quinta-feira, 24 de março de 2016
coisas do mau feitio: A porteira não está.
Trabalhar em casa tem os seus prós e contras como qualquer outra ocupação.
Um dos maiores contras é que, a partir do momento que as pessoas notam que estamos sempre por casa, confundem esse facto com total disponibilidade e ocorre-lhes tomar certas liberdades. Pelo menos até ao momento em que lhes metemos o travão, de uma forma bastante indelicada. Há ocasiões em que muita gente só percebe "indelicadês".
Para ilustrar o facto ocorrem-me duas situações. Ambas passadas anos atrás.
Quando estava responsável pela administração de condomínio uma vizinha ganhou o hábito de me vir bater à porta bem cedo pela manhã. E insistia na campainha até eu não ter outra opção senão ir à porta, estremunhada e em pijama.
Basicamente para relatar que a senhora que trata da limpeza das áreas comuns tinha faltado em determinado dia, ou que não passava o pano aqui e ali, ou que demorava menos tempo que o suposto. Ou seja, nada que não pudesse esperar por uma hora mais condigna, ou como mais tarde lhe referi, (a esta senhora e a outra), são temas que deveriam expor nas reuniões. Caso porventura se dignassem a comparecer nas mesmas.
Como a paciência não é eterna, passados alguns dias deste ritual passei-me. Abri a porta com má cara, e perguntei-lhe secamente qual era o assunto. Quando começou a enunciar outra vez a questão da mulher a dias passei-me. Soltei um "Foda-se! E vem acordar-me por esta merda? Brincamos ou quê?!"
Remédio santo.
Para evitar episódios futuros abordei a questão na reunião seguinte, lembrando a todos que ali é a minha casa, não é um escritório. E mesmo que fosse, teriam que respeitar horários. Que estava disponível, como sempre, mas que usassem de bom senso.
A segunda situação tem a ver com a campainha.
Todos os dias era uma roda viva: desde o rapaz que vem colocar publicidade nas caixas de correio, ao carteiro, às senhoras dos panfletos religiosos, aos vendedores porta a porta, aos funcionários que vêm fazer a leitura dos contadores... Uma romaria. E todos tocavam à minha campainha.
Começou a juntar-se à festa os miúdos que não têm paciência e tocam numa resma de campainhas, e outras pessoas.
A minha paciência atingiu o limite quando ia à janela ver quem era, (ainda por cima o intercomunicador estava avariado), e eram pessoas que querendo falar com outro qualquer vizinho, se este tardava a responder ou não dava sinal, tocavam para outras pessoas. Leia-se, para mim.
Certo dia, de mau humor por me terem estragado a sesta e pela repetição da cena, assomo à janela e recuso-me a abrir-lhes a porta. Digo-lhes que se é com o sr. X que querem tratar, é só na campainha da sua casa que devem tocar. Que não gosto de ser incomodada, que me acordaram, e que o prédio não tem porteira. E mesmo que tivesse não é aqui que mora.
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