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terça-feira, 5 de novembro de 2019

coisas da casa: Sabiam que os telhados deveriam ser brancos?



Regressamos a um dos temas que mais me apaixonam: o da construção sustentável. Hoje, especificamente, telhados brancos.

Existe uma organização denominada "White Roof Project" - "projecto dos telhados brancos" - que começou em 2010 com a missão de divulgar o que um grupo de investigadores dos laboratórios de Berkeley haviam concluído sobre as "ilhas de calor" urbanas.
Cientistas em redor do globo têm-se dedicado à questão do aquecimento global e procuram toda e qualquer forma de o combater. Como em tudo, as melhores soluções são sempre as mais simples de implementar pelo maior número de pessoas.
Não caiam no erro de subestimar a simplicidade de um telhado branco, que o conceito e os resultados são geniais!

Em primeiro lugar, e de uma forma muito resumida, (existem os links e alguns vídeos abaixo que recomendo para uma abordagem mais profunda), o fenómeno conhecido como "ilhas de calor" formam-se nas cidades porque a maior parte da área não é preenchida por espaços verdes, mas sim por estruturas em materiais que pelas suas características, (uma delas o facto de serem escuros, como os telhados, as estradas de asfalto, etc), retém o calor.

Dizem os cientistas deste projecto que, se todos os telhados de Nova Iorque fossem pintados de branco, a temperatura da cidade desceria 1ºC. E nem estamos a referir as outras consequências positivas que advém desta simples medida.

Imaginem um dia em que a temperatura do ar está a 32º C.  Um telhado escuro atingirá temperaturas de 82ºC enquanto um telhado branco não ultrapassará os 37,7ºC, apenas pelas qualidades reflectoras da cor. (Todos sabemos a diferença que faz vestirmos uma t-shirt preta ou branca num dia de Verão!).
Dentro da casa com telhado escuro far-se-ão sentir 46ºC, enquanto na casa de telhado branco estarão uns muito mais simpáticos 26,6ºC.  Isto porque o telhado escuro só teve a capacidade de reflectir 20% da luz solar, para além de absorver o smog, enquanto o telhado branco reflectiu 85% da luz solar e não absorveu tanta poluição atmosférica.

Obviamente que ninguém aguenta estar numa casa com 46ºC, então liga-se o ar condicionado e esse aumento de consumo energético não só é negativo para a carteira e para o ambiente, como há locais em que os apagões se tornam mais frequentes. Em Nova Iorque já houve apagões de 9 dias.

O grande objectivo deste projecto é que em 2030 os telhados das cidades mundiais sejam brancos.
Em 2010 as emissões de CO2, a nível global, foram de 24 mil milhões de toneladas métricas. Se o objectivo for cumprido - o de ver telhados brancos por todo o lado - estes 24 mil milhões serão a quantidade de CO2 que deixará de ser emitido, o que é algo como "desligar" o mundo por um ano!

Para as mentes iluminadas que julgam que os telhados de cor escura ajudam a casa a manter-se mais quente durante o Inverno, saibam que o ar quente sobe sempre, não trazendo qualquer benefício. Pelo contrário, as elevadas temperaturas a que os telhados escuros estão sempre sujeitos só diminui a vida útil destes, devido ao stress térmico a que sujeitamos os materiais.

Em conclusão, um telhado branco só traz vantagens sejam económicas, porque aumentamos a vida útil do telhado, e poupamos na electricidade; sejam ambientais porque contribuímos para a diminuição das emissões de CO2 para a atmosfera, ajudamos a diminuir a temperatura nas cidades e a poupar nos recursos naturais que são utilizados na produção de energia para as nossas casas.

Sem mais demora, alguns vídeos:












quarta-feira, 22 de março de 2017

coisas de pensar: O feng shui, a religião e o bicho papão.



Feng Shui surgiu há cerca de 4000 anos. De forma muito sucinta, o objectivo desta corrente de pensamento é ser uma ferramenta para dotar os espaços físicos de equilíbrio, harmonizar as energias, potenciar a influência positiva destas e minimizar a influência negativa sobre estes.
Dizem os chineses que actua nos espaços físicos da mesma forma que a acupuntura age no organismo. Segundo esta filosofia oriental, a busca da harmonia com as forças benéficas da Natureza aumentarão a prosperidade, a saúde e a boa sorte.

