Mostrar mensagens com a etiqueta opiniões. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta opiniões. Mostrar todas as mensagens
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Em forma de comemoração do 5 de Outubro...
... fica aqui este "Môce dum Cabréste" a falar de "identidade colectiva".
Etiquetas:
cromices,
efemérides,
opiniões,
pensar,
Portugal
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Peão vs Automobilista
Gosto muito de caminhar, da mesma forma que há quem seja apaixonado por andar de bicicleta, ou conduzir, ou surfar, ou whatever...
Tal faz com que esteja frequentemente num cenário peão vs automobilista.
Tenho uma mania, que é de tal forma parte de mim que o gesto sai naturalmente: sorrio e aceno levemente, em forma de agradecimento, aos condutores que páram nas passadeiras que atravesso.
Sim, já me disseram que não tenho que o fazer, que é obrigatório parar, e tudo isso.
Também já me perguntaram por que o fazia.
A resposta é simples. É de conhecimento geral que parar nas passadeiras pode ser obrigatório, e quem não o faz pode sujeitar-se a uma sanção. Mas por mais leis que existam, agir bem ou agir mal será sempre uma escolha pessoal.
Não imagino melhor forma de fomentar as boas escolhas que reconhecer e recompensar quem as faz.
Da minha parte, enquanto pedestre, nada mais posso fazer do que ser gentil.
E gosto muito do facto que quase todos aqueles com que me cruzo retribuem o aceno e o sorriso!
E ao contrário, como ajo?
Digamos que, na época em que tinha que atravessar a 24 de Julho todos os dias, gota a gota, o copo foi-se enchendo com as más atitudes de tantos e tantos condutores. Tanta desatenção, falta de cuidado e respeito para com os peões, mesmo numa passadeira, e com o sinal vermelho!
Um dia o copo transbordou.
Um veículo de alta cilindrada vinha de tal forma depressa, que ignorou a sinalização, e ia albarroando um grupo de pessoas que naquele momento atravessava na passadeira.
Travou a fundo, ficando a meio da mesma e a escassos centímetros de mim.
Com o coração na boca, não fui de modas. Peguei no chapéu de chuva com ambas as mãos e desatei a bater no capot, a vociferar como estava farta daquela merda, que todo o santo dia era a mesma coisa, os mesmo imbecis, perante o olhar perplexo do condutor.
Depois segui caminho. E sim, estava muito mais aliviada. O facto de ser um carro xpto também ajudou à terapia.
Etiquetas:
gosto,
manias,
mau feitio,
memórias,
opiniões
terça-feira, 17 de junho de 2014
Portugal - Alemanha
Uma derrota é apenas uma derrota. Coisa pouca. As competições são mesmo assim.
Aos olhos de uma optimista incansável, como eu, as batalhas perdidas têm o seu lado bom: quando aproveitadas há lições aprendidas e uma descarga de energia que nos impele a fazer mais e melhor, a dar tudo por tudo, para não voltar a sentir aquele amargo na boca.
Em todos os jogos, a competição acontece em dois planos: no marcador e na atitude.
Haja fair play, profissionalismo, desportivismo, cortesia, entrega, mestria no que se faz, trabalho em equipa por parte de ambas as equipas e em boa verdade, ambos sairão vencedores do recinto.
Isto é o que penso. Mas que sei eu, que nem gosto de futebol, nem via um jogo há anos?!
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Os meus 25 tostões sobre as Europeias
Sabem que dia 25 há eleições?
Também eu gostaria de deixar um apelo: a participação na democracia é um assunto de todos, sem excepção.
Não opinarei sobre em quem deverão votar ou algo parecido, era só o que faltava!
Mas, apelo que não façam de conta que isto não é convosco, que não empurrem o que é simultaneamente o vosso direito e dever para as mãos e costas dos outros, não enterrem a cabeça na areia, só porque é cómodo fingir que não se passa nada.
Responsabilizem-se! Votem no raio que os parta, mas votem, participem! E se optarem por não votar, que seja fruto da reflexão, um acto consciente e deliberado, e não da preguiça e do lava mãos à Pilatos. Abraço
Ontem deixei isto, ipsis verbis, no meu mural do Facebook. Deu-me para isto, e mesmo após uma noite de sono, mantenho tudo o que disse.
quarta-feira, 30 de abril de 2014
Hoje é dia de cabelo...
Acho que de forma a compensar a treta de pele e, (o facto de ser pitosga), que me saiu na rifa da genética, nasci com bom cabelo. É forte, grosso, liso e de um castanho natural que sempre gostei - uma espécie de mistura de fios de vários tons e luminosidades.
Se lhe tivesse que apontar um defeito, seria o facto de me ter aparecido o primeiro branco para aí com nove anos de idade.
Pinto-o só muito de vez em quando, por vários motivos: nunca encontrei uma tinta cujo resultado me agradasse tanto quanto a minha cor natural, não me envergonho dos meus brancos e por isso só o pinto quando me apetece uma mudança, não gosto de abusar de produtos químicos, não tenho pachorra nem feitio para idas frequentes ao cabeleireiro...
