domingo, 8 de maio de 2016
Ideias de negócio: A urgente necessidade de micro empreendedores
Para mim, as melhores ideias de negócio serão sempre aquelas que conseguem colmatar uma real necessidade, em detrimento daquelas que dependem de uma estratégia mercantilista que crie essa noção.
Há umas semanas, estava na esplanada de nariz encostado ao portátil, bastante focada no que procurava. As conversas de quem me acompanhava passavam-me quase totalmente ao lado. Das poucas vezes que os encarava pareceu-me que a amiga do meu amigo se queixava. De falta de dinheiro, acho eu. Saltitava entre possíveis ideias para aumentar os rendimentos.
Enfiei ainda mais o nariz no monitor. Como só a vi um par de vezes faltava-me a confiança, a intimidade, o à-vontade necessários para ser honesta sobre tais ideias, se se decidisse virar para mim.
Um par de dias mais tarde voltei a lembrar-me dessa "amiga do meu amigo", após dois dedos de conversa com uma das senhoras octogenárias com que me cruzo habitualmente durante os passeios com o Kiko. A Dona F. falava-me do quanto lhe custa tratar das coisas em casa, do muito que já não pode fazer, de quanta falta lhe faz o autocarro que antes passava ali na rua, que já não consegue caminhar até ali ou acolá. Que o que a safa é a senhora que lhe vem dar um jeito à casa, uma vez por semana, e que falta que esta lhe faz agora que está doente.
Lembrei-me também do quanto gosto de pessoas trabalhadoras e desenrascadas, do orgulho que tenho numa mão cheia de amigos, que independentemente de terem ou não canudo, da sua área de estudo ou trabalho, género, idade, ou qualquer outro, sem quaisquer ressabiamentos, preconceitos e afins, quando tardava quem lhes oferecesse trabalho, enquanto uma qualquer oportunidade relacionada com a sua área não aparecia não ficaram quietos e fizeram-se à vida: lavaram escadas, engomaram roupa para fora, limparam casas...
Gosto de quem, não encontrando oportunidades, as cria. Porque empreendedorismo é todo um mundo que não começa nem acaba atrás de uma secretária, nem acontece só em modelos de média e grande escala.
Gosto de quem entende que todo o trabalho, se honesto, é digno e necessário. Que um dos maiores pecados que cometemos enquanto sociedade é não dar o mesmo valor a todos os trabalhadores, quer sejam professores, empregados fabris, agricultores ou engenheiros.
Portanto para quem quiser arregaçar as mangas consigo vislumbrar algumas oportunidades: em qualquer aldeia, vila ou cidade não faltam pessoas idosas, que embora ainda consigam ser suficientemente autónomas para viverem nas suas casas e tratarem das suas vidinhas, o fazem com limitações e necessitam de uma mão.
São pessoas que precisam de ajuda com tarefas domésticas, das limpezas à preparação de refeições, (lembro-me da Dona M. que já me confessou ter-se esquecido do fogão aceso), alguns trabalhos de manutenção no lar, coisas às vezes tão simples como mudar lâmpadas. Que as acompanhem às consultas médicas, à farmácia, ao cemitério, (queixa-se a Dona F. que já não consegue visitar a campa do marido todas as semanas). Que as levem às compras, ou até que lhes façam as compras, nem que seja online.
Em todas as aldeias, vilas e cidades existe a necessidade real de pessoas, que não sendo nem fazendo propriamente o trabalho de técnicos especializados em geriatria, apoiem as pessoas de idade providenciando este tipo de serviços.
São necessários micro empreendedores, pessoas honestas, de confiança, empáticas, despachadas, assíduas e pontuais que se dediquem a este segmento.
As vantagens é que podem ser patrões de si mesmo, desenhar os próprios horários e nem sequer precisam de ir para longe para trabalhar. Aposto que mesmo à porta de casa serão capazes de encontrar cinco pessoas/ casas/ famílias que lhes ocupem a semana laboral.
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