quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A Agricultura e a Bolsa de Valores





Tenho um imenso apreço pela Agricultura.


É um apreço tal que o meu pensamento se alinha com o de Thomas More, na medida em que todo o Homem deveria, em primeiro lugar, ser agricultor, e só depois médico e professor, comerciante e artista, e tudo o mais.




Respeito os agricultores. Não é uma vida fácil e considero injusto que, no ciclo das coisas, sejam eles a desempenhar uma das mais primordiais funções e dos que menos auferem por isso.


Contudo, não consigo deixar de fazer uma careta quando apanho na tv pessoal a clamar por subsídios porque choveu, porque não choveu, porque choveu demais ou não o suficiente.


É que tendo em conta que a prática da Agricultura data de há uns bons milhares de anos, quem a pratica já deveria estar ciente dos riscos. Visto que sempre existiram, seria de esperar que o ser humano soubesse, por esta altura, aceitá-los, precaver-se e adaptar-se. Enfim, saber para o que vai.


Ocorreu-me há dias exactamente o mesmo sobre os investidores.
Estes últimos acontecimentos em redor da Banca criaram um pânico generalizado, e os accionistas já se queixam ao Banco de Portugal, contactam advogados, e haverão muitos que culparão terceiros pela sua decisão de investir.




Aos gestores de conta de todos os bancos, por favor eduquem melhor os vossos clientes!


Quando repararem naquele brilhozinho nos olhos de deslumbramento com que a maioria fica depois de ler "Investimento de Alto Rendimento", acordem-nos e apontem com persistência para a parte que diz "Alto Risco".
Lembrem-lhes que há razão de ser para se dizer "apostar na Bolsa", e que qualquer semelhança com "apostar na roleta" não é coincidência.


Antes de aceitarem investidores façam-lhes um teste, e quem não souber na ponta da língua o que é uma obrigação subordinada entre muitas outras coisas, mandem-nos para casa com um porquinho mealheiro e um panfleto sobre depósitos a prazo, por favor! Pelo bem de todos!











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