Mostrar mensagens com a etiqueta Kiko. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Kiko. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 14 de março de 2019

Vida de cão: Viva o conforto.


Por enquanto as noites ainda sabem melhor com edredões a dobrar na cama.

Um dos sinais que o nosso pequeno grande mundo gira em redor do Kiko, é que sua Alteza decidiu que o seu lugar preferido para dormir é entre nós, enfiado entre os dois edredões.
O miúdo é esperto: não só gosta de conforto, como percebe da poda, - apoia a pequena cabeça na ponta da minha almofada, ergonómica viscoelástica trinta por uma linha que só falta fazer pipocas.
Apalpo o ar na direcção da mesinha de cabeceira, à procura do botão para desligar o candeeiro. Mal a luz se apaga, o puto, este meio canino meio humano, solta um suspiro profundo de pura satisfação com a vida, para segundos depois começar a roncar que nem um tractor.

A vida é boa.



terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Vida de cão: dos cães que adoram ir ao vet


Seriam quase 10 da manhã quando me mudo para "roupa de passear o cão".

Sim, que uma pessoa tem mudas de roupa específicas para ir com o canino à rua. Nada de transcendente: roupa suficientemente confortável para caminhar, brincar e correr se necessário, com bolsos - de preferência daqueles com fecho - onde meter os saquinhos do cocó, chaves de casa, fácil de lavar, e que não sejam demasiado boas para não ficarmos tristes de cada vez que lhes acontece alguma coisa.
Nos pés os ténis mais velhos que tiver em casa, pois se é para correr o risco de pisar merda de outros cães cujos donos não sabem o que é civismo, de certeza que não vai ser com um qualquer par xpto, ainda novinho.
Ou seja, ter um cão é também ganhar coragem, em nome da practicidade, para sair de casa feita mendiga, ou lá perto.

Sei que este estilo, mais shabby que chic, não é para todos, que também me cruzo com pessoal de fato e gravata, ou de saltos altos a passear os bobbies, mas é a minha opção.

O Kiko que é um puto esperto, começa a girar o focinho para um lado e para o outro, como quem pergunta o que se passa. E com toda a razão! Normalmente não há passeio aquela hora, muito menos com a "mãe".

Bastou dizer-lhe que íamos ver a doutora para ficar excitado. Para quem duvida que os cães percebem "humanês" na perfeição só vos digo: o puto arrastou-me até à clínica veterinária feito um husky de corridas de trenó. De cada vez que tínhamos que parar para atravessar uma rua com os devidos cuidados, quando arrancava era com o dobro da pujança. Arre, cão!

Fomos pela vacina da raiva, que estava na altura, e aproveitámos a ocasião para despachar já também o comprimido da pulga e o desparasitante interno.
O Kiko só fica nervoso quando o coloco em cima da bancada. Treme de tal modo que a auscultação é uma missão quase impossível.

Felizmente, dar injeções e comprimidos ao Kiko é a coisa mais simples do mundo. Basta a veterinária ter o jarro de biscoitos à mão, espalhar alguns em cima da bancada, o miúdo entra em modo aspirador, numa gula desenfreada que nem sente a pica, e os comprimidos nem são mastigados, mas engolidos. Mesmo aqueles que têm um sabor intragável e costumam ser cuspidos pelos outros cães, que não o Kiko em modo aspirador.
Sempre de cauda a abanar, feliz da vida.

Assim o que na minha percepção é uma ida ao médico, para pôr as vacinas em dia, para ele é simplesmente uma visita a amigos, para comer biscoitos e receber mimos.







terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

coisas que gosto: o espírito de aldeia


São os traços próprios de uma vida simples e serena que desenham muitos dos momentos que mais me fazem transbordar o peito de felicidade.

Adoro ir passear com o Kiko após o almoço, subir e descer a avenida do costume, que é coisa que nos leva meia-hora - eu cá aprecio rotinas desde que tenha sido eu a decidi-las.
Nada bate os dias em que olho em redor e verifico que temos o percurso só para nós. Tal permite-me afastar da equação possíveis encontros caninos de terceiro grau, abrandar a pulsação, respirar fundo e simplesmente desfrutar.

