terça-feira, 24 de novembro de 2015
Bucket list #7: O Parque do Kiko
Se encontrasse aqui mesmo ao lado de casa, um qualquer terreno de tal forma baratinho, tipo ao preço da chuva, quase dado, (nunca é demais o ênfase no "baratinho"), comprava-o. Investia numa vedação robusta, num portão, procedia à sua limpeza e "desparasitação", (não sei que termo se utiliza em relação a terrenos), de forma a dar cabo das pulgas, carraças e afins.
Chamar-lhe-ia o "Parque do Kiko".
Seria um espaço onde poderíamos ir brincar, correr, sem trela, sem perigo de atropelamentos, nem interacções com outros cães que não sejam desejadas naquele momento, sem lixo.
Teria todo o gosto em que o acesso ao Parque do Kiko fosse aberto a outros cães, num horário abrangente mas definido. Todos seriam bem vindos desde que seguissem as "regras da Ana". Sim, que o parque seria do Kiko, mas as regras, essas são da dona.
Não seriam regras complicadas. Basicamente, consistiriam em deixar o espaço limpo, apanhar os dejectos do animal, não estragar nem retirar nada do que lá se encontrasse. Os que soubessem seguir estas simples normas de conduta, que não vão além do bom senso e práticas básicas de civismo, seriam mais que bem vindos a usufruir connosco do parque.
Quem não fizesse caso das "regras" acabaria por perder, em último caso, o direito de acesso. Afinal, um dos motivos porque a criação do mesmo se encontra na minha "bucket list" é porque estas regras, que para mim são importantes, não são seguidas nos espaços públicos.
Acima de tudo este meu desejo surge porque sinto e acredito que espaços destes fazem muita falta. Locais cuidados e vedados, onde os animais possam andar sem trela, sem qualquer perigo para si e para terceiros. Onde possam, em liberdade, gastar toda aquela energia que vão acumulando, especialmente os que estão confinados a apartamentos e pequenos espaços. Onde os donos, especialmente os tão neuróticos como eu, possam retirar maior prazer dos momentos ao ar livre com os seus patudos, porque naquele espaço estariam protegidos de muitos dos perigos potenciais que nos deixam num estado de sempre alertas e, consequentemente de mau humor, como o trânsito, o lixo, etc.
Infelizmente acredito que sem iniciativa privada muito dificilmente veremos um grande número de parques caninos no nosso país. Isto porque, se nem há fundos para espaços para crianças, quanto mais para animais não é?
Imagino, ao longo do tempo, este espaço a crescer e a ser melhorado, passo a passo, conforme a carteira, (sobretudo a carteira!), a imaginação e a vontade iriam permitindo, com a implementação de coberturas para criar sombra no Verão e proteger da chuva no Inverno e candeeiros solares de jardim para permitir a sua utilização à noite.
Quem sabe até uma piscina para eles.
Imagino muitas coisas, um enorme potencial que se estende para lá da linha do horizonte, como uma possível parceria com uma escola de treino canino e a possibilidade de ali organizar uma ou duas aulas de treino de obediência, e outras modalidades, por semana.
Imagino-me a emprestar o parque ao canil do meu município e às associações, para que, pelo menos uma vez por semana pudessem trazer alguns dos seus animais para aulas de obediência e, para se divertirem, contribuindo para a sua felicidade e aumentando, quem sabe, a possibilidade destes virem a ser adoptados.
No meu íntimo sei que seria um espaço nascido de um desejo um pouco egoísta de querer providenciar o melhor para meu patudo, mas que me encanta sobretudo pela sua capacidade quase infindável e lírica de ser um projecto altruísta, seja pelo desejo de providenciar o mesmo conforto a muitos outros animais, tenham eles dono ou não, de aumentar o nível de consciência para com o bem estar animal, de providenciar momentos de pura alegria entre humanos e animais, de criar uma casa para um grupo de trabalho com ideias solidárias, positivas, de inspirar outros a fazerem o mesmo, mais e melhor até!
Agora, onde raios anda esse terreno baratinho?!
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