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quarta-feira, 21 de junho de 2017

Pessoas de quem gosto: "A terra a quem a trabalha"



O sr. P. é um septuagenário aqui da aldeia.
Pertence ao cada vez maior grupo de pessoas que conheci, ou fui conhecendo melhor, graças ao Kiko e aos nossos passeios diários pelas ruas da localidade.

Cruzámo-nos num dia de Inverno, e lá fomos conversando rua acima, ao ritmo do Kiko e das suas deambulações pela relva.
O sr. P. tem um semblante amável, e uma postura escorreita que não deixa revelar a sua idade ao primeiro olhar.
Fala-me sempre da sua horta, com as nuances próprias de cada estação, e eu gosto de o ouvir, sobretudo pelo entusiasmo que coloca em cada frase, esteja a falar de couves tronchudas ou dos tomates que em meados de Junho já estão "deste" tamanho - e usa as mãos abertas para demonstrar o quão grandes são. De como uma boa meia dúzia deles já repousam no parapeito, a amadurecer ao sol.
Mal o conheci pensei cá para mim estar diante da prova viva de como o constante contacto com a terra, desde que seja genuinamente por paixão, gosto e prazer, é uma espécie de elixir da juventude. Que a Natureza retribui, com juros, a quem dela cuida.

O sr. P. mora numa das ruas limítrofes da aldeia, num aglomerado de casas abraçadas a montante por um vale. Algures nessa extensa linha de mato, fica a sua horta, num terreno - apressa-se a esclarecer - que não é seu, mas que não fosse este seu "passatempo", como lhe chama, estaria destinado ao silvado, embora tenha dono.
A última vez que me cruzei com este amigo, ainda não se adivinhava a enorme e dantesca tragédia de Pedrógão Grande, confessava-me a sua preocupação, partilhada por alguns vizinhos octogenários, perante a negligência dos legítimos donos dos terrenos que lhes circundam as habitações. Terrenos por limpar, com mato denso e silvas do tamanho de gente. De como uma sua vizinha, senhora idosa, lhe dizia que não fosse o sr. P. a passar com o trator e a limpar algum desses espaços, por sua iniciativa, usando do seu tempo e meios, o cenário seria pior.
Sublinhava que num desses espaços havia passado o trator fazia dois anos, e esse tempo bastou para que surgisse um verdadeiro matagal. Que era necessário voltar a limpar, e que não se vendo qualquer interesse por parte dos proprietários se sentia tentado a fazê-lo novamente, pensamento que leva ao justo desabafo da sua mulher: "Sempre os mesmos! Calha sempre aos mesmos!"

Contrapus que esse era o eterno dilema das pessoas íntegras e cumpridoras: ou se faz no lugar daqueles que teriam o dever de o fazer mas que nada fazem, ou se permite que o descalabro e o caos imperem com consequências para todos.

Nunca me fez tanto sentido o adágio propagandista que diz "a terra a quem a trabalha".


sexta-feira, 2 de junho de 2017

Pessoas de quem gosto #8


Gosto tremendamente de quem possui o dom natural de entender que o instinto maternal/ paternal é algo que reside em cada um de nós, e não se dirige simplesmente aos filhos biologicamente gerados e paridos.
Que é mais universal que isso.
É a imensa capacidade de amar, de cuidar, que todos temos e que direcionamos a qualquer ser vivo que cative essa nossa faceta.
É Amor, ponto, e pode ser dirigido aos nossos filhos, aos filhos dos outros, a qualquer pessoa de qualquer idade, aos animais, às plantas, a tudo e a todos que despertem em nós esse lado. Porque o Amor na sua pura forma não cabe na caixinha pequenina que muitas vezes alguns de nós o querem enfiar, dê lá para onde der.

Também por isso, gosto da vizinha simpática que sorri para mim e me trata por "mãe do Kiko".






terça-feira, 16 de maio de 2017

Pessoas de quem gosto #7



Gosto de quem sabe apreciar a beleza de uma qualquer flor sem a colher; dos que ouvem o canto dos pássaros sem que lhes ocorra aprisioná-los. Dos que sabem admirar tudo o que mundo tem de belo e espectacular, sem a necessidade de causar dano, maltratar, tornar seu ou levar à extinção.



terça-feira, 29 de novembro de 2016

coisas de pensar: Público vs Privado, ou fosse isto um campo de batalha...


