domingo, 27 de janeiro de 2019

coisas da casa: Ode ao Led, ou como diminuir a factura da electricidade.


Por norma, as lâmpadas, cá por casa, duram uma vida. O que faz com o processo de as trocar por lâmpadas mais eficientes vá demorando um bocadinho mais.

Finalmente ontem foi necessário fazer a troca no candeeiro do tecto da cozinha. três lâmpadas dicroicas convencionais por três dicroicas led.
A diferença de consumo é abismal: só com esta troca passámos a gastar 5w por lâmpada, ao invés de 35. Ou seja, 15w no total, e não 105.
Lembrem-se que estamos somente a falar de um único ponto de luz, o que só vem acentuar a ideia do quanto é importante e significativo o uso de lâmpadas eficientes em toda a casa, pelo bem que faz tanto às nossas finanças como ao meio ambiente.

Inclusive, trouxemos uma luz de presença que para além de só ter custado um único euro, consome somente 0,5w, com a vantagem de ter um interruptor, logo não é preciso tirá-la da tomada para a desligar.
Colocámo-la numa zona de passagem e, embora só tenha passado um dia, estamos rendidos a mais esta ideia, pois fornece iluminação mais que suficiente para transitar entre divisões, sem acender a mão de cheia de focos de luz do corredor.

Não se trata de viver de forma espartana. longe disso.
A gestão inteligente de todos os recursos à nossa disposição permite-nos reduzir a factura, inclusive a ambiental, sem ter que diminuir o nível de conforto.

Sempre tivemos o cuidado na compra de electrodomésticos e aparelhos electrónicos de optar pelos que são mais eficientes. Começámos há anos a ganhar o hábito de desligar da corrente os aparelhos que não estão a uso, para evitar os consumos inerentes ao stand-by. Depois a troca progressiva para a tecnologia Led, não só em lâmpadas, mas também no televisor, por exemplo.
Abdicámos de vez do velhinho radiador a óleo como solução de aquecimento.
Não abdico de usar o forno várias vezes por semana, nem a secadora de roupa, pois é um item que me dá qualidade de vida e me evita preocupações. Temos sempre computadores ligados, tv, box, consolas e outros mais, e com os pequenos e indolores gestos que acima citei a nossa factura chega a ser vinte euros mais baixa, por mês, que no passado.




terça-feira, 22 de janeiro de 2019

coisas de ver: "É p'ra amanhã"


"É p'ra amanhã"


Anita no tinoni e o agradecimento devido


Estes últimos 2-3 anos têm sido, (qual o melhor termo?), algo "desafiantes" em termos de saúde.

Caso para dizer que não mata, mas mói. Mesmo com toda a positividade que me é inata.

Digamos que ainda ontem estava a ver um episódio de "72 dangerous places to live", que não é mais um top de locais em redor do globo largamente afectados por cheias, tornados, poluição, terramotos e todo e qualquer cataclismo que vos ocorra.
Estranhamente são lugares muito populares entre turistas em busca de adrenalina, que acham que correr riscos vale a pena para assar marshmallows em rios de lava ou passear por Chernobyl, e dei por mim a pensar "Que gente mais estúpida! Dar tão pouco valor à própria vida quase que é gozar com quem está doente!".

Para ajudar à festa, no início da semana passada comecei a sentir algumas tonturas. Nada de especial.
Vamos ser razoáveis - pensei eu - e dar uns dias a ver se isto passa, que não estou preparada para me tornar uma coninhas hipocondríaca que consulta um médico por tudo e por nada.
Já basta quando tal é inevitável. Se há coisa que me causa profundo desconforto é ir a centros de saúde, hospitais e afins e começar a pensar no universo de germes, vírus e bactérias que por lá vivem, para além dos tempos de espera, e da minha fobia de agulhas e outras ferramentas do ofício.

Chegou quinta-feira e as tonturas deram lugar a um episódio de vertigens tão dramático como nunca havia experimentado.
Depois de passar toda a manhã a tentar levantar-me sem sucesso, com a cabeça a rodar vertiginosamente em cada movimento por mais ligeiro que fosse, a única solução que me ocorreu foi telefonar para o meu marido a pedir que me chamasse um médico ao domicílio, já que nem conseguia ler a lista de contactos para ser eu própria a fazê-lo.
Em menos de nada comecei a ouvir o barulho de uma sirene a aproximar-se, e pouco depois estava acompanhada pelo meu marido e dois técnicos do INEM, de pijama, em jejum, sem sequer ter conseguido ir ao wc, a vomitar para dentro de um balde que me trouxeram após terem-me ajudado a sentar e eu ter tido o reflexo imediato de tapar a boca. Faziam-me perguntas, picavam-me o dedo, mediam-me a tensão, iam falando sempre num tom bastante sereno e tranquilizador, enquanto o meu marido me calçava meias, ténis, me vestia um casaco, lhes passava o meu cartão do cidadão...

