segunda-feira, 5 de outubro de 2015

coisas de opinar: Legislativas 2015



Já gastei mais energia com a política, já me agastei mais com os resultados. Já ganhei, outrora, um ou outro cabelo branco, por concluir que, independentemente do desempenho, as rédeas da governação não passarão para outros partidos que não sejam os do costume.

Não sou militante de nenhum partido. Não podemos ter certezas absolutas nesta vida, mas creio que nunca o serei.
Revejo-me num pensamento de Agostinho da Silva: "Eu não voto por rótulos. (...) Eu não quero saber das campanhas eleitorais para nada. Eu quero saber das ideias que as pessoas têm e da maneira como depois as vão defender e praticar."

Já usei do meu tempo em conversas que giravam em torno de política. Não me enfada minimamente cruzar-me com pontos de vista divergentes do meu. Sou tolerante em relação à diferença e olho para esta como uma boa base para o crescimento. Tenho alma de mediadora e sempre acreditei ser possível, apesar de todas as possíveis diferenças, encontrar "chão comum".
Sempre investi muita da minha energia a reflectir nos problemas da nossa sociedade e em possíveis soluções.
Gosto de conversar, trocar ideias. Pouco há mais interessante que a mente humana e sempre me interessou comparar com outros a leitura que faço do mundo.

Agora é-me tremendamente raro participar numa conversa em redor destes temas. Dou uma imensa importância ao poder de raciocínio e argumentação. Para a minha mente todos os pontos de vista são válidos desde que bem sustentados. Grassa amiúde uma tremenda inércia e preguiça mental. Não é a diferença que desilude, é esta incapacidade.
Não desrespeito quem fez uma opção de voto diferente da minha. Não há nada mais valioso que a liberdade e o seu exercício. A nossa vida é menos livre que julgamos, o que faz de todos os momentos que se aproximem desta condição muito valiosos.

Enfadam-me as campanhas eleitorais, a propaganda política, as arruadas, comícios e discursos. São uma vã expressão, caricatura que fica muito aquém da seriedade e clareza com que deveriam ser abordadas as diferentes propostas e ideias. Arrastam-se idosos para encher plateias em troca de um almoço, tal qual as excursões barateiras onde em troca do passeio low cost e do presunto, levam com uma sessão de vendas hardcore de colchões e traquitanas.

Enfada-me que muitos do que se dirigem a uma urna para exercer o seu direito de voto nunca se deram ao trabalho de ler um programa eleitoral na vida. Que se lhes pedirmos para justificar o seu voto, nunca nos dirão que a sua decisão foi baseada numa premissa lógica e racional de A mais B.
São como aqueles médicos de família que só de olhar para o paciente durante uns segundos, sem recorrer a um exame de qualquer espécie, adivinham a maleita.

Enfada-me a abstenção porque tem sido fundamental para se atingir o estado de estagnação em que nos encontramos. Cidadãos politicamente activos, participativos, informados e alertas são a melhor defesa possível no combate à corrupção, ao abuso de poder e à má governação. O "não querer saber", independentemente do motivo, será sempre lido na prática como "laissez faire".

Nestas Legislativas dirigi-me bem cedo às urnas. Fomos os segundos ou terceiros a entrar.
Visto sermos uma população pouco "activa, participativa, informada e alerta" não olho para as eleições com a esperança de dali sair um grande momento evolutivo. Já não me chateio muito, vou com expectativas reais e fazíveis em mente.
Em boa consciência, votei pelo PAN. O meu objectivo era ajudar este partido a conquistar um lugar na Assembleia porque acho que faz falta neste organismo a presença de alguém cujo foco é o bem estar animal. O objectivo foi cumprido, o que me deixa naturalmente satisfeita.
Quanto ao resto...


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