Quanto ao corte, o mais radical que fiz nos últimos anos foi tê-lo pelo queixo, numa espécie de bob.
O usual é ter o cabelo longo, ou muito longo (já chegou a meio das costas), e acabar por usá-lo, invariavelmente, preso num rabo de cavalo - por hábito, porque é prático, porque gosto de me ver e porque odeio a sensação de cabelo na cara.
O tal "bob" era a tentativa de me preparar para um penteado curto, o tal chamado de pixie. Ando há pensar nisto há uma vida!
Hoje tenho hora marcada no cabeleireiro, mas pela minha expressão (se a pudessem ver, claro está) mais se diria que tenho marcação é no dentista.
Talvez entendam melhor a minha atitude se vos contar que esse corte de cabelo aos 17 anos surgiu por necessidade. Uma das muitas profissionais capilares lá da aldeia onde cresci, fez-me uma pelada e calou-se caladinha. Lembro-me de achar estranha a quantidade de laca (não uso disso), e o passar do espelho (aquele que nos permite ver a nuca) numa manobra demasiado rápida.
Só ao chegar a casa é que a minha mãe, ao querer ver o meu novo corte, deu conta. E lá fomos nós de urgência para a Lúcia Piloto.
Foi um pixie bem caro!
Adiante, tivesse sido ontem, mal me deu as ganas de ir tratar do cabelo, teria sido bem mais fácil, possíveis arrependimentos à parte.
Mas como era preciso hora marcada, lá se foi a coragem que se tem quando se faz algo por impulso.
Acho que ainda não é desta. Fico-me pelo básico e olha lá!
O corte em si não é o problema, é a execução que me aflige: ainda não encontrei uma cabeleireira em quem consiga confiar plenamente. E quando decido arriscar, normalmente arrependo-me, portanto evito pedir algo complicado.
O que dá origem a um ciclo vicioso: não se pede mais do que o básico ao profissional por se duvidar das suas competências, logo o profissional também não adquire mais competências porque ninguém lhe pede mais do que o básico. Provavelmente nem pondera aumentar as suas qualificações através de formação: para quê se a sua vida profissional não passa daquilo?
Mas também quem é quer ser boneco de testes?!
Não é que tenha mais histórias de peladas, (se bem que já me cortaram uma orelha), mas sempre achei que, em especial as mulheres são exploradas pelos cabeleireiros, pagam fortunas, e a qualidade da execução fica normalmente aquém.
Já corri muitos salões e a conclusão que chego, é que continuarei a ir ao cabeleireiro pontualmente.
O dinheiro, esse, confesso que me dá muito maior satisfação gastá-lo num par de idas a um bom restaurante, do que num salão. Vá-se lá entender, gostos!
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Em relação à felicidade alheia
Estou sempre a torcer pela felicidade, tanto pela minha como pela dos outros. Gosto que as pessoas, todas as pessoas, sejam felizes, bem sucedidas, completas, realizadas.
Saber de Fulana ou Sicrano, sobre como a vida lhes corre bem, são boas notícias e deixam-me satisfeita. Então quando se trata de alguém por quem se nutre um especial carinho, ou alguém que por qualquer motivo pensamos ser especialmente merecedor de todo o bem que lhe chegue, é alegria redobrada na certa.
Acima de tudo faço-o de forma genuína e natural. Não o faço para ficar bem na fotografia, até porque em relação à percepção dos outros em relação a mim, acho a posição de "underdog" ou de "anónima" muito mais confortável, prazenteira, e implica muito menos trabalho e chatices. Prefiro que me conheçam pelo meu mau feitio, e praticar qualquer boa acção, o mais possível na sombra.
Também não o faço porque seja particularmente altruísta ou um ser iluminado que tenha vindo ao mundo para dar lições.
Faço-o sobretudo por uma questão de egoísmo saudável.
Confessem, agora troquei-vos um bocadinho as voltas.
Eu explico: se há coisa que eu gosto na vida é de paz, sossego e boas energias. É uma trindade fundamental ao meu bem-estar. Que é algo relativamente fácil de obter quando as pessoas que nos rodeiam, (quantas mais melhor!), forem felizes.
Porque as pessoas felizes são bem resolvidas, emanam boas vibrações, são construtivas, produtivas, mais empáticas e geradoras de ideias e acções positivas. São um bálsamo para o mundo e para os outros, a felicidade ocupa-as, e os bichos da mesquinhez, da inveja, do ódio, e de tudo o que é podre e que contamina, qual doença infecciosa, vão minguando por falta de alimento.
Em conclusão, acredito na premissa que torcer pela felicidade dos outros é também investir na minha.
sexta-feira, 28 de março de 2014
O nome que daria a um filho
Aposto que, tal como eu, quem não tenha a maternidade como objectivo, pelo menos a curto prazo, (porque nunca se deve dizer nunca!), já deu por si a pensar numa lista imaginária de nomes possíveis com que baptizaria os petizes.