Eu que não estou habituada a estas coisas, perguntava pelos meus óculos, lenços de papel para me limpar, indicava que queria outros ténis que não aqueles, que queria levar comigo o saco com todas as análises e exames que fiz nos últimos meses, queixava-me de ter que sair de casa naquelas figuras, (embora mais tarde tenha chegado à conclusão que não há melhor roupa que um confortável pijama e um casaco quentinho se tiverem que passar horas a fio numa maca, podem acreditar em mim). Tudo isto entremeado com mil e quinhentos "obrigadas" e "desculpem lá".
À entrada da ambulância comecei a hiperventilar: ocorreu-me que não gosto mesmo nada de hospitais, nem de picas nem nada dessas coisas.
Lembro-me de repetir uma meia dúzia de vezes ao meu marido, que assomava pela porta da viatura, quase tão pálido quanto eu: "Eu fico bem, cuida do cão."

Embora durante uma boa parte da experiência não tenha tido uma correcta noção do tempo devido ao mal estar, tive a sensação que chegámos ao destino num ápice, especialmente porque quando comecei a vomitar para dentro do saco que me deram, ligaram as sirenes e senti que íamos muito mais rápido, o que por instantes me pregou um cagaço, porque uma pessoa não é de ferro e dá por si a pensar "Ai, "Jasus"! O que é que eles pensam que eu tenho?! Mau!!!"

Voltei a vomitar na entrada para a triagem, que as macas abanam mesmo muito. Não deixa de ter alguma comicidade, (ou talvez não tenha, eu é que a procuro insistentemente porque o sentido de humor é o meu mecanismo de eleição), a situação em que o médico me vai questionando sobre o meu nome, os meus sintomas, e são os técnicos do INEM a responder por mim, porque naquele momento estava numa relação de grande proximidade com o saquinho de enjôo, ou quando me quiseram passar para uma segunda maca e eu ainda demorei um minutinho a perceber que eu é que tinha fazer esse movimento.

Se apreciarem tanto como eu este tipo de comédia iriam achar hilariante as minhas figuras durante os episódios em que me enfiaram agulhas e cateteres, - eu não estava a brincar quando disse que tinha fobia a essas coisas, (então quando tive que refazer a análise para reconfirmar os valores de potássio para me darem alta foi de gritos)!
E a dança contemporânea/ contorcionismo que fiz num dos wc do hospital para urinar dentro do copinho sem tocar em nada?!

Pouco depois de ter dado entrada, o meu marido encontrou-me deitada na maca, num corredor onde macas ocupadas por pacientes faziam fila e os acompanhantes tinham que se encostar o mais possível para dar passagem a todo o tráfego hospitalar, tapada com um lençol, a mão esquerda a agarrar o saco do enjôo, não fosse ainda precisar dele; a mão direita a segurar o cartão do cidadão, o telemóvel, guardanapos, e o saco com os exames que trazia comigo em cima das pernas, por debaixo do lençol.

Aprendi que a minha capacidade de fechar os olhos, abstrair-me e até dormitar em quase qualquer lugar é um dom maravilhoso, que me foi tremendamente útil durante as primeiras 3 horas, em que não fiz nada senão estar deitada na maca à espera. Uma habilidade tão útil quanto a capacidade de rir com tudo.

Das 14h30 às 15h30 há o período de troca de turnos, em que os acompanhantes ficam proibidos de passar para além da sala de espera, e só os doentes podem permanecer junto da área de enfermagem.
Insisti com o meu marido que durante essa altura fosse para casa, afinal que lógica tinha ele ficar afastado de mim e continuar a respirar "ar de hospital"?!
Durante essa hora a azáfama é algo diferente: há médicos e enfermeiros que passam por nós já sem bata, pois acabaram o seu turno, e caras novas que passam em sentido contrário. Enfermeiras aos pares que conversam entre si, passando informações sobre os doentes. Um grupo de pessoas de bata branca e estetoscópios no bolso ou ao pescoço que passam por todas as macas enquanto um lê para o grupo a informação sobre cada paciente, auxiliares que trocam sacos de lixo.

