quando o queremos assar.

A regra do uso dos vinhos em marinadas é simples: brancos para carnes brancas, tintos para carnes vermelhas. E se não for suficientemente bom para beber, então decididamente não é bom para cozinhar.

O uso de sal também requer cuidados: a carne deverá somente ser temperada momentos antes de ser cozinhada ou durante este processo. Adicionar sal antes apenas vai contribuir para que a carne perca a sua humidade, seque.