No topo da minha lista está Viriato.
Já vos estou a imaginar desse lado: "Ahhhh, credo! Coitadinha da criança! Porquê?!"
Porque acredito no poder das palavras, na importância dos nomes. Porque no caso de realmente estes influenciarem quem somos, então nem hesito em escolher o nome de uma figura inspiradora - o Viriato da lenda, da História, o líder dos Lusitanos, que foi reconhecido pelos seus inimigos romanos como sendo inspirador, valoroso, "um príncipe".
"Do Latin viri que significa homem, herói, pessoa de coragem, honra e nobreza;"
Se for para dar o corpo ao manifesto, passar pelas dores de parto, que seja para parir um herói, que este país e o mundo bem precisam de mais um a engrossar as fileiras.
terça-feira, 18 de março de 2014
Num universo alternativo, a semifinal do Festival da Canção soaria assim
Confesso que o Festival da Canção teria-me passado totalmente ao lado, não fossem uns zunzuns sobre o tema vencedor pelas redes sociais.
Levada pela curiosidade procurei-o. Acabei por ouvir, na diagonal, as 10 canções que fizeram parte da semifinal. ( aqui ).
Não quero ser mázinha, até porque o gosto é algo bastante subjectivo, e porque quero respeitar o processo criativo alheio: digo apenas que, se fiquei fascinada, ou melhor, boquiaberta, não foi pelos melhores motivos.
Acredito que no Festival da Eurovisão, por várias razões, nem todas relacionadas com a qualidade da peça musical, seremos sempre um "underdog". Aceitemos o facto, e foquemos a nossa participação na estratégia de levar além fronteiras o melhor da portugalidade.
Abandone-se a fome pelo troféuzinho. Essa fome que leva compositores a enveredar pelo trilho do que consideram vendável, mais popular, sei lá, e que acaba por ser uma caca, com pouco ou nada do que somos, em termos de cultura, de sonoridade, de identidade criativa.
Portanto, apresento aqui a minha versão alternativa de semifinal de Festival da Canção. São sons, intérpretes, bandas, que na minha perspectiva representariam melhor esse conceito de portugalidade que deveriamos levar ao mundo.
E o difícil foi escolher só 10!
Gostava que participassem, que fizessem o vosso alinhamento, que opinassem. Que tal?
sábado, 15 de março de 2014
Lembrança de Apolo em chamas ou, um argumento para a liberalização das drogas
Acho que não existe ninguém no mundo que não tenha perdido alguém para o buraco negro das drogas, seja um familiar, amigo, ou simplesmente um conhecido.
Durante a minha adolescência, morreram três pessoas do meu círculo alargado de amigos. Perderam-se definitivamente, sem retrocesso.
Acho que o mesmo se pode dizer daqueles que sobreviveram: perderam-se definitivamente, sem retrocesso. São uma sombra do que foram, envergam o fato pesado das marcas da dependência. Marcas indeléveis, visíveis no corpo e na psique, mesmo após o acto de enorme coragem de vencer a dependência.
São casos verdadeiramente raros aqueles que têm a benção de uma segunda oportunidade, de se apresentar ao mundo renovados, de ter outras realidades como cartão de visita, sem que a aparência os traia, ou que troquem velhos vícios por outros.
Também nós - todos aqueles que assistimos ao desperdício da vida - ficámos com uma cicatriz indelével, marca das suas histórias.
Igualmente quando penso neste tema, lembro-me de um rapaz, de quem nunca soube o nome.
Estaríamos nos anos 90. Eu, uma adolescente, ia com os meus pais em mais uma viagem até à casa dos meus avós.
No mesmo trajecto de todas as vezes, num mesmo semáforo que fechava sempre que lá passávamos, algures num ponto encardido de Lisboa onde a primeira reacção há-de ser sempre fechar os vidros e trancar o carro, lá estava ele: um jovem louro, com cabelo à Kurt Cobain, lindo, cheio de vigor, sorridente, a irradiar vida e luz e cor naquele ponto lúgubre da cidade, onde quem lá pára não é por bons motivos. Pululava por entre as várias viaturas, paradas no sinal vermelho, como se estar na rua a limpar os vidros dos carros em troca de alguns trocos fosse a melhor coisa do mundo.
Nem há palavras para como aquela contradição teve impacto em nós. A memória é volátil, e já lá vão uns bons anos, mas lembro-me do meu pai, quando abordado por aquele jovem, ter-lhe oferecido ajuda.
O rapaz sorria, e educadamente recusou. O meu pai despediu-se com um "tem cuidado, cuida-te", e com o sinal verde, fomos os três de coração apertado.
As viagens à casa dos meus avós ocorriam, mais ou menos, de dois em dois meses. Em todas as viagens víamos aquele jovem, no mesmo semáforo. Num período de cerca de um ano, talvez um pouco mais, assistimos à sua mudança: gradualmente foi-se a luz, a alegria, a vivacidade, a beleza. Em cada viagem, aquele jovem cada vez mais magro, macilento, cinzento, deixava de ser Apolo.