Mais ou menos por essa altura tive um pico de impaciência: estava em jejum, tinha sede e vontade de ir ao wc, já que a última vez tinha sido em casa, antes de ir dormir na noite anterior. Tinha alertado a duas ou três pessoas, das muitas que passaram por mim, que precisava de beber água e em breve precisaria de ajuda para ir ao lavabo, sem efeito, o que me fez sentir ignorada e irritada.

Duas macas à frente da minha estava uma senhora que também pediu para ir ao wc. Na resposta que lhe deram discerni os termos arrastadeira e fralda, e decidi que afinal não estava assim tão aflitinha e que podia muito bem aguentar.
A irritabilidade também diminuiu consideravelmente quando se aproximou a simpática senhora com o carrinho da alimentação que me deu um chá açucarado e um pacotinho de bolachas.

Deveriam ser 16h quando uma médica cruzou as portas da ala de enfermagem e chamou o meu nome. Acenei e respondi freneticamente,- "Aqui! Sou eu! Aqui, na maca!" - honestamente com um nadinha de medo que não desse por mim ali estacionada numa fila indiana de macas ao longo do corredor.
O meu marido ajudou-a a empurrar a maca para um gabinete de observação, um daqueles compartimentos delimitados por cortinas.
Leu os exames e análises que levei comigo, fez as questões da praxe quanto aos sintomas, a outros problemas de saúde e medicação, e perguntou-me se já havia tido síndrome vertiginoso.
Ora bem, já, mas há quase vinte anos! Tanto que na altura custou-me um chumbo ao exame de Auditoria de Marketing, e consequentemente à cadeira.
Pelo que me disseram, esta coisa filha da mãe, a partir do momento que ocorre uma vez, é certinho garantido que voltará mais vezes para chatear.
Explicou-me que os vómitos haviam sido fundamentais para poder assumir que era síndrome vertiginoso. A certeza era suficiente para tomar algo imediatamente, mas que se iriam fazer análises à mesma.

Mais tarde, quando já estava sentada num cadeirão na sala de tratamentos, rodeada maioritariamente por idosos, apercebi-me o quão os mais pequenos pedidos, como uma ida ao wc, são complicados naquele cenário: havia somente uma ou duas cadeiras de rodas disponíveis, claramente insuficientes. O processo de preparar cada uma daquelas pessoas para uma ida ao wc implica a chegada de uma enfermeira ou auxiliar que meta as botijas de ar a que a maioria daqueles doentes estavam ligados na cadeira, e que um acompanhante ou auxiliar estivessem disponíveis para os empurrar, já que o pessoal de enfermagem era claramente escasso e por isso essencial que continuassem a dar prioridade a outro tipo de tarefas.
Senti-me imensamente sortuda por naquele momento já ser capaz de andar, ainda que amparada pelo meu marido por uma questão de segurança, e capaz de usar os lavabos sem apoio, e ufa! sem fraldas nem arrastadeiras.

Um pouco antes das nove da noite estava a sair pelo meu próprio pé, mil vezes melhor do que entrei, na companhia do meu marido, aquele que digo há anos, e com toda a razão, que é o melhor do mundo.
No caminho para casa passámos pela farmácia de serviço, e por aquela altura já não me fazia impressão nenhuma andar em público em pijama polar às estrelinhas, ténis e kispo cor-de-rosa. 

Só no dia seguinte é que contei aos meus pais do sucedido. É claro que levei um raspanete por isso, mas não gosto de os ver aflitos e preocupados. Talvez eu seja demasiado pragmática, mas havia decidido que só em caso de ter que ficar lá internada é que os avisaria, caso contrário que bem traria a algum de nós coloca-los num estado de nervos e ansiedade?!

Digamos que foi uma experiência rica, com muitos momentos de aprendizagem.
As oito horas que estive no hospital permitiram-me observar muita coisa.

Sim, vi sistemas informáticos a crasharem e a colocaram os médicos numa pausa forçada, impedidos de ver resultados de análises, de iniciar ou terminar consultas, de passarem receitas; vi escassez de macas, de cadeiras de rodas, de lugares sentados na sala de tratamentos, de pessoal, vi casas de banho imundas, vi pessoas a desesperarem com os tempos de espera, com as dúvidas, com a fraca qualidade do sistema de chamadas de pacientes, cujo som era tão fanhoso que ninguém conseguia discernir o que era dito, vi máquinas que mal funcionavam, vi salas de espera a transbordar de gente e todos os buraquinhos ocupados por macas, como num tetris humano.

