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quarta-feira, 16 de agosto de 2017
coisas de pensar: David, o cavaleiro conservacionista
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
coisas de opinar: As hienas de Harar e as raposas de Portugal.
Ontem assistimos, deliciados e estupefactos, a um documentário da vida animal passado na vila etíope de Harar, sobre a relação incomum entre os seus habitantes e as hienas.
No passado, por falta de alimento no seu habitat natural, as hienas sentiram-se forçadas a migrar das montanhas para as redondezas desta vila. Naturalmente, começaram os ataques a rebanhos e talvez a humanos.
Como acontece ainda hoje em dia, uma vez por semana, o conselho de sábios reuniu-se para meditar sobre uma solução para este problema. O fantástico é que em tanto lugar do mundo, na maioria acredito, a solução encontrada passaria por exterminar as hienas. Mas não em Harar!
Isto passou-se há uma centena de anos: a solução definida pelos sábios de Harar foi que se passasse a alimentar as hienas.
Em vários pontos da vila são deixados recipientes com uma espécie de pudim de cereais bem regado com manteiga, mas o verdadeiro fenómeno reside na existência de homens que alimentam as hienas à mão, dando-lhes pedaços de carne, com a ajuda um pauzinho. Que as chamam assobiando, que as conhecem e lhes deram um nome, e cujo chamado elas reconhecem.
Criou-se uma inesperada harmonia entre animal selvagem e humanos, que atrai curiosos de todo o mundo. O que começou por ser um gesto nascido da necessidade para preservar vidas humanas e rebanhos, sem abdicar do respeito pela vida e compaixão, cresceu para uma relação que se pode até chamar de afectuosa.
As hienas andam à vontade pelas ruas da vila, as pessoas passam por elas como se nada fosse. Têm-lhes carinho: confessam que olham para estas como amigas, cães. Que tal como os cães estas parecem entender o que lhes dizem.
No documentário há vários momentos destes, desde uma senhora que já não consegue dormir descansada sem os sons das hienas, uma mãe que leva uma criança para as ver mais de perto, o jovem alimentador de hienas de somente 19 anos que depois da primeira noite em funções diz nunca se ter sentido mais entusiasmado e feliz, de como fala da vitória que é a lenta conquista de confiança em que o animal vem buscar o seu pedaço de carne e permite um afago.
Criaram superstições e crenças animalísticas em que a hiena é um espírito protector, que os salva de demónios e djinn. Há sempre uma base de verdade nos mitos e a mim pareceu-me que a protecção atribuída à hiena é o seu papel na ecologia: por exemplo, os restos provenientes dos matadouros são deixados numa colina, e os cães e hienas comem todos os restos. E por incrível que pareça, em companhia uns dos outros, sem ataques.
Há cães, gatos, e crianças, e todos andam livremente pelo espaço. À noite as pessoas recolhem às suas casas, e a presença das hienas intensifica-se nas ruas da vila. A tv mostra a imagem de uma hiena que acelera para se desviar de uma matilha de cães mais atrevidos. Quisesse ela e comia um deles só com uma dentada. Simplesmente não esteve para isso.
Acho que já deu para pintar o cenário das hienas. Posso passar agora às raposas.
Porquê as raposas, e em Portugal, como escolha de tema?
As redes sociais inflamaram-se quando se espalhou nas mesmas o anúncio de uma "batida" organizada pelo clube de caça e pesca de Santa Tecla, Famalicão, com data marcada para 26 de Fevereiro.
Como em tudo, as opiniões dividiram-se e ambos os lados fizeram-se ouvir.
Na defesa do evento, o presidente do tal clube afirmou que a grande motivação do evento é "desportivo", que é um desporto como outro qualquer, que é algo que já se faz desde a época dos reis.
Mais aqui.
Eu cá sou absolutamente contra a caça desportiva. Aliás, a abolição desta é uma das minhas causas.
Não acho plausível nenhum dos argumentos utilizados como tentativa de justificação de práticas que residem na busca de prazer através da crueldade. Isso, nos dias de hoje, para qualquer cabeça sã não é mais que sinal de psicopatia.
Usar a tradição como argumento é vão: a antiguidade de uma prática não justifica a sua perpetuidade. Unicamente o carácter desta define a sua continuidade.
Felizmente existe algo chamado evolução, e o que foi um dia aceitável, no futuro deixará de o ser. Caso não o fosse não se lutaria pelo fim da prática da mutilação genital, das touradas, dos circos com animais. Caso não o fosse nunca teria sido abolida a escravatura, nem se teriam redigido declarações como a dos Direitos Humanos ou da Criança, continuariam a haver tribos canibais, sacrifícios humanos, serviríamos um senhor feudal que teria total domínio sobre a nossa pessoa e vida, e por aí fora. Afinal tudo isto e muito mais pertence a uma lista de antigas práticas, logo tradicionais, certo?!
Sim, tristemente por vezes a caça parece a última solução em determinadas situações. Por exemplo, nos casos extremos em que uma espécie invasora chega a um território, geralmente sempre por mão humana, e por não pertencer aquele habitat, não ter predadores, todo o ecossistema, todas as outras espécies correm um enorme e bem real perigo de desaparecerem. Um desses exemplos é a presença do peixe-gato em várias zonas onde este não é nativo. Mas não deixa de ser uma triste intervenção na tentativa de corrigir um enorme erro humano. Aliás, quando decidimos interferir o resultado não costuma ser bom.
Outra situação é o recurso à caça como meio de sobrevivência. Nem todas as pessoas do mundo vivem numa sociedade onde há mercearias e hipermercados à esquina. Existem ainda lugares em que se não caças, não comes, e se não comes, morres.