Cumprimos esta exacta rotina há mais de quatro anos, todos os dias, com poucas falhas ou nenhumas. Esta assiduidade com o quase rigor de um relógio suíço faz com que praticamente todos os que habitem ou trabalhem ao longo da avenida nos conheçam, o que dá origem a momentos de interação tão salutares que naquele momento acredito que adoro pessoas.

Há conhecidos que passam por nós de carro e apitam e acenam, há condutores de autocarros que por se cruzarem connosco todos os dias nos acenam também, atestado que a partilha de espaço e tempo é chão comum suficiente para germinar uma ligação, há troca de acenos com quem está sentado à varanda ou alpendre, troca de cumprimentos e algumas palavras com quem está a jardinar, um jovem pai que segura o pequeno ao colo para ele ver o "ão-ão", a senhora octogenária que conhecendo a nossa rotina abre a porta à nossa passagem para um dedo de conversa, até senhores das obras em cima de andaimes com quem trocamos "boas tardes", e de vez em quando fala-se deste cordial espírito de aldeia:

"Que bom que é viver numa aldeia!"

"É mesmo, vizinha! É mesmo."


terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Receitas para cães: a bela da canjinha.


Por esta altura já devem saber que, cá por casa, a opção é, desde há muito, cozinhar para o Kiko ao invés de lhe dar ração.

Come um pouco de ração ao pequeno-almoço, alguns snacks para cães ao longo do dia, e muito de vez em quando uma lata de comida para cão, o que eu chamo de "fast food", ou o equivalente de quando os pais levam os miúdos ao Macdonalds. Mesmo assim optamos sempre por produtos da mais elevada qualidade.

Tomámos essa decisão com a consciência que lhe queríamos dar uma alimentação "human grade", ou seja, à base de alimentos de qualidade nunca inferior aos que nós consumimos.

Um dos pratos favoritos do Kiko é canja. Basta-me perguntar-lhe se quer canjinha, que o puto mexe logo as orelhas e fica histérico. E por incrível que pareça primeiro sorve o caldo com sofreguidão, e só depois passa ao frango e cenoura.

Não há nada mais básico e fácil do que a bela da canjinha. Basta colocar cenouras às rodelas e peitos de frango num tacho, (quando os compro numa grande superfície, opto por frango do campo), água q.b. e levar a cozer. Costumo adicionar umas folhas de manjericão, ou uma pitada de hortelã. Lembrem-se: sem sal, nem qualquer tipo de gordura.

Podem adicionar mais vegetais para além da cenoura, ou massinhas. Por cá evitamos as massas porque o Kiko anda já meio gordinho.

Para servir, espero que a canja fique morna, corto-lhe pedaços de frango e cenoura para a gamela numa proporção de 80/20, e adiciono uma concha de caldo, (se de seguida houver passeio, para ele poder fazer todos os xixis que quiser).

Ele gosta, e nota-se que lhe faz bem. Aliás, se ele andar mal da barriga, a canja ajuda a normalizar tudo.


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Vida de cão: O primeiro milagre do Natal.



Desde há uma semana para cá que o Kiko se deita calmamente no sofá, totalmente descontraído, para uma rápida passagem com o secador após a lavagem de patinhas e "partes" que ocorre a seguir aos passeios.

O secador é um instrumento sazonal, usado com regularidade somente com a chegada do frio.

Até à data, o comum era vê-lo em grandes corridas pelo sofá, a ladrar para o secador.
Como não houve qualquer acção da nossa que motivasse esta mudança de atitude, então só pode ser milagre natalício.

Como a cavalo dado não se olha o dente, obrigada, Pai Natal.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Vida de cão: A dificil arte de enganar um cão


Quando digo que o Kiko entende tudo, é porque ele entende mesmo tudo. Garanto-vos que é uma afirmação que não tem por base o tremendo afecto que lhe tenho, mas antes as surpresas e as provas que ele próprio providencia quotidianamente.

Aliás, da minha experiência com animais de estimação ao longo dos anos, dos peixinhos de aquário, ao coelho, aos gatos e agora ao fiel canino, sobressai sempre a impressão de que seja qual a for a espécie, estes amiguinhos são muito mais inteligentes do que por vezes pensamos.

Uma das muitas provas, no caso do Kiko, é a trabalheira que dá tentar enganá-lo.