Mas, apesar de tudo isso e acima de tudo vi pessoas e as suas qualidades: vi dois bombeiros que tudo fizeram para ajudar a sua paciente e não a perderam de vista um segundo, vi uma médica que ficou mais meia-hora só para receber as minhas análises e dar-me a tão desejada alta, vi técnicos de laboratório que deram o seu melhor para refazer análises em tempo recorde, vi enfermeiras que se mantém serenas e tentam chegar a tudo e todos,  mesmo com dez pessoas a rodeá-las, sedentas de atenção, em todos os momentos; que tratam os pacientes por "queridos", nos perguntam se estamos bem, e nos dizem coisas como "preocupe-se só em ficar bem" ou "se precisar de alguma coisa, chame", que nos cobrem com um lençol e nos perguntam se estamos bem assim depois de nos aconchegar; vi aquele que só pode ser o segurança mais simpático do mundo e arredores,  e pessoas doentes e seus acompanhantes que precisando eles próprios de ajuda, estão sempre atentos aos seus semelhantes.

Saí de lá com a certeza que quando os meios materiais, as ferramentas disponíveis, atingirem o nível dos muitos exemplos de salutar humanismo que assisti, para comigo e para com outros, a saúde do SNS ficará irrepreensível.

Hoje mandei uma mensagem de agradecimento tanto ao Hospital, como ao INEM. Eu cá não esqueço quem me faz bem, e sinto que é nosso dever agradecer e assim motivar a quem tem como missão estar por nós, nas alturas em que estamos mais frágeis.


terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Receitas para cães: a bela da canjinha.


Por esta altura já devem saber que, cá por casa, a opção é, desde há muito, cozinhar para o Kiko ao invés de lhe dar ração.

Come um pouco de ração ao pequeno-almoço, alguns snacks para cães ao longo do dia, e muito de vez em quando uma lata de comida para cão, o que eu chamo de "fast food", ou o equivalente de quando os pais levam os miúdos ao Macdonalds. Mesmo assim optamos sempre por produtos da mais elevada qualidade.

Tomámos essa decisão com a consciência que lhe queríamos dar uma alimentação "human grade", ou seja, à base de alimentos de qualidade nunca inferior aos que nós consumimos.

Um dos pratos favoritos do Kiko é canja. Basta-me perguntar-lhe se quer canjinha, que o puto mexe logo as orelhas e fica histérico. E por incrível que pareça primeiro sorve o caldo com sofreguidão, e só depois passa ao frango e cenoura.

Não há nada mais básico e fácil do que a bela da canjinha. Basta colocar cenouras às rodelas e peitos de frango num tacho, (quando os compro numa grande superfície, opto por frango do campo), água q.b. e levar a cozer. Costumo adicionar umas folhas de manjericão, ou uma pitada de hortelã. Lembrem-se: sem sal, nem qualquer tipo de gordura.

Podem adicionar mais vegetais para além da cenoura, ou massinhas. Por cá evitamos as massas porque o Kiko anda já meio gordinho.

Para servir, espero que a canja fique morna, corto-lhe pedaços de frango e cenoura para a gamela numa proporção de 80/20, e adiciono uma concha de caldo, (se de seguida houver passeio, para ele poder fazer todos os xixis que quiser).

Ele gosta, e nota-se que lhe faz bem. Aliás, se ele andar mal da barriga, a canja ajuda a normalizar tudo.


Ano novo...


… cabelo novo.

Nos últimos anos deu-me para deixar crescer o cabelo. Simplesmente apeteceu-me.
Acabei por ficar com uma juba comparável, sem exageros, à da Vénus de Botticelli, visto que me cobria totalmente as costas.
E é giro ter cabelos extra-longos, brincar com eles, entrança-los, mas com o passar do tempo dar-lhes a manutenção devida começa a ser uma maçada. Só o gesto básico de pentear é algo para durar uns vinte minutos: primeiro, de cabeça para baixo, soltando e desembaraçando gentilmente os fios de cabelo com os dedos; depois aplicando um creme e penteando-os com um pente de madeira de dentes largos.
A lavagem passa a meia-hora entre aplicar shampoo, creme hidratante, amaciador, e massagens e enxaguamentos entre cada operação.

Então, há um par de dias, estava eu a olhar para o frasquinho de creme de pentear e para o meu pente especial de corrida, quando decidi que era dia de tirar umas férias capilares.

Cortei-o, mais coisa menos coisa, pelos ombros.

A sensação de ausência de peso é indescritível. Perder tanto cabelo de uma só vez dá um pouco aquela sensação de membro fantasma.

Se acreditarmos em rituais de entrada no ano novo, espero que esta sensação de leveza seja um bom mote e prenúncio para o que me espera em 2019. Acho que precisamos todos de um pouco de leveza nas nossas vidas.