sexta-feira, 1 de agosto de 2014
O prazer da solidão
Às vezes, dou por mim a ter que explicar porque não temo a solidão.
Talvez ser filha única me tenha ajudado a compreender que não há que a temer.
Que a solidão não implica o vazio. É mais como estarmos na nossa própria companhia. E se há exercício de valor é o de aprender a apreciar genuinamente estes momentos. Dá-nos um tremendo poder saber que nos bastamos a nós próprios.
No início lida-se com a solidão por falta de alternativa, porque tem que ser. Porque num determinado momento, por um qualquer motivo trivial, não há a companhia de um amiguinho para brincar, e temos que fazer por nos entretermos sozinhos. Comigo foi assim.
Depois passei a apreciar a solidão e a companhia de igual modo. Ambas me trazem momentos de grande satisfação e alegria.
Acredito que nem todas as pessoas saibam encontrar prazer no recolhimento, na companhia de si mesmos. Isto porque nunca tive que justificar o facto de gostar de estar na companhia de alguém, mas poucos me entendem quando me refiro com o mesmo entusiasmo à solidão.
Gostar da solidão não é doença, não é tristeza nem depressão. Não quando se encontra um ponto de equilíbrio entre esta e a interacção social com outros.
Para mim ter momentos em que abdico de companhia recarrega-me as baterias, renova-me a tão necessária paciência, dá-me tranquilidade, paz de espírito e contentamento.
É também sinónimo de tempo de liberdade, de soltar a imaginação.
Mas tudo em doses saudáveis. Não me imagino 24 horas totalmente sozinha, mas abomino a ideia de passar 24 horas acompanhada. E se me derem a escolher, garanto-vos que quase sempre preferirei estar livre e sozinha, do que numa ocasião social em que tenha que estar a aturar o frete de alimentar conversas de chacha e circunstância.
Portanto, quando inquirida sobre este tema, até costumo responder: Eu, incomodada com a solidão? Porque haveria de me sentir incomodada ou menos feliz?! Se afinal até estou na companhia de alguém inteligente, interessante, e com quem tenho imensos pontos em comum?!
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