A última vez que o vimos, o jovem Apolo parecia um cadáver, esquelético como os protagonistas das fotos ilustrativas dos horrores do terceiro mundo, tinha imensas dificuldades em mover-se e parecia quase alheio ao que o rodeava.
Na viagem seguinte, e em todas as outras após essa, não o vimos mais.
Nunca deixarei de o lembrar, e de sentir tristeza com o seu destino, embora fosse um estranho. É impossível ficar indiferente ao desperdício da vida.
É também por ele que defendo a liberalização das drogas.
Se não é possível erradicar de vez o tráfico e o consumo das mesmas, parece-me preferível a existência de espaços assépticos e controlados pelo Estado, semelhantes a enfermarias, especificamente criados para serem o único local onde é permitido o consumo dessas substâncias. Para mim, antes assim do que a degradação de espaços públicos, de zonas que se transformam em locais chave de tráfico e consumo.
Defendo um cenário onde as drogas se vendam como um medicamento - melhor que seja o Estado a lucrar com a venda das mesmas do que os traficantes, podendo investir esses proveitos fiscais na reabilitação e tratamento de quem procure um novo rumo.
Talvez assim não existissem buracos negros espalhados pela cidade que sugam a vida de quem neles se pára, nem Apolos em semáforos.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Faça-se luz...
O sonho é algo transversal. Todos sonhamos, todos temos uns quantos sonhos que são também ambições, objectivos de vida, e pelos quais somos mais ou menos obstinados.
Um desses meus sonhos é ter uma pequena quinta. Com uma casa, não luxuosa, mas esteticamente agradável, cujas características correspondam às nossas necessidades e hábitos, e que espelhe as nossas personalidades. Sobretudo, que seja sustentável e energicamente autónoma, através do uso de energias renováveis.
Eu sei que é um sonho algo comum, mas isso não lhe retira o valor. E dias como hoje, só acrescem uns quantos pontos percentuais na minha obstinação.
Eu explico:
Hoje, durante umas horas, nesta zona, não houve electricidade para ninguém. Eu só me apercebi quando terminei o pequeno-almoço na esplanada.
- Fui ao banco, mas as máquinas multibanco estavam em baixo, (e foi aí que me apercebi).
- Comprar cigarros? Impossível, visto que a máquina não funciona.
- Ir às compras? Sem electricidade, torna-se uma missão impossível.
- Continuar na esplanada para queimar mais algum tempo? Não, quando não é possível pedir café.
- Ver o planeamento para o dia ir por água abaixo: já não será possível fazer uma máquina de roupa, nem aspirar, ou passar a ferro, nem sequer ligar o pc para trabalhar um pouco, ou até deambular pela internet.
E dou por mim a suspirar: Meus ricos painéis solares...
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
A necessária distância do passado...
Controvérsias à parte, (as mesmas não interessam agora), aceitemos cegamente que existem cerca de 196 países no Mundo, e que a História da Humanidade, no que toca à existência dos seres humanos modernos conta com 150 mil anos.
É uma História rica em feitos, invenções, descobertas, evolução. Igualmente abundante em guerras, catástrofes, atrocidades. Complexa e dual.
Acho correcto afirmar que ao longo do tempo, não existe povo algum que não tenha ocupado o lugar de agressor e vítima.
Sabemos que um dos papéis da História, enquanto disciplina, é lembrar o passado para que os erros cometidos outrora não se repitam.
Actualmente este papel, muito nobre é claro, descambou para um calendário de efemérides.
Todo o dia é dia de qualquer coisa - de um santo, do nascimento de uns, da morte de outros, de invenções, e sim, de relembrar atrocidades. Todos os dias.
Não me falta empatia, pelo contrário até. Comovo-me e lamento a capacidade da nossa espécie para o mal.
Mas marco uma linha.
Prefiro viver o presente a deambular neste calendário de emoções agendadas.
Faço uma prece sentida por todos aqueles que alguma vez sofreram. As vezes que sentir necessárias, mas não quero revisitar o mesmo estado de espírito todos os anos, todos os dias.
Não é por maldade. É que não tenho tempo nem vida para isso. Nenhum de nós tem. E nada tem a ver com o quanto podemos ser pessoas ocupadas no dia-a-dia.
Façamos as contas:
196 países no mundo. Só para relembrar cada país, tanto no seu papel de vítima, como o que causaram por sua vez, enquanto agressor, precisariamos de 392 dias num ano.
E tempo para nós? Para nos conhecermos, para nos conectarmos ao próximo, para perceber que a História tem um papel importante desde que não nos leve a crer na treta que "somos os pecados dos pais", para olharmos para o que nos rodeia "com olhos de ver", tempo para a evolução, porque há muito para fazer hoje...
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Por aqui não se bebe Pepsi...