Este é um dos exemplos mais recentes:

Quando queremos ir dar um passeio maior com o Kiko, gostamos de sair uns minutos com ele à rua para que este se alivie antes de o enfiar no carro. Só para irmos mais descansados, já que ele gosta tanto de andar de carro, que vai numa constante excitação até chegarmos ao destino.

Se o sacana perceber que é dia de passeata, (o que não lhe é nada difícil), mal saia à rua vai procurar o carro e teimar naquela direcção tipo cão de trenó, e qualquer tentativa em puxá-lo para outro lado para que foque em fazer pelo menos um par de chichis é uma tarefa penosa.

Então, numa destas ocasiões, experimentámos uma estratégia em que consistia em fingir que era somente um dia como os outros, daqueles em que a voltinha se dá somente pela aldeia. Já havia combinado com o marido - "esperas 10/15 minutos e depois "coiso", ok?" - sendo a palavra "coiso" código para "preparas-te e encontramo-nos no estacionamento, até lá não dá pistas, não mexe, não respira, não nada.
Funcionou lindamente!

No fim de semana seguinte decidimos repetir a estratégia vencedora. Mas eis que houve um deslize no momento em que estávamos, ( eu e o cão), a sair de casa para a voltinha, e o marido comete o deslize de dizer "já vou ter convosco ao carro".  Foi o suficiente para o miúdo perceber a marosca e transformar-se num possante husky do Alasca.



quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Vida de cão: sumos para cães



Qualquer coisa que tenha adição de açúcares não deve ser dada aos animais. Nem sequer são uma boa opção para a nossa saúde, muito menos para a deles, por causa do seu metabolismo.
De vez em quando, como miminho, damos um bocadinho de sumo ao Kiko, mas daqueles que são são somente fruta espremida, sem qualquer corante nem conservante. Ele adora o de melão.

É uma escolha mais saudável quando em comparação com qualquer néctar ou sumo, que lhes sabe tão bem quanto a nós, especialmente em dias de calor. Mas sem exageros, nem na dose nem na frequência.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Vida de cão: Da diarreia...



Desde ontem que o Kiko anda com diarreia.
Felizmente não demonstra sinais de qualquer má disposição, nem apatia, nem perda de apetite, nem diminuição da vontade de brincar, nem alteração do consumo de água. Pronto, nada diferente do habitual, não fosse o que anda a defecar.

Ontem, como era bem cedinho, não me dei conta que ele se tinha aliviado no escritório. Voltei preocupada da nossa caminhada, porque como era possível passada toda uma noite aquele miúdo não ter vontade de fazer?!
Afinal já tinha feito. Em casa.

Antes da volta do almoço, idem. Hoje, voltou-se a repetir, tanto de manhã, como mesmo há pouco.

Nunca lhe ralho nem o castigo por fazer em casa. Pelo contrário, digo-lhe que não faz mal, que está tudo bem, e que ele é lindo.
Em primeiro lugar, porque não o faz por hábito mas somente quando se sente mal, doentinho, quando não o pode evitar.
Em segundo, porque na urgência de se aliviar que qualquer ser vivo sente durante uma diarreia, ele é incrivelmente inteligente e asseado ao escolher o chão da divisão onde menos circulamos, ao invés de o fazer em cima ou ao lado da cama, do sofá, etc.

Neste momento está a arrefecer uma canjinha de peito de frango, arroz e cenoura, que será o seu almoço, seguido de umas rodelas de banana.






segunda-feira, 3 de julho de 2017

Vida de cão: Auto-controlo



A três meses dos 3 anos, o Kiko está um menino crescido e já dá lições de auto-controlo.

Marido coloca-lhe à frente o prato onde repousavam dois suculentos bifes. Estoicamente, nem por um segundo ameaçou ir contra o comando que o "paizinho" lhe havia dado de "só cheirar".

Não fosse o espanador a rodar a 100 à hora, ninguém diria que ele gosta de bife.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Vida de cão: a caminho dos 3 anos...


... e o Kiko ainda surpreende.

Em muitos aspectos, mas sobressai o quanto ele nos entende. Só vos digo que só falta um dia o puto começar a ladrar em português.

Todos os dias, após cada passeio, há um ritual de limpeza que é essencial sobretudo pelo facto de ele andar livremente por toda a casa, por cima dos sofás, da cama, etc.

