terça-feira, 5 de novembro de 2019

coisas da casa: Sabiam que os telhados deveriam ser brancos?



Regressamos a um dos temas que mais me apaixonam: o da construção sustentável. Hoje, especificamente, telhados brancos.

Existe uma organização denominada "White Roof Project" - "projecto dos telhados brancos" - que começou em 2010 com a missão de divulgar o que um grupo de investigadores dos laboratórios de Berkeley haviam concluído sobre as "ilhas de calor" urbanas.
Cientistas em redor do globo têm-se dedicado à questão do aquecimento global e procuram toda e qualquer forma de o combater. Como em tudo, as melhores soluções são sempre as mais simples de implementar pelo maior número de pessoas.
Não caiam no erro de subestimar a simplicidade de um telhado branco, que o conceito e os resultados são geniais!

Em primeiro lugar, e de uma forma muito resumida, (existem os links e alguns vídeos abaixo que recomendo para uma abordagem mais profunda), o fenómeno conhecido como "ilhas de calor" formam-se nas cidades porque a maior parte da área não é preenchida por espaços verdes, mas sim por estruturas em materiais que pelas suas características, (uma delas o facto de serem escuros, como os telhados, as estradas de asfalto, etc), retém o calor.

Dizem os cientistas deste projecto que, se todos os telhados de Nova Iorque fossem pintados de branco, a temperatura da cidade desceria 1ºC. E nem estamos a referir as outras consequências positivas que advém desta simples medida.

Imaginem um dia em que a temperatura do ar está a 32º C.  Um telhado escuro atingirá temperaturas de 82ºC enquanto um telhado branco não ultrapassará os 37,7ºC, apenas pelas qualidades reflectoras da cor. (Todos sabemos a diferença que faz vestirmos uma t-shirt preta ou branca num dia de Verão!).
Dentro da casa com telhado escuro far-se-ão sentir 46ºC, enquanto na casa de telhado branco estarão uns muito mais simpáticos 26,6ºC.  Isto porque o telhado escuro só teve a capacidade de reflectir 20% da luz solar, para além de absorver o smog, enquanto o telhado branco reflectiu 85% da luz solar e não absorveu tanta poluição atmosférica.

Obviamente que ninguém aguenta estar numa casa com 46ºC, então liga-se o ar condicionado e esse aumento de consumo energético não só é negativo para a carteira e para o ambiente, como há locais em que os apagões se tornam mais frequentes. Em Nova Iorque já houve apagões de 9 dias.

O grande objectivo deste projecto é que em 2030 os telhados das cidades mundiais sejam brancos.
Em 2010 as emissões de CO2, a nível global, foram de 24 mil milhões de toneladas métricas. Se o objectivo for cumprido - o de ver telhados brancos por todo o lado - estes 24 mil milhões serão a quantidade de CO2 que deixará de ser emitido, o que é algo como "desligar" o mundo por um ano!

Para as mentes iluminadas que julgam que os telhados de cor escura ajudam a casa a manter-se mais quente durante o Inverno, saibam que o ar quente sobe sempre, não trazendo qualquer benefício. Pelo contrário, as elevadas temperaturas a que os telhados escuros estão sempre sujeitos só diminui a vida útil destes, devido ao stress térmico a que sujeitamos os materiais.

Em conclusão, um telhado branco só traz vantagens sejam económicas, porque aumentamos a vida útil do telhado, e poupamos na electricidade; sejam ambientais porque contribuímos para a diminuição das emissões de CO2 para a atmosfera, ajudamos a diminuir a temperatura nas cidades e a poupar nos recursos naturais que são utilizados na produção de energia para as nossas casas.

Sem mais demora, alguns vídeos:












segunda-feira, 14 de outubro de 2019

coisas de ver: "Inside Bill's Brain: Decoding Bill Gates"



Um dos territórios ainda por explorar, e dos mais interessantes a meu ver, é a mente humana, o cérebro. Não é então de estranhar que, aquando um zapping aos conteúdos disponíveis na Netflix, quando dei de caras com este documentário que, pelo título, prometia "escarafunchar" o cérebro de uma figuras mais proeminentes e bem sucedidas da nossa era, não hesitei.

Já vi duas das três partes em que consiste este documentário de Davis Guggenheim, o mesmo que realizou "Uma verdade inconveniente" e "Eu sou Malala"/ "He named me Malala".

Recomendo.





quinta-feira, 26 de setembro de 2019

caixa de ressonância







coisas de ver: "Shooter"


Se gostam de acção e adrenalina sugiro que passem os olhos por mais uma série que encontrámos na Netflix - "Shooter".

A narrativa está muito bem elaborada, o enredo prende, e o desempenho dos actores está "no ponto".
O personagem principal, um sniper chamado Bob Lee Swagger, veterano de guerra e considerado um dos melhores do mundo, protagonizado por Ryan Phillippe, vê-se, ao longo das três temporadas da série, no centro de um furacão de conspirações. Começa logo nos primeiros episódios com um atentado contra a vida do presidente, mas vai tão mais além.

Recomendo.









quinta-feira, 29 de agosto de 2019

coisas de ver: "Às portas do inferno" de López e Redondo


"Às portas do Inferno", ou se preferirem, "At the gates of Hell" na sua versão original, é uma série documental, da qual já apanhei um par de episódios na nossa RTP3.
É um exemplo daquilo que considero jornalismo de excelência, e por esse motivo, mesmo sem encontrar um vídeo, um excerto, um trailer, para vos demonstrar imediatamente aquilo do que vos falo, não poderia deixar de referenciar esta série.

Esta série documental, repartida em oito episódios, é o produto de duas jornalistas espanholas - Sonia López e Noemí Redondo, e das suas incursões a vários destinos como Nápoles, Detroit, Colômbia, México, etc, com o intuito de expor os males que assolam esses locais em particular. Estamos a falar da Camorra em Nápoles, da epidemia de femicídios na América Latina, nomeadamente no México; do contexto de terceiro mundo em que vive uma grande percentagem da população de Detroit…



quarta-feira, 14 de agosto de 2019

coisas de comer: Mousse de chocolate e café vegana


Apetecia-me mousse de chocolate. Daquelas caseiras, mas simples. Se possível, algo leve.
Procurei por receitas mas não encontrei nenhuma que me atraísse: não me apetecia nada com leite condensado, nem com ovos, nem com manteiga, nem com folhas de gelatina, muito menos algo que levasse todos estes ingredientes e mais alguns.

Mesmo na culinária acho que o "keep it simple" se aplica. E onde é que está escrita a regra que uma receita que leve tudo o que há na despensa há-de ser melhor?!

Abri uma embalagem de chocolate em pó Pantagruel para dentro de uma taça. Adicionei uma taça com um café dolce gusto acabadinho de tirar. Mexi. Adicionei uma pitada de canela em pó e um pacote de natas veganas (200ml). Bati com a máquina, usando o acessório "vara de arames", até ter alguma consistência. Coloquei no frigorífico.

Retirei uma segunda embalagem de natas veganas (200ml) do frio que bati até ficar em chantilly. Às mesmas adicionei, a meio do processo, duas colheres de sopa de açúcar.

Retiro a taça do frigorífico com o primeiro preparado. A este adiciono o chantilly que envolvo cuidadosamente.
Está pronta a mousse, que volta para o frio.


sábado, 3 de agosto de 2019

coisas de ver: "Blown away"


"Blown Away"

Como já começa a ser costume, trago-vos mais um produto audiovisual da Netflix. Desta vez é "Blown Away": dez artistas sopradores de vidro competem por um prémio no valor de 60 mil dólares e um estágio num instituto de prestígio, o que para qualquer um deles, tenham mais ou menos experiência, significará uma tremenda ajuda na carreira.

Acabámos ontem a primeira season, e estamos desejosos que lancem mais. É absolutamente viciante ver a resposta que cada artista dá ao briefing de cada desafio, para além de quão interessante é o processo de soprar o vidro, moldá-lo, dar-lhe cor...
Altamente criativo, recomendo.






sexta-feira, 26 de julho de 2019

coisas da casa: Da nossa experiência com o Optigrill


O tempo realmente corre, e sem me aperceber passaram vinte dias desde a última vez que publiquei algo por estes lados.

Na última publicação falei do grelhador Optigrill da Tefal. As críticas que vimos online foram suficientemente convincentes para no dia seguinte irmos busca-lo.


A quem pense fazer o mesmo, duas sugestões:

- compensa sempre pesquisar os preços praticados pelas várias lojas, já que a oscilação de preços  pode ser considerável.

- vale mesmo a pena comprar a versão xl, já que é um terço maior que a versão regular.


Já perdi a conta ao número de refeições que preparámos no grelhador nestes últimos dezanove dias, de modo a experimentar o máximo de programas, se bem que ainda nos falta estrear os de marisco e bacon.
Por aquele grelhador já passaram bifes da alcatra, da vazia, hambúrgueres, salsichas frescas, beringelas, pimentos, douradas, robalos, bifanas, tostas feitas com aquelas espetaculares fatias de pão saloio quase do tamanho de um antebraço e, espantem-se, pernas de frango que ficaram com a pele estaladiça, suculentas e bem cozinhadas até ao osso.