... nem Coca-Cola, nem qualquer outro refrigerante. A não ser em ocasiões cada vez mais raras, e em quantidade mesmo muito moderadas.
É uma questão de saúde.
O que acontece no organismo após a ingestão de um refrigerante está descrito aqui .
Quando vejo famílias que consomem em excesso estas zurrapas, e que, permitem às crianças a ingestão de refrigerantes, (são tantos os casos que o fazem com frequência e sem moderação), é-me cada vez mais difícil não opinar, não meter o bedelho. Que são esses hábitos que levam ao cada vez maior número de crianças obesas, falsamente diagnosticadas como hiperactivas, com problemas gravíssimos de dentes e outros problemas de saúde.
Que a saúde começa naquilo que se ingere.
Que amar os filhos também é discipliná-los numa alimentação o mais saudável possível. Que alguns excessos são permitidos, mas só muito de vez em quando.
Depois da polémica campanha da publicitária da Pepsi, abundam os comentários de quem diz que "Pepsi, nunca mais. Agora é Coca-cola a eito".
Gostava mesmo era de ver este episódio aproveitado para se melhorarem hábitos de consumo. Que se trocasse de uma vez por todas os refrigerantes açucarados por sumos naturais, chás, e sim, até um belo copo de vinho português.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
E porque hoje é dia de S. Martinho...
Reli a lenda de S. Martinho. Continuo a gostar tanto desta como quando era miúda.
Por coincidência, hoje apetece-me ouvir Zeca Afonso.
Não.
Não existem coincidências.
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Os falsos arautos da Igualdade
Vamos lá, sem medos, agarrar na batata quente que é este tópico.
Começo por usar de palavras que não são minhas, mas quero iniciar com uma definição de Igualdade:
- "Princípio de organização social segundo o qual todos os indivíduos devem ter todos os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades."
Aqui podem ler uma curtinha descrição da Constituição da República Portuguesa.
Para os mesmo distraídos, é também o compêndio de todos esses direitos, deveres, privilégios e oportunidades, no que nos toca - cidadãos de Portugal.
Para quem nunca leu este documento basilar da nossa sociedade e nação, fica aqui o link. Isto porque em certos temas a ignorância não é santa, é mais a lepra do espírito.
Então, que tens a dizer sobre a Igualdade, afinal? - faz de conta que me perguntam...
Que fico a duas batidas do coração de me dar um valente amok quando ouço alguns dos vulgares discursos e comentários sobre Igualdade.
Porque todos abordam a sua ausência, a discriminação negativa. E não tratam com igualdade a própria Igualdade.
Porque todas as formas de discriminação são abomináveis. E a discriminação positiva tem efeitos tão perniciosos para o indivíduo e a sociedade quanto a negativa.
É imoral a existência de deveres sem direitos. É igualmente imoral a cedência de privilégios a quem não cumpre com os deveres, a não ser que seja possível fazê-lo por todos os cidadãos, sem excepções.
Quando olho para uma pessoa, vejo uma pessoa.
Quando olho para ti, vejo-te a ti, também enquanto produto das tuas acções, escolhas, carácter.
Estou-me nas tintas para o teu género, raça, nacionalidade, etnia, profissão, credo, religião, orientação sexual, estrato social, financeiro...
Tal não é motivo para que as tuas oportunidades sejam menores que as minhas. Tal não é desculpa para que as minhas oportunidades sejam menores que as tuas.
Nem mais, nem menos.
Ou nas palavras de outrém:
"Para combater as desigualdades muito injustas que existem na sociedade não é preciso favorecer as pessoas que são vítimas dessas desigualdades e que estão em grande desvantagem relativamente a outras pessoas, basta deixar de as prejudicar."
in Caderno de Sociologia
princípio de organização social segundo o qual todos os indivíduos devem ter os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades
igualdade In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-11-06].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/igualdade>.
igualdade In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-11-06].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/igualdade>.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
O carnaval são 3 dias e o Natal... 3 meses?!
Antes que me confundam com o Grinch, fica aqui o esclarecimento:
- Gosto do Natal - Yule - Saturnália, do seu simbolismo tal qual se apresenta aqui.
- Não gosto mesmo nada do natal que se respira a partir de Outubro. Dos shoppings que ficam a abarrotar de gente três meses antes, destes espaços que se vestem a rigor com tanta antecedência, de folhetos que enchem a caixa de correio com campanhas natalícias ainda o Outono não se despediu, das tradições que viram obrigações.
domingo, 20 de outubro de 2013
Os Direitos da Criança
Ainda sobre o tema "natalidade" e o post anterior (este):
Agora que já falei um pouco, (porque haveria tanto mais para dizer), sobre esta questão num contexto mais individual, posso passar para uma abordagem que considero muito mais interessante.
O objectivo, ou pelo menos um deles, do tal estudo, referenciado aqui, é conhecer quais os principais factores que levaram ao decréscimo da taxa de natalidade, e talvez concluir sobre o que pode ser feito para reverter esse processo.