Basicamente após cada ida à rua, salvo raras excepções, damos-lhe um pequeno duche com água morna. Não total, mas com a intenção de lhe lavar as patas, o rabiosque, a barriguita, os bigodes...

Depois, em especial nesta estação do ano em que toda a bicharada acorda para a vida, inclusive pulgas e carraças, examinamos-lhe o pêlo e as patas.

Não seria extraordinário se lhe fosse dado sempre o mesmo comando. Mas como eu sou mais freestyle, tenho a imperdível mania de simplesmente conversar com ele, e depois fico boquiaberta quando ele me entende à primeira.

Como há um par de dias em que andava eu no "blá blá blá, Kiko" e de repente solto um "filhote, agora temos que ver se tens carracita", e o puto salta para cima de sofá e coloca-se imediatamente de barriga para cima, que é a posição do costume para investigarmos as patas em pormenor.



segunda-feira, 27 de março de 2017

cromices #147: Truques de magia para cães



Nem sei o momento exacto em que me ocorreu começar a fazer uma espécie de "truques de ilusionismo" para entreter o Kiko. Tenho a certeza que foi num daqueles dias em que o clima não ajuda aos passeios, os brinquedos não o cativam, e ele fica especialmente maçador.

O fantástico dos cães é que nos basta fazer qualquer coisa inesperada com uma dose generosa de entusiasmo e o maravilhamento é garantido. Para ambos, devo confessar.

Pois bem, preparem-se, que aqui a maga vai revelar um dos seus truques!

Escondam algumas bolinhas nas mangas. Mexam as mãos com teatralidade, adicionem uns efeitos sonoros e vão "espremendo" as bolinhas, uma a uma, para fora do esconderijo. Garanto-vos que é a loucura total! Por aqui o Kiko fica em puro êxtase e até me devolve as bolas como que a pedir um encore!





quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

cromices #141: Se eu abrisse um restaurante...



... seria, decididamente, um restaurante para cães.

Todos os dias, desde há cerca de 2 anos, que preparo almoço e jantar para o Kiko. Em todas as refeições ele reage como se lhe tivesse preparado o melhor maná do mundo, tal a satisfação.

Com a precisão de um relógio suíço, quando a hora da refeição se aproxima, vem-me lamber a boca, (é assim que os lobinhos pedem comida à mãe loba), fazendo uma espécie de choradinho. Segue-me até à cozinha e fica sentado no tapete onde temos as suas malgas, completamente vidrado em todos os meus movimentos.

O par de minutos em que coloco a malga no parapeito da janela, para que a comida esfrie um pouco, a excitação é tanta que as pernas lhe tremem.
Quando me vê aproximar para finalmente lhe servir a refeição, dá um par de voltinhas antes de aspirar tudo em segundos.
Já o vi comer inúmeras vezes, e continua a dar-me um prazer indescritível.
Deixa a malga impecável, sem qualquer migalha. Arrota. Vem-nos lamber as mãos, e volta para dar mais umas lambidelas na tigela. Passa os 5 minutos seguintes a lamber-se e a abanar a cauda.

Nunca cozinhei para nenhum humano que o fizesse. Que fosse tão efusivo e agradecido à "cozinheira", que nunca reclamasse ou fizesse cara feia ao que lhe aparece no prato, seja porque não lhe apetecia aquilo ou qualquer outro motivo.

O Kiko acabou de almoçar há minutos: salmão cozido com batata doce. Não há nada mais básico que peixe cozido com batatas, mas todos os dias faz-me sentir como uma finalista do masterchef.

Os cães rulam! Ponto.



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Vida de cão: É tão bom quando a minha "maluquice" serve para algo...



Há umas semanas, durante um passeio nocturno com o meu marido, o Kiko foi atropelado numa passadeira. Felizmente foi "só" uma pancada. Felizmente o carro vinha devagar, e o Kiko não ficou com nenhuma mazela física do sucedido, como foi comprovado na clínica.

Digo "só", porque quando nessa noite os dois chegaram a casa num estado de nervos que só visto, o marido mais pálido que um fantasma, e eu só conseguia pensar em como o desfecho poderia ter sido bem pior. Como poderia ter ficado sem o meu filho-cão, ou até ambos, e senti-me incrivelmente grata por os ter ali comigo. Porque infelizmente há histórias assim, com finais infelizes, porque por um motivo qualquer um condutor decide não parar na passadeira. E eu cruzo-me com dezenas desses indivíduos por dia.