Para mim as maiores vantagens deste grelhador são:

 - a consistência da cozedura - o alimento fica cozinhado por igual;

 - comida sempre suculenta, mesmo que se opte por deixar o alimento grelhar até ao fim do programa, nunca fica uma "sola de sapato";

 - comida menos gordurosa, logo mais saudável - durante o processo fica-se algo espantado com a quantidade de líquido que vai escorrendo para a bandeja de recolha;

 - a facilidade com que se retiram e colocam as pranchas, e o quão simples é a sua lavagem;

 - adoro que devido ao seu formato não seja preciso virar os alimentos;

 - os fumos são quase inexistentes.


De tudo o que experimentámos até ao momento, o mais rápido de confecionar foram os medalhões de alcatra, que ambos apreciamos no ponto "médio". Não contámos o tempo, mas foi mais rápido do que alguma vez esperaríamos, um par de minutos ou pouco mais.
Logo aprendemos a ter tudo, mas tudo, pronto antes de sequer ligar o grelhador - mesa posta, acompanhamentos prontos, louça à mão para o empratamento. Totalmente diferente de quando uso o fogão ou o forno, em que se vai fazendo tudo ao mesmo tempo.

Tudo o resto gostamos de deixar o programa ir até o fim. Basicamente a optigrill cozinha por nós, e quando ouvimos os "pi pi pi" sabemos que está pronto. Ao invés de darmos atenção, tempo e carinho ao alimento durante a sua confecção, damos-lhe tudo isso antes, durante a sua preparação com esmerados temperos e marinadas, o que ajudam a elevar a qualidade do produto final.

Os cuidados a ter com o grelhador são básicos: não usar nada abrasivo que possa danificar as placas, ou seja, caso as lave à mão usar sempre uma esponja, e usar utensílios de cozinha que sejam resistentes às temperaturas mas que não risquem. Em silicone são uma boa opção.

Também é importante lembrar que todos os alimentos devem ser cortados com a mesma altura/ grossura, de modo a que todos os pedaços estejam em contacto com ambas as chapas.











sábado, 6 de julho de 2019

coisas da casa: O grelhador inteligente


Está na altura de comprar um novo grelhador cá para casa.

O marido ficou atraído pelo Optigrill da Tefal. A marca chama-o grelhador inteligente porque tem um sensor de espessura que, segundo o panfleto "ajusta automaticamente o ciclo de confecção (tempo e temperatura) de acordo com a espessura e quantidade dos alimentos", o que permite grelhar na perfeição.
Parece simples de usar: tem programas para tudo -   hambúrguer, salsichas, tostas, carne de aves, carne vermelha, peixe, porco, bacon e marisco, e um indicador que sinaliza quando está mal passado, médio, bem passado, por aí fora. Obviamente que se podem grelhar também legumes e frutas, etc, mas para estes não existe um programa pré definido, mas há sempre o modo manual.

A grelha é algo inclinada para que todos os líquidos vão escorrendo para um depósito, e tudo parece fácil de lavar.

É claro que não comprámos no momento: somos daqueles consumidores que gostam de fazer o trabalho de casa. Entenda-se ter acesso a opiniões e críticas sobre o produto, como esta que vos vou deixar.

Ficámos convencidos. Muito provavelmente vamos já buscar um amanhã.


terça-feira, 11 de junho de 2019

cromices #158: Eu, picuinhas me assumo.


A caminho dos entas já é seguro assumir que nunca deixarei de ser picuinhas. É que a esta altura do campeonato nem há volta a dar, logo mais vale assumir-me e aceitar-me: sempre fui, sou e serei picuinhas. Muito provavelmente até ao último dos meus dias, e quiçá, até no além.

E o que é ser picuinhas, com exactidão, na prática,  perguntareis vós, provavelmente. 

Ao que eu respondo que é chegar da praia, abrir a porta do prédio e levar uma bofetada odorífera que quase nos deitou abaixo, tal a pungência, porque um dos vizinhos quando foi despejar o lixo, o saco foi a pingar por todo o caminho. Para além de um rasto contínuo pelo átrio e escadas acima, já deveria ser lixo que ficou a maturar, portanto o prédio ficou impregnado de um cheiro absolutamente revoltante.

Não me choca o saco do lixo pingar. Isso pode acontecer a qualquer pessoa, até à mais cuidadosa.
O que não me cabe na cabeça é que alguém prefira deixar o prédio sujo e a cheirar mal, do que perder dez minutos a passar uma esfregona na porcaria que fez. 

São estas coisas que acordam a picuinhas em mim. 

Ainda segui o rasto com a intenção de bater à porta do culpado, e perguntar-lhe, olhos nos olhos, se tencionava deixar o prédio naquele estado. Pois juro-vos que sou pessoa para isso e muito mais, como os meus vizinhos podem validar!
Como não tive absoluta certeza da origem, não consegui descansar enquanto não colei um recadinho no átrio, a pedir "o favor" a quem sujou, que limpe o quanto antes, que o cheiro não se aguenta.





quinta-feira, 6 de junho de 2019

coisas de ver: "Life in the Doghouse"


"Life in the Doghouse"

Um documentário, acessível via Netflix, que conta a história inspiradora de Danny e Ron, e de como, de forma orgânica e natural, movidos pelos seu grande amor pelos animais, acabaram por transformar a sua casa num refúgio para cães, contando já com 11000 animais resgatados.





quinta-feira, 23 de maio de 2019

coisas da casa: O que fazer com os espaços "mortos"



 Dita a lógica que quanto menor for a área de uma divisão, mais esforço deve ser despendido em aproveitar o espaço existente. Já que não podemos, por artes mágicas, acrescentar alguns metros às divisões, podemos imaginar formas de aproveitar os "espaços mortos", aqueles cantos que à partida parecem impossíveis de aproveitar.

Ontem dei por mim a olhar para um dos "espaços mortos" da nossa cozinha, e a imaginar como o poderia aproveitar.
Refiro-me especificamente ao espaço que fica por trás da porta quando esta está aberta, que nunca foi propriamente utilizado porque nunca me ocorreu que realmente coubesse lá algo que fosse funcional, que servisse as minhas necessidades, e não bloqueasse a circulação.

Essa mesma parede tem uma particularidade estrutural: uma reentrância ao longo de dois terços do comprimento da cozinha, com treze centímetros de profundidade e quase dois metros e trinta de altura. E pela primeira vez ocorreu-me que poderia tirar partido dessa assimetria. Que naquele "espaço morto" poderia muito bem caber um armário alto.

Peguei na fita métrica e comecei por medir a distância entre a tomada e o início da reentrância, o que deu sessenta e quatro centímetros. A esses sessenta e quatro centímetros de largura, juntem-se duzentos e vinte e sete de altura, e trinta e três de profundidade - estas são as medidas, ao centímetro, do espaço que poderia ser ocupado pelo tal armário, sem tapar qualquer tomada, ou causar incómodo na circulação.

Fiquei realmente surpreendida com as medidas: onde parecia não haver espaço algum, até há muito. O suficiente para um armário generoso, e com muita arrumação se pensado ao pormenor, e mandado fazer à medida.

E eu que até gosto de desenhar móveis, comecei de imediato a rabiscar.
As laterais do móvel teriam ter furinhos ao longo de toda a altura, preenchidos com aqueles pequenos suportes para prateleiras, para que estas sejam fáceis de mudar de posição.

A capacidade de armazenamento poderia ser aproveitada ao máximo se se usar também o lado interior da porta do armário para arrumação. Tanto poderia servir para as vassouras, esfregonas, panos e detergentes, como para especiarias, garrafas, enlatados e outras mercearias.







O potencial é imenso e o limite é a imaginação e a necessidade: poderia ser um despenseiro, de forma a ter todos os mantimentos próximos mas escondidos; poderia organizar todos os tachos, caçarolas, tabuleiros, frigideiras e tampas, ou toda a louça de servir - pratos, travessas, copos; ou todos os tupperwares, ou ainda todos os pequenos electrodomésticos.  Ou ainda para ocultar os baldes de lixo e de reciclagem, guardar todos os produtos de limpeza.



















quinta-feira, 25 de abril de 2019

Do registo onírico #6: Algures no tempo, à sombra das laranjeiras



Esta noite sonhei com o meu avô.
De todos os avós, foi a morte deste, pai do meu pai, a que mais me custou. Muito provavelmente por ter sido o primeiro dos avós a partir.

É que aos olhos dos netos os avós têm uma espécie de idade misteriosa: são sempre velhos, já o eram quando nascemos, e são-no ao longo de toda a nossa vida. Mas a velhice é sempre abstracta, e só nos apercebermos que a vida é finita, quando esta finda. E nesse momento apercebermo-nos que não estávamos preparados, nem olhámos para a velhice como uma pista do que, eventualmente, iria acontecer um dia.