Os anos passam, os ciclos repetem-se, e eu continuo absolutamente incrédula e chocada como, da parte de quem nos governa, independentemente da sua cor política ou nome, a preferência continua a incidir em decisões que dividem a população activa, e que já se sabe, pela experiência da repetição que não resultam em nada de novo nem melhor.

Não. Minto. Incredulidade e choque não são os termos correctos. Adjectivar enquanto desilusão parece-me mais acurado.

A repetição quando deriva na ausência de evolução, quando resulta em prejuízo, desilude porque é sinal de máxima estupidez insistir numa solução que não o é. A não ser quando o objectivo não é solucionar. Quanto a isso, Maquiavel e os clássicos deveriam ser de leitura obrigatória.

O mundo não precisa ser um campo de batalha para que se apliquem as mesmas estratégias. Impera o "dividir para reinar". Termo e técnica que deriva do grego, e continua a dar frutos nos campos militar, sociológico e político.

"Esse conceito foi utilizado pelo governante romano César (divide et impera), Filipe II da Macedónia e imperador francês Napoleão (divide ut regnes). Também há o exemplo de Aulo Gabínio, que repartiu a nação judaica em cinco convenções, conforme relatado no livro I de A Guerra dos Judeus (De bello Judaico), do historiador Flávio Josefo. Em Geografia, Estrabão relata que a Liga Aqueia foi gradativamente dissolvida sob a posse romana da Macedónia, porque eles não lidavam com todos os estados da mesma maneira.
Na era moderna, Traiano Boccalini, em La bilancia politica, cita "divide et impera" como um princípio comum na política. O uso desta técnica refere-se ao controle que o soberano possui sobre populações ou facções de diferentes interesses, que juntas poderiam ser capazes de se opor ao seu governo. Sendo assim, o governante precisa evitar que os diferentes grupos e populações se entendam, pois uma união poderia causar uma oposição forte demais. Maquiavel cita uma estratégia militar parecida no livro IV de A Arte da Guerra (Dell'arte della guerra), dizendo que um capitão deve se esforçar ao máximo para dividir as forças do inimigo, seja fazendo-o desconfiar dos homens que confiava antes ou dando-lhe motivos para separar suas forças, enfraquecendo-as."


 Talvez um dia seja finalmente parte do comum entendimento que o problema não reside no facto da função pública ter um horário de 35 horas semanais, mas sim no facto deste não ser alargado a toda a população activa.
O mesmo se aplica a todos os direitos e deveres.

A população activa portuguesa conta com mais de cinco milhões de indivíduos. Houvesse o poder de concertação, o entendimento que há muito tarda que numa casa justa ou há para todos os filhos (e filhas) ou não há para nenhum, expressada quiçá através de uma greve geral, e o uso bem sucedido da estratégia batida seria finalmente coisa do passado.



sexta-feira, 11 de novembro de 2016

coisas que gosto: Bons ventos sopram de Espanha, ou "dar vida à idade"



Gostava tanto que encarássemos a terceira idade como se fossem umas férias por tempo indeterminado, em que todos os dias fossem vividos ao máximo, numa personificação do carpe diem, enquanto a saúde e a vida o permitir.

O conceito é de uma tremenda simplicidade: porque não aproveitar da melhor forma a liberdade que representa o fim das obrigações familiares e compromissos profissionais?

Felizmente começam a proliferar notícias sobre pessoas que decidem tomar as rédeas da própria vida, e tomam decisões sobre como querem viver na velhice. Decisões que têm por base o desejo de independência e felicidade e desembocam em projectos inspiradores, como o relatado nesta notícia que nos chega de Cuenca, Espanha.

Motivados em grande parte pelo desejo de não querer passar a última fase da vida rodeados de estranhos ou "ser uma carga para os filhos", dois casais de amigos que se conheceram anos atrás numa excursão, decidiram viver juntos numa república autogerida em Cuenca - Convivir. A sua decisão entusiasmou e incentivou muitos mais a juntarem-se ao projecto.

Convivir é um condomínio, uma residência com todos os atributos específicos das residências para idosos, desde os serviços a pormenores arquitectónicos específicos para a terceira idade como as casas de banho, botões de emergência, etc.
No entanto, Convivir não é um lar de idosos mas um projecto de coshousing: projectado por arquitectos com a ajuda e intervenção directa dos sócios da cooperativa.

