quarta-feira, 3 de abril de 2019

Vida de cão: Abençoado feitio!


Adoro o feitio do meu cão.
Tem um feitio de merda igual ao meu, e tenho algumas dúvidas que, se realmente fosse um filho humano, gerado e parido, tivesse tantas semelhanças connosco. Digo "connosco" porque o "paizinho" é da mesma estirpe.

Adoramos que seja desconfiado, que só confie cegamente em nós - o "pai" e a "mãe", que abane a cauda e cumprimente praticamente toda a gente, mas que não permita grandes confianças. A confiança merece-se, não se dá ao desbarato.
Quantas e quantas vezes olha para mim à espera do sinal de como reagir em relação à pessoa que se aproxima.

Ele é que sabe quando e de quem aceita uma festa, e se não estiver para aí virado, foge, evita, recua. Nós não obrigamos, e garantimos que as tentativas cessam mal ele dá indicação que não quer: como ser vivo merece respeito em relação ao seu espaço pessoal e ao seu corpo.
Quanto à vontade de quem quer dar festas, embora aprecie assistir a interacções felizes a minha responsabilidade com o meu cão, o meu filho de quatro patas, é garantir o seu bem estar e a sua segurança. Para além disso, vou sempre defender que o direito de cada um sobre o seu corpo é infinitamente superior a tudo o resto, quer se fale de um ser humano ou animal.

Da mesma forma que nunca me passaria pela cabeça cumprimentar alguém com um beijinho contra a sua vontade...


Pegar nele, nem pensar. Colo só nos pede a nós. Aceita que as "tias" veterinárias ou do spa lhe peguem, mas é uma intimidade vedada a todos os outros.

Isso deixa-me feliz. Porque neste mundo, em nome da segurança dos nossos, não só temos que educar as nossas crianças a terem cuidado, a não confiar cegamente em tudo e todos, como temos que alargar essa preocupação aos nossos animais.
Assim como há gente de bem, que se dedica a ajudar os animais, também há quem os roube, quem os envenene, quem sinta gosto em ser cruel e violento, o que faz com que não confiar cegamente seja basilar.




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