De vez em quando sonho com o meu avô, e são sonhos bons. Tão bons que quase tenho a certeza de sorrir enquanto durmo. Estes sonhos invadem-me de uma paz tremenda, uma alegria serena, as mesma sensações que sentia quando estava com o meu avô em vida.

Um dos motivos porque gostava tanto dele e sentia uma imensa conexão, era porque o meu avô não era de muitas palavras.
Quando estávamos só os dois, trocávamos meia dúzia de frases e um par de sorrisos, para depois nos quedarmos num silêncio confortável.

Ele enrolava um dos seus cigarros, eu puxava um dos meus, e lá ficávamos embalados naquela calma quase meditativa, naquele silêncio que aproxima.


sexta-feira, 12 de abril de 2019

coisas de ver: "Minimalismo - um documentário sobre as coisas importantes"







coisas da casa: Não há sanita como a japonesa!


Está decidido! Mais que decidido, está escrito em pedra: havemos de ter uma sanita japonesa cá em casa!

Há coisas em que os japoneses estão incrivelmente mais avançados que o resto do mundo, e as sanitas são um bom exemplo.
Pode parecer algo louco, mas este utensílio deixa-me mesmo entusiasmada, porque vai de encontro a uma filosofia que defendo - transformar os mais triviais gestos da nossa vida, os que repetimos vezes sem conta ao longo da nossa existência, numa experiência de grande conforto e bem estar. Porque se estamos fadados a repetir algo, porque não fazer disso um momento de alegria?

Para os que não sabem o que é uma sanita japonesa, é algo que combina as funções de sanita e bidet com tecnologia de ponta. Para começar a "bichinha" é amiga do ambiente pois gasta quase menos 10 litros por descarga, a "bichinha" é do mais higiénico que pode haver pois esteriliza-se após cada utilização. Esta "bichinha" também é muita amiga dos seus donos, pois tem assento aquecido, tampa que se levanta e desce automaticamente, função de massagem, e lava e seca "as partes" do utilizador.

 Como não querer uma?!

A boa notícia é que algumas empresas já começaram a notar o interesse do público ocidental para com este objecto, e já se encontram à venda assentos de sanita que combinam estas características e são adaptáveis às sanitas já instaladas.
Portanto, já não há-de faltar muito para que todos possamos ir ao wc, japanese style!









quarta-feira, 10 de abril de 2019

coisas de ver: QE



QE é o acrónimo da nova geração do programa "Queer Eye".
O original estreou em 2003 e tornou-se um fenómeno global. Aquando da sua estreia o formato não era mais que uma equipa de cinco gays cuja missão era trazer mais estilo à vida de alguns heterossexuais. Se tal serviu para chamar a atenção para o programa, rapidamente se deixou de lado essa visão mais estreita, e os alvos da equipa de transformação deixaram de ser escolhidos por género ou orientação sexual.

O formato regressou em 2018, com uma nova época de Fab 5, mas que mantém a mesma essência: todos são especialistas proficientes no seu campo, o que ajuda a que cada transformação realizada seja total. Há o especialista em vinho e comida, o designer de interiores, o especialista em cabelo e cuidados corporais, o psicoterapeuta e o designer de moda.

O mote desta edição é "More than a makeover" - "mais que uma transformação", e isso nota-se e traduz-se numa experiência bastante satisfatória para quem assiste, quanto mais para quem a vive.

Para quem gosta de programas sobre transformações, esta é uma boa opção. É impossível não esboçar um sorriso ao ver a viagem e o produto final, o antes e o depois, quando nos é apresentado alguém que precisa de um empurrãozinho, e de repente mudam-lhe a casa, o cabelo, o guarda-roupa, ensinam-na a cozinhar, trabalham com as emoções…







quarta-feira, 3 de abril de 2019

Vida de cão: Abençoado feitio!


Adoro o feitio do meu cão.
Tem um feitio de merda igual ao meu, e tenho algumas dúvidas que, se realmente fosse um filho humano, gerado e parido, tivesse tantas semelhanças connosco. Digo "connosco" porque o "paizinho" é da mesma estirpe.

Adoramos que seja desconfiado, que só confie cegamente em nós - o "pai" e a "mãe", que abane a cauda e cumprimente praticamente toda a gente, mas que não permita grandes confianças. A confiança merece-se, não se dá ao desbarato.
Quantas e quantas vezes olha para mim à espera do sinal de como reagir em relação à pessoa que se aproxima.

Ele é que sabe quando e de quem aceita uma festa, e se não estiver para aí virado, foge, evita, recua. Nós não obrigamos, e garantimos que as tentativas cessam mal ele dá indicação que não quer: como ser vivo merece respeito em relação ao seu espaço pessoal e ao seu corpo.
Quanto à vontade de quem quer dar festas, embora aprecie assistir a interacções felizes a minha responsabilidade com o meu cão, o meu filho de quatro patas, é garantir o seu bem estar e a sua segurança. Para além disso, vou sempre defender que o direito de cada um sobre o seu corpo é infinitamente superior a tudo o resto, quer se fale de um ser humano ou animal.

Da mesma forma que nunca me passaria pela cabeça cumprimentar alguém com um beijinho contra a sua vontade...


Pegar nele, nem pensar. Colo só nos pede a nós. Aceita que as "tias" veterinárias ou do spa lhe peguem, mas é uma intimidade vedada a todos os outros.

Isso deixa-me feliz. Porque neste mundo, em nome da segurança dos nossos, não só temos que educar as nossas crianças a terem cuidado, a não confiar cegamente em tudo e todos, como temos que alargar essa preocupação aos nossos animais.
Assim como há gente de bem, que se dedica a ajudar os animais, também há quem os roube, quem os envenene, quem sinta gosto em ser cruel e violento, o que faz com que não confiar cegamente seja basilar.




quinta-feira, 28 de março de 2019

coisas de comer: Olhó cornetto vegan e sem gluten!



Encontrámo-la na zona dos congelados, rodeada de outros gelados, esta caixa verde, com quatro cornettos da Olá, veganos e sem glúten. Decidimos experimentar, e agora não me apetece outra coisa.
A única diferença deste para com o cornetto tradicional é o tamanho, que estes são um pouco mais pequenos, o que os torna ideais para comer como sobremesa, o gelado é de soja mas sabe-me ao de sempre, com a vantagem de ser menos gorduroso, "gordo", que era o principal motivo porque não tinha muita vontade de comer gelados nos últimos anos.
O cone continua estaladiço, com o fundo recheado de chocolate, como se quer neste gelado que já vem do tempo da carochinha e faz parte das nossas memórias de infância.


Quando os homens falam de amor #104








coisas de opinar: O primeiro milagre da Medicina é o diagnóstico.



Identifico três grandes milagres no campo da Medicina: o diagnóstico, a prevenção e a cura.
Face aos outros dois, o diagnóstico até pode, numa primeira leitura, parecer o parente pobre da família, mas tenho cá para mim que o conhecimento será sempre mil vezes melhor que a ignorância, em todos os campos da existência.

Claro que o desejável é ter a saúde a 100%, mas quando tal não acontece não há nada pior que desconhecer a maleita e como lidar com ela.

E foi por pensar assim que em Outubro passado, aquando uma ecografia à tiroide, o médico, com a discreta comoção que já lhes reconheço quando têm que passar uma informação menos positiva, mas que se denuncia pelo olhar que fica mais brilhante e húmido, solta um quase solene "Lamento, mas posso confirmar que a senhora sofre de tiroidite."
Imediatamente tenta aligeirar com um "Mas não preocupe. Eu também tenho, e garanto-lhe que é perfeitamente possível ter qualidade de vida, levar uma vida bastante normal. Basta um comprimido por dia e alguns cuidados. A sua médica especialista depois explica-lhe tudo."

Eu estava estupidamente calma. Por incrível e louco que pareça, mais calma até de quando, dias antes, havia feito uma ecografia às pernas, por medo de lá existir um qualquer coágulo, e não aparecer nada, absolutamente nada, que justificasse os episódios de edema e as dores.

E enquanto limpava o pescoço daquele gel das ecos, dei por mim a tranquilizar o médico "Não se preocupe. É uma boa notícia, e estou feliz. A sério que estou. Pelo menos agora sabemos do que se trata."

Não menti. Estava feliz por finalmente ter uma resposta. De tal maneira que em modo de despedida lhe apertei entusiasticamente a mão, e só reparei naquele segundo que o estava a besuntar de gel.



quarta-feira, 20 de março de 2019

coisas de comer: Raia no forno


Safo-me razoavelmente bem na cozinha, excepto quando se trata de doces.
Sou uma nulidade em pastelaria, e sei bem o motivo: não consigo seguir uma receita à risca nem que a minha vida dependesse disso. Antes de fazer algo sou bem capaz de pesquisar um par de receitas, para depois acabar por não seguir um único passo do lá vem.