Elogia-se o ambiente juvenil, a forma como se mantém activos através da partilha de tarefas, de workshops diversos organizados pelos próprios como forma de partilhar o conhecimento de cada um, que no caso de Convivir pode significar tanto uma aula de risoterapia como de macramé. Sentem-se bem, felizes, e independentes. Guiam-se pelo lema "dar vida à idade". E isso é o mais importante.

Existem alguns projectos similares por todo o mundo. Também em Portugal existem residências onde o objectivo é uma maior qualidade de vida. Os preços que podem rondar, para além do investimento na residência, uma mensalidade de mais de 2000 euros por casal, faz com que seja impossível todos terem acesso a este estilo de vida.
O importante é que cada vez mais pessoas se mostram interessadas neste tipo de soluções, querem decidir de forma activa como viverão as suas vidas até ao último momento. Será esse interesse que vai alimentar mais e melhores conceitos, novas ideias, e por isso, acredito que quando for a nossa altura de tomar as rédeas da nossa velhice, não faltarão opções, até mais económicas, que permitam a todos os cidadãos viver a terceira idade com um espírito de férias, focando na felicidade e no que nos faz bem.






terça-feira, 25 de outubro de 2016

coisas de opinar: Onde moram deus e o diabo?



Nos detalhes.

Os pormenores não são tudo, mas podem ser grandes indicadores das nossas forças e fraquezas de carácter. Tantas vezes suficientes por si para criar distância ou proximidade entre as pessoas, para elevar a consideração, a empatia ou o carinho que se tem por alguém, ou para a que opinião que formamos sobre determinado indivíduo não seja a mais favorável e simpática.

Embora nas tarefas quotidianas eu não tenha perfil, nem pachorra nem sequer talento para me dedicar a minúcias, dou importância aos pormenores no que toca ao comportamento humano, pois de certa forma ajudam-me a formar uma opinião sobre as pessoas.

Também não se trata de abusar da crítica e do julgamento sobre o próximo, pois afinal todos seremos santos com pés de barro, mas da necessidade que todos, sem excepção, sentimos de procurar traços de personalidade que nos indiquem se aqueles que se cruzam connosco merecem a nossa confiança, e se nos podemos "dar", muito, só um bocadinho, apenas em determinados contextos, ou absolutamente nada.

Acredito que pelo menos a grande maioria de nós se serve dos detalhes para o mesmo efeito.

E como são esses pormenores?

Só para exemplificar, a colega que oferece um chocolate a outra só para a animar depois de um dia puxado é, no meu julgamento, bem diferente das pessoas que ao venderem a sua casa a entregam aos novos donos, havendo levado até as lâmpadas e as tampas dos ralos.


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Gostaria de tomar um café com... #7



Henry Rollins

Para mim, um grande pensador da nossa era. Aprecio a sua criatividade, ética, humildade, claridade de raciocínio e poder de argumentação. Revejo-me nos seus pontos de vista e considero-o um dos modelos de valor neste mundo.

















terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Pessoas de quem gosto: Bem haja a população de Peniche...


... que, ao contrário de matar um golfinho bébé como aconteceu na Argentina, soube proteger a cria de golfinho que havia dado à costa, até chegar a equipa de resgate.
Mais aqui.

Bem hajam pela vossa decência, humanidade e compaixão! Pelo belo exemplo de como fazer (o) bem que dão ao mundo, especialmente quando, há pouco tempo, tivemos a notícia chegada da Argentina, do golfinho que morreu desidratado para que turistas tirassem selfies. Sabe bem quando nem todas as pessoas nos fazem sentir vergonha da nossa espécie!




terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

sábado, 30 de janeiro de 2016

Vida de cão #46: Ode ao diálogo




Sou daquelas pessoas a quem "bate forte, mas passa rápido".

Noto que, com o passar dos anos, cada vez me "bate mais forte", ou talvez o que se passa é que prefiro ver-me livre dos maus sentimentos através de uma catarse imediata. Não é bonito de ver, mas é essencial gastar logo toda aquela energia gerada pela irritação.

Ontem quando fui passear o Kiko, tivemos mais uma cena dessas.
Passamos diariamente por uma rua, que é das melhores da localidade para passear o cão, por ser longa, ter um relvado que se estende por todo o seu comprimento, e árvores.
Em frente a uma das casas estão sempre restos de comida, colocados displicentemente em cima da relva, que podem ir de bocados de pão, massa, batatas com sabe-se lá o quê, ossos a latas de atum.

