segunda-feira, 29 de maio de 2017

Coisas da Língua #1


Gosto de palavras. Mais de umas que outras, por um qualquer motivo: se numas penso encontrar um qualquer simbolismo, um enigma, outras despertam quadros, cenários, despertam os sentidos, são musicais, ou simplesmente boas de saborear, de enrolar na língua. Tudo, como de costume, ao sabor da vontade, onde a geografia e o sentido não servem para limitar.

Para iniciar mais um ramo desta árvore de deambulações, apetece-me trazer-vos os vocábulos "caregiver" e "caretaker".
Ambos significam "cuidador" em aquele que cuida de alguém ou alguma coisa. No entanto, são as pequenas diferenças que encontramos ao dissecar estas expressões que as tornam, para mim, irresistíveis.
Há anos li num livro de fantasia, se não me engano numa das obras de Úrsula Le Guin, que saber o verdadeiro nome das coisas é uma magia poderosa, que nos permite um tremendo poder sobre estas.
Ficou-me.

A grande diferença entre ambos os termos reside no facto que "caretaker" é acima de tudo aquele que cuida de algo material, de um imóvel, de um terreno, de uma coisa. Pode ser ou não da família do dono da coisa que requer cuidados, e é uma situação temporária.
"Caregiver" é aquele que cuida de alguém, do seu bem estar físico e/ou emocional.

É fantástico o que aprendemos quando olhamos com atenção para o nome das coisas. Este exemplo encerra em si a essência da lidação com o material e o emocional/ espiritual. Cuidar do lado material é tirar, tomar, acto temporário: taker.
Cuidar física e emocionalmente é um elo que persiste, que não é temporário, é dar de si e dar-se a si ao ser que requer cuidados, é ser um dador - giver.


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