Na altura, quando desabafei o sucedido no meu face, fui sincera na minha expressão de gratidão, e em alguma compreensão para com os condutores. Afinal só se é perfeito em alguma coisa não a fazendo, porque na prática não há ser humano que não cometa erros. A civilidade requer alguma indulgência e empatia, sobretudo se a prioridade é inspirar a fazer melhor.

Para ser totalmente franca, a minha relação com os condutores que não param nas passadeiras é ambígua: obrigo-me à tal postura compreensiva e flexível, mas é muito difícil manter-me nessa frequência zen quando todos os dias atravesso n ruas, e lá ficamos, eu e o Kiko, parados à frente da passadeira, mostrando a nossa intenção de atravessar e a grande maioria dos condutores simplesmente opta por nos ignorar e seguir.
Sendo como sou, enquanto não aprendo a ser melhor, é claro que coloco o sorriso, o apelo ao cuidado e à concórdia e o zen no bolso e desato aos berros: "Oh filho de uma grande puta, a passadeira não é só para enfeitar, otário!"

E isto não é nada! Porque no dia que eu me fartar de vez começo a fotografar ou a filmar as transgressões e a fazer queixa na polícia. Da mesma forma que acharia muito bem que fizessem o mesmo aos peões que se atiram para a estrada impulsivamente sem qualquer respeito pelas regras de segurança, ou que ficam na converseta em frente às passadeiras, deixando os condutores na dúvida e em sobreaviso.

Retomando o fio à meada...

O meu Kiko não ficou com mazelas físicas, felizmente, mas este episódio traumatizou-o.
Daí também tanta hostilidade da minha parte para com os infractores. Porque há muito boa gente que considera não parar numa passadeira uma coisa menor, algo sem importância, mas por causa da distração, da preguiça em parar, da pressa, ou seja lá qual tenha sido o motivo daquele condutor, agora somos nós que temos que lidar com a batata quente. Algo tão fácil de evitar se meterem na cabeça que as regras foram definidas com um propósito claro e em nome da segurança de todos há que segui-las.
É uma lição de vida que se aplica a muita coisa: a irresponsabilidade de uns sobra sempre para terceiros.

Para começar, o Kiko quando levou a pancada, (que não tendo deixado marcas magoou-o, e não deve ter sido pouco), estava a olhar para o meu marido, então na sua cabecinha associou o evento ao paizinho.
E embora saibamos que com carinho, treino, tempo e persistência a coisa voltará ao normal, é muito mas muito triste lidar com um cãozinho que nos primeiros dias após o evento mostrava algum receio do seu paizinho, e a natural tristeza do meu marido, que tal como eu o adora como um filho.
Que especialmente à noite, (por ter sido o período em que ocorreu), saía à rua sempre assustado, com pavor da rua onde se sucedeu e a querer voltar para casa após menos de dez minutos na rua.

Semanas depois temos ainda muito trabalho pela frente.

As brincadeiras com a bola num dos jardins da aldeia com o meu marido ajudaram bastante, assim como muitos dos passeios nocturnos terem passado para mim.
Levo sempre um saquinho com bocadinhos de ração com que o suborno para seguirmos caminho, e uso a minha "maluquice", que quem diria, nos tem ajudado tanto.
O que chamo "maluquice" não é nada mais que ir falando com o Kiko durante todo o passeio, em voz alta e com o tom mais efusivo e alegre que sou capaz. Celebro tudo o que ele faz, desde os chichis, ao cocós, aos comandos que ele obedeça, ao manter-se calmo e feliz, etc, como se o Kiko tivesse ganho um Nobel mas com a energia própria de um concerto dos Rolling Stones:
"Bravo! Que lindo pipi"; "Que cocó maravilhoso, Kiko"; "Que corajoso! Que lindo! Que forte!"; "Uau! Boa Kiko!"; "Yeah! Maravilhoso! É assim mesmo!".

A cada elogio feito, o Kiko empina a cauda e o peito, e segue todo pimpão enfrentando medos.








quarta-feira, 30 de novembro de 2016

vida de cão: Bromance, acto II



Outro cão por quem o Kiko nutre uma paixão assolapada é o Simba. Cão de porte médio, com cerca de 6 ou 7 anos.

