sábado, 2 de dezembro de 2017
cromices #156: Anacronismo, multitasking ou déficit de atenção?
Quando estou em frente do pc, esta tela não é muito diferente de qualquer secretária que alguma vez ocupei, pelo caos que lhes imponho. As resmas de papéis, blocos e pilhas de livros foram trocadas, (nem que seja momentaneamente), por uma filinha de separadores no topo da tela, onde vou pululando num ritmo algo frenético, que para mim é normal, entre redes sociais, blogue, outros blogues, youtube, uns quantos artigos, um ou outro livro, e sabe-se lá o quê que me apeteça. Num ritmo onde se misturam entre os verbos ler, ouvir, ver e escrever.
A internet é um maravilhoso advento por conseguir acompanhar mentes que pululam, estas chatas que já estão a transitar para outra dimensão ainda nem acabaram um parágrafo ou refrão.
Acho que é sobretudo por isso que não consegui encontrar o entusiasmo necessário para integrar as videochamadas no meu dia-a-dia. Guardo-as para ocasiões pontuais, especiais, agendadas.
Estas impedem-me de pulular, tornam-me refém, e se me impedem de pulular fico inquieta. Uma mente inquieta por muito tempo, travada, obstruída, torna-se rapidamente uma mente maçada.
Uma mente não encontrando prazer em determinada acção simplesmente abstém-se repetir a acção que a maçou. Simples.
(É que na época do velhinho telefone fixo, uma pessoa sempre ia fazendo uns rabiscos no bloco de notas que lhe fazia companhia. Com a imagem nem isso nos é permitido. Congelamos a expressão e ai que nosso senhor dos bons modos e cortesias nos poupe de dar a entender que aquele tema não é o mais interessante do mundo.)
Impedem-me, (ao contrário das conversas, trocas de opiniões e cumprimentos através da palavra digitada que tanto aprecio), de andar a saltitar por outros universos, obrigam-me a abdicar da música de fundo, de deixar à fome os apetites de tanto fazer e pensar ao mesmo tempo, como se numa base quotidiana a comunicação fosse mais rica por estarmos especados a olhar uns para os outros através de um monitor.
Outra das vantagens da comunicação escrita, pelo trabalho que dá, (sim, vivemos na era em que as pessoas consideram que escrever é penoso e uma carga de trabalhos), faz com que nos esforcemos um bocadinho para que cada frase seja aproveitável.
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