No outro dia tive que utilizar o wc de uma esplanada.
Obviamente que não fui a única mulher a lembrar-se do mesmo.
Soube, sem trocarmos uma única palavra, que estava rodeada de portuguesas. Isto porque, tal como numa corrida de estafetas, o testemunho ia passando de mão em mão, apenas acompanhado de um sorriso de quem o entregava, e de uma interjeição de admiração que poderia ser traduzido num "ah! Já percebi! Este é um "daqueles" sítios."
Para quem ainda não percebeu, um "daqueles sítios" são os estabelecimentos que levam muito a sério a política de "casa de banho só para clientes" - prática bastante usual especialmente em locais que atraem muitos turistas.
Aposto que antes desta invenção não haveria dono de café, esplanada ou snack-bar que não tivesse pesadelos, daqueles de suar em bica, com autocarros de excursionistas a invadirem o estabelecimento, dezenas deles com o intuito de se aliviarem, sem a decência de pedirem um café e uma embalagem de queijadas ou travesseiros.
O "testemunho" que ia passando de mão, está claro, era a chave da divisão, que no fim deveria ser entregue ao empregado de balcão. (Só a bizarria dos porta-chaves escolhidos para este fim davam um documentário de valor.)
Calhou-me a mim - pois claro - ser quase atropelada à saída por uma bifa apressada de meia-idade. Pelo ar de espanto, interrogação e algum pavor (pareceu-me) que lançou ao porta-chaves mal o estendi na sua direcção, depreendi instantaneamente que era turista.
Apressei-me a explicar o que era a chave, em inglês. A mulher continuou com cara de tacho.
Não imagino este costume a tornar-se mais popular entre os turistas.
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