Há anos senti-me especialmente curiosa acerca do Feng Shui e comprei um livrinho sobre o tema.
Muitas das dicas mais básicas desta filosofia estão relacionadas com o manter a casa limpa, organizada e sem tralha.
Diz que uma casa de banho suja, com a tampa da sanita levantada e porta aberta gera más energias, assim como ter os armários da cozinha desorganizados, com louça escavacada e produtos presentes que estejam estragados, fora da validade, é mau para a prosperidade. Que a presença de tralha no quarto, de aparelhos eletrónicos próximos na cama, de objectos relacionados com o trabalho, são inimigos do descanso.
São apenas alguns dos exemplos. Coloquemos só por uns momentos os óculos de cepticismo e veremos coisas que qualquer pessoa considerará tão banais que não precisa que exista um livro ou uma corrente filosófica que ensine: que se andamos a deixar comida estragar-se, passar de validade, então é óbvio que acaba por ser mau para a prosperidade, que é o mesmo que deitar dinheiro ao lixo; que uma casa limpa será um espaço propício à saúde, que num espaço cheio de tralha onde de dois em dois passos se dá uma canelada algures a pessoa não se sentirá cheia da tal boa sorte, não é?
A intenção não é de forma alguma desprimorar esta antiga corrente, mas utilizá-la como adjuvante a um raciocínio.
Diz o filósofo que há primeiro que aprender a gatinhar para depois aprender a andar. Isto aplica-se tanto ao indivíduo como em relação à evolução da espécie.
Acho que até a mais céptica das pessoas achará imenso valor numa filosofia que incita a hábitos de organização e higiene, mesmo que seja necessária a utilização de chamarizes como prosperidade e sorte para tal. Duplica, triplica, quadriplica o seu valor se tentarmos imaginar o que seria corrente em hábitos de limpeza e higiene há 4000 anos atrás. Olhem que a minha imaginação não pinta um quadro nada auspicioso!

Voltando às palavras do filósofo, quando somos crianças e os adultos sentem que estamos ainda numa idade em que não nos vão conseguir fazer compreender através do diálogo a importância de comer a sopa, a fruta, o peixe, de dormir cedo, de lavar os dentes, de estudar, de arrumar o quarto, usam-se outros métodos, nem que a de ameaçar chamar o bicho papão caso não se sigam as regras impostas.
Tudo com uma relativa paz de espírito, porque os adultos sabem que é temporário, que passados uns anos todos iremos compreender os benefícios de todas as regras que nos incutiam, e que nos vamos rir do bicho papão. Que certamente utilizaremos as mesmas artimanhas para educar os nossos filhos.

Proverbialmente, onde há duas, há três. Serviram o Feng Shui e o bicho papão para me trazer à religião.
Quero olhá-la com os mesmos óculos de cepticismo que coloquei há pouco.

Imagino-me na era e no papel de quem escreveu textos religiosos, que se tornaram regras para tantos.
Imagino o contexto histórico, geopolítico, social. A espécie humana com os ímpetos que conhecemos mas com menos uns milhares de anos de evolução, progresso, educação e literacia. Não me é difícil imaginar a necessidade global de inventar sistemas de crenças com o objectivo de incutir princípios morais e regras de comportamento mais elevados, mesmo que o preço fosse edificá-los sobre um modelo arcaico e dualista de castigo/ recompensa. Mas lá está, falamos de outros tempos, ou gosto de pensar que foram outros tempos.

Imagino-me como um desses escritores religiosos, (é o termo que prefiro), com uma relativa paz de espírito, a pensar que é temporário, que passados uns anos a Humanidade compreenderá por si mesma o porquê de não matar, de não roubar, de não cobiçar, de amar, perdoar, servir, e rir-se-á das estórias com bichos papões.

Mas e quando o bicho papão habita na religião? Quando esta defende a pedofilia através do casamento de homens velhos com meninas, quando se defende a existência de escravas sexuais como solução para o adultério, entre outras pérolas do mesmo calibre?
Quem é que desata agora este nó?




sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

coisas de pensar: Os verdadeiros heróis...



