sexta-feira, 11 de novembro de 2016

coisas que gosto: Bons ventos sopram de Espanha, ou "dar vida à idade"



Gostava tanto que encarássemos a terceira idade como se fossem umas férias por tempo indeterminado, em que todos os dias fossem vividos ao máximo, numa personificação do carpe diem, enquanto a saúde e a vida o permitir.

O conceito é de uma tremenda simplicidade: porque não aproveitar da melhor forma a liberdade que representa o fim das obrigações familiares e compromissos profissionais?

Felizmente começam a proliferar notícias sobre pessoas que decidem tomar as rédeas da própria vida, e tomam decisões sobre como querem viver na velhice. Decisões que têm por base o desejo de independência e felicidade e desembocam em projectos inspiradores, como o relatado nesta notícia que nos chega de Cuenca, Espanha.

Motivados em grande parte pelo desejo de não querer passar a última fase da vida rodeados de estranhos ou "ser uma carga para os filhos", dois casais de amigos que se conheceram anos atrás numa excursão, decidiram viver juntos numa república autogerida em Cuenca - Convivir. A sua decisão entusiasmou e incentivou muitos mais a juntarem-se ao projecto.

Convivir é um condomínio, uma residência com todos os atributos específicos das residências para idosos, desde os serviços a pormenores arquitectónicos específicos para a terceira idade como as casas de banho, botões de emergência, etc.
No entanto, Convivir não é um lar de idosos mas um projecto de coshousing: projectado por arquitectos com a ajuda e intervenção directa dos sócios da cooperativa.

Elogia-se o ambiente juvenil, a forma como se mantém activos através da partilha de tarefas, de workshops diversos organizados pelos próprios como forma de partilhar o conhecimento de cada um, que no caso de Convivir pode significar tanto uma aula de risoterapia como de macramé. Sentem-se bem, felizes, e independentes. Guiam-se pelo lema "dar vida à idade". E isso é o mais importante.

Existem alguns projectos similares por todo o mundo. Também em Portugal existem residências onde o objectivo é uma maior qualidade de vida. Os preços que podem rondar, para além do investimento na residência, uma mensalidade de mais de 2000 euros por casal, faz com que seja impossível todos terem acesso a este estilo de vida.
O importante é que cada vez mais pessoas se mostram interessadas neste tipo de soluções, querem decidir de forma activa como viverão as suas vidas até ao último momento. Será esse interesse que vai alimentar mais e melhores conceitos, novas ideias, e por isso, acredito que quando for a nossa altura de tomar as rédeas da nossa velhice, não faltarão opções, até mais económicas, que permitam a todos os cidadãos viver a terceira idade com um espírito de férias, focando na felicidade e no que nos faz bem.






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