A pastelaria é uma arte que requer precisão e método, e isso não é para mim, que sou pessoa de cozinhar por olhómetro e instinto. Aliás, o meu maior prazer na cozinha reside em simplesmente olhar para o que há naquele momento em casa, e jogar com aqueles ingredientes, sem planos.

Felizmente a liberdade criativa do método sem método funciona na cozinha, bolos à parte.

No outro dia trouxemos dois belos nacos de asa de raia, já limpos e preparados.
Embora seja algo que o meu marido aprecia, acho que nunca tinha cozinhado raia.

Pesquisei um par de receitas e, como de costume, não me apeteceu fazer nada do que lá vi.

Foram simplesmente ao forno com algum azeite virgem, alho, orégãos, sal, pimenta e sumo de limão.
Foram à mesa acompanhadas com uma dose generosa de salada.

Simples e bom. Muito bom.




quinta-feira, 14 de março de 2019

Vida de cão: Viva o conforto.


Por enquanto as noites ainda sabem melhor com edredões a dobrar na cama.

Um dos sinais que o nosso pequeno grande mundo gira em redor do Kiko, é que sua Alteza decidiu que o seu lugar preferido para dormir é entre nós, enfiado entre os dois edredões.
O miúdo é esperto: não só gosta de conforto, como percebe da poda, - apoia a pequena cabeça na ponta da minha almofada, ergonómica viscoelástica trinta por uma linha que só falta fazer pipocas.
Apalpo o ar na direcção da mesinha de cabeceira, à procura do botão para desligar o candeeiro. Mal a luz se apaga, o puto, este meio canino meio humano, solta um suspiro profundo de pura satisfação com a vida, para segundos depois começar a roncar que nem um tractor.

A vida é boa.



segunda-feira, 4 de março de 2019

coisas de comer: a lei de Murphy aplicada à batata frita


Uma das regras cá de casa é que por aqui não se fazem fritos. Não há uma única embalagem de óleo alimentar na despensa, nem fritadeira.

Odeio o cheiro a fritos, os salpicos, e o exercício de lavar fritadeiras. Nheca, nheca, nheca!

Esta regra também ajuda a limitar os apetites por coisas menos saudáveis, e todos sabemos que os fritos são a epítome da alimentação pouco saudável. Deve ser por fazerem tão mal que são tão saborosos.

Dito isto, confesso que tenho um fraquinho por batata frita. Adoro! Desde que não sejam salgadas nem gordurosas, nem com sabores demasiado artificiais.

Quando nos dá o apetite por batata frita recorremos às de pacote. E foi preciso procurar, experimentar várias marcas, vários sabores, até encontrar a que considero a melhor batata frita de pacote de sempre.
São batatas fritas artesanais, sem sal, nem um grãozinho sequer, de uma marca inglesa - as naked da Tyrells. Fininhas, crocantes, e ao contrário do que me acontece com a grande maioria das batatas fritas de pacote, consigo sentir e apreciar o sabor da batata porque este não está camuflado por carradas de sal, ou pózinhos que visam dar um qualquer sabor seja a ketchup, queijo, bacon, vegetais, trinta por uma linha, mas que para as minhas papilas gustativas sabem somente a químicos. Semelhante a quando entra um bocado de shampoo para a boca.

E agora que encontrei as naked da Tyrrells, que me enchem a medida, que me sabem pela vida, deixei de as encontrar à venda!

Gostava tanto que as marcas portuguesas se apercebessem que também existe espaço no mercado para batata frita sem sal.
Que estas seriam procuradas por quem, por motivos de saúde, não pode consumir sal em quantidades significativas, ou por quem aposta em escolhas mais saudáveis por motivos preventivos ou de estilo de vida, ou ainda por quem quer saborear os ingredientes na forma mais natural possível, sem grandes artifícios.






domingo, 3 de março de 2019

coisas da casa: Um par de dicas para poupar água


Recentemente a entidade que gere a água cá da zona decidiu começar a colocar nas facturas a informação sobre a quantidade de água consumida, com a intenção de sensibilizar a população para o aspecto ambiental do consumo deste recurso, que nada mais é que uma das maiores riquezas do planeta, essencial à vida.

Nós que não somos perfeitos, longe disso, mas que até temos alguma consciência ambiental e alguns cuidados, ficámos chocados com os 9 metros cúbicos, ou se preferirem, 9 mil litros de água que consumimos.
Desafiámo-nos a fazer melhor.

Adquirimos, finalmente, o hábito de recolher para um balde a água do início dos banhos, aquela que simplesmente era desperdiçada durante o tempo em que a água demora a aquecer para uma temperatura agradável.
Depois de se adquirir o hábito não custa nada.
Cá em casa são uma mão cheia de banhos por dia, já que também se lavam as patas e outras partes ao cão depois de cada passeio, e nem ele aprecia banhos de água fria.
De cada vez que se abre a torneira da banheira, até a água atingir uma temperatura amena, desperdiçava-se uma quantidade do precioso líquido entre meio balde a um balde cheio, ou seja entre 5 a 10 litros, vezes cinco banhos diários - 25 a 50 litros, por semana 175 a 350, por mês 700 a 1400...
Esses litros são agora aproveitados sobretudo para descargas na sanita, mas podem servir para tantas outras coisas seja lavar o chão, regar as plantas, etc.

A segunda dica é trocar o chuveiro por um que tenha a opção "eco", que não é mais que um botão que reduz o caudal, tão útil quando nos estamos a ensaboar.
Estes chuveiros encontram-se com facilidade em lojas tipo Leroy Merlin, e há variados modelos com esta opção, a partir de um valor tão simpático como 10 euros, para quem só quiser trocar o "telefone" do chuveiro.







sexta-feira, 1 de março de 2019

coisas da casa: E que tal um tecto em azul céu e uma parede azul marinho?


Ando com ganas de dar uma reviravolta cá por casa, o que não é nenhuma novidade, já que é um estado quase constante. Este apetite piora de cada vez a que assisto a programas de design de interiores ou arquitectura.

Gosto de cor, ou melhor, adoro cor e como esta pode ser usada como o principal elemento decorativo. A cor tem o poder de influenciar emoções, vibrações, estados de alma, e também por isso não devemos descurá-la.

Consegui converter o marido em relação a cores aparentemente mais ousadas nas paredes quando pintámos o escritório de laranja. Todas as quatro paredes num glorioso laranja que de alguma forma me faz lembrar as vestes dos monges budistas. Embora seja uma cor intensa, não nos faz sentir oprimidos.
Pelo contrário, a sensação é de aconchego, zen, contentamento, boas energias.
Alguns anos depois desta transformação continuo muito satisfeita. Uma das grandes vantagens é que as paredes de cores mais chamativas obrigam-nos a percorrer os olhos pela divisão, em toda a sua extensão, do chão ao tecto, ao invés de ficarmos visualmente presos, neste caso, às estantes carregadas de livros, ou à secretária mais ou menos caótica, dependendo dos dias.

Vale a pena ter a coragem de usar cor. E estou tão feliz de não me ter acobardado em relação ao laranja. Todos duvidavam. Inclusive o funcionário da loja de tintas que me perguntou não sei quantas vezes se tinha a certeza que não preferia pintar uma só parede de destaque daquela cor.
Gente de pouca fé, pá!

Ando a olhar para o nosso quarto e falta-lhe cor. É literalmente uma tela em branco.
Mas ando a matutar e acho que já tenho um plano: tecto em azul céu, num tom bastante ligeiro, e a parede da cabeceira da cama em azul marinho.

O azul sempre foi uma cor de excelência para quartos pois transmite calma e serenidade. Escolho o azul claro por estes mesmos atributos. Prefiro pintar o tecto desta cor porque é uma escolha menos usual, porque eleva o olhar, e porque tenho receio de pintar toda a divisão deste tom e ficar demasiado infantil, visto que também pertence à família de cores populares para quartos de crianças.

Escolho o marinho porque é o meu azul favorito, porque acrescenta uma maturidade e sofisticação ao esquema, e casa tremendamente bem com praticamente tudo, desde cores arrojadas a materiais naturais.

Ver fotos como as daqui debaixo faz-me acreditar que é mesmo por aqui!












quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

coisas do armário: Fatos de banho



Apeteceu-me começar a busca por roupa de praia. Bem sei que ainda estamos longe da época de veraneio, mas apeteceu-me simplesmente, vai-se lá fazer o quê!

Para falar a verdade nem é uma má ideia: é que as novas coleções ainda não saíram em muitas lojas, e as marcas estão a tentar despachar o stock que restou dos anos passados, o que resulta em descontos muito significativos: em alguns sites há peças que originalmente estavam à venda por quase 100 euros, e que agora estão a menos de 30.

Ah e tal, é da coleção do ano passado! E depois?! Acompanhar as tendências é algo que não me aquece nem me arrefece, não é essa a base das minhas decisões. Aliás, adoro estar "fora de moda", especialmente quando pelo preço de uma peça, posso comprar quatro!
Se gostar do produto, claro está!