Ontem, no cardápio havia, para além de um resto de batatas com acompanhamento mistério encostadas ao muro da habitação, espinhas de peixe espalhadas pela relva e camufladas por esta.

Nada do que por ali aparece é benéfico para qualquer cão. Tanto que o Kiko embora levado pela gula tente alcançar os restos, sabe que na grande maioria das vezes, essa teimosia só resultará num "Não!" bem audível e se necessário puxões na trela.

Andamos a treinar o comando "dá", que serve tanto para brincar com bolas, como para estas ocasiões em que ele agarra qualquer coisa que não deve. Resulta algumas vezes, nem todas.

 Então, lá estava eu, com um saquinho dos cócós a servir de luva a tirar-lhe as espinhas da boca. Não foi nada fácil, mas consegui. Fiquei foi com um dedo a sangrar, porque ou me espetei com as espinhas ou da pressão dos dentes do Kiko. Nada de especial.

Tentei prosseguir o passeio, embora já furiosa, porque sendo o miúdo certinho que nem um relógio, era importante que ele fizesse um nº2. Que não fez porque andava totalmente desaustinado, parecia querer abocanhar tudo o que aparecia e eu, cada vez mais possessa, achei preferível levá-lo para casa o quanto antes.

Decidi que, após mais de um ano a encontrar restos de comida ali, de ontem não passaria e que iria abordar os donos daquela casa.

Assim fiz. Não sem antes ir tomar um café e fumar um cigarro. Porque até eu, dada a amoks, tenho um nível de inteligência emocional que me permite saber que nunca se deve abordar ninguém quando estamos furiosos.

Como não encontrei nenhuma campainha, coloquei-me ao portão da casa a chamar. Apareceu um senhor com alguma idade e uma senhora mais idosa, que deveria ser sua mãe.
Disse-lhes que precisava de lhes dar uma palavrinha, de lhes pedir um favor. Que lamentava abordá-los na sua casa, mas que depois da aventura de ter que arrancar espinhas da boca do meu cão, coisa que poderia ter acabado numa ida ao veterinário, tinha que lhes pedir que fizessem o favor de não deixar restos de comida na via pública.
O senhor não fazia a mínima ideia do que se passava. Eu voltei a explicar que todos os dias estão restos de comida na outra entrada da casa, a que dava para a rua X. Que em algumas ocasiões até latas de atum abertas, que podem cortar o focinho de um animal mais curioso.
A senhora admitiu que punha lá pão, e tinha lá posto batatas com qualquer coisa, mas nunca latas de atum nem espinhas. Talvez isso fosse da responsabilidade dos vizinhos do lado.

Trocámos pedidos de desculpas pelo incómodo e prometeram-me que não voltaria a acontecer.

E eu terminei a minha tarde com a esperança renovada no poder do diálogo. Que a solução passará sempre, e em primeiro lugar, por abordar com o melhor dos espíritos e das atitudes aqueles que por um qualquer motivo nos incomodam com alguma atitude ou acção.






terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Falar de Saúde #3: 1098 ou apresento-vos o Toxocara Canis.



Um cão é o motor de uma espécie de revolução social na vida de uma pessoa. Desde que tenho o Kiko o mais comum é que as pessoas nos venham abordar durante as saídas, seja para lhe dar festas, seja para conversar.

De vez em quando o tema gira em redor de um dos meus ódios de estimação, os cócós na rua. Por incrível que pareça, nem sempre sou eu a abordar o tema.

Seja qual for a opinião de quem me aborda, quase automaticamente saco do rolinho de sacos para cócós que trago no bolso, e quase como quem vende o produto e a ideia saio-me com um "Vê? Não custa nada! Até são baratinhos, e se todos fizermos a nossa parte as nossas ruas andam sempre limpinhas. Não é uma questão de trabalho, é de atitude!"
Que já ninguém corre o risco de sujar os sapatos, diminui-se o risco de transmissão de doenças como a parvovírose, deixam de haver enxames de moscas que se alimentam das fezes e propagam doenças, e que existem tantos microorganismos patogénicos nos dejectos caninos, imunes aos tratamentos que damos às águas, que inquinam a mesma.

