sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

coisas da casa: Arrendamento vs Aquisição


Em qualquer tema existem opiniões, gostos e perspectivas diferentes.

No que toca ao tema que vos trago hoje - arrendamento vs aquisição, confesso que sempre fui uma ferrenha apologista da aquisição de casa própria.

O principal motivo da minha preferência é financeiro.
Há quem defenda que pagar uma mensalidade ao banco ou uma renda a um senhorio vá dar ao mesmo, afinal são ambas obrigações pecuniárias que se repetem todos os meses. Que em ambos os casos, para o mau pagador o resultado será o mesmo: o senhorio ou a entidade bancária retomam a casa e ponto final.
Para mim, toda e qualquer semelhança finda aí, porque há um mundo de diferenças, com claras vantagens, na minha opinião, para a aquisição.

É bem verdade que, para nós, pessoas comuns que não têm outra hipótese se não recorrer a um crédito habitação, veremos acrescentados ao valor de venda do imóvel juros. O que é normal e esperado, pois as instituições bancárias não se dedicam à caridade e, como qualquer outra empresa, os seus serviços têm de ser pagos. Ninguém dá nada a ninguém, e mesmo quando vamos comprar pão, o padeiro não nos cobra somente o que gastou em matérias-primas.

Mesmo assim, eu prefiro olhar para o compromisso que se tem para com o banco como um investimento. É que ao fim de 15, 20, 30, 40 anos aquele imóvel será nosso. Depois de liquidado o empréstimo, as únicas despesas desse género serão o seguro e o IMI, enquanto que um arrendatário pagará renda por toda a vida, nunca a vendo diminuir, por algo que nunca será seu.
Inclusive, num cenário como o actual em que as taxas de juro se encontram incrivelmente baixas, os valores cobrados no mercado de arrendamento chegam a ser muito superiores às mensalidades pagas por quem comprou casa. Devido aos contornos da crise financeira, os bancos já não cedem empréstimos com tanta facilidade, forçando muitas pessoas a enveredar pelo mercado de arrendamento. Aproveitando a situação, muitos senhorios não resistem a entrar no jogo da especulação imobiliária, elevando as rendas significativamente.

Uma das claras vantagens de se possuir um imóvel é também do foro financeiro. Uma das benesses de ser proprietário é poder vender o imóvel e obter assim, pelo menos, o retorno de parte do investimento. Há casos em que os proprietários são tão bem sucedidos no mercado imobiliário que conseguem o retorno total do investimento, ou ainda facturar uma margem de lucro, o que significa que usufruíram de um imóvel por X anos a custo reduzido, a custo zero, ou é como se lhes pagassem pelo usufruto passado. (Aqui também entramos na esfera da especulação, da ganância e do exagero, mas isso agora são outros quinhentos, e um tema para outro dia.)

Podem ainda entrar no mercado de arrendamento.

A posse de um imóvel pode ser também importante para quem tiver descendentes. No futuro terão uma herança que lhes providenciará habitação própria garantida, ou uma fonte de rendimento.
Num contexto de arrendamento nada disto é possível, e por isso, para mim, dinheiro em rendas, é quase dinheiro deitado à rua.

Outro benefício que me ocorre em relação à posse, é que a cor das paredes ou ter animais de estimação são duas das muitas decisões que podemos tomar sem a necessidade do aval de terceiros, como acontece quando existem senhorios ao barulho.

A maior vantagem do arrendamento reside na liberdade, e até certa medida, na ausência de determinadas responsabilidades e trabalhos.
Se alguém tiver um espírito nómada, ou uma carreira profissional que o obrigue a andar por aí feito saltimbanco, o aluguer será sempre a melhor opção. Uma casa própria não deixa de ser uma âncora, e sem esta alguém pode dar-se ao luxo, se existir vontade, de mudar de cidade ou país quantas vezes lhe apetecer.
Habitação própria também vem com "responsabilidades e trabalhos", sendo estes os cuidados de manutenção, obras, renovações várias e tudo o que for necessário fazer para manter a saúde de algo que, tal como nós, também envelhece e descai. Um proprietário sabe que todo este peso tem lugar às suas costas, um arrendatário sabe que na maioria das situações a responsabilidade pertence ao senhorio.
Um arrendatário pode mudar-se, aos primeiros sinais de "trabalhos", para uma casa nova e continuar a fazê-lo para que nunca na vida tenha que passar pelo suplicio de obras, por exemplo. Ou ir, através de tentativa e erro, experimentando vários modelos de casas até encontrar aquele que mais lhe agrada, com relativa facilidade e desapego.




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