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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Desejo de ano novo #7: Cuidar dos Cuidadores, Parte 1.
Se há realmente um ponto comum que nos une é que, todos nós, sem excepção possível, necessitamos de cuidados. Seja quando nascemos, durante a infância, na doença e na velhice. Alguns, infelizmente, têm deles necessidade por toda a vida, seja por incapacidade física, psicológica ou intelectual.
Que seria de qualquer um de nós se não existisse quem abraçasse esse papel de cuidador e nos providenciasse as atenções necessárias?!
Da mesma forma, haverá pelo menos um contexto na vida, em que qualquer um de nós será chamado a vestir o papel de cuidador, seja para os filhos, para os pais, para a cara-metade, para outra qualquer pessoa ou até animal...
É raro que o ser humano, (não interessa o contexto geográfico, histórico ou qualquer outro), envergue outro papel que seja tão abrangente, necessário e fulcral como é o de cuidador.
Por isso, é no mínimo bizarro, estúpido e contraproducente que os prestadores de cuidados sejam tão ignorados e forçados a viver uma realidade tão estéril em apoio, compreensão e empatia. Não só por ser uma realidade que inevitavelmente baterá a todas as portas, mas também por ser das funções mais exigentes e fatigantes emocional e fisicamente.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
cromices #116: As galinhas, senhores, as galinhas!
O meu avô João, embora já não trate dessas coisas, sempre teve um enorme dom para a flora. O meu avô Francisco tinha igual dom, mas para a fauna.
Se, em grande parte, a explicação para o que somos estiver na genética, talvez o meu amor pelas coisas verdes e os animais seja uma herança. Talvez por isso dê por mim a fantasiar, com mais frequência do que deveria, numa vida com prados, jardins e bichos.
A casa da minha ama tinha um grande quintal. Nele existiam oliveiras que davam para trepar, um pomar com árvores de citrinos onde também cresciam azedas, horta, um cão, e um enorme galinheiro.
Numa época em que a televisão não era grande entretém, nem existiam consolas nem nada que se parecesse, quando não tinha a companhia de algum miúdo da vizinhança com quem fazer tortas de lama ou andar de trotinete, passava o tempo em frente ao galinheiro, a cantar e a dançar para as galinhas.
Delirava quando conseguia prender-lhes a atenção e se punham a olhar para mim, naquele menear de cabeça típico.
A minha avó Maria contava como, todos os dias, à mesma hora, o seu bando de galinhas saía do quintal e subia a rua para esperarem o meu avô e acompanhá-lo até casa.
Essa história alimentou em mim a crença que as galinhas não são estúpidas como a maioria das pessoas acredita.
Gosto imenso de galinhas e mal posso esperar para um dia viver num espaço onde finalmente as possa ter como animais de estimação.
A minha escolha irá recair nas raças autóctones portuguesas como a Pedrês, a Preta Lusitânica ou a Amarela do Minho. É necessário sensibilizar os criadores para as raças portuguesas, em especial quando a Pedrês está em risco de extinção, falando-se da existência de apenas 2000 fêmeas de raça pura.
Adoraria criá-las desde o primeiro momento de vida, treiná-las como se faz com os cães, dar-lhes a capoeira mais luxuosa e confortável de sempre, baptizá-las com nomes como Mari Carmen, Esmeralda, Ephigénia, Eugénia...
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domingo, 14 de fevereiro de 2016
Desejo de ano novo #6: A liberdade de deambular
Adoro dormir. De tal forma, que continua a ser das minhas coisas favoritas de todos os tempos e não acredito que haja, num tempo próximo ou longínquo, qualquer indício de mudança.