... são os pacifistas, os portadores de Luz que avançam indefesos, porém determinados, destemidos, para dentro da barriga do monstro.

Os verdadeiros heróis não se assemelham a personagens de filmes de acção, com perícia militar, armados até aos dentes e capazes de derrotar um exército sem grande esforço.
Já contava Tolkien, que os grandes feitos são atingidos, para a surpresa de quase todos, pelos mais pequenos e inocentes: os hobbits deste mundo. São os Frodos e os Sam que chegam a Mordor, que saem vitoriosos contra Sauron quando outros aparentemente bem mais fortes e capazes falharam.

São pessoas como estas que me inspiram e, sem as conhecer, lhes sou grata pelo enorme exemplo de como se é Luz numa era de trevas.











terça-feira, 19 de abril de 2016

coisas de pensar: Crise de fé ou momento de claridade?


Cresci a celebrar o 25 de Abril.
Fui uma miúda idealista, sonhadora, com uma noção romântica das revoluções.
Cresci uma mulher pragmática, ciente das suas fraquezas e defeitos, mas com um sentido de justiça e princípios éticos e morais que considero acima da média.
Uns dias mais que outros, tentei agarrar o romantismo de outrora. Talvez mais pela nostalgia e apego a quem fui do que propriamente por fé na humanidade. Quando mo permito pensar e sentir, sinto uma saudade tremenda daquela miúda!

Olho para as consequências da Primavera Árabe, para o Brasil hoje, e quedo-me resignada.
Talvez a evolução não esteja ainda ao nosso alcance. A minha fé murcha perante o facto que o mundo em que vivemos não é mais que o reflexo do que somos. O mundo é um inferno. Faltou-nos alma para mais.
É pena. Momentos houve em que achei, com todo o coração, que merecíamos e seríamos capazes de mais e melhor do que andar com merda e iniquidade pelos joelhos.
Para espécie que se julga tão avançada seria de esperar que soubéssemos ser mais que uns macaquinhos que atiram fezes uns aos outros.

E agora, com a vossa licença, vou só ali limpar a réstia de romantismo que me escorre pelos dedos.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

coisas de pensar: Será a redenção possível?


Diz que a redenção é o acto de libertação de todos os sacrifícios, males e grilhões. Dizem também os crentes na reencarnação que é exactamente este o seu propósito. Que cada lição aprendida é mais um degrau conquistado na "stairway to heaven".

Falando em degraus, há uma escala imensa de gradientes e meios tons entre o Bem e o Mal. Acho que o comportamento da maioria das pessoas, o meu incluído, insere-se mais ou menos a meio da tal escala, com cada pé metido num tom, oscilando entre luz e sombra conforme a qualidade das acções e pensamentos.

Salva-nos a capacidade latente que todos trazemos de, pelo menos uma vez na vida, fazermos algo que nos dá direito a avançar umas quantas casas neste jogo.

Talvez seja por isso que as acções produzidas com maior impacto, grandiosas, distantes da bondadezinha ou da maldadezinha quotidianas, encontrem tamanha repercussão em nós, seja porque nos inspiram ou nos horrorizam.

O meu reduto é a lógica, a racionalidade. Tento sempre encontrar uma qualquer espécie de justificação, de teoria para tudo. Dei por mim a pensar nos actos de verdadeira maldade que se passam pelo mundo. Não estou a falar dos frutos da maldadezinha, mas daqueles que parecem ter saído de algo imensamente mais grotesco e abominável, que nos chocam por parecer impossível até para o ser humano mais merdoso parir algo de tamanha malevolência.
Se por um lado avanço com a teoria do equilíbrio em todas as coisas: que ao haver no mundo pessoas com uma capacidade extrema para a bondade, haverão obrigatoriamente outras que serão a sua antítese, por outro, nem através da lógica me conformo.

Causa-me um desconforto extremo lembrar-me que todas as acções, independentemente da sua qualidade, possuem a capacidade de inspirar terceiros. Que é assim que a luz e a sombra se multiplicam. Assusta-me que haja quem seja permeável aos maus exemplos, que se reveja nestes, que lhes dê continuidade, que sirva de inspiração para mais uns quantos. Isto num mundo com demasiada gente.

