Há um casal de octogenários, o sr. R e a dona M., que frequentam o mesmo ponto de encontro que eu. Todos os dias , à mesma hora, sem nunca faltar um aceno, um sorriso, um cumprimento jovial.
São genuinamente simpáticos. Especialmente o sr. R. que não se acanha em partilhar histórias da sua vida, que eu eu ouço com atenção e verdadeiro prazer.
Relatos de uma juventude num Campo de Ourique que já não existe, não como era. Dos bailes, das cortesias e de outros costumes, dos companheiros, e que na minha imaginação associo logo aos filmes com o Vasco Santana e o Ribeirinho.
Hoje ao final da manhã, o sr. R. trazia algo para me mostrar. Uma foto dos seus tempos de pugilista amador, em pose aprumada e rigorosamente equipado. Dentro da mesma capa, a divisa de um oficial americano, que lhe tinha sido dada como prova de grande estima e amizade, dos tempos em que trabalhou numa base americana.
Passados tantos anos, esta continua a ser ainda uma história sem o desfecho merecido: quando um colega informou o sr. R. do significado contido no gesto daquele oficial americano, este já tinha partido. Ficou o meu amigo R. ainda hoje, com uma maior palavra de gratidão por expressar.
Penso se posso fazer algo. Gostaria mesmo de lhe dar essa alegria.
Sem comentários:
Enviar um comentário