É o meu marido que me vai relatando os contornos divertidos desta amizade, já que se encontram sempre quando é a sua vez de passear o Kiko, e optamos normalmente por itinerários diferentes.

O Simba mora numa parte da aldeia em que é, por enquanto, seguro soltar os cães, e dar-lhes uns minutos de liberdade para correr, brincar e gastar as pilhas.

O Kiko pode ir distraído nos seus afazeres caninos, farejando atenta e descontraidamente cada metro quadrado de chão, regando cada canteiro, arbusto e árvore, mas quando o "paizinho" lhe diz "Olha ali o Simba", em menos de dois segundos muda totalmente. A cabeça parece um cata-vento e quando vê o amigo, quer este esteja perto ou a 100 metros de distância, mete o turbo e corre em sua direcção na velocidade máxima, desenhando círculos em seu redor.

A reacção do amigo não é menos engraçada: ora arma-se em difícil, ou arranca também numa correria, alinhando nas brincadeiras.

A felicidade do Kiko é tamanha quando se apercebe do amigo que, numa destas manhãs ficou com o cocó a meio. Desatou a correr antes de terminar o serviço, obrigando o paizinho a uma perseguição para lhe limpar o rabo.




vida de cão: Bromance



Numa das ruas onde passeamos diariamente, vive um pequeno caniche sénior que o Kiko adora, ama de paixão.

Todos os dias o Kiko perde um par de minutos a cheirar o portão da casa do seu amigo. Notando que este não está continuamos caminho. Mas, independentemente de estarmos longe ou perto, se o amiguinho decide aparecer e ladrar, o Kiko fica histérico de alegria, uiva, e arrasta-me a correr ao seu encontro.

Segue-se um ritual entre amigos ao qual eu franzo o sobrolho, mas eles lá saberão do que gostam e como comunicar: ladram, abanam a cauda, cada um com a energia própria da sua idade, e fazem chichi no portão à vez.

O pequeno caniche farta-se rapidamente e vai inspecionar o outro lado do pátio, desaparecendo do raio de visão do Kiko, o que inicia da parte do meu miúdo uma sinfonia de uivos. Assim uma coisa profundamente emocional e sentida.
Eu estranho o outro não se sentir atraído pelo chamamento e ajudo à festa: "Amiguinho! Amiguinho! Olha o Kiko a chamar-te!"

Nada.

Aparece, mas sem grande reacção aos uivos.

Aparece a dona e ficamos uns minutos a conversar. Embevecidas pela forma como o meu tenta escavar o portão na tentativa de se juntar ao amigo.

Até que me confessa: o pequeno caniche é surdo que nem uma porta. Não é que estivesse a ignorar o Kiko conscientemente, simplesmente não o ouve, por maior que seja o escarcéu.


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Vida de cão: O "mimómetro"


Embora não exista propriamente uma maquineta que nos indica o quanto estragámos o Kiko com tanto mimo, o tal "mimómetro", existem alguns claros indicadores. Uns quantos pormenores no seu comportamento que acho hilariantes.

Partilho convosco um par deles.

O primeiro é quando "Sua Alteza Real" vai em passeio, e depois há uma qualquer coisinha que se aloja na pata e o incomoda. Pois bem, basta uma pequena folha, uma pétala agarrada ao pêlo, um ínfimo pauzinho, uma coisinha mínima para que o menino Kiko dê dois ou três passos a mancar, para depois parar e esperar que a mãezinha ou o paizinho lhe examinem a pata. O que normalmente acontece em menos de nada. Já está tão habituado que chega a esticar a patinha para a vermos melhor mal nos aproximamos dele. Quando se sente liberto do corpo estranho segue de cauda alçada, trotando com plena satisfação.

O segundo exemplo tem a ver com cocó. Às vezes a coisa não é tão simples quanto se deseja, e parte do dejecto fica preso. Pois bem, o Kiko não é menino para esfregar o rabiosque na relva ou ir lá com o nariz. Simplesmente fica imóvel, à espera que o libertemos daquela maçada. Coisa muito fácil de se fazer usando um saquinho como luva. A reacção é sempre a mesma: segue sorridente e altaneiro.


segunda-feira, 2 de maio de 2016

Vida de cão: O dia em que D.Kiko Juan de Casanova não encantou


O Kiko é um sucesso com as meninas. Até a cadela mais encorpada, mais casmurra, mais intolerante se acaba por render aos seus encantos. Nem que seja porque um Jack Russell tem sempre mais energia e, eventualmente, acaba por vencê-las pelo cansaço.