Um dos principais motivos porque adoro o sono, talvez até o principal, são os sonhos. O mundo no plano de Orfeu parece-me tão real quanto o deste lado: sonho a cores, com som, e juro que até já houve umas quantas vezes que também tive a impressão de sentir cheiros e impressões tácteis. Sonhar é vivenciar uma aventura, em que o argumento costuma bater aos pontos os da grande tela. O meu ponto de vista move-se como a câmara num filme, ora em grandes planos, ora em close-ups, ora do ponto de vista de uma qualquer personagem.
A experiência é tão real e inequivocamente tangível que, por vezes se torna difícil discernir qual o mundo onírico e o real, não fosse no primeiro possível levantar vôo sem esforço algum e fazer pouco de todas as leis da Física que regem o nosso lado da existência.
Não é por falta de amor à vida deste lado, mas o mundo de lá bate este aos pontos. Sobretudo porque nele a liberdade reina suprema e não existe medo nem consequências de maior. Em comparação, este mundo é uma prisão.
Enquanto sonho posso, embora de forma virtual, vivenciar o meu lado intrépido, explorador e aventureiro. Posso ser uma espécie de Indiana Jones ou Lara Croft e embrenhar-me selva adentro, descobrir zonas ainda inexploradas, dar com o caminho para o El Dorado, viajar ao centro da Terra, sondar o fundo dos oceanos a bordo do Nautilus, chegar à Atlântida, viajar no tempo e espaço...
Acordada sou a perfeita antítese de tudo isto. É o meu lado cauteloso e medricas o regente. Certamente também por uma questão de feitio, mas sobretudo pelo lugar que fizemos do mundo.
Adoraria que vivêssemos num mundo onde as fronteiras estivessem abertas e existisse segurança para sermos livres de deambular por aí, ao sabor da vontade, ao ritmo do improviso. Que pudéssemos pôr uma mochila às costas, e sozinhos ou acompanhados, fossemos viver aventuras, conhecer gentes, hábitos e culturas, explorar cenários, encher os olhos com outras vistas, sem os perigos e os danos que infligimos aos nossos semelhantes.
Acho triste, frustrante e mais uma prova que a estupidez é um dos nossos traços dominantes, que enquanto espécie tenhamos sobrevivido a vários períodos de quase-extinção, a eras glaciares, ao apetite de animais selvagens, à doença e sabe-se lá mais o quê, apenas para nos tornarmos a nossa maior ameaça.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Desejo de ano novo #5: Ode ao Ócio ou a necessidade de ressuscitar as noções de Scholé e Licere.
A história da Humanidade está repleta de conquistas, coisas grandes e pequenas, todas elas mais ou menos fundamentais, mais ou menos notadas, que vieram contribuir para a sobrevivência e evolução da nossa espécie.
Se de todos esses milhões de peças que vieram contribuir para o bem estar e desenvolvimento do Homem tivesse que eleger uma lista de dez favoritas, encontraria, sem pestanejar, um lugar de honra para o Ócio.
Há muito para dizer sobre o Ócio, mas começo por afirmar que a sua existência é a derradeira prova da vitória da nossa espécie sobre um manancial de sérias adversidades.
De vez em quando gosto de assistir a um dos muitos programas que existem sobre sobrevivência. Lembro-me de um em particular que me fez pensar como deveria ter sido difícil a vida para os humanos nos primórdios, e do milagre que é a sobrevivência, prosperidade e evolução da nossa espécie. O anfitrião do programa encontrava-se sozinho num qualquer local onde se sabe que existiram tribos há muito tempo atrás. Era um daqueles locais ermos onde a passagem do tempo não implica obrigatoriamente grandes mudanças ao cenário.
Todos os dias ele tinha que fazer uma escolha sobre o que era mais prioritário naquele momento: abrigo, calor, água ou alimento. A maior dificuldade consistia no facto da fonte de água potável se encontrar distante da fonte de alimento, assim como do local mais seguro para a construção de um abrigo, e por fim do local onde se encontrava material combustível para fazer fogo. Qualquer uma das viagens era essencial à sobrevivência, mas difícil tanto pela distância, como pelo dispêndio de energia e a influência do calor, frio e vento castigadores e inclementes.