Já me apresentaram várias vezes o argumento, (ainda há dias, um senhor se saiu com esta!), que o cócó serve para estrumar os espaços verdes, que não faz mal nenhum, que eles, (leia-se os jardineiros e canteiros ao serviço da câmara municipal), depois passam aí e limpam. Eu, tentando ser o menos antagonista possível, digo que gosto do meu sistema, que não tenho feitio para fazer dos outros meus criados, e encolho os ombros enquanto me recolho nos pensamentos deambulando pelos corredores da mente à procura de uma forma de tentar esclarecer as pessoas sobre algo que a maioria desconhece.

É que o cócó dos cães não funciona como fertilizante ao contrário que muita gente pensa. Nas fezes dos bichinhos, (especialmente daqueles que não se encontram desparasitados internamente como deve ser e que são mais do que possam pensar, pois há aí tanto dono que nem um regime de vacinas consegue cumprir de forma responsável), vive o Toxocara Canis.
Estes parasitas podem sobreviver até 10 anos no solo e são imunes a desinfectantes e ao frio. Cada fêmea pode depositar cerca de 700 ovos por dia, e só são visíveis ao microscópio. Quando ingeridos por um ser humano podem levar a infecções do sistema nervoso, pulmões, fígado e olhos. Se não for devidamente disgnosticado e tratado pode levar à cegueira.

As toxinas presentes nos dejectos caninos envenenam o solo e a água, e são prejudiciais ao meio ambiente e a outros animais. Se estes forem deixados em pastagens, facilitando o contacto entre rebanhos e os parasitas presentes nas fezes, os animais não ficarão visivelmente doentes mas tornar-se-ão portadores de doença que passará para os humanos através do consumo da sua carne e se denotará através da formação de quistos no fígado e nos pulmões, que terão que ser removidos cirurgicamente.

O Toxacara Canis está longe de ser o único parasita presente nos dejectos. Pelo menos, mais de uma dezena de bactérias e parasitas proliferam neste ambiente. Estima-se que numa grama de cócó canino estejam presentes 23 milhões de bactérias coliformes fecais. Todas elas inimigas da saúde humana e dos animais!

Também se estima que a matéria fecal produzida por 100 cães em 2-3 dias é mais que suficiente para produzir bactérias suficientes para levar ao encerramento de uma praia, baía, ou qualquer corpo de água num espaço de 30 km, tornando-a temporariamente perigosa demais para haver contacto com esta ou consumir bivalves dela provenientes. O efeito dos dejectos caninos na água é o mesmo que o dos esgotos não tratados.
As bactérias presentes levam à proliferação de determinadas algas que consomem o oxigénio presente e dessa forma matam muita da vida marinha.

Em 1991, a EPA, (a Agência de Protecção Ambiental Norte Americana), declarou que os dejectos caninos são um poluente ambiental ao mesmo nível que os herbicidas, insecticidas, petróleo, crude e diversos resíduos tóxicos.

Estudos conduzidos pela mesma entidade concluíram que a água potável, aquela que sai dos canos e bebemos, possui mais matéria fecal que a desejada.


Percebem agora a minha obsessão com esta questão?!

Tudo evitável se as pessoas deixarem de ser preguiçosas e usarem os saquinhos para apanhar os cócós dos seus animais.

Porque pensem assim: o meu Kiko faz, em média, 3 cócós por dia. Ao fim de uma semana são 21. Ao fim de um mês são 90 ou 93. Ao fim de este ano bissexto serão 1098. Já viram se eu não os apanhasse?!
100 donos irresponsáveis contribuem anualmente com mais de 100000 bostas por apanhar, onde em cada grama vivem mais bactérias altamente prejudiciais à nossa saúde e ao meio ambiente que mais cidadãos em Portugal.

Pensem nisso!


Podem ler mais aqui e aqui.




quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Gostaria de tomar um café com... #5



Emma Watson.

Emma nasceu em 1990 e estreou-se como Hermione da saga Harry Potter, aos 11 anos de idade.

Sempre gostei de Hermione. O marido brincava comigo, dizendo-me que havia parecenças entre nós, que se tivéssemos uma filha, bem que poderia ser uma Hermione, por ter uma sabichona como mãe.