D. Kiko é um gentleman, um cavalheiro: nunca tira o sorriso por mais patadas que leve de uma menina. E, mesmo depois de vencidas, exaustas, nunca vai além de umas lambidelas no focinho, e nariz perscrutador lá nas partes.

Como qualquer D. Juan ou Casanova que se preze, D. Kiko ama todas as fêmeas, independentemente da raça, idade ou porte. Pelo menos até esse amor ser correspondido na mesma medida. Pelo que já pude perceber, regra geral, quando uma fêmea retribui o entusiasmo na mesma dose, o dele esfria.

D. Kiko ama todas as fêmeas por igual. Democrático, o meu cavalheiro cão. Ou assim pensei eu.

É que D. Kiko nunca havia colocado os olhos e o faro numa fêmea da sua raça. Até hoje.
Nós, e dono e cadela, encetámos uma aproximação. A miúda não lhe passou cartão. O Kiko babou-se, ganiu, rosnou, chorou, arfou, roncou e sei lá que mais, tal a excitação. Tudo em 20 segundos. Horrorizou dono e cadela.
Mal puderam pisgaram-se para o carro. Não tivesse o miúdo bem preso pela trela ia atrás. Ainda me puxou com todas as forças para correr atrás do carro.

cromices #128: O que uma "mãe de cão" recebe no dia da Mãe?



Era o meu dia de me levantar cedinho para levar o Kiko à rua. Marido fê-lo por mim.
A seguir ao pequeno-almoço levou o miúdo a passear à praia. Não me apeteceu ir.

Ficar na cama mais um bocado e ter uma manhã livre? Boa marido! Na mouche!

Dois dos passeios da tarde ficaram por minha conta. O miúdo foi de um comportamento exemplar. Até fiquei parada a olhar para ele, à beira da estrada, num misto de estranheza e admiração: em todas as estradas que atravessámos durante o percurso, parou e sentou-se antes de eu ter tempo de soltar qualquer comando.
Inclusive fez questão de despachar logo o cocó. Boa miúdo!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Vida de cão: dias sem "acidentes" = zero.


Por acidentes entenda-se amoks.

Faz-me lembrar uma qualquer cena dos Simpsons, em que o Homer faz uma das suas na central nuclear, e alguém com um ar resignado apaga o registo de "dias sem acidentes" no quadro de ardósia para dar início a uma nova contagem.

Há manhãs em que acordar com as galinhas custa horrores. Hoje parecia que as pálpebras estavam coladas com super cola 3.
Para pessoa para quem o ritmo madrugador é contranatura, verdade seja dita, nunca esperei vivenciar tantas vezes o extraordinário milagre que é acordar cedo com energia q.b. e uma disposição menos tenebrosa.
Mas, tal não seria considerado milagre se não existissem manhãs ruins, não é?!

Hoje foi uma espécie de tempestade perfeita: má disposição, coordenação motora e verbal abaixo do mínimo, muito sono e cansaço, o ter que andar a correr atrás do cão pela casa para lhe enfiar o casaco e o peitoral e para lhe prender a trela, o ser um pouco mais tarde que o costume, e o S. Pedro e o Murphy a ajudarem à festa.

Se o passeio tivesse corrido como esperado, 15/ 20 minutos teriam sido mais que suficientes para cheirar todos os canteiros do percurso, fazer muito chichis, largar o #2 e ainda dar uma corridinha, com a calma habitual das manhãs, para chegar a casa, lavar-lhe as patas e tomarmos o pequeno-almoço em família.
Durante o resto do dia há mais tempo e oportunidades para caminhadas mais longas.

Só que não.
Como costumo sair mais cedo de casa já não me lembrava que, quanto mais o ponteiro se aproxima das 8 da matina, maior o movimento nas ruas, inclusive mais donos e cães.
E se até se pode considerar salutar a interacção com a primeira meia dúzia, tudo e todos que aparecem em diante são um estorvo, especialmente quando a janela temporal é limitada, e o meu puto fica demasiado excitado e muito mais interessado em farejar o rasto de todos os canídeos ao invés de fazer as necessidades.

