Quero-vos falar de algo realmente importante. Algo que quero tratar com a seriedade que merece. Que não é um assunto só meu, mas de todos. Daqueles assuntos que me põem para aqui a coçar a cabeça, sem saber muito bem por onde começar. Onde é posta à prova a capacidade de apresentar o que aqui trago, que é tão maior que eu.
Vamos lá.
Cresci a ouvir histórias, de "antigamente", sobre fome e as outras agruras que a acompanham, em alguns relatos na primeira pessoa, outros em segunda mão. Então, eu, de uma geração muito mais afortunada, desenhava através das palavras dos outros, a fisionomia imaginada desse fantasma.
E digo fantasma porque a acreditava, (perdoem-me a redundância), se não morta, doente terminal, a definhar, prestes a expirar...
Nada me prepararia para as parangonas na imprensa nacional sobre a pobreza em Portugal nos dias de hoje. O meu choque ao saber do fantasma ressuscitado é de ínfima, minúscula, nenhuma importância, quando comparado com a imagem que vi, algures na tv, e que guardo, de um avô de idade muito avançada. O jornalista falava da crise, e o rosto enrugado transfigurava-se numa expressão de puro terror.
Malditos fantasmas do passado!
Parangonas sobre como o Estado decide poupar em refeições escolares, (aqui), ou de como se falava, em 2012, sobre como a pobreza em Portugal atingiria mais de 3 milhões de cidadãos, (aqui ).
Poderia ainda incluir muitas outras que traçam o retrato doloroso da actualidade, mas prefiro colocar-vos uma questão:
- O que fariam com um orçamento anual de 16 milhões de euros?
As possibilidades são imensas!
Se o preço das senhas escolares de refeição ronda os cerca de 1,50 euros, imaginem poder providenciar mais de 9 milhões de refeições por ano. Trata-se de uma refeição diária para cerca de 25570 pessoas, ou duas refeições para 12785, ou ainda três para 8523 pessoas.
Imaginem ser possível criar 1143 postos de trabalho, com o salário, não milionário mas condigno, de 1000euros /mês, inclusivé subsídios de férias e natal.
Que diferença faria, especialmente para agregados familiares onde ambos os cônjugues se encontram desempregados!
Imaginam, poder melhorar a realidade de mais de 1000 famílias?!
De onde surgem estes 16 milhões?
Há já muito tempo que me afirmo publicamente como parte do grupo de cidadãos que promovem a abolição das touradas.
O custo que esta actividade representa para o erário público (os tais 16 milhões de euros), em especial numa época de austeridade, é somente a ponta do iceberg de todos os argumentos que validam a posição que tomei e que assumo, com toda a consciência, neste tema.
Não vos quero impingir a minha posição, o meu pensamento, mas encorajo-vos vivamente a que se informem, que reflictam sobre esta questão, que também é sobre dinheiros públicos muito mal gastos, mas vai muito mais além.
Deixo-vos o link para a Basta - Plataforma para a abolição das corridas de touros.
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