Portanto, chegar a um estágio da nossa existência em que se vê ser possível dedicar tempo ao Ócio tanto na sua vertente contemplativa como de lazer é o mais claro indício de prosperidade. O momento em que se deixou simplesmente de sobreviver para passar a viver. Para mim, uma das maiores vitórias de todos os tempos.
Sobre o Ócio, diz Schopenhauer:
"O Verdadeiro Ócio
A verdadeira riqueza é apenas a riqueza interior da alma, tudo o resto traz mais problemas do que vantagens (Luciano). Alguém assim rico interiormente de nada precisa do mundo exterior a não ser um presente negativo, a saber, o ócio, para poder cultivar e desenvolver as suas capacidades espirituais e fruir a sua riqueza interior. Portanto, requer propriamente apenas a permissão para ser ele mesmo durante toda a sua vida, a cada dia e a cada hora. Se alguém estiver destinado a imprimir, em toda a raça humana, o traço do seu espírito, haverá para ele apenas uma felicidade e infelicidade, ou seja, a de poder aperfeiçoar as suas disposições e completar as suas obras - ou disso ser impedido. O resto é-lhe insignificante. Sendo assim, vemos os grandes espíritos de todos os tempos atribuírem o valor supremo ao ócio. Pois este vale tanto quanto o homem. A felicidade parece residir no ócio, diz Aristóteles, e Diógenes Laércio relata que Sócrates louva o ócio como a mais bela posse.
Também corresponde a isso o facto de Aristóteles declarar a vida filosófica como a mais feliz. De modo semelhante, diz na Política: "Poder exercer livremente as próprias aptidões, sejam elas quais forem, é a verdadeira felicidade", o que coincide com a sentença de Goethe em Wilhelm Meister Quem nasceu com um talento, para um talento, encontra no mesmo a sua mais bela existência. Todavia, possuir ócio é estranho não só à sorte comum, mas também à natureza comum do homem, pois o seu destino natural é o de empregar o seu tempo com a aquisição do necessário para a sua existência e a da sua família. Ele é um filho da necessidade, não uma inteligência livre. Em conformidade com isso, o ócio logo se torna um fardo para o homem comum, por fim um tormento, se ele não conseguir preenchê-lo com os fins artificiais e fictícios de toda a espécie, mediante o jogo, a distração e passatempos de todo o tipo. Pelos mesmos motivos, o ócio também lhe traz perigo, pois com acerto se diz difícil é a quietude no ócio. Por outro lado, um intelecto que exceda em muito a medida normal também é uma anomalia, portanto, inatural. No entanto, uma vez que existe, o homem que dele dispõe, para poder encontrar a sua felicidade, precisa justamente daquele ócio que, para os outros, ou é inoportuno, ou é pernicioso. Quanto a ele, sem o ócio, será um Pégasus sob o jugo e, portanto, infeliz. Mas se as duas anomalias se encontram, a exterior e a interior, então é um caso de grande felicidade. Pois aquele assim favorecido levará uma vida de tipo superior, a saber, a de quem está eximido das duas fontes opostas do sofrimento humano, a necessidade e o tédio, ou do laborar preocupado pela existência e a incapacidade de suportar o ócio (isto é, a própria existência livre), que são males dos quais o homem escapará apenas quando eles se neutralizarem e se suprimirem reciprocamente."
Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'
Também corresponde a isso o facto de Aristóteles declarar a vida filosófica como a mais feliz. De modo semelhante, diz na Política: "Poder exercer livremente as próprias aptidões, sejam elas quais forem, é a verdadeira felicidade", o que coincide com a sentença de Goethe em Wilhelm Meister Quem nasceu com um talento, para um talento, encontra no mesmo a sua mais bela existência. Todavia, possuir ócio é estranho não só à sorte comum, mas também à natureza comum do homem, pois o seu destino natural é o de empregar o seu tempo com a aquisição do necessário para a sua existência e a da sua família. Ele é um filho da necessidade, não uma inteligência livre. Em conformidade com isso, o ócio logo se torna um fardo para o homem comum, por fim um tormento, se ele não conseguir preenchê-lo com os fins artificiais e fictícios de toda a espécie, mediante o jogo, a distração e passatempos de todo o tipo. Pelos mesmos motivos, o ócio também lhe traz perigo, pois com acerto se diz difícil é a quietude no ócio. Por outro lado, um intelecto que exceda em muito a medida normal também é uma anomalia, portanto, inatural. No entanto, uma vez que existe, o homem que dele dispõe, para poder encontrar a sua felicidade, precisa justamente daquele ócio que, para os outros, ou é inoportuno, ou é pernicioso. Quanto a ele, sem o ócio, será um Pégasus sob o jugo e, portanto, infeliz. Mas se as duas anomalias se encontram, a exterior e a interior, então é um caso de grande felicidade. Pois aquele assim favorecido levará uma vida de tipo superior, a saber, a de quem está eximido das duas fontes opostas do sofrimento humano, a necessidade e o tédio, ou do laborar preocupado pela existência e a incapacidade de suportar o ócio (isto é, a própria existência livre), que são males dos quais o homem escapará apenas quando eles se neutralizarem e se suprimirem reciprocamente."
Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'
O Ócio divide-se em duas categorias: o Scholé e o Licere. O primeiro remete-nos aos grandes filósofos atenienses como Aristóteles, ao tempo passado na Ágora em contemplação e debate, exercícios que deram frutos ainda tão significativos na edificação das sociedades e do Homem de hoje. Por isso, Scholé, palavra grega para "lugar de ócio" deu origem ao termo escola.
A noção de Licere, do latim, tal como o nome indica remete-nos ao lazer, à folga e descanso.
Foi no liceu, numa aula de História, a primeira vez que ouvi falar dos filósofos da Antiga Grécia e dos seus lugares de ócio, do quanto este conceito era considerado sublime e essencial. Marcou-me. Quis que existissem máquinas de viajar no tempo para regressar a essa época e lugar. Achei que seria vida para mim. Que o passar do tempo não significa forçosamente evolução e ali estava a prova. A nossa sociedade não vive o Ócio, despreza-o, não o entende, confunde-o com preguiça mesmo quando ainda hoje saboreamos os seus frutos, e isso é um claro sinal de estupidificação e regressão.
Este mundo não é para muitos, inclusive para Pensadores. Ou nos curamos ou este mundo não será para ninguém.
Para mim também não é. Sempre me senti uma tartaruga num mundo lebre. Este ritmo não é o meu. O tempo foge e não há forma de o apanhar.
Voltámos a ser, embora com outras roupagens, o homem primitivo que não tem tempo de viver, pois anda no lufa-lufa da sobrevivência. Mas agora que somos animais com consciência, sabê-lo torna-lo mais difícil.
Urge abrandar o passo do mundo, apostar no slow-living, na calma, dar tempo ao tempo. Há que viver o Ócio, e ao contrário do que se passava na Grécia Antiga, democratizar este conceito, não haver apenas uma elite a poder disfrutar deste à custa de trabalho escravo.
Tal é possível: ao contrário do que nos querem fazer crer não há qualquer necessidade de qualquer um de nós trabalhar 40 horas semanais. Muitos dos empregos existentes são absolutamente insignificantes para a sobrevivência da espécie. Também não há falta de recursos. Estes apenas estão mal distribuídos.
Diminua-se a carga laboral para três dias semanais. Dois dias para a folga, em parte vulgarmente usada para o labor doméstico e familiar. E sobram dois dias em que o mundo se dividiria: um dia para viver o Ócio sem qualquer preocupação material, e o outro para servir as necessidades materiais daqueles que estariam a vivenciar o seu dia de Ócio.
