sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Lições dos intas #2: Este Halloween ficará na História...
Não na História do Mundo, mas na minha, com toda a certeza.
Passo a explicar.
Começo por vos colocar uma questão: que tipo de pessoas são vocês enquanto consumidores? São daquelas pessoas capazes expressar no momento o vosso desagrado com o produto ou serviço, ou ficam calados, e ficam a remoer no descontentamento, a pensar que deveriam ter dito ou feito algo, mas que sentem que não possuem feitio para tal?
Pois bem, nós por cá sempre pertencemos ao segundo perfil. Ficávamos aborrecidos quando a coisa não corria bem, às vezes ao ponto de riscarmos determinado estabelecimento da nossa lista, mas não tínhamos em nós o à-vontade para expressarmos a nossa insatisfação com a clareza desejada, naquele exacto momento. É acima de tudo uma questão de feitio.
Mas as pessoas mudam com o tempo, e tornam-se capazes de gestos que nunca pensaram ser possíveis. E ainda bem.
De vez em quando vamos dar uma volta diferente com o Kiko e aproveitamos para passar na pizzaria do costume, para encomendar o jantar.
A rotina é sempre a mesma: o marido fica na rua com o cão enquanto eu vou fazer o pedido. Dão-me o talão e informam-me que em 10-15 minutos o pedido estará pronto. Tempo que usamos para dar mais voltinha antes de regressar à loja.
Às vezes as coisas atrasam-se. Por vezes são pequenos atrasos, outras, atrasos monumentais. Daí ser algo que normalmente não fazemos em dias de grande afluência.
Embora o restaurante estivesse quase às moscas, pelos vistos havia um grande número de encomendas ao domicílio, o que desnorteou por completo a equipa.
Lá fiquei eu ao balcão, sempre amável e serena, (porque estas coisas acontecem, e não seria a ausência de serenidade que faria as nossas pizzas aparecerem mais rapidamente), durante o que foi, no total, uma hora, ou quase.
Entretanto já a gerente tinha tido a amabilidade de me pedir desculpa pelo atraso, explicar-me que tiveram que refazer todos os pedidos, porque entretanto haviam perdido o fio à meada sobre a quem pertencia cada pizza.
É claro que fui compreensiva. Mas, paralelamente, deu-se um clique: sim, - pensei para com os meus botões - tenho empatia e compreensão por eles, mas isso não faz com que tenha que desvalorizar o facto de estar há uma hora à espera. Uma coisa não anula a outra. Não quero sair daqui chateada, nem ficar a remoer no assunto, portanto sinto que tenho que ser compensada. O consumidor não tem culpa da desorganização, por mais compreensivo que seja.
Então, pela primeira vez na minha vida, saiu-me algo que nem eu estava à espera.
Quando a gerente me veio entregar o pedido, perguntou se estava tudo, se era necessária mais alguma coisa, ao que eu respondi com a maior da latas: "Sim, uma bebida de oferta caía muitíssimo bem!"
Assentiu com um "claro!" e perguntou-me qual era a minha preferência.
Despedimo-nos amavelmente.
E como não me caiu nenhum raio em cima, nem fiquei com nenhuma dor, nem algo que se pareça, percebi que afinal não é difícil como julgava esta postura de ser clara, logo no momento e no local. Sobretudo que esta passará a ser a minha postura.
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