Enquanto me deleitava com esta saga fantástica, parte de mim reflectia sobre o possível futuro destes miúdos, que se iniciaram na 7ª arte com tão estrondoso sucesso. Que rumo dariam à sua vida? Saberiam aproveitar esta maravilhosa oportunidade ou, entrariam para a estatística como mais um dos tristes casos de actores que tiveram sucesso na infância e cresceram para uma realidade muito mais infeliz?

Hoje vi o discurso que Emma fez em 2014 enquanto embaixadora das Nações Unidas, sobre o Feminismo e a Igualdade de Género.

Não interessa de que jovem pessoa estamos a falar. Dá-me sempre gosto ver alguém crescer "bem". Tornar-se expedito, maturo, articulado, consciente.
Emma já não é Hermione, a menina de 11 anos. É uma mulher bonita, com classe, sofisticada, educada, bem formada. Apresenta-se bem, inclusive e sobretudo no discurso. Está a crescer enquanto bom exemplo para todos os jovens da sua geração. De todas as gerações. E eu fico feliz, porque sabe genuinamente bem ver uma vida florescer assim.




sexta-feira, 27 de novembro de 2015

As pessoas de quem gosto #4


Tenho um fraquinho por velhinhas - termo que uso com o maior dos carinhos.

Uma das minhas filosofias de vida é ter dois minutos de atenção e disponibilidade para com os mais velhos. Acredito que devemos respeitar os idosos, e esta é a minha forma de transformar o meu pensamento em acção.
Uns minutos de conversa, acompanhados de um sorriso pode não ser muito, e efectivamente não é, mas faço por ter em mente que desconheço a vida daquela pessoa. Que em alguns dos casos o nosso encontro, ainda que breve, pode muito bem ser a primeira interação que aquela pessoa teve durante o dia, e por isso acho tão importante fazê-lo.

Confesso que o termo obrigação se aplica em alguns dos casos. É óbvio que o faço também por gosto e, não só porque acho correcto. Mas confesso que o gosto decresce e a noção de sentido de dever aumenta com aquelas pessoas que são mais negativas e lamuriosas.

Felizmente nem sempre é assim. Há pessoas com quem é privilégio partilhar o mesmo oxigénio, que dão gosto conviver, que são uma inspiração não importa a idade que tenhamos.
Duas dessas pessoas são a Dona M. e a Dona Z..

Ambas são quase octogenárias, viúvas, independentes e, independentemente dos seus problemas de saúde e outros, são sempre uma lufada de ar fresco onde quer que entrem, tal é a sua boa disposição.

Todos os dias, acompanhada pelo Kiko, passo pela rua da D. M..
Numa destas manhãs, M. sai de casa, no seu conjunto de tweed que lhe assenta de forma escorreita e, com o sorriso costumeiro emoldurado pelo penteado níveo e impecável, atravessa a rua para nos vir cumprimentar.
Conta-me que vai ao médico, mas despacha rapidamente o assunto com um "tem que ser, é a vida!", como se essa coisa das maleitas nem fosse digna o suficiente para servir de tema às conversas.
Prefere sacar de dentro da mala um volume impressionante de fotografias, através das quais me dá a conhecer a família. Em algumas das fotos mais antigas ri dos penteados e das modas do passado.
"Chegou a conhecer o meu marido?" - pergunta-me, com talvez uma ponta de saudosismo, mas sem qualquer névoa de amargura.
Abre um saco e mostra-me um casaquinho que tricotou para mais um recém-nascido. Modelito único, que lhe ensinou a sogra, que nas últimas três décadas serviu de molde para um abismal número de agasalhos saídos das suas mãos.
Fala e mexe-se com desembaraço e vivacidade. Pergunta-me se sei a sua idade, e desafia-me a arriscar um número. Eu aposto um pouco baixo, e erro. É uma cordialidade, um "cavalheirismo" que mesmo sendo mulher, me sinto na obrigação de ter, especialmente com as senhoras mais maturas.
Elogio-lhe a elegância e a jovialidade, e sou totalmente honesta no que digo: M. sai-se com um "tem que ser, filha, tem que ser!", antes de se despedir e descer a rua, sorrindo.



Partilho a mesma rua com a Dona Z.
Quando me vê, aproxima-se para me dar dois beijinhos que eu retribuo com gosto. Fala-me dos passatempos, dos passeios e das férias além-fronteiras, da família, do quotidiano. Gabo-lhe ser tão activa e extrovertida.
Elogia os vizinhos. Denuncia um pouco de solidão quando suspira que estão todos ocupados a trabalhar, "pois tem que ser, não é?!".

