quarta-feira, 30 de novembro de 2016

vida de cão: Bromance



Numa das ruas onde passeamos diariamente, vive um pequeno caniche sénior que o Kiko adora, ama de paixão.

Todos os dias o Kiko perde um par de minutos a cheirar o portão da casa do seu amigo. Notando que este não está continuamos caminho. Mas, independentemente de estarmos longe ou perto, se o amiguinho decide aparecer e ladrar, o Kiko fica histérico de alegria, uiva, e arrasta-me a correr ao seu encontro.

Segue-se um ritual entre amigos ao qual eu franzo o sobrolho, mas eles lá saberão do que gostam e como comunicar: ladram, abanam a cauda, cada um com a energia própria da sua idade, e fazem chichi no portão à vez.

O pequeno caniche farta-se rapidamente e vai inspecionar o outro lado do pátio, desaparecendo do raio de visão do Kiko, o que inicia da parte do meu miúdo uma sinfonia de uivos. Assim uma coisa profundamente emocional e sentida.
Eu estranho o outro não se sentir atraído pelo chamamento e ajudo à festa: "Amiguinho! Amiguinho! Olha o Kiko a chamar-te!"

Nada.

Aparece, mas sem grande reacção aos uivos.

Aparece a dona e ficamos uns minutos a conversar. Embevecidas pela forma como o meu tenta escavar o portão na tentativa de se juntar ao amigo.

Até que me confessa: o pequeno caniche é surdo que nem uma porta. Não é que estivesse a ignorar o Kiko conscientemente, simplesmente não o ouve, por maior que seja o escarcéu.


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