Embora acredite na redenção, também acredito que existem casos perdidos, impossíveis de redimir.
Apanho no facebook o vislumbre de um vídeo que não tive coragem de visualizar, desejando já não ter visto aquele preview, de quem retirou prazer e riso em crucificar e apedrejar um cão. Dizia o texto que do focinho do bicho corriam lágrimas.
Um site noticioso fala do fotógrafo português galardoado pela imortalização da triste realidade dos meninos talibés, forçados a mendigar e a entregar aos professores tudo o que recolhem, sendo inclusive vítimas de agressões e violação.

Estes são somente dois grãos de areia do deserto de maldade que existe hoje, agora, neste mundo.

E eu, que vibrava, e ainda vibro, de orgulho por Portugal ter sido a segunda nação europeia a abolir a pena de morte, não me ocorre outra solução para este mundo doente que não seja a purga destes demónios, da forma mais extrema e definitiva.
Porque para estes não acredito que a redenção seja possível. Pelo menos nesta vida. Então que passem logo para a próxima.





quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

coisas de opinar: Sobre o racismo, #1.



Os Óscares deram origem ao mais recente conflito sobre o racismo. Tal deu origem a uma troca de opiniões a nível global, diria eu.
Debater um tema é sempre positivo, na minha opinião. Embora não tenha ainda encontrado uma opinião alheia na qual me reveja totalmente, valorizo-as a todas e respeito-as, sobretudo porque me fazem reflectir sobre os meus próprios pontos de vista. Sempre defendi que num debate a divergência de opiniões não é defeito. Aliás, é a diferença que nos faz crescer, alargar os nossos horizontes.
Também há que aceitar que, para um ponto de vista ser válido e correcto não implica que todos os outros estejam errados. Várias premissas podem ser simultaneamente válidas e verdadeiras, mesmo sendo diferentes.
Por fim, gosto de ter a honestidade de admitir que as minhas certezas são muito poucas, que não há vergonha alguma, pelo contrário, em confessar que não sei, que não detenho todas as respostas, mas que estou disposta em perscrutar o que sinto ser a minha perspectiva, que mesmo quando tenho uma opinião já formada esta não está escrita em pedra, não é imutável.
Sou permeável aos bons argumentos porque quero crescer e evoluir. Aos que gentilmente debatem comigo, só peço reciprocidade quanto a esta mesma conduta.

Decidi escrever e partilhar a minha "viagem" em relação a este tema.

A única certeza que possuo em relação a este tópico é o objectivo: sonho, desejo e anseio viver num mundo onde qualquer forma de discriminação e preconceito seja coisa do passado. Acredito que as pessoas devem unicamente ser julgadas pelas suas acções e carácter, nunca pela raça, etnia, género, nacionalidade, religião, orientação sexual ou qualquer outro traço similar.

Acredito piamente na Meritocracia, na Igualdade, como base do Novo Mundo que desejo ver surgir.

Uma pessoa, cuja opinião valorizo bastante, ainda dentro deste celeuma com origem nos Óscares, partilhou um dia algo sobre o quão importante é para as crianças das minorias verem-se representadas em eventos desta magnitude. Não retiro nenhuma validade, verdade ou valor ou a esta afirmação. Também eu quero que qualquer criança se sinta imbuída de poder, do tal "Yes we can!", que acredite em si e tenha uma vontade e uma garra de perseguir os seus sonhos, sem considerar por um único momento que a cor da sua pele, o seu background socioeconómico, o seu género ou qualquer outra característica a possa limitar, seja de que forma for.

Nesta aldeia global, temos que acreditar que, de certa forma, todas as crianças são nossas, e temos que fazer acontecer o que for necessário para que cresçam capazes e felizes.

Mas quando me dizem que o caminho passa também por transformar a cerimónia cinematográfica numa "cena por quotas" torço o nariz. A Meritocracia não vê cor, é daltónica. Merece ou não merece? Ponto final.
Se existirem jurados que escolhem os nomeados com base no preconceito, é despedi-los. Simples.
Não me venham é com argumentos que lá por serem "homens velhos brancos" as suas escolhas e votos não terão por base uma opinião profissional, mas serão sempre toldadas pelo preconceito.
Afirmações tais tiram-me do sério!
Assumir que determinada pessoa terá determinado comportamento apenas com base na cor da sua pele, género e idade é altamente discriminatório e racista! E é algo que condeno veementemente.
Sim, meus amigos, que o racismo é um conceito que se aplica a todas as cores de pele e raças, ou julgavam que não?!