E comecemos todos por vivenciar o Licere, exercício precioso de "dolce far niente" para limpar a mente, copo que transborda de tão cheio com tantos afazeres, compromissos, preocupações e mil pensamentos que nos poluem e tolhem a mente. Com o copo vazio poderemos semear a semente da Scholé, e ver que frutos surgirão.
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Desejo de ano novo #3: Direccionar a minha raiva a quem a merece.
Ontem à noite chateei-me com o Kiko. Hoje de manhãzinha cedo voltei a chatear-me com o Kiko.
E se há coisa que eu não gosto mesmo nada é de me chatear com ele. É um bom cão, adoro-o e odeio que hajam momentos em que demonstre algo menos nobre que esse amor que lhe tenho.
Mas é inevitável passar-me dos carretos. Assim como é inevitável ficar triste e de consciência pesada por tê-lo feito. Porque embora me expresse emocionalmente com a mesma subtileza que o Hulk, até sou bastante racional e sei que feitas as contas, se não fossem as pessoas não teria que me chatear com o meu cão nem um décimo das vezes.
Ele não tem a culpa que as pessoas sejam porcas. Que as ruas estejam minadas de dejectos caninos, lixo de toda a espécie e restos de comida. Que são tudo coisas que o atraem pelo olfacto e que ele quer explorar. A ele, não lhe passa pela cabeça, que não deve meter tal objecto na boca porque é cortante, que deve resistir a ir aos restos de comida que alguém deixa supostamente para os animais abandonados, mas que não se quer dar ao trabalho de os deitar no lixo após algum tempo e lá ficam meses.
Não entendo esta gente que se acha muito solidária e generosa por deixar restos na rua para os animais, mas que, por deixar a coisa a meio e nunca mais se ralarem com os saquinhos que deixam esquecidos pelas ruas, podem muito bem ser os grandes causadores do envenenamento de um qualquer animal. Porque senhores, caso não saibam, a comida estraga-se e torna-se imprópria para consumo! Imaginem que bem deve fazer a um qualquer ser vivo, um esparguete à bolonhesa há meses na rua!
Sim, há que matar a sede e a fome dos animais errantes. É um dever moral, e um acto de generosidade e amor com o próximo, mas há formas correctas de o fazer.
Não fossem as pessoas com os seus hábitos, o seu lixo, os seus animais à solta, os nossos passeios seriam um deleite. Bastaria um puxão ocasional pela trela para lembrar o Kiko que não deve ir para a estrada ao invés dos mil e quinhentos a que sou obrigada para que não abocanhe uma qualquer porcaria. Que inevitavelmente ele acabará por ser bem sucedido, e acabarei, como esta manhã, com os dedos na sua boca, a berrar-lhe que largue, com um nó na garganta e lágrimas nos olhos porque o que é demais também cansa, e há dias que estamos assim e pronto.
Acho que após um ano disto, 2016 será o ano em que perderei totalmente as estribeiras e a vergonha e começarei a interpelar as pessoas quando apanhar alguém em flagrante numa destas situações.
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Desejo de ano novo #2
Ver, com estes olhinhos, as mais diversas e nobres causas solidárias receberem METADE da atenção, energia e dinheiro que a nossa sociedade dedica ao futebol.
Só metade dos 400 milhões de euros que a NOS gastou na compra dos direitos televisivos do Benfica, somada à metade dos 500 milhões que se pensa que a mesma entidade pagará ao Sporting, daria para realizar verdadeiros milagres.
terça-feira, 14 de abril de 2015
vida de cão #20: Sou a única "dona de cão" a sentir a falta disto?
Pergunto-vos.
Antes de mais, o que é "isto" que me traz hoje aqui? Em menos de nada, a resposta. Já já a seguir a mais um cafézinho, que sinto o depósito desta minha frágil maquineta a entrar na reserva.
