terça-feira, 22 de dezembro de 2015
cromices #99: Em defesa dos presentes lúdico-pedagógicos
Sei bem que muitas vezes peco por ser demasiado pragmática e, o pragmatismo quando em excesso é coisa que maça, que é capaz de retirar o prazer e a graça.
Mas pronto, há que ter paciência que isto do pragmatismo não é coisa que saia com o banho. Não é defeito, é feitio, como se costuma dizer.
Já desconfiava, mas há uns meses, aquando do aniversário da sobrinha, tive a certeza que esta minha maneira de ser também influencia a escolha dos presentes, mesmo os dos miúdos. É que acredito que devemos procurar agradar às crianças, procurar algo que se enquadre nos seus gostos, algo que seja divertido, lúdico, que apele à imaginação e as faça felizes, mas que simultaneamente lhes ensine algo, que lhes desperte a curiosidade pelo conhecimento, que lhes faça "cócegas" no cérebro.
Como muitas meninas da sua idade, a minha sobrinha gosta , (ou pelos menos gostava, que estas fases passam rápido), da tal Violetta. Quem tem uma qualquer criança na sua vida, seja filho, sobrinho ou neto, sabe que eles gostam sempre de alguma coisa destas, seja o Mickey, Frozen, ou outra qualquer marca das 1000 disponíveis.
Também as pobres das crianças não têm hipótese: a indústria dos brinquedos e do merchandising de filmes e séries aposta em campanhas do mais agressivo que há. Adiante.
Então lá fomos nós à caça de coisas da Violetta. Entrámos em várias lojas, mas naquele momento a oferta não era muita. O que havia era, a meu ver, desinteressante e caro para os produtos em questão. Tipo, metem o logótipo da marca numa treta qualquer, que pode ser um par de meias, uma lancheira, whatever, e cobram o triplo ou mais que o normal.
Uma pessoa que não esteja muito habituada a estas lides, como eu, sai destas lojas com os olhos esbugalhados a pensar que esta gente é doida!
Num escaparate de uma dessas lojas senti-me atraída para um jogo tipo "trivial pursuit" da marca Violetta. Por momentos pensei que seria uma boa opção lúdico-pedagógica, até agarrar na caixa e ver que as questões do jogo não eram sobre geografia, história, ciências, etc, mas sobre a própria série.
Os olhinhos iam-me saindo das órbitas! Sim, porque na cabeça de alguém é importantíssimo que o conhecimento dos miúdos se resuma ao enredo de uma telenovela argentina! Pel'amor da santa!
A ideia do jogo é boa, mas porque não o fazem com os grafismos e bonecada da série/ marca/ filme mas com conteúdo que realmente lhes permita aprender algo de valor?!
A escolha recaiu numa das muitas opções da Science4you, que me satisfazem enquanto escolha lúdico-pedagógica, e ainda por cima são uma marca nacional.
Ela pareceu gostar, e eu fiquei satisfeita por oferecer algo nutritivo ao seu jovem cérebro.
O mundo é um lugar extenso, plural em opções, com muito para descobrir e explorar. Um dos nossos papéis enquanto adultos é guiar as crianças na descoberta das coisas e consequentemente de si mesmos. Um presente é um óptimo meio para introduzir um desporto, uma arte, uma ciência na vida de um miúdo.
Quantos casos de sucesso não existem pelo mundo fora porque, durante a infância, alguém lhes deu a conhecer aquilo que acabariam por reconhecer como a sua paixão, a sua vocação?
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