quinta-feira, 16 de outubro de 2014
cromices #50: A dar fist bumps às velhinhas
Vivo numa pequena localidade e gosto do espírito de aldeia que por aqui subsiste.
As pessoas conhecem-se e cumprimentam-se.
As velhinhas em especial, umas mais que outras, apreciam um dedo de prosa e dois beijinhos.
Eu, se encontrar uma forma gentil e discreta de o fazer, tento escapar-me aos beijinhos.
É um tipo de cumprimento que não aprecio, sobretudo nesta altura do ano, em que começam a proliferar os casos de gripe e constipações.
Por acaso, até fico fula, quando depois de trocar os rituais dois beijos na face com alguém, e se passa às troca de galhardetes cordiais do costume, "como tem passado" e afins, a resposta é uma queixa sobre a constipação ou o raio que os parta.
Nesse momento, se o meu olhar matasse, caíam ali redondos, que nem tordos. Eu, que sou uma pessoa que evita a todo o custo esse tipo de contactos quando estou doente, para não andar a contaminar ninguém, fico furiosa com esta gente, (de todas as idades), que parecem não possuir dois dedos de testa para chegarem à mesma conclusão e terem a mesma cortesia.
Este Inverno não vai haver beijinhos para ninguém. Vou passar a cumprimentar toda a gente com fist bumps.
É a forma mais higiénica de todas.
Hoje de manhã, quando desci para tomar o pequeno-almoço no sítio do costume, pareceu-me uma boa altura para começar a introduzir o fist bump.
Uma das velhinhas já esticava o pescoço para os beijinhos, e eu reagi:
- "Vou-lhe ensinar um novo tipo de cumprimento! É à maneira, até o presidente Obama usa!
Depois do fist bump, quis os dois beijinhos à mesma.
É continuar a persistir. Primeiro estranha-se, depois entranha-se, já dizia Pessoa.
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