domingo, 3 de janeiro de 2016

Antropoformização involuntária #6



O Kiko tem a sorte de pertencer a um grupo de animais verdadeiramente abençoado. Aqueles que desconhecem a violência, os maus tratos, o abandono, o frio, a fome. Que dormem na cama dos donos ou numa caminha confortável, ao invés da rua, acorrentados a uma casota, ou numa varanda. Que têm companhia, passeiam muito, e todos os dias são acarinhados.

São inúmeras as histórias de animais menos afortunados que enchem as redes sociais. Infelizmente são uma gota de água na realidade tão triste que assola tantos bichinhos.
De cada vez que dou de caras com uma destas histórias o meu coração fica apertado. Desde que o Kiko faz parte da família, ganhei o reflexo de o procurar com o olhar. É um sentimento agridoce: se por um lado conforta-me um pouco sabê-lo bem, ignorante de toda a malícia, dor e desalento que atinge tantos da sua espécie, por outro dói não poder fazer estender esse bem a todos os outros.

Por vezes e, ainda há pouco assim foi, sai-nos um "Não sabes a sorte que tens!". E lembrámo-nos que ambos ouvimos essa mesma frase tanta e tantas vezes da boca dos nossos pais.

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