Na povoação onde vivem os meus pais existe um parque canino, e ao pé deste um ou outro pinheiro. Não seria um facto em nada relevante não estivesse esse pinheiro a servir de morada à nefasta praga que é a lagarta do pinheiro. Ao que parece um dos cães que se passeiam pelo parque, curioso como todos os cães, sofreu na pele a consequência da presença destes bichos. Teve que levar quase meia dúzia de injecções devido às toxinas que a processionária injecta nas suas vítimas e perderá parte da língua devido a uma necrose dos tecidos.
Esta lagarta não é só perigosa para animais, mas também para as pessoas, em especial para as crianças, e até para as próprias árvores.
Esta espécie ataca pinheiros e cedros, e é comum em Portugal. Por isso decidi partilhar convosco um texto que retirei da página do ICNF, e onde poderão ver fotos destes insectos nas suas várias fases de desenvolvimento.
"1 - O que é a Processionária ou Lagarta do Pinheiro?
A processionária ou lagarta-do-pinheiro (Thaumetopoea pityocampa Schiff.) é um inseto desfolhador que afeta as espécies dos géneros Pinus e Cedrus. Este inseto é endémico em Portugal e a severidade dos ataques depende do nível populacional, o qual é por sua vez profundamente influenciado pelas condições meteorológicas (temperatura e insolação), pelo conjunto de inimigos naturais ativos em cada estádio de desenvolvimento da praga (aéreo ou subterrâneo) e pela qualidade e quantidade de alimento, dos quais depende a fecundidade das fêmeas.
O nome processionária vem da procissão formada pelas lagartas quando abandonam a parte aérea da árvore e se dirigem para o solo, onde se enterram para iniciarem a fase de pupa que pode durar de 1 a 3 anos.
2 - Quais as espécies hospedeiras mais comuns em Portugal?
Em Portugal os hospedeiros principais deste inseto são os pinheiros, qualquer que seja a sua espécie.
3 - Que sintomas se podem associar à Lagarta do Pinheiro?
Os sintomas mais conhecidos são os ninhos, que constroem na ponta dos ramos, onde se refugiam quando não se estão a alimentar durante o Inverno.
No entanto, entre julho e novembro podem observar-se tufos de agulhas avermelhadas, ligadas por fios sedosos, nos ramos expostos ao sol, sendo visíveis lagartas dos primeiro e segundo instares. Os ninhos grandes, em forma de bolsões, constituídos por fios brancos e sedosos, na parte apical dos ramos expostos ao sol, aparecem a partir do Outono.
4 - A Processionária pode ser perigosa para pessoas e animais?
Sim. As lagartas da processionária-do-pinheiro a partir do terceiro instar (novembro-dezembro) desenvolvem pêlos urticantes que provocam alergias na pele, nos olhos e no aparelho respiratório dos seres humanos e podem provocar os mesmos sintomas nos animais.
5 - O que fazer quando se encontram lagartas de processionária?
a) Se encontrar em área florestal (que não seja sua propriedade) afaste-se;
b) Se encontrar em espaços públicos em áreas urbanas:
a. Afaste-se e entre em contacto com a Proteção Civil, Câmara Municipal ou com os serviços regionais do ICNF I.P. http://www.icnf.pt/portal/icnf/contact/serv-desc
b. Nas escolas e outros locais onde estejam presentes crianças, impedir, sempre que possível, o seu acesso à zona das árvores atacadas sobretudo na altura em que as lagartas descem da árvore.
c. Em caso de aparecimento de sintomas de alergia, consulte de imediato o posto médico mais próximo.
c) Se encontrar na sua propriedade, deve tomar as medidas necessárias e recomendadas para controlar ou eliminar a presença do inseto, evitando a sua dispersão.6 - Como se dispersa a processionária?
O inseto pode dispersar-se de forma natural através do voo dos adultos ou através da circulação de plantas ou partes de plantas hospedeiras. As fêmeas podem voar alguns quilómetros para selecionar um hospedeiro e aí efetuarem as suas posturas. Como elas se dirigem para as silhuetas dos pinheiros, as posturas concentram-se nas árvores de bordadura ou naquelas que se encontram isoladas.
7 - Que medidas de controlo podem ser tomadas?
Existem diversos meios de controlo que podem ser aplicados:
janeiro a maio: destruição das lagartas em procissão e pupas no solo
Aplicar cintas adesivas nos troncos das árvores embebidas em cola à base de poli-isolbutadieno para captura das lagartas aquando da procissão de enterramento;
junho a setembro: uso de armadilhas
- Instalar armadilhas iscadas com feromonas sexuais (1 a 3 por hectare), para captura de machos (borboletas).
setembro a outubro/novembro: tratamentos bioquímicos
- Através de inibidores de crescimento, hormonas de muda dos insetos e inseticidas microbiológicos à base de Bacillus thuringiensis (apenas eficaz no estado de ovo ou nos primeiros instares de desenvolvimento larvar 8-10 mm de comprimento) - até outubro;
- Através de microinjeção no tronco (lagartas até 30 mm) - normalmente eficaz entre setembro e novembro.
outubro a dezembro: destruição de ninhos
- Proceder à remoção manual dos ninhos seguida de queima ou injeção de um inseticida piretróide de síntese nos ninhos (ação a executar durante o dia, quando as lagartas se encontram no ninho).
As medidas de controlo para a processionária devem ser tomadas pelos proprietários/gestores das árvores afetadas. No caso da aplicação de inseticidas devem ser observadas as normas de higiene e segurança e só podem ser aplicados inseticidas aprovados pela DGAV, seguindo os requisitos legais de comercialização e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, pelo que deve sempre consultar o sitio digital da DGAV antes de qualquer aplicação:
http://www.dgv.min-agricultura.pt/portal/page/portal/DGV/genericos?actualmenu=3665921&generico=3669837&cboui=3669837 "
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