sábado, 7 de novembro de 2015

coisas de opinar: O mundo louco dos pequenos imperadores


Na década de 70, foi implementada na China a que ficou conhecida como a Política do Filho Único.

Mesmo com esta medida que, julga-se ter ajudado a prevenir cerca de 400 milhões de nascimentos, a China continua a liderar a tabela dos países com maior densidade populacional, com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes, seguida da Índia com um valor bastante aproximado.
Para terem ideia de quão enormes são estes valores, o terceiro lugar é ocupado pelos Estados Unidos com "apenas" 300 milhões de habitantes.

Eu concordo com esta medida. Pode parecer cruel e uma afronta à liberdade pessoal haver alguém que estipula por nós o número de filhos. Neste caso não fazê-lo seria bem pior. A grande preocupação dos dirigentes chineses seria que, sem controlo de natalidade, a China caminharia a passos largos para uma realidade de pobreza generalizada e irreversível, sem a possibilidade de construir um sistema de saúde, educativo, emprego, etc, que incluísse todos os cidadãos, o que significaria mais tarde ou mais cedo, um panorama de caos social e falência.

O envelhecimento da população é uma consequência natural e esperada, pelo menos durante algumas gerações até ao padrão de densidade populacional normalizar.
O grande revés desta Política, e que até serviu para fundamentar um estudo conduzido pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, é o enorme desequilíbrio entre sexos. Conta-se que o homens excedam as mulheres em cerca de 24 milhões.
Esta não é uma consequência directa da tal Política do Filho Único, mas da tradição medíocre que persevera em alguns países onde se prefere descendência do sexo masculino. Há muitos anos, através da televisão, entravam-nos pela casa adentro imagens dos horríveis dos chamados Quartos da Morte, onde bébés, maioritariamente do sexo feminino eram deixados para morrer, para além dos incontáveis abortos selectivos. Esta prática tornou-se de tal forma um problema que o próprio Estado proibiu a realização de ecografias que revelassem o sexo do bébé.

Pois hoje, graças a estas atrocidades cometidas pelos próprios progenitores, existem os tais 24 milhões de "pequenos imperadores" - alcunha dada aos filhos únicos - sem imperatrizes.

Avança o citado estudo que se trata de um grave problema demográfico, com consequências temíveis, desde o rapto e tráfico de mulheres, e até prostituição forçada, nas regiões onde o rácio entre sexos é mais desequilibrado. Um cientista chinês aconselha o Estado Chinês a liberalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a prática da poligamia.



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