Para a praia sempre optei por biquíni, ficando o fato de banho reservado para a prática desportiva em piscina.
Nos últimos anos a minha busca tem sido por calções de praia, porque acima de tudo são mais práticos e confortáveis. Para quem, como eu, não fica imóvel na toalha a torrar ao sol, mexe-se e caminha ao longo do areal, não há nada mais irritante que andar a ajeitar a cueca de dois em dois passos.
Não sendo a maior das tendências, o que me salvou foram as marcas de surfwear.

Este ano apetecia-me mudar para fato de banho. Felizmente os fatos de banho andam mais giros de ano para ano. Já não são somente aquele trapo ultraconservador procurado por senhoras de mais idade, ou por quem quisesse esconder o seu corpo porque sentia vergonha de umas estrias, ou de umas curvas mais generosas.

Especificamente procuro um fato de banho com mini saia, com um corte e um padrão giro. Encontrei padrões e cores fantásticas em fatos de banho com cuecas tão, mas tão cavadas, que uma pessoa deverá precisar de uma intervenção cirúrgica para as retirar do rego, e o modelo ideal, lindo de morrer, de fato de banho com mini saia… mas em preto.

Ainda bem que ainda estamos em Fevereiro, porque acho que vai demorar a encontrar o que quero, ou a mentalizar-me que tenho que me ficar pelo que aparece.




terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Vida de cão: dos cães que adoram ir ao vet


Seriam quase 10 da manhã quando me mudo para "roupa de passear o cão".

Sim, que uma pessoa tem mudas de roupa específicas para ir com o canino à rua. Nada de transcendente: roupa suficientemente confortável para caminhar, brincar e correr se necessário, com bolsos - de preferência daqueles com fecho - onde meter os saquinhos do cocó, chaves de casa, fácil de lavar, e que não sejam demasiado boas para não ficarmos tristes de cada vez que lhes acontece alguma coisa.
Nos pés os ténis mais velhos que tiver em casa, pois se é para correr o risco de pisar merda de outros cães cujos donos não sabem o que é civismo, de certeza que não vai ser com um qualquer par xpto, ainda novinho.
Ou seja, ter um cão é também ganhar coragem, em nome da practicidade, para sair de casa feita mendiga, ou lá perto.

Sei que este estilo, mais shabby que chic, não é para todos, que também me cruzo com pessoal de fato e gravata, ou de saltos altos a passear os bobbies, mas é a minha opção.

O Kiko que é um puto esperto, começa a girar o focinho para um lado e para o outro, como quem pergunta o que se passa. E com toda a razão! Normalmente não há passeio aquela hora, muito menos com a "mãe".

Bastou dizer-lhe que íamos ver a doutora para ficar excitado. Para quem duvida que os cães percebem "humanês" na perfeição só vos digo: o puto arrastou-me até à clínica veterinária feito um husky de corridas de trenó. De cada vez que tínhamos que parar para atravessar uma rua com os devidos cuidados, quando arrancava era com o dobro da pujança. Arre, cão!

Fomos pela vacina da raiva, que estava na altura, e aproveitámos a ocasião para despachar já também o comprimido da pulga e o desparasitante interno.
O Kiko só fica nervoso quando o coloco em cima da bancada. Treme de tal modo que a auscultação é uma missão quase impossível.

Felizmente, dar injeções e comprimidos ao Kiko é a coisa mais simples do mundo. Basta a veterinária ter o jarro de biscoitos à mão, espalhar alguns em cima da bancada, o miúdo entra em modo aspirador, numa gula desenfreada que nem sente a pica, e os comprimidos nem são mastigados, mas engolidos. Mesmo aqueles que têm um sabor intragável e costumam ser cuspidos pelos outros cães, que não o Kiko em modo aspirador.
Sempre de cauda a abanar, feliz da vida.

Assim o que na minha percepção é uma ida ao médico, para pôr as vacinas em dia, para ele é simplesmente uma visita a amigos, para comer biscoitos e receber mimos.







coisas da casa: das máquinas de café


A máquina de café tornou-se um apetrecho tão usual em qualquer casa, quanto os mais comuns electrodomésticos.

Em Portugal o café é, sem qualquer dúvida, uma das bebidas mais populares e apreciadas, se não a mais popular. Portanto não é de admirar que as máquinas de café se tornassem um produto com tanta saída.

Os argumentos de ter uma máquina em casa são irresistíveis: a possibilidade de beber um bom café expresso, galão, cappuccino, etc, a qualquer hora, sem ter que sair de casa, e a um preço mais económico que num qualquer estabelecimento. Comodidade, qualidade e economia.

O advento do café em cápsula veio aumentar em muito o factor comodidade. Quem já teve uma máquina de café daquelas com manípulo, como nós, sentiu esse upgrade.
No entanto, se pudesse voltar atrás nunca teria aderido à moda das cápsulas, pelo simples motivo que se tornaram um grave problema ambiental.

"Em abril de 2014, a Deco Proteste também se debruçou sobre o assunto e fez as contas: se cada pessoa beber dois cafés por dia, em 350 dias, consome cerca de 700 cápsulas, o que pode chegar a 700 g de alumínio, 5,7 kg de plástico ou 4,2 kg de papel."


John Sylvan, o inventor das cápsulas que transformaram a forma como se bebe café, arrependeu-se da sua invenção, defendendo que o preço para o ambiente é demasiado elevado, e "sente-se mal" por ter inventado algo com estas características.

Há poucos dias decidimos que iremos trocar a nossa máquina de café de capsulas por uma mais amiga do ambiente: uma máquina expresso automática, daquelas que moem o café no momento, o que trará não só a vantagem ecológica, como também aumentará a qualidade do café que bebemos.

Já tivemos uma Nespresso, e de momento temos uma Dolcegusto.
O preço de cada cápsula, (quando se adquire café da marca e não substitutos), varia entre 0,34€ e 0,44€. Os fabricantes de máquinas expresso automáticas argumentam que um quilo de café em grão rende até 100 cafés. Ora se estivermos na disposição de gastar o mesmo, acredito que por 34 ou 44 euros o quilo, compraremos cafés de uma óptima qualidade, com grãos com poucos defeitos, e uma torra recente.

Para quem o factor economia é o mais importante, há nas grandes superfícies cafés em que o quilo fica a cerca de 6 euros, o que dá 6 cêntimos por cada café.

Já fomos dar uma breve vista de olhos à oferta de um par de lojas, e se não trouxemos já uma para casa é pelo preço: é que o preço destas máquinas exige uma compra mais atenta e informada já que oscilam entre os 350 e os quase 2000 euros.
Há que ver mais reviews, perceber melhor as características do produto, escolher uma marca e um modelo, e também não é mal pensado esperar por uma qualquer promoção.

Mas uma coisa é certa: mais tarde ou mais cedo deixaremos de contribuir para o problema ambiental causado pelas cápsulas de café.




domingo, 24 de fevereiro de 2019

coisas de comer: Salmão


Adoro peixe, e o salmão está definitivamente no topo da minha preferência. Em todas as suas formas.

Em sushi ou sashimi? Adoro.
Embora confesse que não como sushi regularmente. Esta vertente gastronómica tornou-se uma moda tão grande, que por todos os lados apareceram restaurantes de sushi, muitos low cost, o que me faz logo à partida ficar desconfiada com a qualidade da matéria-prima, e sobre os conhecimentos de quem a confeciona. Mexer em alimentos é uma imensa responsabilidade, especialmente quando se serve proteína crua -  não há espaço para erros.
É que as técnicas do itamae levam doze anos a dominar. Não me digam que tínhamos dezenas de sushimen escondidos debaixo de rochas!

Em posta, grelhado? Se bem feito é uma maravilha. Especialmente quando não se despreza os acompanhamentos, como uma boa batata cozida com pele, feijão verde salteado, esparregado, grelos, etc, etc, etc, uma salada fresca é obrigatória.

Ao vapor? Sim! Colocado na panela de vapor, (ou outro utensílio com o mesmo fim), com rodelas de limão e ervas aromáticas.

Em cannelloni ou lasanha? Sem dúvida! O trio salmão, espinafres e requeijão é uma escolha famosa para a confecção de qualquer um destes pratos.

Em lombo, salteado na frigideira? Um dos favoritos cá de casa! Em primeiro lugar pelo corte: prefiro mil vezes lombo ou filete a posta, que é muito mais gordurosa e pode ficar muito enjoativa se não existir o cuidado de a confecionar no ponto, e de a acompanhar com elementos que combatam essa sensação. Outra vantagem do lombo é que vem sem espinhas.
São poucos os sabores que não casam bem com salmão, portanto estou sempre a experimentar novos acompanhamentos e receitas: seja com cogumelos, com cebolada, molho de mostarda e mel, ou simplesmente com limão, etc.

Em pizza? Definitivamente! Ainda hoje o almoço foi pizza de salmão e é tão boa!

Em saladas? Seja salmão fresco ou fumado, é um ingrediente que dá origem a super saladas, quentes ou frias, mais ou menos leves, adequadas para o Verão ou Inverno, para entrada ou prato principal.