Mas falarei mais sobre isto dos óscares noutra altura.

Quero voltar à questão das crianças e da importância dos exemplos, e ao produto da minha reflexão.
A nossa verdade é sempre nossa, porque é inevitável a subjectividade, irmos beber às nossas experiências.

Tentei lembrar-me de várias figuras que me inspiraram de alguma forma (não gosto do termo ídolos) ao longo da vida, desde a mais tenra infância aos dias de hoje. Ocorreram-me nomes como Buda, nascido no Nepal. Jesus, judeu nascido na Judeia, hoje Israel. Zeca Afonso, português. Che Guevara, argentino. Natália Correia, portuguesa. Madre Teresa, nascida na Macedónia. Platão, ateniense. Thomas More, nascido em Londres. Rosa Parks, nascida no Alabama. Oprah Winfrey, nascida no Mississippi. Júlio Verne, francês. Nikola Tesla, croata. Marie Curie, polaca. Carolina Beatriz Ângelo, portuguesa. Florbela Espanca, portuguesa. Nietzsche, alemão. Leonardo da Vinci, italiano.

E a lista é tão mais longa, mas as figuras já enumeradas servem para ilustrar que é possível encontrar um sem número de pessoas inspiradoras sem que a nossa escolha se baseie na raça, nacionalidade, género, religião. Para mim, educar ou sequer esperar que uma criança só se consiga rever ou inspirar em pessoas da mesma raça, género ou afins é educar para o preconceito, é alimentar o racismo. É limitador, é triste e um tremendo entrave à construção do mundo igualitário e meritocrático com que sonho.




segunda-feira, 30 de novembro de 2015

coisas de opinar: Erradique-se a pobreza...



Ontem passou num canal de televisão um documentário que prometia ajudar a decifrar esta coisa, esta entidade, esta seita de barbudos radicais que anda aí a aterrorizar meio mundo.

Nós, longe de sermos obcecados pelo tema, ficámos curiosos o suficiente para assistir. Uma curiosidade que pouco ou nada tem a ver com voyeurismo, mas com uma necessidade de tentar conhecer e entender algo que difere de nós e do nosso mundo em tudo e mais um par de botas.

A mim, que é intrínseco duvidar, questionar e desafiar o que me dizem e sobretudo o que me mandam quando sinto que o devo fazer, sempre me fez muita confusão o historial bélico do nosso mundo. Basta-me ler uma notícia, ver um filme ou documentário sobre tal, (a II G.G. é um óptimo exemplo), e inevitavelmente dou por mim a pensar como é que é possível existirem pessoas que se deixam cativar, doutrinar por ideologias tão maradas e cometer actos tão errados em seu nome.
Como é que é possível que em todas as guerras, as decisões sejam tomadas por um pequeno grupo de gajos, sentados confortavelmente algures enquanto outros aceitam ser seus paus-mandados, carne para canhão, cegos obedientes e os únicos a sujar as mãos de sangue?!
Não há ninguém que ao receber uma ordem que, aos olhos de uma pessoa de bem é claramente errada e inadmissível, se vire para esses gajos com um: "Isso é que era bom! Queres? Vai tu!".

Será a obediência uma característica genética tão profunda na nossa espécie que nos torna, sem grandes alternativas, fracos e maleáveis perante a vontade de psicopatas?! Que triste!

A qualidade do documentário em si foi de nível "meh". Não passou de uma colectânea de vídeos propagandistas produzidos pela massiva máquina de marketing dos próprios barbudos que são censurados nos meios de comunicação ocidentais, e ainda bem. Apoiar a censura abre um precedente perigoso mas aqui tem toda a razão de ser. Nunca se sabe quantas cabecinhas tontas, fracas e permeáveis existem à escala global, e o seguro morreu de velho.

