segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Vila d'Ana #2



Se viajassem de comboio, em Vila d'Ana haveria uma estação à antiga para vos receber.

De preferência uma das muitas que estão um pouco por todo o lado, desactivadas, à espera de uma segunda vida.

Pois bem, lá estaria ela, com o seu traçado arquitectónico de finais do séc. XIX, os seus beirais, forrada a tradicionais painéis de azulejo, envaidecida dos trabalhados pormenores em ferro forjado, vidraças, cantarias em pedra, gessos decorativos, e do seu enorme e fidedigno relógio.
Embora não fosse o único a pautar a pontualidade das composições, imagino o maior dos relógios da nossa estação alojado numa torre, casa partilhada com um ninho de cegonhas.





Não se deixem enganar pelo valor histórico e beleza vintage das suas instalações: a estação de Vila d'Ana teria ao dispor todos os sistemas modernos de telecomunicações, segurança e sinalização.

Contudo, ao contrário do que a modernidade significou em muitos outros locais, na nossa Vila isso não significaria a extinção de postos de trabalho como chefe da estação, guarda, ou funcionários das bilheteiras. Porque não há máquina alguma que substitua ou apague a importância da interacção humana, especialmente quando estamos no papel de utentes e precisamos que nos forneçam informações ou nos prestem algum tipo de apoio.

A estação ferroviária seria, sem dúvida, um dos ex-libris da Vila, não só pelo valor estético, mas sobretudo por reunir uma série de serviços, essenciais tanto a habitantes como a visitantes, cujo facto de estarem reunidos no mesmo espaço se torna uma mais-valia em si, beneficiando até o utente que simplesmente espera pelo comboio.

Falo da presença de um Posto de Polícia, (cuja presença tem vantagens que dispensam qualquer explicação), ao Posto de Turismo, zona de cacifos onde se pode guardar a bagagem, Padaria aberta 24 horas por dia, acesso a uma unidade hoteleira, e por fim, aos túneis que dão ligação a vários pontos da Vila, e onde ao longo destes se podem encontrar mais ofertas a nível de comércio e serviços.




quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Vila d'Ana #1


Vila d'Ana é o meu lugar imaginado, portanto não só leva o meu nome - por falta de melhor inspiração no momento, embora até nem soe mal, como tudo neste tem exclusivamente a ver com o meu gosto e as minhas convicções.
É um lugar abstracto, o compêndio de todas as ideias, e cadinhos que fui apanhando aqui e ali, cuja soma forma a ideia de um lugar que gostaria que fosse real, e onde penso que gostaria de viver.

A melhor maneira de chegar a Vila d'Ana seria de comboio. De preferência a bordo de uma das novas composições não poluentes, com motores movidos a hidrogénio, como os Coradia iLint, de fabrico alemão que transitam na Baixa Saxónia desde este ano.

A grande, imensa vantagem destes novos comboios é que emitem apenas vapor de água para a atmosfera, o que significa zero poluição e, ainda são mais silenciosos que os comboios convencionais.

Houvesse forma de unir esta tecnologia amiga do ambiente a um comboio réplica do Hogwarts Express, (cuja designação no "mundo real" é "The Jacobite"), e seria ouro sobre azul.






Haveria melhor forma de começar ou terminar o dia, do que partir ou regressar a Vila d'Ana a bordo de algo assim, enquanto se toma um café, chá ou chocolate quente e se desfruta do cenário?!


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Coisas que diria a uma criança #2



Não dediques à televisão e às redes sociais mais que uma pequena fracção do tempo que dedicas à leitura.

Não vivas através das lentes e dos gadgets. Vivencia as experiências com os sentidos: observa, cheira, toca, saboreia, ouve. Assimila o que estes te dizem.  Só assim se desfruta, se vive e se criam memórias. Depois, e só depois, tira uma foto ou duas.

Canta, dança, desenha, pinta, escreve, etc, mesmo que aches que não o saibas fazer muito bem. A arte não existe para ser perfeita, mas para ser uma forma de expressão criativa e uma fonte de alegria e bem estar para todas as pessoas. Para além disso, é um dos poucos cenários na vida em que não precisas preocupar-te minimamente com o resultado final.



segunda-feira, 8 de outubro de 2018

coisas de pensar: Óbidos e a Eurodisney




Ontem, quando fazíamos um zapping entre os programas noticiosos na esperança de encontrar mais notícias sobre o incêndio na serra de Sintra, ao invés de alguém a falar de "bola", (que é coisa que cá por casa não suscita interesse, e honestamente, a meu ver, houvesse bom senso e não teria lugar nos programas noticiosos, mas sim naqueles dedicados ao desporto), demos de caras com a simpática figura de uma habitante da vila de Óbidos, maravilhosa pérola do nosso Portugal, que desabafava que hoje em dia não se encontra na vila quem satisfaça as necessidades básicas de quem lá habita, visto que é tudo virado para o Turismo.

Ora bem, o Turismo quando vivido com sustentabilidade, com "conta, peso e medida", é uma prática maravilhosa que resulta numa série de benefícios, tanto para quem visita como para quem é visitado.

Aliás, é uma prática que só tem cabimento se se converter numa melhoria da qualidade de vida de quem já habitava aquele lugar. Porque quando os nativos de um qualquer lugar passam para segundo plano em detrimento dos turistas, quando as decisões tomadas tornam a vida do quotidiano mais complicada, se não impossível, estamos a transformar aldeias, vilas e cidades em parques temáticos, em atrações turísticas como a Eurodisney e outros tantos, lugares feitos para se visitar mas nunca para serem habitados, onde quem lá resiste não é mais que um figurante.