Ah, muito melhor! (Sabiam que hoje é dia do café?)
Ok, vamos então desenrolar este novelo que me vai na cabeça...
Eu retiro dos passeios com o Kiko somente uma fracção do prazer que poderia e é suposto retirar.
Eu sei que em parte se deve à minha incapacidade de descontrair, mas nem tudo se deve a isso e muitas vezes essa incapacidade não é vã de motivos.
Pois imaginem-me com o meu puto pela trela, com uma atenção desmesurada aos pedaços de chão que ele vai pisando, a scannear com os olhos todos os metros quadrados de relva, calçada ou alcatrão. A fazê-lo desviar-se dos dejectos caninos, dos mil e quinhentos bocados e bocadinhos de lixo "humano", a ter que lhe dar outros mil puxões na trela para evitar que ele abocanhe de tudo, desde beatas, pastilhas elásticas, papéis vários, plásticos, parafusos e outras parafernálias, vidrinhos...
(E não é que as ruas que palmilho sejam extraordinariamente sujas. São iguais às de todos os outros locais.)
A escolher o itinerário das passeatas, que tantas vezes é ditado pelo facto de ter que evitar determinada rua por estar alguém a passear um cão sem trela. E estes são sempre tão maiores e mais brutos que o Kiko.
Ou ainda porque em determinada casa, a vedação é demasiado baixa e passar por lá significa ficar com a cabeçorra de um cão agressivo e irrequieto a uma distância que não nos deixa, a nenhum de nós os dois, minimamente confortáveis.
A vociferar em voz alta coisas tremendamente mal educadas de cada vez que tenho que meter os dedos na boca do miúdo para que este não engula algo que passou despercebido, apesar de toda a minha atenção.
Como hoje, consegui apanhar a tempo um pedaço de vidro, castanho, muito provavelmente de uma garrafa de cerveja, que por sorte não era cortante. E lá começo eu a soltar dizeres indignos, nada mas nada simpáticos e completamente contrários ao espírito cristão que fomos ensinados ter para com as demais pessoas com quem partilhamos este planeta.
Agora que vos servi o contexto, já vos posso revelar qual a coisa que me faz uma falta tremenda enquanto "dona de um cão":
- Um espaço bem vedado, limpo, com relva ou ervas que não fossem de forma alguma tóxicas ou nocivas, onde pudesse soltar o Kiko e deixá-lo cheirar, correr, brincar a seu bel prazer, sem qualquer preocupação.
Houvesse um espaço assim, (que eu baptizaria de Paz de Espírito), e estaria disposta até a pagar uma quota, (dentro de valores razoáveis, obviamente), para usufruirmos deste.
Há por aí tanto terreno vazio, sem propósito, abandonado. Não haverá nenhum proprietário que se chegue à frente com algo assim?
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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
A quem está desse lado
Creio já ser uma boa altura para vos deixar aqui os meus votos natalícios, ainda que de forma singela.
Este ano recorro aos clichés. Há clichés que apenas se tornam em tal porque possuem uma essência de verdade e constância.
Sem mais delongas, Amor, Saúde e Prosperidade, são os três desejos que vos envio, como se fossem os "meus" reis magos a caminho do vosso Presépio - lar, família e coração.
Acredito que havendo estes três pilares, nada faltará na Vida. Que assim seja. No Natal e em todos os dias.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Desejos #3: O primeiro livro
Ainda me lembro de um dos primeiros livros que recebi. É uma memória forte, vincada, tão boa, de quando ainda era demasiado pequena, de quando ainda faltava muito para aprender a ler.
Era um livro enorme, de capa dura: "As Viagens de Gulliver" de Jonathan Swift.
Era um livro belissimamente ilustrado. E, mesmo sem saber ler, adorava passear os dedos e os olhos pelas suas páginas, num estado de absoluto maravilhamento.