As cenas que eram montadas para mostrar o apoio e satisfação da população fizeram-me lembrar a história de Pablo Escobar, o icónico traficante colombiano. Escobar podia ser violento, temido e impedioso, mas muita da população de Medellín era-lhe leal pois financiava a construção de alguns estádios de futebol, algumas equipas, e dizia ser uma espécie de Robin Hood que tirava dos ricos para dar aos pobres. Mais do que por bondade, Escobar sabia que esta é uma estratégia inteligente para se alicerçar uma posição de poder, e os barbudos também sabem. E que quanto mais pobre for a população alvo, mais barata é a sua lealdade.

A pobreza é a raiz de muitos males. Erradique-se a pobreza e, de uma ver por todas, o mundo será chão pouco fértil para muitas outras maleitas.

A capacidade que tenho de duvidar, questionar, desafiar e escolher por mim deve-se em muito ao facto de não ser pobre. Tal como aparece na velhinha Pirâmide das Necessidade de Maslow, se tenho energia para dedicar à moralidade e a questões que se encaixam na categoria de topo - realização pessoal - é porque me encontro satisfeita em todas as outras categorias, da fisiológica à estima.




Qualquer um de nós num cenário onde as necessidades fisiológicas e de segurança não fossem preenchidas, faltando-nos casa, comida, acesso a cuidados de saúde, educação, etc, seriamos também presas fáceis de manipular.
Portanto, enquanto houver pobreza haverá, com toda a certeza, novos capítulos para a história bélica do mundo, cheios de terror e tristeza.




sábado, 7 de novembro de 2015

coisas de opinar: O mundo louco dos pequenos imperadores


Na década de 70, foi implementada na China a que ficou conhecida como a Política do Filho Único.

Mesmo com esta medida que, julga-se ter ajudado a prevenir cerca de 400 milhões de nascimentos, a China continua a liderar a tabela dos países com maior densidade populacional, com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes, seguida da Índia com um valor bastante aproximado.
Para terem ideia de quão enormes são estes valores, o terceiro lugar é ocupado pelos Estados Unidos com "apenas" 300 milhões de habitantes.

Eu concordo com esta medida. Pode parecer cruel e uma afronta à liberdade pessoal haver alguém que estipula por nós o número de filhos. Neste caso não fazê-lo seria bem pior. A grande preocupação dos dirigentes chineses seria que, sem controlo de natalidade, a China caminharia a passos largos para uma realidade de pobreza generalizada e irreversível, sem a possibilidade de construir um sistema de saúde, educativo, emprego, etc, que incluísse todos os cidadãos, o que significaria mais tarde ou mais cedo, um panorama de caos social e falência.

O envelhecimento da população é uma consequência natural e esperada, pelo menos durante algumas gerações até ao padrão de densidade populacional normalizar.
O grande revés desta Política, e que até serviu para fundamentar um estudo conduzido pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, é o enorme desequilíbrio entre sexos. Conta-se que o homens excedam as mulheres em cerca de 24 milhões.
Esta não é uma consequência directa da tal Política do Filho Único, mas da tradição medíocre que persevera em alguns países onde se prefere descendência do sexo masculino. Há muitos anos, através da televisão, entravam-nos pela casa adentro imagens dos horríveis dos chamados Quartos da Morte, onde bébés, maioritariamente do sexo feminino eram deixados para morrer, para além dos incontáveis abortos selectivos. Esta prática tornou-se de tal forma um problema que o próprio Estado proibiu a realização de ecografias que revelassem o sexo do bébé.

Pois hoje, graças a estas atrocidades cometidas pelos próprios progenitores, existem os tais 24 milhões de "pequenos imperadores" - alcunha dada aos filhos únicos - sem imperatrizes.

Avança o citado estudo que se trata de um grave problema demográfico, com consequências temíveis, desde o rapto e tráfico de mulheres, e até prostituição forçada, nas regiões onde o rácio entre sexos é mais desequilibrado. Um cientista chinês aconselha o Estado Chinês a liberalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a prática da poligamia.



terça-feira, 15 de setembro de 2015

coisas de opinar: As minhas 5 palavrinhas sobre o futuro da Síria


Existe um cartoon escrito por Audrey Quinn e ilustrado por Jackie Roche que tem corrido mundo.
Intitula-se "Syria's Climate Conflict" e explica de uma forma sucinta e clara as origens de todo o conflito sírio e de como escalou ao ponto de se tornar uma crise com implicações tão extensas.