Em tacos? Delicioso! Sabem que gosto, quando almoço sozinha, de optar por refeições leves que não deem trabalho. Há um par de dias peguei em duas tortilhas integrais e recheei-as com uma dose generosa de salada, (daquelas que se compram ensacadas), e uma embalagem de salmão fumado, salpicado com um pouco de molho de iogurte e funcho. Em conjunto com um sumo de beterraba, e fruta, foi o tipo de almoço leve que me agrada.

Tipo pequeno-almoço nórdico, com ovos mexidos? Para sempre um dos meus favoritos! O meu pai trouxe esse hábito do tempo passado entre vikings. Desde miúda que, por vezes, me preparava o "pequeno-almoço nórdico" com salmão fumado salpicado com limão, ovos mexidos, torradas e um galão.









terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

coisas que gosto: o espírito de aldeia


São os traços próprios de uma vida simples e serena que desenham muitos dos momentos que mais me fazem transbordar o peito de felicidade.

Adoro ir passear com o Kiko após o almoço, subir e descer a avenida do costume, que é coisa que nos leva meia-hora - eu cá aprecio rotinas desde que tenha sido eu a decidi-las.
Nada bate os dias em que olho em redor e verifico que temos o percurso só para nós. Tal permite-me afastar da equação possíveis encontros caninos de terceiro grau, abrandar a pulsação, respirar fundo e simplesmente desfrutar.

Cumprimos esta exacta rotina há mais de quatro anos, todos os dias, com poucas falhas ou nenhumas. Esta assiduidade com o quase rigor de um relógio suíço faz com que praticamente todos os que habitem ou trabalhem ao longo da avenida nos conheçam, o que dá origem a momentos de interação tão salutares que naquele momento acredito que adoro pessoas.

Há conhecidos que passam por nós de carro e apitam e acenam, há condutores de autocarros que por se cruzarem connosco todos os dias nos acenam também, atestado que a partilha de espaço e tempo é chão comum suficiente para germinar uma ligação, há troca de acenos com quem está sentado à varanda ou alpendre, troca de cumprimentos e algumas palavras com quem está a jardinar, um jovem pai que segura o pequeno ao colo para ele ver o "ão-ão", a senhora octogenária que conhecendo a nossa rotina abre a porta à nossa passagem para um dedo de conversa, até senhores das obras em cima de andaimes com quem trocamos "boas tardes", e de vez em quando fala-se deste cordial espírito de aldeia:

"Que bom que é viver numa aldeia!"

"É mesmo, vizinha! É mesmo."


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

100 coisas que diria a uma criança: sobre os dentes de leite


Posso não parecer a melhor pessoa do mundo para dar conselhos sobre saúde oral, até porque pertenço ao grupo de pessoas para quem basta mencionar a palavra dentista para sentir calafrios.
Como toda a gente que não habite debaixo de uma pedra, sei perfeitamente que deveria seguir minuciosamente o conselho de marcar uma consulta de seis em seis meses, e por mais que prometa fazer acabo por nunca cumprir. 
Depois de se ganhar a tal fobia é difícil dar a volta à coisa, e para além da minha sensibilidade à dor, as ferramentas do médico dentista apavoram-me mais que agulhas, o que é dizer muito!
Tento compensar com bons cuidados de higiene em casa: escovar após as refeições, e usar um suplemento para maximizar os efeito de limpeza, quer seja elixir ou outro. De momento a minha opção é o Elugel - um gel com elevado poder antisséptico e cicatrizante, à base de clorexidina que é um potente bactericida, que impede a proliferação de microorganismos na boca e como consequência a formação de placa bacteriana, mau hálito e afins. 
Se pensarem em experimentar fica apenas o alerta que não é adequado a crianças menores de seis anos, e não deve ser ingerido. De resto é simples: aplica-se uma "ervilha" numa escova suave ou na ponta de um dedo, e aplica-se massajando suavemente os dentes e as gengivas. 

A Ordem dos Médicos Dentistas lança anualmente os resultados de um barómetro sobre o saúde oral em Portugal. Fica um excerto da reflexão sobre os resultados referentes a 2018, retirado da página da Ordem:

"Mais de 30% da população revela que nunca vai ao médico dentista ou apenas vai em caso de urgência. É uma subida de 3% face ao ano passado, sendo que 41% dos portugueses não vão a uma consulta de medicina dentária há mais de um ano. São dados do Barómetro Nacional de Saúde Oral elaborado pela consultora independente QSP para a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD).


53,6% dos inquiridos afirmam não ter necessidade de ir a consultas de medicina dentária, um valor que subiu face aos 44,5% da edição anterior do Barómetro. 31,7% Diz não ter dinheiro, valor que contrasta com os 42,8% registados no ano passado. Há ainda 11,6% que considera não ter problemas de dentes.

No entanto, 70% de portugueses têm falta de dentes naturais (excetuando os dentes do siso) e, destes, 35% já perdeu seis ou mais dentes. Há ainda 8,2% da população portuguesa que não tem qualquer dente natural. E, entre aqueles que têm falta dentes, há 55,5% que nada tem a substituir.

O Barómetro revela também que 37,4% dos portugueses nunca marcam consulta para check-up. Apenas 29,7% dos inquiridos pelo Barómetro marcam uma consulta por ano e 13,3% marca quando o médico dentista recomenda.

41,6% Dos portugueses não visitam o médico dentista há mais de um ano e analisando as 4 edições do Barómetro está a aumentar o número de utentes que não vai ao médico dentista há mais de 2 anos. 3,6% Confessa que nunca foi a uma consulta de medicina dentária.(…)"

Há tanto ainda por fazer pela saúde oral dos portugueses. E se por um lado isso passa por tornar a medicina dentária cada vez mais presente e acessível a todos, o outro passo fundamental é ensinar desde a mais tenra idade como o nosso organismo funciona, qual a melhor forma de tratar dele, especificamente neste caso, os cuidados de higiene oral a ter em casa e os benefícios da medicina preventiva.

Felizmente nunca tive nada mais grave que uma cárie, e a "pior" intervenção a que já fui sujeita foi a extração dos sisos, mas mesmo assim se pudesse voltar atrás no tempo até à minha meninice, nunca teria saído de casa sem um "kit de higiene oral", um simples estojo com escova, pasta de dentes, fio dental, elixir ou gel,  para poder lavar os dentes após as refeições mesmo estando na escola.
O facto das crianças passarem o dia inteiro na escola faz com que esse gesto tenha uma importância fundamental, em conjunto com a venda de alimentos mais saudáveis nas escolas, com mais fruta e vegetais e menos produtos processados e açúcares.

Não custa nada ir ao wc lavar os dentes após a ingestão de alimentos, e a repetição desse gesto diário, ano após ano, é um investimento na saúde cujos benefícios se notarão. Essa é a mensagem que gostaria de fazer chegar aos mais novos.

No caso das crianças creio que ainda muita gente tende a menosprezar a primeira dentição, os chamados dentes de leite. Acho que nunca vou apagar da memória a avó e o mui jovem neto que vimos na sala de espera da clínica dentária, que já tinha os dentes de leite numa lástima. A avó confessava que o miúdo era guloso e que comia açúcar à colher, coisa que se a nós nos fazia benzer, tamanha irresponsabilidade por parte do círculo de adultos daquela criança fazia saltar fagulhas dos olhos da minha dentista.

Os dentes de leite não deixam de ser importantes por serem temporários: são eles que nos acompanham na introdução à alimentação sólida e nos permitem a mastigação e a adequada retenção de nutrientes, que orientam os dentes permanentes para a sua correcta posição no futuro, a sua presença é fundamental para o crescimento correcto das articulações, dos ossos e dos músculos da face, são eles que ajudam ao desenvolvimento da fala. Por tudo isso merecem um tratamento com o máximo rigor.


Portanto, toca a preparar uma pequena necessaire com produtos de higiene oral para todos aí por casa, pequenos e graúdos, para que os dias passados na escola e nos empregos não sirvam de desculpa para descurar os cuidados com os dentes.



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

coisas de ver: "Ray Romano: Right here, around the corner."


Começa a ser uma tendência ver veteranos da comédia a regressarem às suas origens de stand-up, para um especial da Netflix.
Considero que, na grande maioria das vezes, é uma boa tendência, e este especial de Ray Romano, mais conhecido pela sitcom "Everybody loves Raymond", é um exemplo feliz.





terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

coisas de ver: "Maigret"


"Maigret"

Embora seja uma série que já passou na televisão britânica em 2016, só agora chegou cá, através do Fox Crime.
As minhas séries favoritas sempre foram as de crime e mistério, - o universo de personagens como Holmes, Poirot, - portanto não poderia deixar escapar Maigret.

É Rowan Atkinson - o famoso "Mr. Bean" - que encarna a personagem, e muito bem, posso afiançar.








domingo, 27 de janeiro de 2019

coisas da casa: Ode ao Led, ou como diminuir a factura da electricidade.