Respiro fundo e penso que só mais cinco minutinhos para o puto acalmar, e retomar a concentração no passeio e no que tem que fazer. E pimbas, mais um cão, e outro, e outro ainda.
Muita excitação, nada de cócós.
E eu a entrar em modo Hulk, a vociferar asneiras em catadupa, a sentir a paciência a abandonar-me como se tivesse uma artéria aberta. A maldizer o facto de ter saído de casa mais tarde. A mandar vir com o Kiko para ver se ele atina.

Aqueles minutos extra na cama não valem o preço.



quarta-feira, 6 de abril de 2016

Vida de cão: o dia em que o Kiko engoliu uma meia



Anteontem o Kiko engoliu uma meia.

A maior sorte é que demos conta quase imediatamente, portanto teriam passado cerca de 10/15 minutos quando liguei para a Clínica Veterinária a perguntar o que deveria fazer.
Na verdade não existia a certeza absoluta que ele a tivesse engolido, mas pelo sim, pelo não...
Mea culpa, mas pronto, uma pessoa não é infalível.

Já me tinham informado numa das nossas primeiras consultas que caso ele engolisse algo deveria dar-lhe água oxigenada para forçar o vómito. Mas naquele momento só me vinham dúvidas à cabeça: "Era uma colher de chá ou de sopa?", "Diluída ou pura?", "Quanto tempo após a ingestão se pode fazer isso?", "Se não resultar, dou-lhe mais?", "Se sim, quanto mais?"...

Em menos de nada decidi ligar-lhes. Porque como diz o velho adágio "quem não sabe, pergunta".

Mesmo estando a um par de minutos da hora de encerramento, a querida A. diz-me que, visto que ele tinha engolido a meia havia minutos, que o levasse lá que elas lhe administrariam a água oxigenada.
Esta disponibilidade e atenção são um dos muitos motivos porque considero a equipa da Clínica Veterinária uma espécie de família alargada. Relação que dura há 13 anos, desde o momento em que trouxemos o Ulisses cá para casa.

E lá fui, metade do caminho a correr com o Kiko ao colo, metade a correr puxada pelo meu pequeno pónei.

A sala de espera cheia. Mesmo assim, em menos de nada levaram-no para tomar a primeira dose de água oxigenada.

Nesta altura já o "paizinho" também esperava pela criatura. A A. trouxe o Kiko e disse-nos para darmos uma voltinha de dez minutos. Supostamente seria o tempo que demoraria a ficar indisposto e vomitar.
Mas é nestas coisas que um Jack Russell se revela como tal, e o Kiko é simplesmente o Kiko.
Qual indisposição, qual quê! Andava feliz da vida a passear, excitado por ver outros cães, por sentir os cheiros na rua, na relva, a marcar território. Enfim, a ser o Kiko em modo normal.

Segunda dose. Agora é que é! Mas também não foi. Um frio de rachar e nós para trás e para a frente, sem qualquer indício de indisposição.

Por fim, uma terceira e última dose. Resultado: um arroto. Excitação ainda no pique.

Ficámos lá uma hora e meia até que decidimos todos que o melhor a fazer seria trazê-lo para casa, afastá-lo de tudo o que o excita. Levei a recomendação da Dra. I. que, se passado um bom bocado ele não vomitasse lhe deveria dar uma cápsula para proteger o estômago, por causa da água oxigenada.
Que depois dissesse qualquer coisa sobre o estado do Kiko.

Em casa, passados uns minutos lá vomitou um bocadinho do jantar. Sempre bem disposto.

Ontem às 6h da manhã vomitou e afinal tinha mesmo engolido uma meia. Saiu inteirinha, felizmente.
Podia ter sido tão pior. Podia ter acabado em cirurgia.

O momento pós-vómito foi hilariante: um cão feliz por estar a ser muito elogiado, e cada um de nós com o seu telemóvel a fotografar a meia regurgitada.

Já me flagelei mentalmente uma mão cheia de vezes. A partir de agora atenção e cuidados redobrados.

Ontem não resisti a entregar a notícia pessoalmente lá na Clínica sobre como o "caso da meia" estava resolvido, com sucesso.