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segunda-feira, 10 de julho de 2017

cromices #150: Arigato, merci, thank you



Uma pessoa adapta-se a tudo, inclusive a contornar situações que só sucedem a quem vive numa zona considerada turística.
Em passeata nocturna com o Kiko pela zona do centro histórico, (onde as ruas não são ruas, mas vielas estreitas de declive acentuado, forradas numa calçada portuguesa tão luzidia e encerada pelos milhares de pés que a atravessam que são um autêntico escorrega, cuja travessia com cão exige já um nível proficiente de destreza se o objectivo não for derrubar turistas aos magotes, como numa partida de bowling humano), a pessoa vê a alguns metros de distância que a estreita via está intransitável. Bloqueada por um tampão de gente, de dezenas de turistas, que não andam nem deixam andar.

Uma pessoa ainda fica ali parada uns instantes, com a esperança que alguém perceba que tem que se desviar. Mas não, é pedir muito.

Como uma pessoa quer e tem que passar, pois quanto mais tempo na descida encerada aumenta em muito a probabilidade de perder um par de dentes, há que ser despachada. Então quase sem qualquer esforço da minha parte para fazer uma voz sonante, que tenho bons pulmões e devo ter engolido um microfone, solto um "com licença, excuse me, excusez-moi, dá um jeitinho" - assim mesmo, de rajada, enquanto vou furando a multidão.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

Costumes portugueses que os turistas acham estranhos #2



A toponímia em Portugal, especialmente no que toca a ruas, pracetas, estradas, avenidas e que tais, recorre-se frequentemente dos nomes de alguns ilustres que passam a ser, em seu reconhecimento, nomes de lugar.

Até onde habito as ruas foram nomeadas em memória de poetas, pintores, dramaturgos...
Tudo muito bem, que é um hábito salutar fazer por manter presente na memória os que se evidenciaram por mérito ao longo da nossa História.

A coisa torna-se é confusa e contrária à primária função de dar nomes aos arruamentos e lugares, que há-de ser a da orientação, quando num pequeno raio geográfico os nomes se repetem.

Graças a isso já não é a primeira vez que me cruzo, durante os rotineiros passeios com o Kiko, com turistas estrangeiros que vindo à procura do Palácio de Seteais para fazer o check in, se deparam numa rua suburbana, tranquila, onde não há qualquer vestígio de um palácio.

Hoje foi um casal de meia-idade francês que me abordou perdido. E eu que não falava francês há cerca de vinte anos lá os enviei até meio caminho. Que parassem o carro e pedissem novamente informações. Ainda lhes fiz um croqui.

Quando cheguei a casa ainda telefonei para o Hotel. Avisei-os que se estiverem à espera de clientes com tais características que façam os possíveis por contactá-los, pois provavelmente andavam perdidos.
A recepcionista confirmou que era habitual enganarem-se e virem parar aqui, ao meu burgo.

E eu já estou à espera dos próximos turistas, fáceis de topar, pois estarão com um papel na mão, estupefactos ora a olhar para as moradias da rua ora para o tal papel, à procura de qualquer semelhança com o Palácio.

Continuarei a fazer o meu papel de boa samaritana. Talvez comece a andar com as coordenadas gps do Hotel. E ao décimo turista vou lá cobrar a comissão.