terça-feira, 27 de outubro de 2015
Falar de Saúde #2: A acne e a rosácea (conclusão)
Uma das consequências de ter passado toda a adolescência nessa rotina de consultas e cuidados dermatológicos é a apreensão de alguns hábitos, conselhos dos médicos especialistas que ficaram incutidos.
Um deles é preferir sempre, no contacto directo com a pele, roupa de algodão. Os tecidos sintéticos não fazem bem. Hidratar sempre a pele, mesmo que esta seja oleosa é fundamental. Ser gentil com a lavagem e secagem do corpo. O uso de força vai irritar a pele e aumentar a actividade das glândulas sebáceas. Evitar lavar a pele mais que duas vezes por dia pelos mesmos motivos e usar produtos pouco ou nada abrasivos para esse fim. Beber muita água. Usar rabo de cavalo para evitar o contacto constante dos cabelos com o rosto. Evitar o stress. Evitar exposições solares prolongadas e em horas de maior intensidade. Usar sempre protector solar.
Outro conselho que se tornou hábito é o facto de não usar maquilhagem. Lembro-me da dra. Marília me dizer que, quando e se começasse a usar maquilhagem, fosse bastante selecta na escolha dos produtos, que estes deveriam ser da melhor qualidade para causar o mínimo dano à pele.
A questão é que o uso de cosméticos mesmo os considerados de boa qualidade, especialmente numa pele como a minha, implica uma possível regressão no seu estado. Como é que algo a que nunca estive disposta, quando me apetece, prefiro jogar pelo seguro e ficar-me por um pouco de côr nos lábios e pálpebras.
O fim da adolescência marcou também o encerramento de toda esta rotina relacionada com consultas médicas, análises ao sangue, toma de antibióticos...
Estava bastante satisfeita com o resultado atingido. A situação estava controlada e a minha pele limpa, razoável, livre de inflamações, cistos e todas essas coisas. Fiquei com algumas cicatrizes, especialmente no tronco, mas nada que me incomode. A textura da minha pele nunca há-de ser perfeita, mas comparando o antes e o depois, existe um triunfo inegável.
Não precisei de voltar a entrar num consultório por questões dermatológicas até aos meus vinte e muitos anos.
Quando voltei foi porque notei o regresso de alguma inflamação e outros sintomas que lembravam o acne, como o reaparecimento de pequenos cistos. Também tinha episódios em que a minha pele parecia arder ou picar, mas convenci-me que tal era um efeito secundário da toma do Roacutan. Desde a toma deste que a minha pele ficou muito mais sensível e frágil e reagia à mais pequena coisa. Pensei que bastaria fazer um qualquer tratamento durante um par de meses, uma coisa rotineira, para tudo voltar ao normal.
Lembro-me que a paciente que saiu do consultório antes de mim era uma senhora idosa, já com mais de 80 anos. Lembro-me deste pormenor porque depois de relatar o meu caso à dra. Cristina, esta disse-me que eu tinha exactamente o mesmo problema que a senhora que havia acabado de sair, que não tinha cura, que era para toda a vida e que me iria receitar o mesmo tratamento. Tive uma espécie de sensação extracorpórea, custou-me a entender o que a médica me dizia à primeira, acho que ainda a corrigi: que não, que tinha tido acne e que só precisava de alguma "manutenção".
Ela manteve-se firme no seu diagnóstico: rosácea.
A rosácea não é acne, embora tenha, por vezes, sintomas similares. É uma doença dermatológica distinta, crónica, que tende a agravar com a idade. Tal como acontece com a acne, desconhecem-se ainda as suas causas, se o seu aparecimento se deve a uma questão genética, hormonal, ou qualquer outra. Logo, é impossível de prevenir e pode atingir qualquer pessoa. Até ao momento também não é conhecida nenhuma cura. O tratamento desta baseia-se somente na atenuação dos sintomas e através de um estilo de vida o mais saudável possível, mas fazê-lo é tremendamente importante porque é uma doença que, nos casos mais extremos, pode levar ao desfiguramento (rosácea fimatosa), que obriga a uma intervenção cirúrgica, e à cegueira (rosácea ocular).
Nesse dia saí do consultório com advertências em relação à exposição solar e uma receita para um antibiótico.
Algum tempo depois registei uma reacção bastante adversa à toma deste: após a depilação com cera apareciam-me muitas borbulhas nas pernas. Não aquela reacção normal que passa poucas horas depois da depilação, mas todo um enxame que me causava uma incessante comichão, cujo desconforto só era atenuado durante alguns minutos com a aplicação de creme hidratante e que demoraram meses a desaparecer.
Tomei a decisão de parar com o antibiótico. Decidi arriscar por esta reacção e também porque ao lembrar-me da tal senhora idosa ocorria-me um pensamento quase gritado sobre não querer passar o resto da minha vida a ingerir químicos e mais químicos.
Mesmo assim foi preciso passar mais de um ano para que a pele não reagisse de forma tão adversa à depilação, e ainda hoje não voltou à boa forma inicial, pois aparecem-me sempre umas poucas.
Tenho aprendido bastante sobre a rosácea em vários sites, como este aqui. O desconhecimento sobre a doença faz com que a informação partilhada pelos pacientes seja de grande valor, através de testemunhos tentam encontrar um padrão sobre os factores que despoletam o agravamento da condição, e que tratamentos têm dado mais resultado.
Já existem algumas certezas e estas têm a ver com a abordagem holística ao problema, a importância de adquirir certos hábitos que formam um estilo de vida mais adequado como não usar cosméticos, ter uma alimentação o mais livre possível de alimentos processados, evitar o consumo de álcool, café e tabaco, ter extremo cuidado com a exposição solar, não abusar do exercício físico, evitar temperaturas muito baixas ou elevadas, e fazer o possível por se manter num registo feliz, satisfeito e livre de stress.
Embora fume e beba café faço por seguir todas as restantes indicações. Em termos de produtos tenho usado somente um detergente e um tónico de limpeza à base de chá verde e uma loção hidratante de aloé vera e acho que tem funcionado muito bem no meu caso. Nos dias em que a minha pele está mais calma é praticamente impossível adivinhar que tenho rosácea, o que é muito bom e espero que se mantenha assim.
Estou tentada a procurar um qualquer creme ou gel à base de rosa mosqueta pelas suas propriedades cicatrizantes, regenerativas e hidratantes. Especialmente agora para a chegada do Inverno em que a pele se ressente do frio.
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