segunda-feira, 11 de abril de 2016

coisas de opinar: Construa-se uma estátua


Se há quem mereça uma homenagem em forma de estátua, colossal, ímpar, não é nenhum atleta, nem artista, nem político, muito menos um qualquer empresário que adoça a boca da plebe com promoções em hipermercados mas que depois vai pagar os impostos à Holanda do dinheiro auferido em Portugal. Não.

Quem merece um monumento gigantesco e excepcional é o conjunto de cidadãos, que nem sabendo os sociólogos como os definir, diria que são parte classe trabalhadora, parte classe média. São aqueles que trabalhando por conta de outrem ou por conta própria, conseguem com mais ou menos ginástica remediar-se com o que auferem. Com mais ou menos educação, com mais ou menos acesso a cultura e alguns prazeres.
Sobretudo são aqueles que não fogem à esperada contribuição financeira para a máquina fiscal. Talvez o únicos. São uma classe "ensanduichada" entre pobres e ricos. Entre os que não podem contribuir e até precisam de todo o tipo de apoios para se manterem à tona, e os que podendo optam por não o fazer, alinhado em esquemas elaborados de evasão fiscal.
Porque rico que é rico até manda o dinheiro passar férias em destinos como o Luxemburgo, Suíça, Ilhas Virgens, Panamá e tantos outros.

São estes a verdadeira e única espinha dorsal das nações, inclusive da nossa. Os heróis que mantêm isto a flutuar com tanto peso morto a dificultar a coisa.

Que seja enorme essa estátua, um figurão de costas bem largas. Porque são necessárias costas largas para carregar com todos os chicos espertos que andam por aqui a lixar quem é honesto.
Que sirva a enorme estátua para nos pôr a pensar sobre o rácio cidadão honesto, trabalhador e bom pagador vs chico esperto que foge ao fisco, quer seja uma sardinha ou um tubarão.
Que sirva sobretudo para inspirar vergonha. Será que ainda há disso?!

Que o maior dignatário venha ao palanque avisar petingas e baleias do chico-espertismo que existe tempo para redenção. Para corrigir os maus feitos. Para fazer voltar a casa os dinheiros que foram em férias para offshores. Para que as empresas que auferem em Portugal não tenham outro domicílio fiscal. Que se acabaram os biscates sem factura, os pagamentos por baixo da mesa. Que passado esse prazo da boa-vontade e da redenção as empresas em situação irregular deixarão de poder funcionar, que se verão destituídos dos seus bens, especialmente dos fundos espalhados pelo mundo. Tudo será pertença do Estado que ousaram defraudar.

O dia da inauguração da estátua será de festa para a classe que nenhum sociólogo sabe definir: deixarão de, em nome do funcionamento de uma nação, ter que pagar por todos os outros que se escusam a fazê-lo.
O dia da derrota do chico-espertismo será o dia da implementação da verdadeira Democracia.






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