E este é um assunto que me é caro. Porque providenciar as melhores condições possíveis para aumentar o número de nascimentos, é igualmente avançar na construção de uma sociedade com maior qualidade de vida, mais igualitária e evoluída, capaz e feliz.
Porque no que toca à natalidade é desejável que todas as pessoas sejam livres nas suas opções. Ou seja, que ter ou não ter filhos, ou ainda quantos, seja uma expressão do seu desejo e bom senso, e não fruto das condicionantes impostas pela vida em sociedade. Assim o vejo.
Acredito igualmente que, ser pai/mãe é assumir o papel de Guardião da criança, garatindo-lhe os seus direitos, e de seu Guia, incuntido-lhe os princípios, os valores, os ensinamentos necessários para que aquele Ser se torne na melhor pessoa possível, por si próprio e pelo mundo.
Logo aqui, começam os entraves.
Num país com tamanha taxa de desemprego, onde aqueles que trabalham são cada vez mais a fazê-lo em situações de precariedade, onde as fileiras daqueles cujo salário é demasiado baixo para fazer face à sobrevivência engrossam todos os dias, quem pode, em boa consciência e sem medos, assumir-se enquanto Guardião?
Numa sociedade que retrocede à mesma velocidade em que aumenta o fosso das desigualdades que separam os muitos que têm pouco, dos poucos que têm muito, em que os espécimes sobreviventes da classe média estão colocados numa corda bamba sobre o abismo. Em que essas desigualdades notam-se sobretudo na qualidade dos direitos basilares da Democracia, que já foram para todos, como a Saúde e a Educação, e que agora se apresenta para uns e outros de forma tão distinta. Aí, como podemos garantir, em boa consciência, a todas as crianças os seus Direitos?
Numa época em que se luta por um novo paradigma, em que se levantam tantas questões e estamos num barco sem rumo certo, em que se luta também para que a pobreza não seja sobretudo de espírito, é preciso recomeçar, redesenhar tudo isto que nos rodeia.
Começar por onde?
sábado, 19 de outubro de 2013
Nós, um case study...
Há uns dias, a Sónia do "Cócó na Fralda", publicou um post intitulado Natalidade, através do qual se procuravam voluntários para um estudo sobre os baixos números da natalidade em Portugal.
Um dos alvos do estudo, casais sem filhos, residentes em Lisboa ou arredores, de idades compreendidas entre os 35 e os 45 anos.
Nós, um casal sem filhos, com 34 e 37 anos, quase, quase que nos enquadramos na perfeição no target deste case study.
Pareceu-me um excelente motivo para soltar por aqui o meu ponto de vista sobre esta matéria.
Igualmente, da próxima vez que indagarem sobre a estranheza de sermos o que somos, posso sempre poupar a paciência e a saliva, e mandá-los vir ler aqui ao blog.
Não. Não temos filhos.
Sim, é por opção.
Não sei se quero filhos, e acreditem que é a resposta mais verdadeira e honesta que posso dar. E uma bastante pensada e com muito peso, de alguém que anda há mais de uma década a ser interrogada por familiares, amigos, e todo o gato e cão que sabe-se lá porquê, acha perfeitamente normal ultrapassar os limites razoáveis do que a falta de intimidade permite e não permite, para questionar e mandar bitaites quando o tema é este.
Sim, mais de uma década a levar com isto, e por vezes com uma frequência absurda levou-me à exaustão. E, se há uns anos atrás conseguia disfarçar o meu desagrado com um sorriso e uma certa graciosidade, hoje não tenho problemas em mandar à merda as pessoas realmente chatas.
Porque, senhoras e senhores, já passei por cada uma! Que mandar à merda é eufemismo!
Continuando...
Não sei se quero filhos. Existem momentos em a balança pende inequivocamente para o não, assim como momentos em que pende, embora mais timidamente, para o sim.
Em pequena, questionava porque é que os adultos faziam mais crianças, se haviam crianças por adoptar.
Diziam-me que as coisas não são assim, lineares. Que quando fosse grande, ia ver.
Cresci e continuo a pensar da mesma forma.
Anos depois, ouvi a expressão "é preciso uma aldeia para criar uma criança", o que ainda fez crescer mais em mim essa forma de pensar. Que até nós, pessoas sem filhos, temos um importante papel a desempenhar no desenvolvimento de todas as crianças, nem que seja como "tios emprestados", que o facto de serem filhos dos outros é um pormenor.
Que amar verdadeiramente uma criança é estar na disposição de amar todas as crianças.
No direito de mandar bitaites à vida dos outros, porque amor com amor se paga, já que há casais que pensam em múltiplos filhos, que tal nem todos serem biológicos? Tipo um adoptado, por cada um parido?
Já houve quem me respondesse que "ah, adoptar é muito bonito e tal, mas não é a mesma coisa". Quase certamente que são as mesmas pessoas que me consideram egoísta por não ter filhos, e que tal deve ser um subproduto do facto de ser filha única. Pois, que os filhos únicos são, sem sombra de dúvida, egoístas.