O amor à primeira vista acontece, e é um momento que jamais se esquece. É indelével essa minha memória de há trinta e tais anos atrás: foi o momento que me apaixonei irreversivelmente pelos livros, e tudo o que estes nos permitem.
Um livro tem o poder, especialmente junto de uma criança, de ser um portal mágico para a Imaginação. E não há magia como a própria Imaginação!
E se a descobrirmos em tenra idade, existe uma grande chance que, mesmo na vida adulta, nunca percamos a capacidade de imaginar, de criar, de nos maravilharmos, o que é em si uma das maiores dádivas da vida, algo digno de preservar por toda a existência, custe o que custar.
Esta memória é tão feliz e tão forte, que a revivo em forma de filme, a cores, e com todos os sentidos. Parece que me vejo a agarrar aquele enorme e lustroso volume, com as minhas mãos pequeninas, de lhe sentir o peso e a textura. Sinto de novo a emoção da novidade, da descoberta, de gostar daquela coisa nova, e sorrio.
Relembrei-me deste momento delicioso quando pensei nos filhos das minhas amigas, nesses sobrinhos-emprestados-lindos-que-a-tia-doida-adora, e de repente soube que tia quero ser para eles.
Ainda são demasiado pequeninos, mas quando chegar a altura, quero ser a tia que lhes oferece o primeiro livro, o primeiro de muitos.
Reclamo para mim esse privilégio! Quero que tenham uma memória tão mágica e feliz quanto a minha.
Os livros trouxeram tanta coisa boa para a minha vida, que quero partilhar isso com eles.
Ainda bem que não é para já, preciso de tempo para escolher o "livro perfeito".
terça-feira, 15 de julho de 2014
coisas de pensar: a Escola que imagino
Defendo que a Escola necessita de novos currículos, novos métodos. Algo dentro do verdadeiro espírito humanista, de verdadeira integração na vida, em todos os seus aspectos.
Por mim, não haveria miúdo que saísse da escola sem antes aprender a:
- nadar; cultivar os próprios alimentos; preparar uma refeição completa e nutritiva; os básicos da costura como pregar um botão, fazer uma bainha, um remendo; mudar um pneu; prestar os primeiros socorros; meditar; conhecer as plantas e as suas propriedades medicinais; gerir um orçamento familiar; tocar um instrumento musical; argumentar; empatizar; participar; limpar o que sujou.
Imagino uma Escola onde existiriam disciplinas como Voluntariado, levadas tão seriamente quanto a Matemática e o Português. Acredito que faria bem aos miúdos, e ao Mundo.
sábado, 17 de maio de 2014
Desejos #2
Que todas as localidades de Portugal estivessem unidas através de uma rede de ciclovias / pedovias.
Não seria fantástico poder percorrer todo o território nacional, a pé ou de bicicleta, com toda a segurança e conforto?
O investimento necessário para tal deverá ser colossal, mas acredito que tendo em conta os benefícios, valeria a pena. Só assim por alto, ocorre-me:
- Maior segurança para os peões e os ciclistas, em especial para iniciantes, crianças e idosos.
- Mais pessoas a praticarem exercício físico, (caminhada, corrida, ciclismo, etc). Menos sedentarismo, mais actividade, logo uma população mais saudável.
- Mais tempo passado ao ar livre, em família, entre amigos, etc.
- Menos viaturas a circularem: mais economia, menos poluição, menos trânsito.
- Mais pessoas a utilizarem a bicicleta como meio de transporte.
Concordam comigo? Lembram-se de mais possíveis benefícios?
sábado, 10 de maio de 2014
Desejos #1
Depois de almoço bate sempre aquela moleza...
O que eu não dava para estar agora, algures num cenário bucólico pastoril, numa cama de rede balançando, uníssona com as ervas e flores do prado.
Partilhar o meio sono com ciprestes, oliveiras. Despertar com o movimento dos animais, crias a quem a novidade da Primavera não deixa adormecer.
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