Já não me recordo como, ou através de quem, tomei conhecimento deste cartoon mas, foi-me de uma tremenda serventia para ficar a saber um pouco sobre um país, o seu povo e este conflito.

Há traços que nos distinguem enquanto pessoas. Um dos meus traços é que não resisto a pensar numa solução quando me deparo com um problema. Infelizmente não será tão útil quanto ser alguém que avança e mete as mãos na massa, mas é assim que sou.

Fiquei a remoer no tal cartoon, em toda aquela informação. Quando se fala em mais de 4 milhões de sírios que procuram refúgio noutros países, e dos mais de 7 milhões que se movimentam dentro das fronteiras sírias na tentativa de fugir da violência, temos uma ideia da proporção de todo este horror, da urgência da necessidade do apoio das restantes comunidades internacionais no tempo presente mas, também, na necessidade de pensar no futuro, de forma a poder devolver aos que tiveram que fugir, aquela que é a sua terra.

Sem mais delongas, as 5 palavrinhas que definem o processo de um melhor futuro para a Síria são:

Paz - o essencial primeiro passo.

Democracia - como já disse alguém, não perfeita, mas bate aos pontos um qualquer ditador.

Dessalinização - Mais uma vez o Mar Mediterrâneo teria um papel determinante nesta história, mas desta vez como fonte de água potável, (obtida através deste processo), possível de ser usada para consumo humano, animal, para irrigação de culturas. O sal obtido no mesmo processo poderia ser comercializado, quiçá mesmo exportado, e ser mais uma fonte geradora de emprego e rendimentos.

Florestação - Plantar árvores numa zona árida pode parecer um contrassenso, mas é um gesto que pode ajudar e muito a transformar totalmente um ecossistema, a regredir a desertificação, a combater a seca.
Um exemplo de que isso é possível é a história de  Yacouba Sawadogo, o homem que plantou uma floresta no deserto do Burkina Faso. Fica aqui o link.

E por último, Hidroponia. Conceito que aqui já falei como sendo uma das coisas que realmente gosto, por ser, também, uma solução perfeita para o cultivo de alimentos em zonas áridas, pois precisa de uma pequena fracção da água normalmente utilizada na agricultura.


Esta é a minha visão.










quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A melhor empresa do mundo #3: "Nevzat, o patrão que vendeu a empresa e deu €216 mil a cada funcionário"



Basta uma única pessoa para surgir uma ideia, desenhar um conceito. Mas depois, na prática, toda uma equipa é fundamental para o sucesso. Daí ser tão justo que os frutos do sucesso sejam repartidos.

É bom ter uma notícia para partilhar que fala disto mesmo:

"Nevzat Aydin decidiu vender a sua Yemeksepeti, uma empresa turca de encomendas online e entrega de refeições ao domicílio, a uma companhia alemã do mesmo ramo, a Delivery Hero.

Segundo a CNN, o negócio foi fechado por 530 milhões de euros. Mas a notícia não é esta, ainda que o negócio seja financeiramente relevante. O que tem feito de Aydin notícia é o facto de ter decidido distribuir 25 milhões por 114 trabalhadores.

Em média, cada empregado recebeu 216 mil euros. No entanto, este valor varia consoante a produtividade e o “futuro potencial na empresa” de cada um. Só os trabalhadores com mais de dois anos de contrato é que foram elegíveis para o bónus.

Para Nevzat Aydin, cofundador da empresa, o sucesso da Yemeksepeti “não aconteceu do dia para noite e muitas pessoas participaram nesta viagem com o seu trabalho e talento”. “Alguns choraram, outros gritaram e houve ainda quem escrevesse cartas de agradecimento. Houve muitas emoções, porque mudámos a vida das pessoas. As pessoas [agora] podem comprar casas, carros... Podem fazer imediatamente algo que nunca conseguiriam com um ordenado de 900 ou 1500 euros. Foi uma coisa boa. Gostaria de ter a capacidade de lhes dar mais”, contou Aydin.