Quando ouço algo assim, penso num dos dias mais marcantes da minha vida, há anos atrás, quando fui com um grupo de amigas, passar o dia com as meninas de um orfanato. O brio com que nos mostravam como tinham feito bem a caminha, ou que era ali que brincavam, que tinham boas notas, e que apesar de tudo, eram felizes. Das mãozinhas, tantas, que procuravam as minhas. De como voltei a brincar às escondidas e à apanhada. De como tudo era pretexto para me abraçarem, e de como retribuí esses abraços. As trancinhas e as bochechas, os sorrisos. Da vozinha que me pediu para a trazer para minha casa. De como viemos embora, em silêncio. De como passei o resto do dia a chorar. De ter sabido mais tarde, que não tinha sido a única. De ficar emocionada ainda hoje quando penso nisso. De ter a certeza que seria capaz de chamar filha a qualquer uma daquelas meninas, e senti-lo, mesmo não a tendo parido.
Não sei se quero filhos.
Logo se vê.
Aos que se preocupam com o avançar da minha idade, mais do que eu, digo-vos que nunca senti aquele apelo biológico irrefreável de passar os genes. Que, para quem tem imensa curiosidade sobre a aparência dos petizes, já existem app's para ver como saíria a mistura dos traços do pai e da mãe.
Que se a vontade despertar após a menopausa, a adopção é uma opção.
Aos que se preocupam com a nossa felicidade, garanto-vos que ela existe vivida a dois, e é linda.
Aos que ponderam quem cuidará de nós quando formos velhos e inválidos, eu respondo, provavelmente a mesma enfermeira que cuidará de vocês. Talvez nos encontremos todos no mesmo centro de dia ou lar.
Aos que se preocupam com números e crescimento da população, eu respondo: somos mais de 7 mil milhões! Não chega?! Eu até acho gente a mais.
Aos que continuarão a olhar-nos com estranheza, eu respondo que sou fruto da Natureza, essencial ao equilíbrio. Se a todos os casais lhes desse para andarem a conceber equipas de futebol, a vida no Mundo já teria deixado de ser viável há muito, muito, tempo.
E ainda que, sejam democráticos. Não indaguem somente sobre a natureza dos casais sem filhos. Sejam inquisitivos também com aqueles que procriam. Levantem o véu sobre os motivos que levam as pessoas a terem filhos. Conhecerão filhos do amor, e de muitas outras coisas, menos felizes e pródigas.
Façam-no, mais do que pela curiosidade, pelas crianças dos diversos institutos e orfanatos.
sexta-feira, 26 de julho de 2013
O que fariam com 16 milhões de euros?
Quero-vos falar de algo realmente importante. Algo que quero tratar com a seriedade que merece. Que não é um assunto só meu, mas de todos. Daqueles assuntos que me põem para aqui a coçar a cabeça, sem saber muito bem por onde começar. Onde é posta à prova a capacidade de apresentar o que aqui trago, que é tão maior que eu.
Vamos lá.
Cresci a ouvir histórias, de "antigamente", sobre fome e as outras agruras que a acompanham, em alguns relatos na primeira pessoa, outros em segunda mão. Então, eu, de uma geração muito mais afortunada, desenhava através das palavras dos outros, a fisionomia imaginada desse fantasma.
E digo fantasma porque a acreditava, (perdoem-me a redundância), se não morta, doente terminal, a definhar, prestes a expirar...
Nada me prepararia para as parangonas na imprensa nacional sobre a pobreza em Portugal nos dias de hoje. O meu choque ao saber do fantasma ressuscitado é de ínfima, minúscula, nenhuma importância, quando comparado com a imagem que vi, algures na tv, e que guardo, de um avô de idade muito avançada. O jornalista falava da crise, e o rosto enrugado transfigurava-se numa expressão de puro terror.
Malditos fantasmas do passado!
Parangonas sobre como o Estado decide poupar em refeições escolares, (aqui), ou de como se falava, em 2012, sobre como a pobreza em Portugal atingiria mais de 3 milhões de cidadãos, (aqui ).
Poderia ainda incluir muitas outras que traçam o retrato doloroso da actualidade, mas prefiro colocar-vos uma questão:
- O que fariam com um orçamento anual de 16 milhões de euros?
As possibilidades são imensas!
Se o preço das senhas escolares de refeição ronda os cerca de 1,50 euros, imaginem poder providenciar mais de 9 milhões de refeições por ano. Trata-se de uma refeição diária para cerca de 25570 pessoas, ou duas refeições para 12785, ou ainda três para 8523 pessoas.
Imaginem ser possível criar 1143 postos de trabalho, com o salário, não milionário mas condigno, de 1000euros /mês, inclusivé subsídios de férias e natal.
Que diferença faria, especialmente para agregados familiares onde ambos os cônjugues se encontram desempregados!