Partilha com a D. M. o sorriso aberto, bonito, e o cabelo níveo, sempre bem arranjado.

Cruzamo-nos num dos corredores do supermercado e eu ajudo-a com os cupões promocionais, aqueles que dão descontos nos produtos X ou Y. Seguimos caminhos diferentes.
Voltamo-nos a encontrar na caixa. Deixo passar a pessoa que está atrás de mim para que estejamos juntas, e eu a possa ajudar se for necessário.
Pergunto-lhe se vai a pé para casa, tal como eu: "Vou, vou. Trouxe o meu carrinho e tudo."
Arremato oferecendo-lhe companhia para o caminho - "Com companhia custa menos!", pisco-lhe o olho.
Deixamos passar mais uma pessoa à frente e eu ajudo-a a colocar as compras no tapete rolante.
Aponta para duas caixas de chocolates. Gosta de ter sempre chocolates para oferecer a alguém, nem que seja às crianças do prédio ou a qualquer vizinho nas ocasiões em que a ajudam a levar as compras escadas acima.

Guardo-lhe as compras no carrinho e seguimos, ela com o seu trolley, eu com os meus sacos.

Alguns minutos depois chegamos e eu que não me esqueci da nossa conversa, ofereço-me para subir com o trolley. À porta de casa, insiste e acaba assim por me forçar a entrar.
 "Obrigada. Mas só por um par de minutos", digo, lembrando-a que deixei os meus sacos no átrio.  Mostra-me a casa e os trabalhos de tricot, conversamos mais um pouco.

Quando nos despedimos e começo a descer o primeiro lance de escadas, chama-me. Quer-me oferecer uma caixa de chocolates.
Não a quero ofender, mas não quero aceitar. Tão simplesmente porque o que fiz, fiz por gosto, porque quis, e em nada perdi. Não foi um favor, nem preciso de compensação por tal.

Digo-lhe que os guarde para as crianças. Z. insiste e eu replico que se me quer dar alguma coisa que me dê mais dois beijinhos. Ri-se e beija-me. E eu despeço-me galgando já as escadas.









segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Antropoformização involuntária #3: "Vá, Kiko, agradece ao senhor!"



Há algo de cão em mim: também eu gosto de me sentir recompensada após realizar algo.

Acredito que mesmo quando fazemos algo que faz parte da nossa "lista de obrigações" tal não significa que não mereçamos algum reconhecimento. Um elogio, um qualquer sinal de apreço cai sempre bem e motiva.
Há momentos em que essa pequena dose de motivação pode fazer uma grande diferença no nosso estado de espírito perante tarefas que são, muitas vezes, trabalhosas e repetitivas.

Atrevo-me até a dizer que esse gesto tem poderes mágicos. Quem, após uma palavra de reconhecimento pelo desempenho de algo, nunca sentiu parte do peso do cansaço, do stress, do possível aborrecimento desaparecer como por magia?

Comigo, por exemplo, ouvir o marido a elogiar os meus cozinhados funciona às mil maravilhas e compensa a rotina que se torna cozinhar quase todos os dias do ano.

Se há algo que a empatia permite é usar essa mesma lição, quando possível, no contacto com os outros. Por vezes, até eu me lembro de o fazer.

Hoje, num dos passeios, apercebemo-nos que era "dia de relva acabada de cortar". Os "dias de relva acabada de cortar" são especiais. Se eu com o meu nariz humano adoro aquele cheiro, o que dizer do Kiko com o seu apurado olfacto canino?!
O puto fica doido de felicidade, totalmente inebriado. Esfrega-se no relvado, mordisca folhinhas, pulula com se fosse um cabrito montês.

A meio caminho, foca a atenção num dos funcionários da empresa que dá manutenção aos espaços verdes. Quem conhece o Kiko sabe que quando se trata de pessoas e da sua vontade de as cumprimentar não há nada que o demova.

Fiz-lhe a vontade.

Abeirámo-nos do senhor:
- Bom dia. Acho que há alguém que lhe quer agradecer pela relva cortada, não é Kiko?