A Yemeksepeti foi fundada há 15 anos e entrega mensalmente mais de três milhões de refeições e opera nos Emirados Árabes Arábia Saudita, Líbano, Omã, Qatar, Jordânia, Jordânia e, claro, na Turquia. O conceito da empresa passa pela encomenda de refeições online que depois são entregues no local e à hora escolhida pelo cliente.

Com a venda da Yemeksepeti, Nevzat Aydin mantém o cargo de diretor-executivo e passa também a ocupar uma cadeira no painel da administração da Delivery Hero."

in Expresso








sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Je suis Charlie



Acredito em Deus. Num Deus sem nome, sem nacionalidade, sem língua, sem género, sem geografias, e sem religião.

O meu Deus está acima de tudo o que é humano, à excepção da Alma/ Energia que levamos cá dentro mas que passamos vidas incontáveis sem saber muito bem o que é.
Nunca conheci pessoa alguma que conhecesse bem a sua Alma. Daí não acreditar em ninguém quando me diz que conhece Deus melhor que os outros, que serve de intermediário, que tem linha directa para o Divino.
Temos imaginação e é já uma tremenda dádiva. Todos lhe imaginamos as características, mas não deixa de ser imaginação. Tem o seu valor, e apenas se torna errado se eu tentar forçar meu produto imaginado a outro, castrando-o dessa mesma capacidade individual.

Eu também imagino Deus. Inevitavelmente, à minha maneira. Apego-me à minha imaginação, mas isso deve ser mau feitio. Nunca gostei nem admiti que me tentassem diminuir ou tirar as liberdades: de pensamento, de expressão, de crença, de individualidade.

Uma das minhas certezas é que Deus tem sentido de humor. Se assim não fosse o riso e o sorriso não seriam das raras e verdadeiras expressões universais, transcendendo geografia e raça, idade e género.
O meu Deus olha para as religiões, para o que se faz em Seu Nome, e decide ser ateu.



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Inspirações / Aspirações



Um dia, quando for Grande, quero ter um Espírito tão Nobre quanto um Cão vadio.


(ler aqui ).



quarta-feira, 4 de junho de 2014

Estás na minha lista negra!





"O Código do Trabalho refere no seu artigo 22.º que "nenhum trabalhador ou candidato a emprego pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão, nomeadamente, de ascendência, idade, sexo, orientação sexual, estado civil, situação familiar, património genético, capacidade de trabalho reduzida, deficiência, doença crónica, nacionalidade, origem étnica, religião, convicções políticas ou ideológicas e filiação sindical"."


retirado daqui.




Pessoa X passa à porta da Pastelaria G. em Sintra, e repara no papel afixado à porta que informa estarem à procura de colaborador.
X, que trabalhou sempre, até ao momento em que a empresa a que dedicou toda a sua vida profissional, encerrou portas.
A pessoa X tem a seu favor a experiência profissional, o know how, a reputação imaculada, construída ao longo da vida, de boa profissional, competente, de confiança.
X mantém uma imagem cuidada.


X entra no estabelecimento, e pede à empregada de balcão mais informações.
A empregada avisa que a patroa não está, mas adianta que só estão a aceitar "raparigas novas".




A Pastelaria G. nunca mais na vida irá ver um cêntimo meu.





quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

domingo, 22 de dezembro de 2013

Coreia do Norte





Contra as insónias, cuidado com as contra indicações!



Ontem. Noite tardia. O sono não chega. Zapping.

Paramos num qualquer canal, talvez sic notícias, que passava uma reportagem sobre a Coreia do Norte.
A Coreia do Norte é dos países mais estranhos que existem. Fica na Terra mas não é certamente deste mundo.

A reportagem era sobre a visita do Dennis Rodman e dos Harlem Globetrotters a este destino. Que mistura certo?!
O repórter, em certo ponto, declarou que aquela experiência poderia definir-se como viver na pele de Jim Carrey no Truman Show.






Finda a reportagem, muda-se de canal.

O que nos espera?

Paulo Portas a vender azeite no Dubai, com aqueles maneirismos muito próprios, e a prometer a "Suas Altezas" que nunca provaram pitéu como aquele.


Não há duas sem três.
Sentindo que não tinha estaleca para mais uma - não me engasgasse e morresse a rir - desliguei a tv, e fui-me embora de mansinho.