Por norma, as lâmpadas, cá por casa, duram uma vida. O que faz com o processo de as trocar por lâmpadas mais eficientes vá demorando um bocadinho mais.

Finalmente ontem foi necessário fazer a troca no candeeiro do tecto da cozinha. três lâmpadas dicroicas convencionais por três dicroicas led.
A diferença de consumo é abismal: só com esta troca passámos a gastar 5w por lâmpada, ao invés de 35. Ou seja, 15w no total, e não 105.
Lembrem-se que estamos somente a falar de um único ponto de luz, o que só vem acentuar a ideia do quanto é importante e significativo o uso de lâmpadas eficientes em toda a casa, pelo bem que faz tanto às nossas finanças como ao meio ambiente.

Inclusive, trouxemos uma luz de presença que para além de só ter custado um único euro, consome somente 0,5w, com a vantagem de ter um interruptor, logo não é preciso tirá-la da tomada para a desligar.
Colocámo-la numa zona de passagem e, embora só tenha passado um dia, estamos rendidos a mais esta ideia, pois fornece iluminação mais que suficiente para transitar entre divisões, sem acender a mão de cheia de focos de luz do corredor.

Não se trata de viver de forma espartana. longe disso.
A gestão inteligente de todos os recursos à nossa disposição permite-nos reduzir a factura, inclusive a ambiental, sem ter que diminuir o nível de conforto.

Sempre tivemos o cuidado na compra de electrodomésticos e aparelhos electrónicos de optar pelos que são mais eficientes. Começámos há anos a ganhar o hábito de desligar da corrente os aparelhos que não estão a uso, para evitar os consumos inerentes ao stand-by. Depois a troca progressiva para a tecnologia Led, não só em lâmpadas, mas também no televisor, por exemplo.
Abdicámos de vez do velhinho radiador a óleo como solução de aquecimento.
Não abdico de usar o forno várias vezes por semana, nem a secadora de roupa, pois é um item que me dá qualidade de vida e me evita preocupações. Temos sempre computadores ligados, tv, box, consolas e outros mais, e com os pequenos e indolores gestos que acima citei a nossa factura chega a ser vinte euros mais baixa, por mês, que no passado.




terça-feira, 22 de janeiro de 2019

coisas de ver: "É p'ra amanhã"


"É p'ra amanhã"


Anita no tinoni e o agradecimento devido


Estes últimos 2-3 anos têm sido, (qual o melhor termo?), algo "desafiantes" em termos de saúde.

Caso para dizer que não mata, mas mói. Mesmo com toda a positividade que me é inata.

Digamos que ainda ontem estava a ver um episódio de "72 dangerous places to live", que não é mais um top de locais em redor do globo largamente afectados por cheias, tornados, poluição, terramotos e todo e qualquer cataclismo que vos ocorra.
Estranhamente são lugares muito populares entre turistas em busca de adrenalina, que acham que correr riscos vale a pena para assar marshmallows em rios de lava ou passear por Chernobyl, e dei por mim a pensar "Que gente mais estúpida! Dar tão pouco valor à própria vida quase que é gozar com quem está doente!".

Para ajudar à festa, no início da semana passada comecei a sentir algumas tonturas. Nada de especial.
Vamos ser razoáveis - pensei eu - e dar uns dias a ver se isto passa, que não estou preparada para me tornar uma coninhas hipocondríaca que consulta um médico por tudo e por nada.
Já basta quando tal é inevitável. Se há coisa que me causa profundo desconforto é ir a centros de saúde, hospitais e afins e começar a pensar no universo de germes, vírus e bactérias que por lá vivem, para além dos tempos de espera, e da minha fobia de agulhas e outras ferramentas do ofício.

Chegou quinta-feira e as tonturas deram lugar a um episódio de vertigens tão dramático como nunca havia experimentado.
Depois de passar toda a manhã a tentar levantar-me sem sucesso, com a cabeça a rodar vertiginosamente em cada movimento por mais ligeiro que fosse, a única solução que me ocorreu foi telefonar para o meu marido a pedir que me chamasse um médico ao domicílio, já que nem conseguia ler a lista de contactos para ser eu própria a fazê-lo.
Em menos de nada comecei a ouvir o barulho de uma sirene a aproximar-se, e pouco depois estava acompanhada pelo meu marido e dois técnicos do INEM, de pijama, em jejum, sem sequer ter conseguido ir ao wc, a vomitar para dentro de um balde que me trouxeram após terem-me ajudado a sentar e eu ter tido o reflexo imediato de tapar a boca. Faziam-me perguntas, picavam-me o dedo, mediam-me a tensão, iam falando sempre num tom bastante sereno e tranquilizador, enquanto o meu marido me calçava meias, ténis, me vestia um casaco, lhes passava o meu cartão do cidadão...

Eu que não estou habituada a estas coisas, perguntava pelos meus óculos, lenços de papel para me limpar, indicava que queria outros ténis que não aqueles, que queria levar comigo o saco com todas as análises e exames que fiz nos últimos meses, queixava-me de ter que sair de casa naquelas figuras, (embora mais tarde tenha chegado à conclusão que não há melhor roupa que um confortável pijama e um casaco quentinho se tiverem que passar horas a fio numa maca, podem acreditar em mim). Tudo isto entremeado com mil e quinhentos "obrigadas" e "desculpem lá".
À entrada da ambulância comecei a hiperventilar: ocorreu-me que não gosto mesmo nada de hospitais, nem de picas nem nada dessas coisas.
Lembro-me de repetir uma meia dúzia de vezes ao meu marido, que assomava pela porta da viatura, quase tão pálido quanto eu: "Eu fico bem, cuida do cão."

Embora durante uma boa parte da experiência não tenha tido uma correcta noção do tempo devido ao mal estar, tive a sensação que chegámos ao destino num ápice, especialmente porque quando comecei a vomitar para dentro do saco que me deram, ligaram as sirenes e senti que íamos muito mais rápido, o que por instantes me pregou um cagaço, porque uma pessoa não é de ferro e dá por si a pensar "Ai, "Jasus"! O que é que eles pensam que eu tenho?! Mau!!!"

Voltei a vomitar na entrada para a triagem, que as macas abanam mesmo muito. Não deixa de ter alguma comicidade, (ou talvez não tenha, eu é que a procuro insistentemente porque o sentido de humor é o meu mecanismo de eleição), a situação em que o médico me vai questionando sobre o meu nome, os meus sintomas, e são os técnicos do INEM a responder por mim, porque naquele momento estava numa relação de grande proximidade com o saquinho de enjôo, ou quando me quiseram passar para uma segunda maca e eu ainda demorei um minutinho a perceber que eu é que tinha fazer esse movimento.

Se apreciarem tanto como eu este tipo de comédia iriam achar hilariante as minhas figuras durante os episódios em que me enfiaram agulhas e cateteres, - eu não estava a brincar quando disse que tinha fobia a essas coisas, (então quando tive que refazer a análise para reconfirmar os valores de potássio para me darem alta foi de gritos)!
E a dança contemporânea/ contorcionismo que fiz num dos wc do hospital para urinar dentro do copinho sem tocar em nada?!

Pouco depois de ter dado entrada, o meu marido encontrou-me deitada na maca, num corredor onde macas ocupadas por pacientes faziam fila e os acompanhantes tinham que se encostar o mais possível para dar passagem a todo o tráfego hospitalar, tapada com um lençol, a mão esquerda a agarrar o saco do enjôo, não fosse ainda precisar dele; a mão direita a segurar o cartão do cidadão, o telemóvel, guardanapos, e o saco com os exames que trazia comigo em cima das pernas, por debaixo do lençol.

Aprendi que a minha capacidade de fechar os olhos, abstrair-me e até dormitar em quase qualquer lugar é um dom maravilhoso, que me foi tremendamente útil durante as primeiras 3 horas, em que não fiz nada senão estar deitada na maca à espera. Uma habilidade tão útil quanto a capacidade de rir com tudo.

Das 14h30 às 15h30 há o período de troca de turnos, em que os acompanhantes ficam proibidos de passar para além da sala de espera, e só os doentes podem permanecer junto da área de enfermagem.
Insisti com o meu marido que durante essa altura fosse para casa, afinal que lógica tinha ele ficar afastado de mim e continuar a respirar "ar de hospital"?!
Durante essa hora a azáfama é algo diferente: há médicos e enfermeiros que passam por nós já sem bata, pois acabaram o seu turno, e caras novas que passam em sentido contrário. Enfermeiras aos pares que conversam entre si, passando informações sobre os doentes. Um grupo de pessoas de bata branca e estetoscópios no bolso ou ao pescoço que passam por todas as macas enquanto um lê para o grupo a informação sobre cada paciente, auxiliares que trocam sacos de lixo.

Mais ou menos por essa altura tive um pico de impaciência: estava em jejum, tinha sede e vontade de ir ao wc, já que a última vez tinha sido em casa, antes de ir dormir na noite anterior. Tinha alertado a duas ou três pessoas, das muitas que passaram por mim, que precisava de beber água e em breve precisaria de ajuda para ir ao lavabo, sem efeito, o que me fez sentir ignorada e irritada.