Mas essas pessoas, como não faltam documentários que as apresentam aos nossos olhos, são muito diferentes dos caçadores desportivos. Estas fazem-no por verdadeira necessidade, muito provavelmente ficariam horrorizadas perante alguém que o faz somente por prazer, porque melhor que muita gente, sabem que se tirarem da Natureza mais do que aquilo que necessitam, na conta da frugalidade, gera-se um desequilíbrio do ecossistema. Que o respeito pelas outras espécies é indispensável à sua, que não são mais importantes que qualquer uma das outras espécies com quem partilham aquele espaço. Que o ego é sinal de tolice.
Para terminar, deixo-vos com um par de vídeos protagonizados por raposas, esses seres maravilhosos, e pensem lá se concordam ou não com a caça desportiva, se se imaginam em sua perseguição.
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terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Falar de Saúde #3: 1098 ou apresento-vos o Toxocara Canis.
Um cão é o motor de uma espécie de revolução social na vida de uma pessoa. Desde que tenho o Kiko o mais comum é que as pessoas nos venham abordar durante as saídas, seja para lhe dar festas, seja para conversar.
De vez em quando o tema gira em redor de um dos meus ódios de estimação, os cócós na rua. Por incrível que pareça, nem sempre sou eu a abordar o tema.
Seja qual for a opinião de quem me aborda, quase automaticamente saco do rolinho de sacos para cócós que trago no bolso, e quase como quem vende o produto e a ideia saio-me com um "Vê? Não custa nada! Até são baratinhos, e se todos fizermos a nossa parte as nossas ruas andam sempre limpinhas. Não é uma questão de trabalho, é de atitude!"
Que já ninguém corre o risco de sujar os sapatos, diminui-se o risco de transmissão de doenças como a parvovírose, deixam de haver enxames de moscas que se alimentam das fezes e propagam doenças, e que existem tantos microorganismos patogénicos nos dejectos caninos, imunes aos tratamentos que damos às águas, que inquinam a mesma.
Já me apresentaram várias vezes o argumento, (ainda há dias, um senhor se saiu com esta!), que o cócó serve para estrumar os espaços verdes, que não faz mal nenhum, que eles, (leia-se os jardineiros e canteiros ao serviço da câmara municipal), depois passam aí e limpam. Eu, tentando ser o menos antagonista possível, digo que gosto do meu sistema, que não tenho feitio para fazer dos outros meus criados, e encolho os ombros enquanto me recolho nos pensamentos deambulando pelos corredores da mente à procura de uma forma de tentar esclarecer as pessoas sobre algo que a maioria desconhece.
É que o cócó dos cães não funciona como fertilizante ao contrário que muita gente pensa. Nas fezes dos bichinhos, (especialmente daqueles que não se encontram desparasitados internamente como deve ser e que são mais do que possam pensar, pois há aí tanto dono que nem um regime de vacinas consegue cumprir de forma responsável), vive o Toxocara Canis.
Estes parasitas podem sobreviver até 10 anos no solo e são imunes a desinfectantes e ao frio. Cada fêmea pode depositar cerca de 700 ovos por dia, e só são visíveis ao microscópio. Quando ingeridos por um ser humano podem levar a infecções do sistema nervoso, pulmões, fígado e olhos. Se não for devidamente disgnosticado e tratado pode levar à cegueira.
As toxinas presentes nos dejectos caninos envenenam o solo e a água, e são prejudiciais ao meio ambiente e a outros animais. Se estes forem deixados em pastagens, facilitando o contacto entre rebanhos e os parasitas presentes nas fezes, os animais não ficarão visivelmente doentes mas tornar-se-ão portadores de doença que passará para os humanos através do consumo da sua carne e se denotará através da formação de quistos no fígado e nos pulmões, que terão que ser removidos cirurgicamente.
O Toxacara Canis está longe de ser o único parasita presente nos dejectos. Pelo menos, mais de uma dezena de bactérias e parasitas proliferam neste ambiente. Estima-se que numa grama de cócó canino estejam presentes 23 milhões de bactérias coliformes fecais. Todas elas inimigas da saúde humana e dos animais!
Também se estima que a matéria fecal produzida por 100 cães em 2-3 dias é mais que suficiente para produzir bactérias suficientes para levar ao encerramento de uma praia, baía, ou qualquer corpo de água num espaço de 30 km, tornando-a temporariamente perigosa demais para haver contacto com esta ou consumir bivalves dela provenientes. O efeito dos dejectos caninos na água é o mesmo que o dos esgotos não tratados.
As bactérias presentes levam à proliferação de determinadas algas que consomem o oxigénio presente e dessa forma matam muita da vida marinha.
Em 1991, a EPA, (a Agência de Protecção Ambiental Norte Americana), declarou que os dejectos caninos são um poluente ambiental ao mesmo nível que os herbicidas, insecticidas, petróleo, crude e diversos resíduos tóxicos.
Estudos conduzidos pela mesma entidade concluíram que a água potável, aquela que sai dos canos e bebemos, possui mais matéria fecal que a desejada.
Percebem agora a minha obsessão com esta questão?!
Tudo evitável se as pessoas deixarem de ser preguiçosas e usarem os saquinhos para apanhar os cócós dos seus animais.
Porque pensem assim: o meu Kiko faz, em média, 3 cócós por dia. Ao fim de uma semana são 21. Ao fim de um mês são 90 ou 93. Ao fim de este ano bissexto serão 1098. Já viram se eu não os apanhasse?!
100 donos irresponsáveis contribuem anualmente com mais de 100000 bostas por apanhar, onde em cada grama vivem mais bactérias altamente prejudiciais à nossa saúde e ao meio ambiente que mais cidadãos em Portugal.
Pensem nisso!
Podem ler mais aqui e aqui.
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