O senhor retribui o cumprimento e pergunta se ele gosta de relva cortada. E o puto, como se entendesse na perfeição a Língua Humana, responde à sua maneira, executando uma enérgica dança da alegria durante um par de minutos, numa coreografia onde entre saltinhos e corridas vai-se espojando na folhagem e desafiando-nos para a brincadeira.

Despedimo-nos a sorrir. O puto já não puxa pela trela. Olha-me nos olhos, com a língua de fora e aquele ar patusco, e eu não resisto a dizer-lhe: "É assim mesmo, puto!".


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

coisas de pensar: Comissão para a Protecção de Idosos



Pensar sobre o envelhecimento causa-me uma sensação agridoce.
Se, por um lado tento manter bem presente a noção que envelhecer é um privilégio. Que verdadeiramente é uma bonança ter nascido em Portugal, país onde a esperança média de vida alcança os 80 anos, ao contrário por exemplo da Serra Leoa onde o mesmo indicador aponta para os 38 anos. Que triste mesmo é quando a vida é curta.
O reverso da situação faz-me pensar que mesmo não havendo comparação possível com as abomináveis realidades de outros pontos do globo, não deixa de ser algo assustador envelhecer por aqui. Parafraseando: "este país não é para velhos".
O que não deixa de ser irónico, pois com a baixa taxa de natalidade e uma população cada vez mais envelhecida, no espaço de um par de gerações este será, nada mais nada menos que, um país de velhos.

Devido à petição, subscrita por mais de 5000 cidadãos, debateu-se no Parlamento a criação de uma Comissão para a Protecção de Idosos. Infelizmente é algo que ficará, por enquanto, em banho-maria.

Grassam pelos media as notícias sobre o tema. Já deu para levantar levemente o véu sobre a triste condição de muitos dos nossos idosos. Da solidão, das carências, dos familiares mal formados e miseráveis que lhes faltam com o necessário, capazes no entanto de lhes ficar com as reformas.

E penso: que pena perdermos com o passar dos anos as capacidades do corpo e da mente, ver a saúde minada e ficarmos à mercê de quem não sabemos ser ou não fiável. Seria tão melhor se fosse possível manter as mesmas capacidades de um corpo de 30 ou 40 anos até ao último dia da nossa vida. Chegar lá com autonomia e saúde.

No futuro voltarei a este tema. Hoje, gosto de pensar que se deu um pequeno primeiro passo para a construção de uma realidade mais compassiva, digna, justa para os nossos idosos. Uma realidade que, se tivermos sorte, pois envelhecer é um privilégio, será também a nossa.


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Vida de cao #27: Kiko e os manos Fukushima



Há pouco tempo mudou-se cá para o burgo um casal e os seus dois filhos pequenos.

Como primeira impressão eu diria que parecem muito simpáticos e acessíveis. É uma adição ao burgo que não passou despercebida a ninguém porque são especialmente barulhentos e os miúdos peculiarmente enérgicos.


Como é uma criança "peculiarmente enérgica"?

Só vos digo isto: O Kiko é um Jack Russel Terrier, como tal é dos cães mais activos e com mais energia. No contacto com outros cães, entre corridas e brincadeiras, raramente nos cruzámos com outro cão que tivesse pedalada para o Kiko. As brincadeiras terminam geralmente com o outro cão absolutamente exausto e o nosso fresco que nem uma alface.

Quando o Kiko e os miúdos se conheceram foi a primeira e única vez que vi o meu cão estarrecido pelo imenso nível de energia de alguém. Agora imaginem o quanto é necessário para deixar um Jack assim!

Se o meu cão anda a pilhas Duracell, aqueles miúdos são uma central nuclear. Daí parecer-me apropriado arranjar-lhes a alcunha de Fukushima.







domingo, 26 de julho de 2015

A Princesa Emília



Raro é o dia em que não passe pelo Facebook, essa amálgama de mil coisas tão dissonantes entre si em valor.

Nem sei explicar muito bem o porquê de ter desperdiçado um par de minutos num "quiz" sobre princesas da disney, tive melhor sorte quando apanhei a partilha do vídeo sobre Emily, a pequena miúda que quis doar o seu cabelo a crianças que dele precisassem.

E pensei que não há cá Elsa, Rapunzel, Mérida, Tiana ou Ariel que cheguem aos calcanhares da Princesa Emília. Que se tivesse descendência levavam com este vídeo no intervalo dos desenhos animados.