Duas macas à frente da minha estava uma senhora que também pediu para ir ao wc. Na resposta que lhe deram discerni os termos arrastadeira e fralda, e decidi que afinal não estava assim tão aflitinha e que podia muito bem aguentar.
A irritabilidade também diminuiu consideravelmente quando se aproximou a simpática senhora com o carrinho da alimentação que me deu um chá açucarado e um pacotinho de bolachas.

Deveriam ser 16h quando uma médica cruzou as portas da ala de enfermagem e chamou o meu nome. Acenei e respondi freneticamente,- "Aqui! Sou eu! Aqui, na maca!" - honestamente com um nadinha de medo que não desse por mim ali estacionada numa fila indiana de macas ao longo do corredor.
O meu marido ajudou-a a empurrar a maca para um gabinete de observação, um daqueles compartimentos delimitados por cortinas.
Leu os exames e análises que levei comigo, fez as questões da praxe quanto aos sintomas, a outros problemas de saúde e medicação, e perguntou-me se já havia tido síndrome vertiginoso.
Ora bem, já, mas há quase vinte anos! Tanto que na altura custou-me um chumbo ao exame de Auditoria de Marketing, e consequentemente à cadeira.
Pelo que me disseram, esta coisa filha da mãe, a partir do momento que ocorre uma vez, é certinho garantido que voltará mais vezes para chatear.
Explicou-me que os vómitos haviam sido fundamentais para poder assumir que era síndrome vertiginoso. A certeza era suficiente para tomar algo imediatamente, mas que se iriam fazer análises à mesma.

Mais tarde, quando já estava sentada num cadeirão na sala de tratamentos, rodeada maioritariamente por idosos, apercebi-me o quão os mais pequenos pedidos, como uma ida ao wc, são complicados naquele cenário: havia somente uma ou duas cadeiras de rodas disponíveis, claramente insuficientes. O processo de preparar cada uma daquelas pessoas para uma ida ao wc implica a chegada de uma enfermeira ou auxiliar que meta as botijas de ar a que a maioria daqueles doentes estavam ligados na cadeira, e que um acompanhante ou auxiliar estivessem disponíveis para os empurrar, já que o pessoal de enfermagem era claramente escasso e por isso essencial que continuassem a dar prioridade a outro tipo de tarefas.
Senti-me imensamente sortuda por naquele momento já ser capaz de andar, ainda que amparada pelo meu marido por uma questão de segurança, e capaz de usar os lavabos sem apoio, e ufa! sem fraldas nem arrastadeiras.

Um pouco antes das nove da noite estava a sair pelo meu próprio pé, mil vezes melhor do que entrei, na companhia do meu marido, aquele que digo há anos, e com toda a razão, que é o melhor do mundo.
No caminho para casa passámos pela farmácia de serviço, e por aquela altura já não me fazia impressão nenhuma andar em público em pijama polar às estrelinhas, ténis e kispo cor-de-rosa. 

Só no dia seguinte é que contei aos meus pais do sucedido. É claro que levei um raspanete por isso, mas não gosto de os ver aflitos e preocupados. Talvez eu seja demasiado pragmática, mas havia decidido que só em caso de ter que ficar lá internada é que os avisaria, caso contrário que bem traria a algum de nós coloca-los num estado de nervos e ansiedade?!

Digamos que foi uma experiência rica, com muitos momentos de aprendizagem.
As oito horas que estive no hospital permitiram-me observar muita coisa.

Sim, vi sistemas informáticos a crasharem e a colocaram os médicos numa pausa forçada, impedidos de ver resultados de análises, de iniciar ou terminar consultas, de passarem receitas; vi escassez de macas, de cadeiras de rodas, de lugares sentados na sala de tratamentos, de pessoal, vi casas de banho imundas, vi pessoas a desesperarem com os tempos de espera, com as dúvidas, com a fraca qualidade do sistema de chamadas de pacientes, cujo som era tão fanhoso que ninguém conseguia discernir o que era dito, vi máquinas que mal funcionavam, vi salas de espera a transbordar de gente e todos os buraquinhos ocupados por macas, como num tetris humano.

Mas, apesar de tudo isso e acima de tudo vi pessoas e as suas qualidades: vi dois bombeiros que tudo fizeram para ajudar a sua paciente e não a perderam de vista um segundo, vi uma médica que ficou mais meia-hora só para receber as minhas análises e dar-me a tão desejada alta, vi técnicos de laboratório que deram o seu melhor para refazer análises em tempo recorde, vi enfermeiras que se mantém serenas e tentam chegar a tudo e todos,  mesmo com dez pessoas a rodeá-las, sedentas de atenção, em todos os momentos; que tratam os pacientes por "queridos", nos perguntam se estamos bem, e nos dizem coisas como "preocupe-se só em ficar bem" ou "se precisar de alguma coisa, chame", que nos cobrem com um lençol e nos perguntam se estamos bem assim depois de nos aconchegar; vi aquele que só pode ser o segurança mais simpático do mundo e arredores,  e pessoas doentes e seus acompanhantes que precisando eles próprios de ajuda, estão sempre atentos aos seus semelhantes.

Saí de lá com a certeza que quando os meios materiais, as ferramentas disponíveis, atingirem o nível dos muitos exemplos de salutar humanismo que assisti, para comigo e para com outros, a saúde do SNS ficará irrepreensível.

Hoje mandei uma mensagem de agradecimento tanto ao Hospital, como ao INEM. Eu cá não esqueço quem me faz bem, e sinto que é nosso dever agradecer e assim motivar a quem tem como missão estar por nós, nas alturas em que estamos mais frágeis.


terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Receitas para cães: a bela da canjinha.


Por esta altura já devem saber que, cá por casa, a opção é, desde há muito, cozinhar para o Kiko ao invés de lhe dar ração.

Come um pouco de ração ao pequeno-almoço, alguns snacks para cães ao longo do dia, e muito de vez em quando uma lata de comida para cão, o que eu chamo de "fast food", ou o equivalente de quando os pais levam os miúdos ao Macdonalds. Mesmo assim optamos sempre por produtos da mais elevada qualidade.

Tomámos essa decisão com a consciência que lhe queríamos dar uma alimentação "human grade", ou seja, à base de alimentos de qualidade nunca inferior aos que nós consumimos.

Um dos pratos favoritos do Kiko é canja. Basta-me perguntar-lhe se quer canjinha, que o puto mexe logo as orelhas e fica histérico. E por incrível que pareça primeiro sorve o caldo com sofreguidão, e só depois passa ao frango e cenoura.

Não há nada mais básico e fácil do que a bela da canjinha. Basta colocar cenouras às rodelas e peitos de frango num tacho, (quando os compro numa grande superfície, opto por frango do campo), água q.b. e levar a cozer. Costumo adicionar umas folhas de manjericão, ou uma pitada de hortelã. Lembrem-se: sem sal, nem qualquer tipo de gordura.

Podem adicionar mais vegetais para além da cenoura, ou massinhas. Por cá evitamos as massas porque o Kiko anda já meio gordinho.

Para servir, espero que a canja fique morna, corto-lhe pedaços de frango e cenoura para a gamela numa proporção de 80/20, e adiciono uma concha de caldo, (se de seguida houver passeio, para ele poder fazer todos os xixis que quiser).

Ele gosta, e nota-se que lhe faz bem. Aliás, se ele andar mal da barriga, a canja ajuda a normalizar tudo.


Ano novo...


… cabelo novo.

Nos últimos anos deu-me para deixar crescer o cabelo. Simplesmente apeteceu-me.
Acabei por ficar com uma juba comparável, sem exageros, à da Vénus de Botticelli, visto que me cobria totalmente as costas.
E é giro ter cabelos extra-longos, brincar com eles, entrança-los, mas com o passar do tempo dar-lhes a manutenção devida começa a ser uma maçada. Só o gesto básico de pentear é algo para durar uns vinte minutos: primeiro, de cabeça para baixo, soltando e desembaraçando gentilmente os fios de cabelo com os dedos; depois aplicando um creme e penteando-os com um pente de madeira de dentes largos.
A lavagem passa a meia-hora entre aplicar shampoo, creme hidratante, amaciador, e massagens e enxaguamentos entre cada operação.

Então, há um par de dias, estava eu a olhar para o frasquinho de creme de pentear e para o meu pente especial de corrida, quando decidi que era dia de tirar umas férias capilares.

Cortei-o, mais coisa menos coisa, pelos ombros.

A sensação de ausência de peso é indescritível. Perder tanto cabelo de uma só vez dá um pouco aquela sensação de membro fantasma.

Se acreditarmos em rituais de entrada no ano novo, espero que esta sensação de leveza seja um bom mote e prenúncio para o que me espera em 2019. Acho que precisamos todos de um pouco de leveza nas nossas vidas.