quarta-feira, 6 de abril de 2016

Vida de cão: o dia em que o Kiko engoliu uma meia



Anteontem o Kiko engoliu uma meia.

A maior sorte é que demos conta quase imediatamente, portanto teriam passado cerca de 10/15 minutos quando liguei para a Clínica Veterinária a perguntar o que deveria fazer.
Na verdade não existia a certeza absoluta que ele a tivesse engolido, mas pelo sim, pelo não...
Mea culpa, mas pronto, uma pessoa não é infalível.

Já me tinham informado numa das nossas primeiras consultas que caso ele engolisse algo deveria dar-lhe água oxigenada para forçar o vómito. Mas naquele momento só me vinham dúvidas à cabeça: "Era uma colher de chá ou de sopa?", "Diluída ou pura?", "Quanto tempo após a ingestão se pode fazer isso?", "Se não resultar, dou-lhe mais?", "Se sim, quanto mais?"...

Em menos de nada decidi ligar-lhes. Porque como diz o velho adágio "quem não sabe, pergunta".

Mesmo estando a um par de minutos da hora de encerramento, a querida A. diz-me que, visto que ele tinha engolido a meia havia minutos, que o levasse lá que elas lhe administrariam a água oxigenada.
Esta disponibilidade e atenção são um dos muitos motivos porque considero a equipa da Clínica Veterinária uma espécie de família alargada. Relação que dura há 13 anos, desde o momento em que trouxemos o Ulisses cá para casa.

E lá fui, metade do caminho a correr com o Kiko ao colo, metade a correr puxada pelo meu pequeno pónei.

A sala de espera cheia. Mesmo assim, em menos de nada levaram-no para tomar a primeira dose de água oxigenada.

Nesta altura já o "paizinho" também esperava pela criatura. A A. trouxe o Kiko e disse-nos para darmos uma voltinha de dez minutos. Supostamente seria o tempo que demoraria a ficar indisposto e vomitar.
Mas é nestas coisas que um Jack Russell se revela como tal, e o Kiko é simplesmente o Kiko.
Qual indisposição, qual quê! Andava feliz da vida a passear, excitado por ver outros cães, por sentir os cheiros na rua, na relva, a marcar território. Enfim, a ser o Kiko em modo normal.

Segunda dose. Agora é que é! Mas também não foi. Um frio de rachar e nós para trás e para a frente, sem qualquer indício de indisposição.

Por fim, uma terceira e última dose. Resultado: um arroto. Excitação ainda no pique.

Ficámos lá uma hora e meia até que decidimos todos que o melhor a fazer seria trazê-lo para casa, afastá-lo de tudo o que o excita. Levei a recomendação da Dra. I. que, se passado um bom bocado ele não vomitasse lhe deveria dar uma cápsula para proteger o estômago, por causa da água oxigenada.
Que depois dissesse qualquer coisa sobre o estado do Kiko.

Em casa, passados uns minutos lá vomitou um bocadinho do jantar. Sempre bem disposto.

Ontem às 6h da manhã vomitou e afinal tinha mesmo engolido uma meia. Saiu inteirinha, felizmente.
Podia ter sido tão pior. Podia ter acabado em cirurgia.

O momento pós-vómito foi hilariante: um cão feliz por estar a ser muito elogiado, e cada um de nós com o seu telemóvel a fotografar a meia regurgitada.

Já me flagelei mentalmente uma mão cheia de vezes. A partir de agora atenção e cuidados redobrados.

Ontem não resisti a entregar a notícia pessoalmente lá na Clínica sobre como o "caso da meia" estava resolvido, com sucesso.






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