Imaginam, poder melhorar a realidade de mais de 1000 famílias?!
De onde surgem estes 16 milhões?
Há já muito tempo que me afirmo publicamente como parte do grupo de cidadãos que promovem a abolição das touradas.
O custo que esta actividade representa para o erário público (os tais 16 milhões de euros), em especial numa época de austeridade, é somente a ponta do iceberg de todos os argumentos que validam a posição que tomei e que assumo, com toda a consciência, neste tema.
Não vos quero impingir a minha posição, o meu pensamento, mas encorajo-vos vivamente a que se informem, que reflictam sobre esta questão, que também é sobre dinheiros públicos muito mal gastos, mas vai muito mais além.
Deixo-vos o link para a Basta - Plataforma para a abolição das corridas de touros.
domingo, 23 de junho de 2013
Ir às compras de braço dado com D. Consciência...
Tenho a impressão que isto de ser consumidor já foi bem mais fácil. Aliás, voltando ao meu hábito de citar provérbios, diz o velho adágio que "a ignorância é uma benção", e é bem verdade!
Porque ir às compras munidos de uma consciência, aviso já, é de certa forma como tomar o mesmo comprimido que o Neo tomou no Matrix. Muda tudo de uma forma irreversível.
E aí começa o pesadelo do consumidor! Uma das implicações directas na minha experiência enquanto consumidora, é que já nem me lembro da última vez que comprei algo por impulso. Acho que é algo que aboli do meu léxico de consumo.
![]() |
via audcole |
Digamos que começam uma dieta, e que é esse é o primeiro passo que vos leva a procurarem mais informação sobre nutrição, alimentação saudável, as vantagens dos produtos orgânicos e não processados.
Garanto-vos que as primeiras vezes que voltarem ao hiper ou ao super do costume vão andar às aranhas! Vão começar a ler os rótulos das embalagens, vão chocar-se com os ingredientes esdrúxulos, e andar às voltas com o carrinho num quase total desânimo, rodeados de muitos milhares de produtos e quase sem nada para comer.
Digamos que querem apoiar a produção e a economia nacional, adquirindo o máximo de produtos made in Portugal.
Mais uma dor de cabeça colossal, pois é impossível só com essa denominação ter a garantia que as matérias-primas são de origem nacional, ou até se foi produzido em Portugal, ou por uma empresa portuguesa.
Digamos que querem apoiar o comércio tradicional, e até isto requer a perspicácia de saber distinguir aqueles com fornecedores portugueses e locais que merecem realmente o nosso apoio, daqueles que vão abastecer aos enormes armazéns grossistas, e nos cobram preços exorbitantes por uma alface desmaiada ou uma qualquer treta, que afinal acaba por ser de fabrico asiático.
Digamos que querem comprar um qualquer aparelho - um aspirador, um telemóvel, qualquer coisa. Como consumidores conscientes que são, e ainda mais se deterem algumas noções básicas de marketing, irão com toda a certeza passar dias a pesquisar artigos sobre o produto desejado na internet, a ver reviews (abençoados aqueles que se dão ao trabalho de as fazer), a ler quinhentas análises, a procurar a loja com o melhor preço e o melhor rating em termos de serviço pós-venda.
Porque querem um bom produto a um preço razoável - não querem pagar uma quantia obscena só porque a marca X gasta um balúrdio em campanhas publicitárias, nem querem apoiar uma empresa que tenha atitudes que achem desprezíveis.
Digamos que são contra os testes de produtos em animais. Parece-vos especialmente cruel sacrificar vidas por lábios cheios ou por um rabo com menos celulite? Se sim, somos do mesmo clube!
Então preparem-se para a epopeia que é encontrar produtos de beleza livres de crueldade! Garanto-vos que é bem mais fácil abraçar um look natural e andar de cara lavada.
Digamos que são contra as empresas cuja política para redução de custos e consequente aumento das margens de lucro, é subcontratar outras pseudo-empresas em países de "terceiro mundo" para fabricarem os seus produtos.
Pseudo-empresas que acabam por ser notícia pelos piores motivos, como aconteceu em Daca. Onde as pessoas trabalham muito em troca de muito pouco, nas piores condições, e cujas marcas clientes que fomentam a proliferação desta realidade são tantas e tão conhecidas de todos nós, que um consumidor com consciência arrisca-se seriamente a andar nú.
Digamos que acham injusto que sendo o agricultor o único a produzir, seja o elo mais fraco da cadeia de consumo. Aquele que, do total pago pelo consumidor final, leva a fatia mais magra. Então procuram produtos "fair trade", e encontram um paralelismo inquietante com o segmento "made em Portugal" - o de que ambos ainda têm que crescer muito, porque nem só de café e chinelos, ou de azeites, potes de mel gourmet, ou sabonetes em caixas bonitas a preços grotescos vive o Homem.
Ainda há quem me fale do enorme prazer em ir às compras...
Subscrever:
Mensagens (Atom)