segunda-feira, 8 de agosto de 2016
coisas de opinar: Verão é pôr-do-sol, praia, churrascos e... incêndios.
Sintonizei a tv num canal de notícias. Falam dos incêndios que se encontram de momento activos. Um inferno: 102 incêndios, com mais de 2000 bombeiros e 700 viaturas no terreno. São muitos, incansáveis, e mesmo assim não chegam a todo o lado, com a intensidade necessária. É o que se entende pelas imagens de populares a combaterem as chamas, dos repórteres que vão anunciando a proximidade destas de casas, mercados, restaurantes, a 100 metros, a 50 metros.
O noticiário termina e passa para publicidade. Um qualquer spot televisivo de uma cadeia de hipermercados passa em ritmo leve e animado que "Verão é pôr do sol, churrascos" e mais não sei o quê.
Verão é tudo isso, mas também são os incêndios. Não é de agora, sempre foi assim.
Lembro-me de há pouco tempo ter apanhado, também na tv, alguém de uma qualquer corporação de bombeiros que dizia, e bem, que a prevenção dos incêndios faz-se durante todo o ano, especialmente no Inverno.
Reinicia o noticiário. Mostram imagens de pessoas com mangueiras a molharem as casas, de quem tenta extinguir uma linha de fogo com baldes, mangueiras, ramos e tudo aquilo que venha à mão. Existem localidades cercadas pelo fogo e os moradores ajudam os bombeiros como podem, na tentativa de salvar habitações e animais.
Em muitas destas frentes o fogo parece levar a melhor. O país encontra-se em alerta laranja: as temperaturas elevadas, o vento, que vai aumentado com o ar aquecido pelo próprio fogo, a falta de limpeza dos terrenos são os principais factores que dificultam esta batalha.
Há já infraestruturas consumidas, sem contar com a imensidão de verde que já nem para pasto servirá nos próximos anos.
Um dos moradores fala da perda de caixas de abelhas. De como as tentava salvar, usando baldes para apagar as chamas. De como estas reapareciam sempre um pouco mais abaixo, alimentando-lhe a suspeita de fogo posto.
Neste preciso momento, no site da Autoridade Nacional da Protcção Civil, apenas 3 distritos não são cenário de incêndios rurais.
Notícias confirmam que a origem de dezenas destes incêndios foi mão criminosa.
Outros tantos se não mais ainda, terão origem na negligência: a lei especifica, por exemplo, que os proprietários têm até 15 de Abril para limpar os terrenos florestais num raio de 50 metros em redor dos edifícios. Especifica também como se limpa, e os cuidados a ter ao se optar pelo método de queimada, visto que facilmente uma se transforma num incêndio incontrolável.
Também já fomos informados e educados através, se não do senso comum, de inúmeras campanhas de sensibilização sobre ser proibido fumar ou atear fogo nas florestas, de como não se devem largar beatas, nem deixar lixo.
Agosto está mesmo no início, e se já foi por água abaixo a minha esperança de termos uma época calma a nível de fogos, rezo que este ano ninguém perca a vida.
Preparo-me para concluir. Entretanto reinicia o enésimo noticiário e o número de incêndios aumenta. Continua-se a falar de destruição.
As estações passam. Transitamos dos incêndios para as cheias, das cheias para os incêndios. Todos os anos repetimos os mesmos discursos, que agora é que é, havemos de prevenir, limpar as matas, dar mais apoios aos bombeiros, limpar os algerozes para não andarmos com água pelas canelas.
Como S. Tomé, acreditarei quando vir.
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